Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sábado, 14 de fevereiro de 2015
Diplomacia: um embaixador diz claramente que o chefe de governo mentiu; fez bem...
Marcha do Impeachment: seis crimes e contando...; precisa mais? - O Antagonista
Eles resolveram realmente antagonizar a soberana, que por enquanto só cometeu seis crimes passíveis de impeachment.
Pode ser que já esteja de bom tamanho, mas acho que cavocando, sempre se vai achar mais.
Ou vocês acham que eles só roubaram 1 TRILHÃO?
Eu acho que foi muito mais...
Comparo o governo ao Titanic, não por ser grande e bonito, luxuoso e muito eficiente. Pelo contrário: pelo fato de que ele também vai a pique, direto ao fundo, e vai arrastar muita gente consigo e deixar muitos outros boiando sem salva-vidas (salvo os espertos de sempre, como certo apedêuta, que tem não só uma lancha salva-vidas, mas um iate inteiro, com uisque, companhia, essas coisas de ricaço).
E o iceberg, vocês podem perguntar?
Bem, o iceberg só pode ser a corrupção.
Não porque seja gelada, e vai bater no Titanic.
Ele já bateu. Mas é porque, como os icebergs, só uma pequeníssima parte está emersa. A maior parte, e talvez seja até mais do que 9/10, está submersa, e vamos ter de mergulhar para medir o tamanho.
Brrrr, só de pensar me dá arrepio...
Paulo Roberto de Almeida
3 minutos e 42 segundos de desastres
É o título de um novo vídeo do Financial Times, que resume em três minutos e quarenta e dois segundos todos os desastres econômicos associados a Dilma Rousseff: incompetência, corrupção, estagflação, queda das vendas no varejo, risco de rebaixamento por parte das agências de rating e a ameaça de impeachment por causa do escândalo na Petrobras.
A propósito da Petrobras, o Financial Times cita aquilo que John Kenneth Galbraith chamou de "Bezzle" - a quantidade desconhecida de fraudes dentro das empresas. Não está na hora de investir no Brasil. O que está ruim pode piorar.

Caiu até aqui, mas deve cair ainda mais
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
Operacao Brasil: a alianca militar com os EUA na Segunda Guerra - livro de Durval Lourenço Pereira Jr.
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Comentários Paulo Roberto de Almeida:
Este livro promete mudar a percepção que temos atualmente sobre as razões da entrada do Brasil na guerra, ao lado dos aliados. Ainda estou aguardando a chegada do livro para constatar quais seriam essas novas informações. Tenho por mim que a ideia já estava sedimentada desde o início na cabeça de Oswaldo Aranha, que convenceu Goes Monteiro, contra as simpatias filo-fascistas, e nazistas, de Dutra e Felinto Muller. Vargas era um oportunista, mas sabia também qual era o lado a escolher. Só que na hora decisiva, quando recebeu Roosevelt em Natal (e quando se acentuaram também ataques de submarinos ao Brasil), ele deixou Oswaldo Aranha no Rio de Janeiro, a despeito deste ter preparado um Memorando precioso sobre o planejamento do Brasil para a guerra e mais além, para a ordem do pós-guerra. Depois, novamente, em abril ou maio de 1994, quando Roosevelt pessoalmente queria falar com Oswaldo Aranha em Washington, para preparar essa ordem do pós-guerra, Vargas não lhe permitiu viajar, para imensa frustração de Oswaldo Aranha e, estou certo disso, EM PREJUIZO do Brasil. Foi pena, pois a história poderia ter sido diferente, se Oswaldo Aranha assumisse a liderança do processo político no Brasil ao final do Estado Novo. Como diria Roberto Campos, o Brasil é um país que nunca perdeu uma oportunidade de perder oportunidades. Agora mesmo: estamos há mais de 12 anos perdendo oportunidades, que talvez nunca mais sejam recuperadas. Azar o nosso, por ter dirigentes tão tacanhos e tão despreparados...
Decadencia brasileira: uma sociedade destruida pela falta de valores - Ricardo Velez-Rodriguez
Petrolao: bandidos sao bandidos, e meliantes sao meliantes; tem tambem os mafiosos... - Veja
Em VEJA desta semana
As conversas impróprias do ministro da Justiça
Em encontro com advogados, o ministro da Justiça tranquiliza empreiteiras ao garantir que investigações da Lava-Jato sofrerão uma reviravolta logo depois do Carnaval

BATE-PAPO - José Eduardo Cardozo diz que se encontrou casualmente com o advogado Sérgio Renalt, que tem contrato com a UTC e trabalhou com Thomaz Bastos no governo Lula. As empreiteiras, porém, gostaram do resultado da reunião (Ueslei Marcelino/Reuters)
Desde a morte do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos no ano passado, o PT perdeu seu grande estrategista em momentos de crise. Chamado carinhosamente de “God” (Deus, em inglês) pelos amigos, o onipresente MTB foi convocado para coordenar a defesa das empreiteiras tão logo deflagrada a Operação Lava-Jato. Ele tinha uma meta clara: livrar seus clientes de penas pesadas na Justiça e, de quebra, o governo petista da acusação de patrocinar um novo esquema de corrupção para remunerar sua base aliada no Congresso.
Negociador nato, Thomaz Bastos se dedicava a convencer o Ministério Público Federal de que a roubalheira na Petrobras não passava de um cartel entre empresas -- e que, como tal, deveria ser punido e superado com o pagamento de uma multa bilionária. Nada além disso. A morte tirou o criminalista cerebral da mesa de negociação. MTB deixou um vácuo. O governo perdeu sua ponte preferencial com as empreiteiras, o diálogo entre as partes foi interrompido, e as ameaças passaram a dominar as conversas reservadas. Foi nesse clima de ebulição que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, assumiu o papel de bombeiro. Ex-deputado pelo PT e candidato há anos a uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cardozo se lançou numa ofensiva para acalmar as construtoras acusadas de envolvimento no petrolão, que, conforme VEJA revelou, ameaçam implicar a presidente Dilma Rousseff e o antecessor Lula no caso se não forem socorridas. Há duas semanas, o ministro recebeu em seu gabinete, em Brasília, o advogado Sérgio Renault, defensor da UTC, que estava acompanhado do ex-deputado petista Sigmaringa Seixas.
O relato da conversa percorreu os gabinetes de Brasília e os escritórios de advocacia como um sopro de esperança para políticos e empresários acusados de se beneficiar do dinheiro desviado da Petrobras. Não sem razão. Na reunião, que não constou da agenda oficial, Cardozo disse a Renault que a Operação Lava-Jato mudaria de rumo radicalmente, aliviando as agruras dos suspeitos de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. O ministro afirmou ainda que as investigações do caso envolveriam nomes de oposicionistas, o que, segundo a tradição da política nacional, facilitaria a costura de um acordo para que todos se safem. Depois disso, Cardozo fez algumas considerações sobre os próximos passos e, concluindo, desaconselhou a UTC a fechar um acordo de delação premiada. Era tudo o que os outros convivas queriam ouvir. Para defender a UTC, segundo documentos apreendidos pela polícia, o escritório de Renault receberá 2 milhões de reais. Além disso, se conseguir anular as provas e as delações premiadas que complicam a vida de seu cliente, amealharia mais 1,5 milhão de reais. Renault esgrime a tese de que a Lava-jato está apinhada de irregularidades, como a coação de investigados. No encontro, Cardozo disse o mesmo ao advogado, ecoando uma análise jurídica repetida como mantra pelos líderes petistas.
Depois da reunião no ministério, representantes de UTC e Camargo Corrêa recuaram nas conversas com o Ministério Público para um acordo de delação premiada. A OAS manteve-se distante da mesa de negociação. “Na quarta-feira (um dia depois do encontro em Brasília), fomos orientados a suspender as conversas com os procuradores”, confidencia um dos advogados do caso. Cardozo não operou esse milagre sozinho. “Chegou o recado de que o Lula entrará para valer no caso e assumirá a linha de frente. Isso aumentou a esperança de que o governo não deixe as empresas na mão”, diz outro advogado de uma empreiteira.
Procurados por VEJA, Cardozo, Renault e Sigmaringa tropeçaram nas próprias contradições ao tentar esclarecer a reunião no Ministério da Justiça, classificada por eles como um mero bate-papo entre amigos sobre assuntos banais. Cardozo disse inicialmente que não se reuniu com Renault. Depois, admitiu o encontro. A primeira reação de Sigmaringa também foi negar a audiência com Renault no gabinete do ministro, para, em seguida, recuar. Os amigos compartilham, como se vê, do mesmo problema de memória. Na versão de Cardozo, a reunião teria sido obra do acaso. Sigmaringa, um “amigo de longa data”, teria ido visitá-lo. Renault, que estava em Brasília e tinha um almoço marcado com o ex-deputado, decidiu se encontrar com Sigmaringa também no ministério. Pimba! Por uma conjunção cósmica, o advogado da UTC, empresa investigada pela Polícia Federal, acabou no gabinete de José Eduardo Cardozo.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
A Mafia, em (quase) todos os seus estados Veja.com
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| Bob faz linguinha: curiosamente, o mesmo gesto de Pizzolato na prisão italiana. |
Esse nosso mundo balzaquiano: as ilusoes perdidas do seculo 21 - Paulo Roberto de Almeida
Paulo Roberto de Almeida
As ilusões perdidas do século 21
No momento da derrocada do socialismo real, ao iniciar-se a última década do século passado, o então presidente George Bush (pai) chegou a saudar a abertura de uma “nova ordem mundial”, sinalizando a chegada de uma nova era, que se esperava livre dos contratempos da Guerra Fria, talvez mais aberta à cooperação entre os grandes atores da política mundial. A China vinha aprofundando suas reformas de mercado desde os anos 1980, quando Deng Xiao-ping tomou decididamente as rédeas do gigante desmantelado economicamente depois de décadas de maoísmo delirante. Faltava só a conversão do império soviético às regras das economias de mercado e das instituições multilaterais da área: as de Bretton Woods e o Gatt, então solitário na negociação de normas para o comércio em bases não discriminatórias. Salvo acidentes de percurso – como o massacre de Tian An-mein, em 1989, ou a queda de Gorbachev, pouco mais de um ano depois –, o processo parecia realmente se desenvolver conforme as predições do teórico do “fim da História”, não tanto para confirmar o acabamento da própria, quanto para anunciar o esgotamento das alternativas às democracias de mercado, modelo que passou a ser o first best no campo das estruturas econômicas e dos regimes políticos.
Os anos Ieltsin à frente da Rússia, logo em seguida ao desaparecimento do império soviético e do desmembramento de suas antigas satrapias da Ásia central e das repúblicas da Europa oriental, prometiam perspectivas otimistas na coordenação de objetivos políticos e econômicos. Tanto assim que a Rússia foi logo admitida no G-7, que passou a se reunir como G-8 – embora o antigo formato continuasse a valer para os temas econômico-financeiros das economias capitalistas avançadas – e em 2001 foi reconhecida pelo mesmo grupo como sendo uma “economia de mercado”, a despeito de não ter conduzido até então nenhuma reforma realmente compatível com os requisitos do Gatt ou as normas da Ocde. Coincidentemente, naquele momento, a China conseguia encerrar quase 15 anos de negociações difíceis com os membros do Gatt, justo a tempo de ser admitida na OMC antes do início da Rodada Doha de negociações comerciais multilaterais; mas ela não conseguiu, quase 15 anos depois, ser reconhecida como uma economia de mercado, embora tenho ido bem mais longe do que a Rússia no processo de reformas econômicas internas. A Rússia só foi admitida na OMC em 2012, mas nunca cumpriu os requerimentos típicos de uma economia de mercado de fato, nem parece preocupada em atender aos padrões normalmente seguidos na Ocde.
O que temos, então, um quarto de século depois do final oficial do socialismo real e da integração das duas grandes economias socialistas à divisão internacional do trabalho da terceira onda de globalização capitalista? Grandes frustações tanto no campo econômico, quanto no domínio político, para dizer o mínimo, com alertas constantes no terreno da segurança internacional – na Europa oriental e no Pacífico asiático – e outras tantas decepções na contenção de alguns “estados vilões” – uns proliferadores, outros patrocinadores de terroristas – como também na de novos atores não-estatais que fragilizam ainda mais Estados já literalmente falidos.
Os problemas de segurança estão certamente entre as preocupações primordiais dos líderes ocidentais do G-7 (que voltou à sua conformação original, depois da invasão da Crimeia pela Rússia), começando pelo caso da Georgia e culminando pelo da Ucrânia. A nova Guerra Fria comandada por Vladimir Putin se parece muito com os movimentos de Stalin nos territórios de fronteira da Europa central e meridional e segue, grosso modo, as mesmas táticas empregadas pelo ditador: surpresa, decepção, disfarce, desinformação, uso de agentes no terreno dedicados ao controle dos sistemas operacionais do território visado, tudo isso combinado à denegação constante das ações efetivamente conduzidas.
No que se refere à China, a grande parceira econômica de meio mundo, o que se tem é uma integração oportunista aos circuitos da globalização capitalista, impulsionada tanto pelas suas milhares de empresas voltadas para o comércio exterior, quanto guiada pelos mandarins da autocracia comunista, que realizam a sua “acumulação primitiva” de novas fontes de poder estratégico para cumprir os eternos objetivos do Império do Meio: nunca mais voltar a ser humilhada por potências estrangeiras, como ocorreu durante dois séculos de decadência imperial e várias décadas de guerra civil republicana e de decadência econômica maoísta. Tanto nos terrenos comercial e cambial, ou de propriedade intelectual e de licenciamento e controle de investimentos estrangeiros, a China conduz uma estratégia de conflitos limitados, ou de atritos administrados, buscando obter vantagens num processo que poderia ser descrito como de uma Guerra Fria econômica.
Outros parceiros emergentes das grandes democracias de mercado, ainda que formalmente democráticos, como Índia ou Brasil, tampouco parecem coadunar-se com os objetivos ocidentais de coordenação econômica no sentido de uma maior abertura de mercados e liberalização de investimentos, ou de assunção de novas responsabilidades no controle de focos de instabilidade ou catástrofes humanitárias em diversas regiões do planeta, entre elas a participação mais ativa na luta antiterrorista no plano internacional, em níveis compatíveis com as pretensões a um maior papel no Conselho de Segurança. No terreno estratégico, porém, a Índia parece ter alcançado elevado grau de confiança e coordenação com os EUA, ao adotarem, ambos, uma “visão estratégica conjunta” para a região da Ásia-Pacífico e do Oceano Índico, algo que parece fora de cogitação no caso do Brasil, sob a administração partidária que comanda o poder político desde 2003.
O panorama em outras esferas não parece muito gratificante: há um retorno a populismos de direita ou de esquerda em países periféricos ou até formalmente do centro, persistência de crises fiscais ou do baixo crescimento no próprio coração das economias avançadas e desarticulação de fato nas diversas instâncias de coordenação política e econômica. Em alguns países da América Latina, é visível a deterioração do ambiente econômico e político, como é o caso da Venezuela e da Argentina.
Em síntese, mesmo muito distantes dos états d’âme das femmes de trente ans dos romances balzaquianos, mas a quase trinta anos desde o pontapé inicial do “fim da história” e do começo da terceira onda da globalização capitalista, todas as nações mais envolvidas nos circuitos econômicos, políticos e de segurança no plano internacional têm, cada uma, seus motivos de frustações com o comportamento dos parceiros e com os resultados de suas próprias ações. São as ilusões perdidas de um século que parecia ter começado tão bem, e que começa a desandar numa série de conflitos menores e outros atritos de baixa intensidade. Como há um século, tudo parecia ir bem, até que...
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