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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Politica economica companheira: recuo de 0,4% no PIB do Brasil no segundo trimestre de 2014

Resultados da política econômica companheira: alguém será capaz de colocar defeito na análise?
Sim, já sei quem.
Mas quem vai prestar atenção em quem não sabe falar...
Paulo Roberto de Almeida

MACRO VISÃO - Pesquisa macroeconômica - Itaú
Projetamos recuo de 0,4% para o PIB do Brasil no segundo trimestre de 2014

Projetamos um recuo da atividade econômica no Brasil no segundo trimestre. Pela ótica da oferta, contemplamos uma contração na produção industrial, pelo quarto trimestre consecutivo, e também uma retração em serviços, a primeira desde o quarto trimestre de 2008. Pela ótica da demanda, destacamos uma acentuada queda na formação bruta de capital fixo.

Acreditamos que esta contração é, em grande parte, um efeito temporário e esperado da redução dos dias úteis devido à Copa do Mundo. Entretanto, os dados já disponíveis para o terceiro trimestre mostram uma recuperação mais fraca que o esperado. Esses indicadores, juntamente com as confianças do empresário e do consumidor em níveis historicamente baixos e a herança estatística desfavorável na produção industrial e nas vendas no varejo, devem limitar a taxa de crescimento do PIB no terceiro trimestre. Assim, os riscos de um crescimento ainda menor do que projetamos para 2014 ainda permanecem.

Projeções para o PIB do segundo trimestre de 2014
A partir dos dados do PIB mensal Itaú Unibanco e de outros indicadores de atividade econômica, projetamos recuo de 0,4% para o PIB do Brasil no segundo trimestre, na comparação com o primeiro trimestre, após ajuste sazonal. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, projetamos uma desaceleração passando de 1,9% no primeiro trimestre para queda de 0,7% no segundo, em parte devido a um efeito base. Em 12 meses, o crescimento deve passar de 2,5% no primeiro trimestre para 1,4% no segundo. Os dados das Contas Nacionais Trimestrais serão divulgados no dia 29 de agosto.

Pela ótica da oferta, esperamos que o PIB da indústria tenha recuado 2,2%, após queda de 0,8% no primeiro trimestre. Se confirmada, esta será a quarta queda consecutiva. Essa estimativa está em linha com os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM - IBGE) que apresentou recuo de 2,3% na produção da indústria de transformação e de 3,9% em insumos típicos da construção civil (segundo nosso ajuste sazonal). A produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana teve um recuo de 0,8% segundo nossas estimativas e, pelo lado positivo, a indústria extrativa apresentou crescimento de 1,5% no segundo trimestre.

Para o setor de serviços, projetamos retração de 0,5%. Destacamos a queda no comércio, em grande parte devido à retração nas vendas no varejo de veículos e materiais de construção. Além disso, setores ligados à indústria como transportes, também apresentaram recuo. Pelo lado positivo, destacamos a administração pública, com crescimento esperado de 0,5% no período. Ainda pela ótica da oferta, projetamos que a produção agropecuária tenha evitado uma queda maior do crescimento, avançando 1,1% ante o trimestre anterior, ainda que tenha desacelerado com relação ao primeiro trimestre (quando aumentou 3,6%). Dentre as culturas com peso relevante no segundo trimestre, destacam-se as altas na safra de soja (6,0%) e de arroz (4,3%), segundo dados do IBGE.

Pela ótica da demanda, projetamos nova queda no consumo das famílias e da formação bruta de capital fixo. O consumo de bens e serviços sofreu os efeitos negativos da politica monetária mais restritiva e do maior endividamento das famílias. A formação bruta de capital fixo deve ter sua quarta queda consecutiva, ocasionada pela incerteza tanto no cenário doméstico quanto no internacional. Assim, a cautela deve ter prevalecido com a postergação dos investimentos. Para os gastos do governo, projetamos estabilidade após algum aumento moderado no primeiro trimestre. Tal estimativa é compatível com o ritmo de expansão dos gastos públicos e os indicadores de oferta da administração pública. Para exportações, estimamos aumento de 2,0%, no segundo trimestre de 2014 e para as importações, queda de 1,5%, ambos compatíveis com os dados de quantum da Funcex.

Há ainda a possibilidade de uma revisão para baixo no crescimento do primeiro trimestre de 0,2%, devido a uma mudança no padrão do ajuste sazonal. Revisões na série livre de efeitos sazonais são corriqueiras, principalmente para as observações mais recentes, e ocorrem por questões estatísticas. Caso se confirme uma revisão para baixo da série histórica com ajuste sazonal, a mudança da herança estatística para 2014 deverá ter um impacto negativo para o crescimento deste ano.

Indicadores sugerem retomada lenta do crescimento no terceiro trimestre
O índice de difusão baseado em um conjunto amplo de dados mostra um nível historicamente baixo para o percentual de indicadores que apresentaram crescimento no segundo trimestre. Isto indica que a retração ocorrida no segundo trimestre foi disseminada (ao invés de concentrada em poucos setores da economia). Considerando-se o comportamento dos indicadores de atividade ao longo do trimestre, avaliamos que a contração projetada é, em grande parte, explicada pela redução dos dias úteis relacionada à Copa do Mundo, e portanto temporária e esperada.

Os dados já disponíveis do terceiro trimestre ainda não mostram sinais de recuperação convincente. Ainda que apenas uma pequena fração dos indicadores esteja disponível, estamos convencidos que os números de julho para produção industrial e varejo ampliado não vão reverter as quedas observadas em junho. Isto nos sugere um terceiro trimestre mais fraco do que nossas expectativas iniciais. Aliado ao carrego estatístico negativo, o terceiro trimestre deve apresentar baixo crescimento.

Além disso, a confiança de empresários e consumidores em patamares semelhantes a 2009 e o alto nível dos estoques na indústria apresentam riscos adicionais à atividade econômica à frente.

Resumindo, esperamos uma queda na atividade econômica no segundo trimestre do ano. Em nossa visão, esta contração é, em grande parte, um efeito temporário e esperado da redução dos dias úteis devido à Copa do Mundo. Entretanto, quando consideramos os indicadores coincidentes e antecedentes já disponíveis para o terceiro trimestre, vemos risco de baixa em nossa projeção de crescimento para o PIB em 2014 de 0,6%.

Irineu de Carvalho Filho e Rodrigo Miyamoto
Pesquisa macroeconômica - Itaú
Ilan Goldfajn - Economista-Chefe

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Adolfo Sachsida: um economista liberal atacado pela mafia companheira

Conheço Adolfo Sachsida de nome desde vários anos, por seus artigos e postagens no seu blog, e pessoalmente desde alguns anos, e posso dizer que tenho inveja dele: pela sua competência técnica na área econômica, pela sua maneira descontraída e compreensível de se expressar, pelo seu lado alegre de se fazer entender até pelos não iniciados em economia, sobretudo pela sua integridade moral. Participamos ambos de uma das edições dos Estudantes Pelas Liberdades e foi muito divertido, a despeito de estarmos em território não muito amistoso: a UnB dos tempos daquele reitor chavista, o Zé do MST.
O Adolfo é corajoso: acreditando e se batendo por suas causas, ele resolveu se candidatar a deputado pelo DF. Nem sei qual o partido, mas isso não importa muito. O Adolfo está acima dos partidos. Ele defende ideias e isso é muito perigoso para certos mafiosis totalitários, que nós sabemos quem são, mesmo sem a identidade deles. Estão no poder e dispõem de todos os recursos e de todos os meios, embora prefiram os ilegais e atuar clandestinamente. Ele está sendo atacado, por isso, em solidariedade a ele, posto aqui sua mensagem desta quarta-feira. Os mafiosos serão derrotados. 
Paulo Roberto de Almeida


Um blog dedicado à LIBERDADE.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014
MAV's me atacam na internet: notícias falsas tentam destruir minha reputação. O desespero está batendo neles... estamos crescendo!

Meus Caros,
No dia de hoje fui obrigado a ficar sem postar e sem responder comentarios, peço desculpas. Infelizmente, fui obrigado a passar o dia recolhendo provas e fazendo uma denúncia na delegacia de polícia.
Não me incomodo com piadas, ou brincadeiras. Isto faz parte, as vezes as piadas são boas outras não, paciência. Contudo, algo muito diferente é espalhar mentiras como se verdade fossem. Nos últimos dias passaram a circular na internet diversas mentiras a meu respeito. Apresentavam minha foto e em seguida um trecho mentiroso tipo "Não vote em Adolfo Sachsida, pois ele....". Então se você ver alguma foto minha seguida pelos 3 pontinhos, saiba que eu não tenho um único processo judicial contra mim. Repito: não existe uma única ação contra minha pessoa.
Se ouvirem que meu vizinho me processa, saibam que é mentira. Se aparecer que eu apoio bandidos, podem apostar que é mentira. Se disserem que eu apoio a violência, tenham certeza de que é mentira. Em resumo, como minha candidatura esta crescendo multiplicam-se as agressões mentirosas a meu respeito. Não sou ladrão, trabalho duro, e meu trabalho tem qualidade reconhecida internacionalmente. Sou bem preparado academicamente e não tenho "rabo preso" com ninguém, nem devo favores a quem quer que seja. Falo bem, e escrevo bem. Minhas ideias fazem sentido. Então só resta a eles atacarem minha honra. Obviamente não podem provar o que dizem, pois não sou e nem apoio bandido.
Sei que não preciso me explicar, minha vida é um livro aberto. Mas creio que por respeito as várias pessoas que tem me apoiado, é meu dever escrever esse texto. Deixando claro que não devo nada a ninguém. Por fim, uma breve visita ao perfil das pessoas que me difamaram mostra que TODOS são perfis falsos. Neles você não encontra endereço, não encontra ocupação, não encontra nada sobre os difamadores. Um dos fakes inclusive reagiu assim a meu pedido para que retirasse o conteúdo mentiroso de sua página "você pode até ser um "bom" economista, porém precisará mesmo de um ótimo advogado para te explicar o que é e como funciona uma Carta Rogatória, além de bom hacker para te explicar que na #DEEPWEB não existe justiça". Entenderam? A pessoa sabe que esta a mentir sobre minha pessoa, mas no fundo o que ela quer é atacar minha reputação, na crença na impunidade.
O lado bom disso é que o desespero dos adversários só pode significar uma coisa: estamos vencendo, estamos incomodando! Como eles não tem com o que me atacar, inventam e espalham mentiras em suas redes de perfis falsos. Peço que compartilhem essa postagem para que pessoas desavisadas não sejam enganadas por esses difamadores.
Adolfo Sachsida às 17:00

Eleicoes 2014: ate o BNDES torce contra o continuismo dos companheiros no poder - Sérgio Lazzarini

Bem, não é exatamente isso o que o BNDES está dizendo, mas é isso, indiretamente, o que se deduz dos seus anúncios de "transparência" (a coisa que ele menos tem, na verdade): quanto mais as pesquisas eleitorais se encaminham para o desastre eleitoral da soberana dos companheiros, mais os resultados são favoráveis ao Banco, como aliás a todo o MERCADO, essa entidade maléfica tão desprezada pelos companheiros esquizofrênicos.
Acho que é isso: o BNDES gostaria que esses keynesianos de botequim fossem aposentados...
Paulo Roberto de Almeida

O real resultado do BNDES
Sérgio Lazzarini *
O Estado de S.Paulo, 27 de agosto de 2014

O BNDES reportou um lucro recorde de R$ 5,4 bilhões referente ao primeiro semestre deste ano, valor 67,8% superior ao obtido em 2013. Ao cidadão sem tempo para entrar nos detalhes do que gerou esse resultado, a impressão que fica é de um banco público de extraordinário desempenho e que refuta, com seus resultados, as críticas à acelerada expansão das suas operações nos últimos anos. Ao cidadão que decide investigar os números, entretanto, a realidade é outra.
"A transparência é um dos princípios que o BNDES preza no seu relacionamento com a sociedade", diz um trecho da sua página de internet. De fato, na seção denominada relação com investidores, o cidadão pode ver detalhes das demonstrações financeiras e diversas explicações sobre os resultados.
Especificamente sobre o resultado do primeiro semestre de 2014, o banco atribuiu o lucro recorde, entre outros fatores, à melhoria no desempenho do seu braço de investimentos, o BNDESPAR, que aplica sua carteira em participações societárias de empresas, muitas delas negociadas em Bolsa, e outros ativos financeiros.
Na página, o banco conclui ressaltando "a boa gestão das operações da carteira da BNDESPAR". A afirmação, contudo, merece ressalvas, uma vez que no primeiro semestre de 2013 o próprio relatório do BNDESPAR reportou perda de valor de sua carteira, que impactou negativamente o resultado naquele período. Essa mesma provisão para perda já havia ocorrido ao longo de 2012. Ao comentar o mau resultado daquele ano, o banco pôs a culpa no mercado, dizendo que sua carteira é "sensível a mudanças na situação econômica do País e do mundo".
E o que o fez o resultado do último semestre melhorar? A resposta está no próprio mercado: enquanto a Bolsa despencou ao longo do primeiro semestre de 2013, o inverso ocorreu este ano, permitindo ao banco reduzir as provisões para perda de valor dos seus ativos. Ou seja: quando sua carteira vai mal, o BNDES põe a culpa no mercado; quando vai bem, o mérito é da sua "boa gestão"! Ironicamente, o que acabou animando o mercado acionário neste ano foi justamente a queda de popularidade do atual governo, controlador do BNDES, aumentando as chances de segundo turno nas eleições.
Ainda seguindo com a sua explicação sobre o resultado do semestre, o BNDES diz que "outro fator que influenciou positivamente o lucro de junho foi o aumento de 19,3% do resultado de intermediação financeira". Essa rubrica engloba os repasses de crédito do BNDES e o resultado de rendimentos dos seus ativos. Porém, do total de receitas consolidadas com intermediação financeira no período, R$ 8,4 bilhões vieram não das operações de repasse de crédito em si (a atividade central do banco), mas de aplicações em títulos e rendas com operações vinculadas ao Tesouro. Esses itens representaram nada menos que 43% das receitas com intermediação do banco.
O que são essas operações? Como todo banco, o BNDES tem ativos e pode aplicá-los no mercado, rendendo juros. Não menos importante, como já detectado por especialistas em contas públicas como Mansueto Almeida e José Roberto Afonso, parte dos títulos do BNDES é de transferências do próprio governo, que se tem endividado para capitalizar o banco. Ocorre que o governo empresta ao BNDES dinheiro atrelado a uma taxa subsidiada, a TJLP, atualmente em 5% ao ano, muito inferior às taxas de mercado. E o contexto foi mais uma vez favorável: a taxa de referência do mercado, a Selic, saltou de 7,25% para 11% ao ano do começo de 2013 para cá.
Com isso, o governo se endivida e repassa ao BNDES ativos que rendem muito mais que a taxa subsidiada do governo. Ao aumentar o lucro da sua controlada, o governo pode, então, usar parte desse lucro como dividendos e inflar o seu superávit. Convenhamos: com tantas manobras, fica difícil de acreditar que a atual gestão do BNDES e o seu controlador realmente tenham transparência como um de seus pilares.

*Sérgio Lazzarini é professor titular do Insper, autor de 'Capitalismo de Laços' e de 'Reinventing State Capitalism'. Email: sergiogl1@insper.edu.br

Integracao na bacia do Pacifico, comparada com a da América Latina; EUA-UE - Paulo Roberto de Almeida

O mais recente artigo publicado, informação hoje recebida, e mais abaixo o link, que não tinha, para uma colaboração mais antiga, mas que recebi conjuntamente:


Integração econômica na bacia do Pacífico: características e perspectivas, numa visão comparativa com a América Latina
Revista Espaço da Sophia 
Relação de Originais n. 2605; relação de publicados n. 1139.
 
“EUA e UE negociam uma super zona de livre comércio
Revista Espaço da Sophia 
(n. 48, julho-dezembro 2013, ISSN online: 1981-318X; ISSN impresso: 2179-9849; link: http://espacodasophia.com.br/revista-nova/a-super-zona-de-livre-comrcio-norte-atlntica-eua-e-ue/). Relação de Originais n. 2460; relação de publicados n. 1090.
Paulo Roberto de Almeida

A Amazon e o cartel das editoras e livrarias no Brasil: o mercado e aestupidez deliberada

Meu amigo Andre Eiras me mandou essa, com a conclusão inevitável: "mais uma das geniais ideias do Brasil: criar cartel de livros!"
Paulo Roberto de Almeida 
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http://mercadopopular.org/2014/08/o-preco-da-amazon-2/


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O preço da Amazon

26/08/2014 by: pedro in: CulturaEconomia 2 Comments

Por Pedro Menezes
Leio na Folha de São Paulo que um grupo de livrarias e editoras, temendo a chegada da Amazon ao Brasil, pretende propor a adoção de preço fixo para todos os livros vendidos no país. No Ensino Médio, aprendi que a imposição de um preço fixo a todos os lojistas é chamada de cartel. As livrarias e editoras sabem que, para criar este cartel, não basta combinar um preço entre elas e parar por aí. Novos concorrentes, como a Amazon, poderiam ignorar o combinado cobrando menos do que o acertado. A solução? Escreveram uma carta para a Presidente da República pedindo regras que impeçam “práticas predatórias”. Entre as regras, está a fixação de todos os preços. Na prática, o que as livrarias e editoras pedem é que o governo impeça a venda de livros baratos no Brasil. Caso a Presidente da República aceite o pedido, a formação do cartel ganhará o status de “regulação do mercado”. Curioso é o país onde os livros baratos da Amazon caracterizam “concorrência predatória”, mas a formação de um cartel institucionalizado das livrarias nacionais é tida como legítima e honesta.
O nonsense econômico não fica só nos lobistas, atingindo até mesmo o jornalista da Folha que escreveu a manchete – “Mercado discute preço fixo de livros em reação à Amazon”. Não, Folha, não é o mercado quem está discutindo a imposição de um preço fixo. Quem discute isso é o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, a Câmara Brasileira do Livro, a Liga Brasileira de Editoras e a Associação Nacional de Livrarias, em carta destinada à Presidente Dilma Rousseff. De acordo com a definição peculiar de “mercado” que a manchete sugere, a Amazon não faria (e nunca fará) parte do mercado. Você, consumidor de livros, também não faria parte do mercado. O livreiro minoritário que discorda da medida também não faria parte do mercado. Se o mercado se restringisse a estas associações e sindicatos, chegaríamos ao paradoxal estado em que o mercado é contra o livre mercado.
Há mais: o mercado não pode discutir nada, nem ser a favor de coisa alguma. O mercado não é agente personificável e uno que pode ter desejos, mas um processo que inclui inumeráveis agentes com interesses difusos ou mesmo opostos. Você, consumidor de livros, quer uma coisa; o dono da Livraria Cultura quer outra; o dono da Amazon quer outra; o sujeito que estava pensando em começar a vender livros usados quer outras coisas, completamente distintas. Todos são agentes no mercado de livros e tem interesses diferentes, quando não conflitantes. Ou o jornalista da Folha que escreveu a manchete desconhece o significado das palavras que usa, ou ele acha que pode dar às palavras o significado que quiser. Nos dois casos, o problema poderia ser resolvido com a leitura de alguns livros, o que faz do jornalista um dos maiores prejudicados pela implantação do cartel.
Da manchete para o corpo do texto, as coisas passaram a fazer ainda menos sentido. Eis o que diz Sônia Jardim, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros e defensora do cartel das livrarias: “No passado eu era contra o preço fixo, por achar que o desconto é um instrumento do varejista. Mas se a Amazon for muito predatória, acho que pode sim fazer sentido.”
Sônia não é burra. Se fosse, não seria a porta-voz dos interesses de livrarias multimilionárias. O que Sônia faz é justificar um absurdo com palavras convenientes. Mas, afinal, o que se quer dizer com “o desconto é um instrumento do varejista”? Sim, é o varejista quem decide se dá desconto, mas quando ele o faz não se trata de caridade, dessas coisas que ele faz por ter um coração mole. Não é difícil perceber que o desconto é um instrumento para o consumidor, na mesma medida em que o é para o varejista. Comerciantes dão descontos para atrair consumidores. O que o varejista quer é quintuplicar o preço dos seus produtos, ganhar a maior quantidade possível de dinheiro. Ele só não faz isso porque, ainda que Sônia Jardim finja não saber, os consumidores existem e seus interesses são relevantes.
Há mais: um varejista, sozinho, pode decidir se dá ou não desconto nos livros que vende, mas seria bizarro admitir que ele impeça os varejistas ao seu redor de dar descontos ainda maiores. E isso continua sendo verdadeiro quando um grupo de varejistas organizados tenta impedir que novos concorrentes vendam livros baratos.
O Ministério da Cultura tem uma equipe dedicada ao Plano Nacional de Livro e Leitura, além de uma diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas. Uma das atribuições da diretoria é “fomentar processos de criação, difusão, circulação e intercâmbio literário no Brasil e no exterior”. Ou seja, fazer com que mais livros sejam publicados, que os livros publicados se tornem mais conhecidos, circulem mais, vendam mais, etc.
Não sou especialista em “livro e leitura”. (O que é um especialista em livro e leitura?). Ninguém pediu meu conselho, mas dou mesmo assim: Se os nobres burocratas quiserem mesmo incentivar a leitura e a circulação de livros no Brasil, sugiro que eles dediquem os seus dias a garantir que Sônia Jardim, a Liga Brasileira de Editoras, a Associação Nacional de Livrarias e todas as demais entidades que o jornalistas da Folha chama de “o mercado” percam a influência sobre qualquer política pública de livro e leitura. Façam quase sempre o oposto do que eles querem. Se as empresas estabelecidas do setor querem fixar o preço dos livros e impedir a chegada da Amazon, permitam que a Amazon chegue com seus livros baratos e descontos predatórios. Desburocratizem o processo como puderem. Não deixem que o governo impeça, por nenhum motivo, a entrada de livros baratos no país. Permitam que estudantes viajem ao exterior e encham suas malas com livros para serem vendidos no Brasil, ao preço que quiserem. Permitam que editoras sejam criadas em garagens sem que um fiscal apareça com uma lista de regras. Permita-se imaginar que um pouquinho de concorrência selvagem pode ajudar muito na tal da difusão e circulação de livros no país.
As grandes livrarias e editoras, é claro, vão reclamar. Mas a Amazon agradece. Os consumidores de livros (atuais ou futuros) agradecem. O nobilíssimo secretário executivo do Plano Nacional de Livro e Leitura, sempre atuante em nome do bem estar público, provavelmente não reclamaria do aumento da circulação de livros no país. Acho que só Sônia Jardim deve achar a ideia ruim.

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Pedro Menezes

Pedro Menezes é estudante, editor deste site e um dos co-fundadores da rede Estudantes Pela Liberdade no Brasil. Nascido na Bahia e radicado em São Paulo, ele diz que se interessa por teoria política, história, economia e cinema, mas divide o seu tempo livre entre o Vasco e romances de qualidade duvidosa (comprados na Amazon).

A mafia, em todos os seus estados, e em seu estado habitual: mafioso - Jose Neumanne

Fantasma de Celso Daniel volta a assombrar a cúpula petista
Em artigo publicado no Estadão, o jornalista José Nêumanne afirma que, "se não alterar o calendário eleitoral", o espectro de Celso Daniel "abalará significativamente a imagem de vários figurões que disputam o posto mais poderoso de nossa velha e combalida República."

Quem poderia imaginar que na quarta campanha presidencial posterior ao aparecimento do cadáver do prefeito de Santo André licenciado para coordenar o programa de governo da candidatura vitoriosa de Luiz Inácio da Silva, do PT, o fantasma de Celso Daniel deixaria o limbo para assombrar seus companheiros? E, pelo visto, o espírito vindo do além não se limitou a puxar o dedão do pé de uns e outros em sono solto, mas deixou-os a descoberto em pleno inverno. Para sorte deles, este inverno não tem sido tão gélido assim. Mas a alma é fria que só. E como é!
Sábado, em reportagem assinada por Andreza Matais, de Brasília, e Fausto Macedo, este jornal noticiou que a Polícia Federal (PF) apreendeu no escritório da contadora Meire Poza, que prestou serviços ao famigerado doleiro Alberto Youssef, contrato de empréstimo de R$ 6 milhões. O documento, assinado em outubro de 2004, reconhece dívida de tal valor, a ser paga em prestações em 2004 e 2005 pelas empresas Expresso Nova Santo André e Remar Agenciamento e Assessoria à credora, a 2S Participações Ltda. A primeira pertence a Ronan Maria Pinto, empresário do ABC e personagem do sequestro e morte de Celso Daniel, cujo cadáver foi encontrado no mato em Itapecerica da Serra em janeiro de 2002. A 2S pertencia ao publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, peculato e evasão de divisas a pena de 37 anos, quatro meses e seis dias e multa de R$ 3,062 milhões.
O elo encontrado pelos federais entre o assassinato do principal assessor de Lula na campanha presidencial de 2002, o escândalo de corrupção do mensalão e as denúncias apuradas na Operação Lava Jato, protagonizadas pelo doleiro acusado de lavar R$ 10 bilhões de dinheiro sujo, estava numa pasta identificada como "Enivaldo" e "Confidencial". A PF supõe que este seja Enivaldo Quadrado, condenado no mensalão.
A investigação em que o juiz federal Sérgio Moro encontrou provas suficientes para mandar prender o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, que substituiu Sérgio Gabrielli na presidência da empresa 24 vezes, apurou que a corretora Bônus Banval não era de Enivaldo Quadrado, mas, sim, de Alberto Youssef. Costa, que o ex-presidente Lula, conforme testemunhos citados no noticiário do escândalo, chamava de Paulinho e teria oferecido ajuda nas investigações em troca de alívio na pena (pelo visto, ele conta até com a eventual liberdade), tem sido motivo de aflição de gente poderosa na República, temendo que suas revelações cheguem a comprometer a realização das eleições gerais de outubro.
O que já se sabe sem sua ajuda é grave. E a entrada em cena do espectro de Celso Daniel - que não é Hamlet, mas já expôs parte considerável da podridão que reina nestes tristes trópicos -, se não alterar o calendário eleitoral, abalará significativamente a imagem de vários figurões que disputam o posto mais poderoso de nossa velha e combalida República.
Em depoimento ao Ministério Público (MP) em dezembro de 2012, também revelado pelo Estado, Valério, chamado pejorativamente de "carequinha" pelo delator Roberto Jefferson, seu colega no banco dos réus do mensalão, contou que dirigentes do PT lhe pediram R$ 6 milhões a serem destinados ao empresário Ronan Maria Pinto. Conforme o depoente, o dinheiro serviria para calar Ronan, que estaria chantageando Lula, o secretário da Presidência, Gilberto Carvalho, e o então chefe da Casa Civil de Lula, José Dirceu. Gilberto Carvalho, conforme se há de lembrar quem ainda não perdeu a memória, tinha sido secretário de Celso Daniel e foi acusado pelos irmãos deste de transportar malas com as propinas cobradas de empresários de ônibus em Santo André para Dirceu, à época presidente do PT.
De acordo com a reportagem do Estado no sábado, há 20 meses "o PT não se manifestou oficialmente, mas dirigentes declararam que ele não merecia crédito". Com a descoberta do documento, contudo, parte da versão de Valério - a que se refere à "dívida", embora não se possa afirmar o mesmo em relação ao motivo desta - deve ter passado a merecer crédito, se não do PT, ao menos da PF. Crédito similar, por exemplo, ao dado pelo partido no poder federal ao chamado "operador do mensalão" quando o mineirinho emergiu como o gênio do esquema de distribuição de dinheiro, que o relator do processo no STF, Joaquim Barbosa, desvendou de maneira lógica e implacável.
O documento assinado por Valério nos papéis da contadora do doleiro acaba com qualquer dúvida, se é que alguém isento e de boa-fé possa ter tido alguma, de que nada há a imputar de político ou fictício à condenação de Dirceu, Valério, José Genoino e outros petistas de escol a viverem parte de sua vida no presídio da Papuda, em Brasília. Isso bastaria para lhe garantir a condição de histórico no combate à corrupção. Mais valor terá se inspirar o MP estadual a exigir da Polícia Civil paulista uma investigação mais atenta e competente sobre a morte de Daniel.
Ao expor a conexão entre o assassinato do prefeito, a compra de apoio ao governo Lula e a roubalheira desavergonhada na Petrobrás, a dívida contraída por Ronan põe em xeque todos quantos, entre os quais ministros do Supremo, retiraram a "formação de quadrilha" da lista de crimes cometidos por vários réus do mensalão. Negar a prática continuada por mais de dez anos de um delito em bando formado pelos mesmos personagens conotaria cinismo e até cumplicidade.
A delação de Paulo Roberto merecerá um prêmio, sim, se ele for capaz de informar quem são os verdadeiros chefões nos três delitos. Acreditar que possam ser um menor da favela, um publicitário obscuro e um doleiro emergente seria como nomear Papai Noel ministro dos Transportes.

Crimes Economicos do Lulo-Petismo: a sabotagem do acordo de Alcantara - Rubens Barbosa

Os crimes econômicos do lulo-petismo não começaram apenas com a posse do guia genial dos povos, mesmo se eles foram intensos, continuados, repetidos desde janeiro de 2003. Eles começaram antes, como a sabotagem dos acordos de investimento e, sobretudo, o de salvaguardas tecnológicas com os Estados Unidos, para o uso comercial de Alcântara.
Esse foi um dos maiores crimes, pois cortou do Brasil a possibilidade de ganhar milhões de dólares com lançamentos comerciais e de, pouco a pouco, absorver tecnologia de formas variadas.
Os petistas, com outros nacionalistas de araque, bloquearam o acordo, como bloquearam outros, causando imensos prejuizos ao Brasil.
Vou dedicar-me agora a fazer a história dos crimes econômicos do lulo-petismo: eles atingem todos os setores do Brasil, causando milhões, bilhões de prejuizo, sem falar do custo-oportunidade.
Criminosos econômicos, é o que eles são, sem falar de outros crimes, claro, alguns até ao estilo Renascimento...
Paulo Roberto de Almeida


                                                MISSÃO NÃO CUMPRIDA
 Rubens Barbosa
O Estado de S.Paulo, 26/08/2014

O aproveitamento do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e o desenvolvimento de veículos lançadores de satélites (VLS) são prioridades no âmbito do Programa Nacional de Atividades Espaciais do Ministério da Defesa.
A situação privilegiada da Base de Alcântara, no Maranhão, criada para lançamento de satélites, previa grandes perspectivas comerciais para o Brasil. A estratégica localização geográfica da base, situada a dois graus de latitude sul da linha do Equador, poderia permitir o lançamento de foguetes com 13% de economia de combustível em relação ao consumido em Cabo Canaveral, nos Estados Unidos, e com 31% comparado com Baikonur, no Cazaquistão.
          O funcionamento de um centro de lançamento competitivo permitiria a entrada do Brasil no importante nicho de mercado de satélites de telecomunicações e de meteorologia.
, porém, um detalhe importante. Um programa desse porte só será possível se houver um entendimento com o governo dos EUA para a negociação de um acordo de salvaguarda tecnológica. Mais de 85% dos satélites comerciais lançados no mundo são de propriedade de empresas americanas. A Base de Alcântara só poderá tornar-se viável comercialmente quando um novo acordo de salvaguardas entre o Brasil e os EUA tiver sido negociado, uma vez que, por razões ideológicas, o anterior nunca foi ratificado.
A oposição do PT a esse acordo, que iria regulamentar o uso comercial da base de lançamento de foguetes de Alcântara por empresas norte-americanas, na prática, excluiu o Brasil de um mercado anual de US$ 12 bilhões.
          Procurando contornar essa dificuldade, o Brasil está tentando desenvolver um VLS próprio, outro com a Ucrânia e conduzindo um programa de lançamento de satélites com a China. Anuncia-se para o dia 29, como parte desse esforço, o lançamento em Alcântara de foguete de sondagem, que pela primeira vez testará n Brasil combustível liquido embarcado.
Vale lembrar que, ainda no primeiro governo do presidente Lula, o Brasil assinou um acordo de salvaguarda tecnológica com a Ucrânia, bastante similar ao firmado com os EUA, e que foi rapidamente aprovado pelo Congresso. Apesar de seguir em vigor, o entendimento com a Ucrânia não teve qualquer conseqüência comercial para o Brasil em vista das dificuldades econômicas que atravessa aquele país e por restrições políticas por parte dos EUA.
Como de costume, é a ideologia acarretando prejuízo para o Brasil.
A grande ironia em todo esse affair é que, sem o acordo com os EUA, nem o programa com a Ucrânia poderá avançar apesar dos milhões de dólares investidos pelo Brasil. Telegramas da Embaixada dos EUA em Brasília, de janeiro de 2009, vazados pelo wikileaks, informam que o governo ucraniano pediu ao governo norte-americano que reconsiderasse a sua negativa de apoiar a parceria Brasil-Ucrânia para atividades na Base de Alcântara e permitisse que firmas americanas de satélite pudessem usar aquela plataforma de lançamentos. A resposta foi clara. Os EUA estão preparados para apoiar o projeto conjunto Brasil-Ucrânia, desde que o acordo de salvaguardas Brasil-EUA entre em vigor. Do contrário os EUA não apoiarão o programa brasileiro dos veículos de lançamento espacial.
          Não haveria dificuldades internacionais para o estabelecimento da base pelo fato do Brasil ser membro do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MTCR, na sigla em inglês). O tratamento seria idêntico ao dispensado a outros países, como a Rússia e a China, que assinaram acordos de salvaguarda com os EUA.
Quando este acordo estiver em vigor e o CLA e o programa brasileiro de lançadores de satélites forem viabilizados, as equipes brasileiras que eventualmente ali trabalhassem, poderiam se beneficiar do conhecimento adquirido pelo contato com os técnicos prestando serviços na base e as empresas nacionais poderiam ampliar seus conhecimentos tecnológicos. 
           No final da visita do presidente Obama ao Brasil, em março de 2011, ficou decidido que os entendimentos sobre o acordo de salvaguarda seriam retomados com o objetivo de renegociar o texto para consideração do Congresso Nacional. Com isso poderia ser viabilizado o programa de lançamento de satélites com a Ucrânia e ficaria aberta a porta para a cooperação entre empresas brasileiras e norte americanas na área de lançamento de satélites tornando de fato efetivo o uso da Base de Alcântara. Com a divulgação da espionagem feita pela NSA na presidente Rousseff e a relação entre os dois países bastante dificultada, os entendimentos nem chegaram a começar e estão paralisados até hoje.
          Além dos problemas políticos, o programa espacial, dito prioritário, enfrenta não só uma crônica falta de recursos, como também a oposição dos quilombolas, que reclamam as terras adjuntas à área já ocupada pela Base.
Espera-se que, nos próximos quatro anos, sem preconceitos partidários e com razoável dose de pragmatismo, o futuro governo empreste ao programa espacial brasileiro uma efetiva prioridade. Com a conclusão da negociação do acordo de salvaguarda tecnológica com os EUA e com recursos financeiros adequados para garantir a continuidade dos esforços - que, por falta de apoio caminham com grande dificuldade - os programas poderão avançar e ser concluídos com êxito.
          Em agosto de 2003, sério acidente na Base de Alcântara paralisou o projeto por algum tempo e fez desaparecer uma elite técnica que conduzia o programa do veiculo lançador de satélite. O VLS-1, que estava sendo preparado, explodiu e matou 21 cientistas, adiando ainda mais o projeto de veículos lançadores de satélites que colocaria o Brasil numa posição competitiva no mercado de satélites comerciais.
          É urgente recuperar o tempo perdido.

Rubens  Barbosa, presidente do Conselho de Comercio Exterior da Fiesp