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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 3 de julho de 2019

Meu próximo livro: Miséria da Diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (2019) - Paulo Roberto de Almeida

Estou terminando de revisar meu próximo livro a ser publicado, do qual transcrevo a parte de expediente. Em breve estará disponível em formato digital




ALMEIDA, Paulo Roberto.
Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty – Brasília: Edição do Autor, 2019.
100 p.

1. Política externa brasileira. 2. Relações internacionais. 3. Ideologias. 4. Itamaraty. 5. Diplomacia. 6. Paulo Roberto de Almeida.






Uma cegueira persistente – o sentimento de uma superioridade ilusória – mantém a ideia de que todos os países de grande extensão existentes em nosso planeta devem seguir um desenvolvimento que os levará ao estado dos sistemas ocidentais atuais, teoricamente os melhores, praticamente os mais atrativos; que todos os demais mundos estão apenas impedidos temporariamente – por causa de governantes malvados ou por graves desordens internas, ou por barbárie e incompreensão – de se lançar na via da democracia ocidental, com partidos múltiplos, e de adotar o modo de vida ocidental. E cada país é julgado segundo seu grau de avanço nessa via. Mas, na verdade, esta concepção nasceu da incompreensão pelo Ocidente sobre a essência dos demais mundos, que são abusivamente medidos segundo o padrão ocidental. O cenário real do desenvolvimento em nosso planeta tem pouco a ver com isso.

Alexandre Soljenitsyn, discurso na 327ª. formatura na Universidade de Harvard, junho de 1978.
  

Este livro é dedicado a Carmen Lícia Palazzo, companheira exemplar de toda uma vida e de todas as nossas jornadas, plenas de viagens, de aventuras e de muitas leituras, com todo o meu amor...
Também a Pedro Paulo e Maira, e aos nossos netos queridos, Gabriel, Rafael e Yasmin, que encantam doravante nossas jornadas de felicidade, com a promessa de novas aventuras, de viagens, de outras aventuras, de mais leituras, com todo o nosso amor.


                      Sumário

  
Prefácio: onde está a política externa do Brasil?   11

1. Miséria da diplomacia, ou sistema de contradições filosóficas    17
     1. No reino das contradições filosóficas      17
     2. Quanto à forma de designação do chanceler    19
     3. Quanto à natureza do personagem designado  21
     4. Quanto à substância de alguns temas da agenda diplomática   23

2. O Ocidente e seus salvadores: um debate de ideias   27
     1. A decadência e o Ocidente: algum perigo iminente?  27
     2. Quais são as “teses” principais de “Trump e o Ocidente”?    30
     3. O grande medo do Ocidente cristão: realidade ou paranoia?  32
     4. Contradições insanáveis no projeto de salvamento do Ocidente cristão  34

3. O marxismo cultural: um útil espantalho?   37
     1. O renascimento de uma tendência: a parábola do marxismo cultural   37
     2. A trajetória do socialismo: o elefante que voou, via opressão dos trabalhadores  39
     3. O genérico substituto do gramscismo: em socorro do socialismo   41
     4. O marxismo cultural salvo do declínio pela paranoia da direita? 44

4. A destruição da inteligência no Itamaraty: dialética da obscuridade    47
     1. No começo era o verbo, depois fizeram-se as trevas...  47
     2. Nas origens da metapolítica: o romantismo alemão que derivou para o nazismo 49
     3. Tribulações de um antiglobalista improvisado: supostas “ameaças” ao Brasil   51
     4. Dialética da obscuridade: a diplomacia do antiglobalismo    60

5. O globalismo e seus descontentes: notas de um contrarianista    63
     1. Fixando os termos do debate: a contracorrente do pensamento único  63
     2. Nota pessoal do ponto de vista de quem pratica ativamente o ceticismo sadio   64
     3. Globalização real e globalismo surreal: da física à metafísica    66
     4. Do lado da direita: todo globalismo será castigado, mesmo sem doutrina  69
     5. Teorias conspiratórias sobre o globalismo: déjà vu, all over again  71
     6. A contrafação dos neo-Illuminati no Brasil: globalismo, climatismo, marxismo  73

6. A revolução cultural na diplomacia brasileira: um exercício demolidor   77
     1. Euforia e tragédia das revoluções culturais   77
     2. O pequeno salto para trás do chanceler    79
     3. A revolução cultural na prática     82

Apêndices:
Por que sou um contrarianista?   87
Breve nota biográfica: Paulo Roberto de Almeida   92
Livros e trabalhos de Paulo Roberto de Almeida    94

terça-feira, 2 de julho de 2019

Governo Bolsonaro: os seis primeiros meses - Estadão

Os primeiros seis meses do governo Bolsonaro
O Estado de S. Paulo, 30/06/2019

A avaliação positiva do governo e a popularidade do presidente Jair Bolsonaro diminuíram de forma constante nos primeiros seis meses do ano. Ao fim deste período, é possível dizer que o bolsonarista mais fiel se notabiliza por duas características marcantes: ele carrega o sotaque do Sul do País e está na faixa dos que possuem renda mais alta. 
Dados das pesquisas divulgadas pelo Ibope desde janeiro mostram que Bolsonaro continua “mito” mais para os que ganham acima de cinco salários mínimos, cujo apoio chegou a crescer no mês de junho. Também na contramão da tendência de queda da avaliação positiva da atual gestão estão os moradores da região Sul, a única que registrou aumento no apoio a Bolsonaro na mais recente pesquisa, divulgada na semana passada em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Por outro lado, os habitantes do Nordeste e de menor renda foram os que mais desembarcaram do apoio ao presidente na primeira metade do ano. Em relação ao penúltimo levantamento do Ibope, em abril, três a cada dez nordestinos que apoiavam Bolsonaro pularam do barco. Hoje, apenas 17% dos moradores da região, reduto do PT, consideram a gestão boa ou ótima.
No Sul, por outro lado, a avaliação melhorou de abril para junho: hoje com 52% de aprovação ao presidente, oito pontos a mais em relação ao levantamento anterior, a região é a única onde ele tem como apoiadores mais da metade da população. 
É o caso da administradora de empresas Marilea Martins, de 58 anos. Moradora de Curitiba, no Paraná, ela afirma que Bolsonaro “herdou uma estrutura corroída pela corrupção do PT” e precisa de apoio da população para governar. “As ações que ele está propondo para melhorar o País enfrentam a resistência do Congresso, corrupto e acostumado ao toma lá, dá cá.”
Marilea também se enquadra em outro aspecto: ao fazer um recorte por renda, também fica claro quem sustenta o apoio a Bolsonaro - que, na média geral, é avaliado como bom ou ótimo por 32% da população, mesmo número dos que o avaliam como ruim ou péssimo e como regular. Quase metade dos que ganham mais de cinco salários mínimos dão apoio ao presidente. Marilea se considera uma típica integrante da classe média curitibana e está na faixa entre cinco e dez salários mínimos.
Os dados por renda acabam refletindo nos que têm como base a formação escolar dos entrevistados. Bolsonaro também apresentou queda acentuada entre os que estudaram apenas até a 4.ª série do ensino fundamental, com seis pontos a menos da pesquisa de abril para a divulgada na semana passada - enquanto as outras faixas desse segmento não oscilaram tanto. 
Apesar de os índices de bom ou ótimo, ruim ou péssimo e regular estarem no mesmo patamar, Bolsonaro é o presidente mais mal avaliado em início de primeiro mandato desde Fernando Collor. O presidente também vai mal em outros dois pontos da pesquisa: a aprovação ao modo de governar o País e a confiança na sua figura.
Mais da metade da população - 51% dos entrevistados - não confia no presidente, enquanto 46% confiam. Quanto ao modo de governar, os números são menos distantes entre si: 48% desaprovam a maneira como Bolsonaro se comporta à frente do Palácio do Planalto, ante 46% que o endossam.
“O apoio ao governo está bem próximo do tamanho dos grupos mais identificados com uma visão mais conservadora em termos morais (evangélicos sobretudo)”, afirmou o cientista político Marco Antônio Teixeira, que vê o desemprego e a queda na renda, somados a fatores mais específicos, como os principais motivos para a constante queda de popularidade do presidente.
A diferença mais acentuada se dá no segmento por região. No Nordeste a avaliação do governo como bom ou ótimo já era menor que a média nacional em abril e os números despencaram na mais recente pesquisa (mais informações nesta página). 
No item renda, os que ganham até 1 salário e veem o governo com bons olhos ficam em apenas 21% dos entrevistados. A diferença entre os setores cresceu na pesquisa deste mês.
Outro pilar de sustentação do bolsonarismo, por sua vez, sofreu um baque na pesquisa de junho. Os municípios do interior e os com menos de 50 mil habitantes registraram queda maior do que capitais e cidades periféricas. Antes havia uma diferença clara entre os tipos de município; agora não há mais.
A contadora Angélica Bernardes, de 49 anos, moradora de São Leopoldo (RS), mantém o apoio a Bolsonaro porque considera que valores morais e éticos estão se perdendo. “Eu vejo que as pessoas já estão cansadas nesse país de falta de valores, princípios, educação, respeito. Infelizmente perdemos tudo isso no Brasil. É muita libertinagem. Não sou homofóbica, nem racista, eu só quero respeito”, afirmou a contadora, que apoia a política de armas do atual presidente.
Este também é o motivo do apoio manifestado pelo comissário da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Ricardo de Souza Salamon, de 51 anos. “Essa falácia de calibres restritos e permitidos era mais uma jabuticaba. Temos é que endurecer a legislação para quem comete crime armado e com arma ilegal”, disse. “Permitir que o cidadão se defenda é dever do Estado. Mais perigoso é deixar, como ocorre hoje, que um criminoso quase sempre reincidente, seja colocado prematuramente em liberdade e coloque toda sociedade em risco”, afirmou Salamon, que trabalha há 27 anos na corporação. 

Pautas econômicas e de costumes têm marcha desigual após 6 meses
O balanço dos seis primeiros meses do governo Bolsonaro mostra um avanço em pautas econômicas como a reforma da Previdência, defendida como fundamental para o reequilíbrio das contas públicas e para a retomada do crescimento econômico. Bem diferente é a situação da chamada pauta conservadora, que serviu de base para a campanha do então candidato do PSL. Propostas como o Escola Sem Partido, a flexibilização da posse e porte de armas e o combate às políticas de gênero têm enfrentado resistência e derrotas no Congresso.
“O Congresso apoia a modernização econômica, mas a agenda conservadora se mostrou inviável. Os parlamentares a rejeitam”, resume o pesquisador Fernando Schüler, do Insper. Ao analisar o desempenho do governo, Schüler faz outra observação: o governo tem perdido o “protagonismo” na condução mesmo da agenda econômica, que tem andado mais por iniciativa do Legislativo. “O Congresso está comandando a agenda econômica, é uma situação inusitada. O governo perde protagonismo, mas, se funcionar e gerar resultados, vai colher frutos e será reconhecido.”
Desde a posse, Jair Bolsonaro tem repetido que precisa combater o que ele chama de “velha política”, que seria baseada na troca de cargos por votos. Essa ofensiva contra os políticos também é usada por grupos bolsonaristas nas redes sociais e em protestos de rua, ao responsabilizarem o Congresso pelo atraso na aprovação das reformas. Os parlamentares negam o “toma lá, dá cá” e acusam o Executivo de querer passar por cima dos demais Poderes.
Como resultado desse impasse, Bolsonaro ainda não conseguiu assegurar uma base de apoio forte o suficiente para garantir que seus projetos sejam aprovados. Foi o caso do primeiro decreto de armas, derrubado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Destino parecido teve a medida provisória que transferiu para o Ministério da Agricultura a demarcação de terras indígenas, devolvido pelo Senado ao Executivo.
A questão da demarcação será avaliada em agosto pelos ministros do Supremo Tribunal Federal, onde o governo também já amargou derrotas. A Corte aprovou a criminalização da homofobia - criticada por Bolsonaro - e impediu a extinção indiscriminada dos conselhos federais públicos. “Seria ruim se o governo aprovasse pautas na base do ‘toma lá, dá cá’. Isso foi rejeitado nas urnas, mas fica o desafio: como dar governabilidade e conduzir reformas?”, afirmou Schüler.

Previdência
Apresentada em 20 de fevereiro, a reforma da Previdência foi aprovada em comissão especial e segue agora para apreciação no plenário da Casa nas próximas semanas. Ainda não há garantia de que vai atingir a economia de R$ 1,3 trilhão em dez anos almejada pelo Ministério da Economia, mas o consenso em torno da necessidade da reforma aponta para algum alívio nas contas públicas.
Até lá, o governo tem sido cobrado a adotar medidas de curto prazo que estimulem a economia. Pesquisador da Universidade de Harvard, Hussein Kalout diz que é preciso resolver três problemas: renda, crédito e emprego. “Sem isso, a economia entrará em processo de inércia e haverá impactos sobre a sociedade, o empresariado e o mercado”, avaliou. Kalout citou ainda a necessidade de abertura comercial, redução tarifária, a desburocratização da administração pública e a qualificação profissional. 
Na sexta-feira, o governo comemorou acordo para formar uma área de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE). O tratado prevê que, no prazo de até uma década, 90% do que o Brasil exporta entrará na UE sem tarifas. Hoje somente 2,4% dos produtos têm alíquota zero. O acordo também facilitará a entrada de produtos europeus no Brasil. “Outros países não vão querer ficar de fora do mercado do Mercosul. Aumenta nossa inserção no mundo”, diz Pedro Camargo Neto, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira.
A mudança de governo também deixou marcas na imagem externa do Brasil, após forte atuação do que os bolsonaristas chamam de “ala ideológica”. Alvo de protestos nos Estados Unidos, Chile, Suíça e Argentina, o governo tem sido contrário a pautas que o Brasil defendia anteriormente, como o multilateralismo. Outra característica foi a aproximação com os EUA e com governos de extrema-direita da Hungria, Polônia e com setores na Itália. 
Para Oliver Stuenkel, coordenador do programa de pós-graduação de Relações Internacionais da FGV, a política externa perdeu a previsibilidade. “É um produto de brigas entre as facções do governo. Os países estão estabelecendo diálogos paralelos com as facções para antecipar qual grupo pode ganhar as batalhas”, afirmou, exemplificando com interesses de militares, de liberais e da ala “ideológica”.
Como exemplo, Oliver citou as críticas do chanceler Ernesto Araújo à integração regional da Europa e ao globalismo. “Depois disso, Bolsonaro vai para a Argentina e mostra interesse em promover um debate sobre uma moeda comum, pesadelo para qualquer contrário ao globalismo.” 
O ex-embaixador Rubens Ricupero diz que o País perdeu energia prejudicando a relação com a China ou com declarações polêmicas com os países árabes, quando cogitou transferir a embaixada em Israel. “O prestígio internacional do Brasil está hoje perto de zero.”

Agenda do governo não engrena na Câmara
Com uma articulação política reconhecidamente falha e uma relação ora turbulenta ora amistosa com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governo do presidente Jair Bolsonaro aprovou, nestes primeiros seis meses de gestão, pautas de seu interesse na Casa num ritmo comparado a espasmos pontuais entremeados por paralisações. É o que apontam dados do Barômetro, ferramenta do Estado que monitora a relação entre o Executivo e o Legislativo. 
O ritmo de votações orientadas pelo governo pode ser visto nos gráficos desta página, referentes aos primeiros semestres de todos os presidentes desde 2003. Cada barra indica um dia de votação no qual o governo orientou votação na Câmara - o tamanho delas indica a quantidade de votações naquele dia. Quanto maior for a barra verde, mais votos foram favoráveis ao governo - a rosa são os votos contrários.
Na comparação com as gestões anteriores, o governo Bolsonaro é o que registra os maiores espaços temporais entre as votações orientadas na Câmara desde 2003. Não foram incluídos na contagem as votações em que o governo se absteve de orientar a base aliada. No início deste mês, o Estado informou que uma em cada três propostas que tramitaram na Câmara este ano não foram orientadas pelo Palácio do Planalto. É a maior taxa de omissão desde 2003, primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Os espaços em branco no gráfico coincidem com os períodos em que houve ruídos nas relações entre o governo Bolsonaro e Rodrigo Maia, responsável por determinar a pauta de votação da Câmara. Entre 26 de março e 7 de maio, por exemplo, passaram-se 42 dias sem que o governo orientasse os deputados em votações. O período coincide com um estremecimento na relação entre Maia e o clã Bolsonaro.
O estopim foi a publicação de uma mensagem, no dia 21 daquele mês, do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), filho 02 do presidente, no Twitter. Carlos ironizou Maia por sua relação de parentesco com o ex-ministro Moreira Franco, que havia sido preso naquele dia - presidente da Câmara é casado com a enteada do ex-ministro.
Durante a longa lacuna no plenário da Câmara, no entanto, Bolsonaro teve uma vitória na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que aprovou a admissibilidade da reforma da Previdência, a principal pauta do governo. Deputados consideraram, no entanto, que a aprovação não foi por causa de Bolsonaro, mas apesar dele. No dia seguinte, Maia disse que o governo precisa “fazer política” e “assumir a importância da aprovação da reforma.” 
Em maio, o governo conseguiu aprovar pautas de menor relevância, como a transferência da Junta Comercial do Distrito Federal, que estava sob controle da União, para o governo estadual. E sofreu derrotas significativas, como o retorno do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o ministério da Economia - contrariando os interesses do ministro da Justiça, Sérgio Moro.
No dia 28, dois dias depois das manifestações de rua em apoio a Bolsonaro, nas quais o Legislativo e o Judiciário foram alvo, os chefes dos três Poderes se reuniram para e firmaram um “pacto”. Apesar da postura reticente de Maia em aderir ao pacto, a reunião refletiu no “humor” da Câmara, com a aprovação de pautas de interesse do governo. O ritmo, no entanto, voltou a cair no início de junho, a partir da divulgação das supostas trocas de mensagens entre Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol.
Deputados consideraram, no entanto, que a aprovação não foi por causa de Bolsonaro, mas apesar dele. No dia seguinte, Maia disse que o governo precisa “fazer política” e “assumir a importância da aprovação da reforma.”
Em maio, o governo conseguiu aprovar pautas de menor relevância, como a transferência da Junta Comercial do Distrito Federal, que estava sob controle da União, para o governo estadual. E sofreu derrotas significativas, como o retorno do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o ministério da Economia - contrariando os interesses do ministro da Justiça, Sérgio Moro.
No dia 28, dois dias depois das manifestações de rua em apoio a Bolsonaro, nas quais o Legislativo e o Judiciário foram alvo, os chefes dos três Poderes se reuniram para e firmaram um pacto. Apesar da postura reticente de Maia em aderir ao pacto, a reunião refletiu no humor da Câmara, com a aprovação de pautas de interesse do governo. O ritmo, no entanto, voltou a cair no início de junho, a partir da divulgação das supostas trocas de mensagens entre Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol.


Acordo Mercosul-UE: franceses prometem estragar a festa

Clarín, Buenos Aires – 2.7.2019
Presionado en su país, Emmanuel Macron prometió una “evaluación completa” del acuerdo UE-Mercosur
Ecologistas, agricultores y políticos cuestionan el futuro ingreso de productos fitosanitarios. El presidente francés anunció un análisis del convenio.
María Laura Avignolo

Frente al Brexit y el populismo creciente, el Acuerdo del Mercosur y la UE es un “regalo envenenado” que el presidente de la Comisión Europea, Jean Claude Juncker, les dejó a los franceses antes de la renovación de las autoridades de la UE. Para Francia, habilita el ingreso de casi 240 productos fitosanitarios utilizados en el Mercosur, que estaban prohibidos en la UE.
Ecologistas, agricultores, diputados y ex ministros oficialistas están tan furiosos con esta decisión que han forzado al presidente Emmanuel Macron a prometer "una evaluación independiente, completa, transparente de este acuerdo" este lunes, que será puesta en marcha "en los próximos días".
Tres criterios serán tenidos en cuenta en este análisis: la protección de la ganadería, bovina en particular; de ciertas filiales agrícolas y el respeto a los acuerdos climáticos de París.
"Nosotros estamos en un estadio preliminar en relación a este acuerdo. Todavía hay un camino", advirtieron en las cercanías de Macron en relación a este acuerdo, que Argentina, Brasil, Uruguay y Paraguay han celebrado como si estuviera finalizado.
Francia remarca que el acuerdo debe estar ratificado por cada uno de los estados miembros y luego, por el Parlamento Europeo; para que sea legal.
Macron cambió el tono desde su llegada del G20 en Osaka. "Siempre dije que un buen acuerdo comercial es bueno para nuestras empresas y empleos. Este acuerdo permitirá abrir mercados agrícolas e industriales y proteger nuestras indicaciones geográficas. En este estadio, el acuerdo es bueno", había precisado el jefe de Estado desde Japón, tras enorgullecerse de haber conseguido que Jair Bolsonaro, su par brasileño, no se fuera del acuerdo del clima de París. Cuando llegó a su país, el presidente francés mutó.
La resistencia a la decisión de Macron no vendrá solamente de los ecologistas, que ganaron las elecciones europeas, sino de su propia mayoría o su ex ministro de medio ambiente, el mediático Nicolas Hulot, cuando se acercan elecciones municipales y regionales.
Para los ecologistas, el acuerdo Mercosur-UE viola los estándares ambientales europeos y de salud por la utilización masiva de productos fitosanitarios de toda clase en los países sudamericanos que son parte de él.
Uno de los más furiosos es Jean Baptiste Moreau, diputado de la La República en Marcha, oficialista, y agricultor de profesión. "¿Cuál es el mensaje que nosotros enviamos a los electores de las últimas elecciones europeas, especialmente a los ecologistas?", se preguntó.
Y alertó: "Este acuerdo fue firmado por una Comisión Europea al final del camino, con un mandato que tiene más de 20 años. Uno tiene la impresión que fue un pasaje forzado. Es esta Europa la que la gente rechaza después de años. Es esta Europa la que produjo el Brexit".
Para Moreau, el Mercosur tiene capacidad de "invadir" el mercado europeo y duda "de la coherencia ecológica de este acuerdo". Asegura que los países firmantes "tienen la agricultura más nociva del mundo".
Según el diputado, habló personalmente con Macron y sin revelar los contenidos de la conversación, adelantó: "El presidente no tiene un entusiasmo desbordante por los contenidos agrícolas de este acuerdo. El ha pedido un estudio independiente sobre los impactos reales Lo vamos a discutir".
"Después viene la ratificación por los 27 estados miembros de la Unión Europea, luego la ratificación del Parlamento Europeo. Yo veo mal al Parlamento Europeo, con el equilibrio de fuerzas que tiene hoy, ratificar el acuerdo con el Mercosur", dijo el diputado oficialista Jean Baptiste Moreau. Los liberales y ecologistas pueden tener mucha fuerza en el Parlamento europeo ahora.
"Brasil está en una situación agrícola catastrófica, con suelos estériles por el uso masivo de productos fitosanitarios de toda clase", agregó Moreau.
Francia se opuso con firmeza al acuerdo y perdió la pulseada porque la Comisión Europea estaba mandatada para firmarlo por 19 años. No lo debía consultar. Pero las críticas contra el acuerdo UE Mercosur hoy son feroces en Francia.
En particular, el acuerdo con Bolsonaro enfurece a los diputados franceses. "Vergüenza a la Comisión Europea de pactar con Jair Bolsonaro, que ataca a los demócratas, a las mujeres, a los LGTB y a la Amazonia y que ha homologado 239 pesticidas desde enero pasado. Los verdes europeos pelearemos para bloquearlo", alertó Yanick Jadot, el verde europeo que ganó las últimas elecciones.
El riesgo que tiene el acuerdo para ser ratificado es que van a tratar de construir un frente común, "que va desde los ecologistas a los agricultores", aseguró Delphine Batho, diputada y ex ministra socialista de Medio Ambiente. Los agricultores protestaron masivamente en el último Salón de la Agricultura y en el anterior.
Para Hulot, ex ministro de ecología francés que renunció durante una entrevista en la radio, "el libre mercado es el origen de todas las problemáticas ecológicas". Considera al acuerdo "incoherente" con los objetivos de recalentamiento climático.
"No entiendo cómo podemos firmar este acuerdo. Este tipo de decisión política muestra que no tenemos ningún acercamiento sistémico global a la lucha contra el cambio climático. Estamos lejos de la coherencia. Por una parte, crea dudas sobre las intenciones y las declaraciones políticas, de acuerdo a las prácticas de la realidad", dijo en una entrevista con el diario Le Monde.
Y luego apuntó al presidente brasileño: "Dejamos a un presidente, Jair Bolsonaro, destruir la Amazonia, sin la cual no tenemos ninguna capacidad de ganar la batalla climática. Ella representa sola diez años de emisiones mundiales de efecto invernadero. Yo no veo cómo se puede firmar un acuerdo con un país que se burla de estos objetivos. Esto prueba que no se ha tomado en cuenta la medida y, sobre todo, que estamos lejos de la coherencia".
La Confederación Paisana francesa y la FNSEA, los dos mayores sindicatos agrícolas, también desaprobaron el acuerdo. "Yo tengo una sensación de asco", dijo Nicolás Girod, portavoz de la confederación paisana. "Los cuestiones de la soberanía alimentaria, de territorio, climáticos son barridos por las ganancias de un comercio internacional y un crecimiento desenfrenado", continuó.
Cristiane Lambert, presidente de la FNSEA, se preguntó "¿cómo el gobierno puede decirle a la agricultura francesa que suban el status, menos antibióticos, menos fitosanitarios, más trazabilidad, y abren las venas a Brasil, un país con escándalos sanitarios?”.
Mientras, la Cumbre Europea no consigue un consenso para elegir a sus futuros dirigentes de la Comisión Europea y el Consejo de Europa, después de 17 horas de negociaciones entre jefes de Estado y los gobiernos europeos. La reunión para reemplazar al presidente de la Comisión, Jean Claude Juncker, continuará este martes.