O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

domingo, 23 de fevereiro de 2020

A batalha do 5G: entre os EUA e a China - Eliane Cantanhede (OESP)

Acho muito simplista apresentar essa questão do 5G como uma batalha pela dominação mundial entre os EUA (que estão atrasados nessa tecnologia, mas ainda são uma grande potência tecnológica) e a China (que já fez um avanço inacreditável na 5a revolução industrial).
Para mim, não vai haver batalha nenhuma, ou será como a "batalha de Itararé", aquela que não houve.
O que temos até aqui é os EUA atrasados nessa corrida tecnológica (inevitável e bem vinda), tentando  segurar nacos de mercado para si mesmos, mas sobretudo sua capacidade de penetrar sistemas de difusão de dados entre as novas ferramentas de comunicações e informações.
Essa acusação de que os chineses vão nos roubar "segredos de Estado" é risível, pois é o que mais os americanos fazem, contra inimigos e amigos...
O Brasil não deve se deixar pressionar pelos americanos, ainda que o presidente seja um fiel sabujo de Trump, junto com sua família e o chanceler acidental.
Temos de fazer uma análise isenta do que está em jogo, e entregar a decisão aos técnicos e economistas industriais, não aos políticos.
Paulo Roberto de Almeida

O controle do mundo

Recado dos EUA: opção pelo 5G chinês pode comprometer negociações na área de defesa

Eliane Cantanhede
O Estado de S. Paulo, 23/02/202

O Brasil está sofrendo pressões dos dois lados de uma guerra pós-contemporânea que tende a ter grande impacto na humanidade e tem nome curto, na verdade, uma sigla: 5G. Por trás desse avanço revolucionário há uma disputa entre Estados Unidos e China pela dominação do mundo no futuro.  
Parece exagero? Pode ser, mas os estrategistas dos países desenvolvidos se debruçam sobre o tema e o governo brasileiro, providencialmente cauteloso, criou um grupo de trabalho para analisar a questão sob os vários aspectos que ela abrange: financeiro, tecnológico, econômico e político, considerando a segurança de dados públicos, privados e individuais. Não é pouco. E não é fácil.  
Tanto os chineses pressionam o Brasil a favor do 5-G da Huawei, alegando preços menores e capacidade maior, quanto os americanos trabalham em sentido contrário, alertando para a “ameaça” que pode representar para a soberania nacional uma empresa estatal da China na área de dados.  
Em resumo, há temor de que a China, hoje segunda maior potência, possa usar o 5G para não só coletar, mas manipular dados de defesa, comunicações, energia elétrica, estradas, controle aéreo e florestas. Além de reunir o maior banco de dados de indivíduos do mundo. O governo chinês, que não é exatamente uma democracia, teria o controle de algo preciosíssimo nas disputas entre potências: informação. E, pior: poderia ter o controle remoto do funcionamento de todo o País. Com um botão, desligar uma hidrelétrica.  
Evidentemente, nenhum dos dois lados é santo e os Estados Unidos não estão preocupados em preservar dados e bases estratégicas brasileiros, mas sim sua própria hegemonia. Aliás, faz pouco tempo, uns cinco anos, que se descobriu que a NSA, agência de espionagem americana, grampeava a presidente Dilma Rousseff, 29 membros do governo e estatais, como a Petrobrás.  
Já que o presidente Jair Bolsonaro vai aos EUA em março, é bom lembrar que a diplomacia, a economia e a agricultura brasileiras têm recolocado no eixo as relações com a China, que haviam sido ameaçadas pelo presidente, mas a prioridade das prioridades é a parceria com os EUA, ou melhor, com o governo Donald Trump.  
Essa parceria vai bem, com pelo menos dez pontos prioritários. Trump lota aviões de brasileiros ilegais (que aumentaram entre 700% e 1000% em 2019) para despejá-los de volta, mas Bolsonaro lava as mãos e até estimula, considerando que esse é um problema menor. Quem arrisca que se vire. O importante é o interesse nacional.  
Brasil e EUA, que se unem a regimes como o da Hungria Polônia tendo como pretexto uma tal de “Aliança pela Liberdade Religiosa”, estão na verdade construindo um eixo internacional ideológico, de direita. E isso serve de liga para uma aproximação bilateral crescente em comércio, investimentos, energia, uso da Base de Alcântara (MA), pesquisa, tecnologia, cooperação em diferentes áreas, inclusive defesa, tão cara a Bolsonaro.  
E é precisamente aí, nesse pacote, que o governo americano tem mandado um recado nada sutil para o brasileiro: as negociações e acordos vão de vento em popa, mas uma eventual adesão do Brasil à tecnologia 5G da China terá consequências e poderá prejudicar a aproximação, principalmente na área de defesa.  
As guerras já foram com soldados em terra, passaram a ser por mísseis, resvalaram para uma fase nuclear e agora caminham para ser mais sofisticadas. A nova guerra é digital, pelo controle do mundo via dados. Não tem jeito: o 5G veio para ficar e, assim como todos os países, o Brasil vai ter que optar pelo modelo que melhor lhe convier, estrategicamente. Mas todo cuidado é pouco na hora de decidir. Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come. 

11 livros selecionados pelo New York Times - John Williams

O do Patrick Boucheron sobre Maquiavel, vou procurar ler na edição original em francês. Os outros ficam a critério dos meus seguidores neste blog.
A Amazon.fr tem pelo menos OITO páginas de referências a livros de, ou co-organizados por esse grande professor do Collège de France, amigo de vários outros grandes historiadores: 
https://www.amazon.fr/s?k=Patrick+Boucheron&i=stripbooks&__mk_fr_FR=ÅMÅŽÕÑ&qid=1582497784&ref=sr_pg_1
Paulo Roberto de Almeida

11 New Books We Recommend This Week

Editors’ Choice
Machiavelli certainly knew about seduction of a sort, the kind that can be used to seize and maintain power. An energetic new book by Patrick Boucheron offers a knowing guide to the Renaissance statesman and writer’s life and work. Clement Knox’s “Seduction” is a wide-ranging look at how the art has influenced politics, literature and social movements. “It turns out that we were just as conflicted about seduction centuries ago as we are now,” our reviewer Alex Kuczynski writes. “Depending on whom you ask and when, the seducer is either a manipulative villain exploiting innocents or a heroic figure of sexual liberation.”
Lots of fiction to choose from on this week’s list, including Isabel Allende’s new novel, which revisits the aftermath of the Spanish Civil War, and a novella by Lily Tuck that reimagines “Wuthering Heights.” Other new works of fiction feature a medieval Frenchwoman, an undocumented Sri Lankan immigrant in Australia, a woman whose life changes for the better (or so she thinks), capitalism’s exploitative structures and a dystopia set in the distant past.
There are two visual treats as well: “Return to Romance!” collects comics about love from the early 1960s by an unsung master, and “The Cursed Hermit” is a graphic novel about strange doings at a secluded school.
John Williams
Daily Books Editor and Staff Writer

AMNESTY, by Aravind Adiga. (Scribner, $26.) In Adiga’s latest novel, an undocumented Sri Lankan immigrant in Australia believes he knows who committed a murder, but isn’t sure what to do with the information. “Adiga is a startlingly fine observer, and a complicator, in the manner of V.S. Naipaul,” our critic Dwight Garner writes. “No one in his novels is simple to understand. Adiga may not agree with everything that gets said or thought, but there is no gauze on his mental windshield. Nice people are often skewered, as if on kabobs. Reading him you get a sense of having your finger on the planet’s pulse.” You come to this novel, Garner adds, “for its author’s authority, wit and feeling on the subject of immigrants’ lives.”

MACHIAVELLI: The Art of Teaching People What to Fear, by Patrick Boucheron. Translated by Willard Wood. (Other Press, $14.99.) Boucheron’s energetic little book, which started out as a series of talks for French public radio in 2016, offers a knowing guide to Machiavelli’s life and work. He presents his subject as “an inveterate dramatist and irrepressible trickster,” according to our critic Jennifer Szalai: “It’s not so much the content of ‘The Prince’ as its approach, with its ‘theatrical energy’ and ‘sure and rapid pace,’ that offers a way to think about politics not as static and immutable but as stubbornly contingent. Cultivating republican institutions and the rule of law requires certain techniques; sheer political survival requires others.”

SEDUCTION: A History From the Enlightenment to the Present, by Clement Knox. (Pegasus, $28.95.) Like an R-rated version of “A Christmas Carol,” Knox’s history whisks readers away to meet enticers past, from Casanova to the flappers of the 1920s, showing how the art of seduction has influenced politics and power, literature and social movements. It turns out we have long been conflicted about this art: Is it villainy or sexual liberation? Knox also discusses the book on a recent episode of the Book Review’s podcast.

THE CONVERT, by Stefan Hertmans. Translated by David McKay. (Pantheon, $27.95.) In both “The Convert” and his previous novel, the highly praised “War and Turpentine,” the Belgian novelist Stefan Hertmans habitually treats the reader to his process. Weaving research and personal travel with his fiction writer’s historical imagination, in “The Convert” he reconstructs the life of a medieval Frenchwoman, Sarah Hamoutal Todros (née Vigdis Adelais Gudbrandr), who defied her aristocratic Christian family to marry a Jewish yeshiva student from another town. Our reviewer Valerie Martin writes that this novel is “an imaginative flight, full of darkness and light, lively characters, life-altering conflicts, violence and kindness, birth, death and, oddly, a lot of snakes.”

INDELICACY, by Amina Cain. (Farrar, Straus & Giroux, $25.) An aspiring writer marries a man she meets while mopping the floor at the museum where she works. He seems like the ticket to the life she wants — and yet. “You’re a little bit jealous of this woman until you realize how miserable she is,” writes Elisabeth Egan, who chose Cain’s novel for Group Text, the Book Review’s monthly column for readers and book clubs. “She has exactly what she thought she wanted, but the next phase of her life unfolds hypnotically as ‘Indelicacy’ morphs from a modern ‘Pygmalion’ into a fable infused with an old-fashioned moral: Be careful what you wish for.” Cain’s small but mighty novel reads like a ghost story and packs the punch of a feminist classic.

RETURN TO ROMANCE! The Strange Love Stories of Ogden Whitney, edited by Dan Nadel and Frank Santoro. (New York Review Comics, $19.95.) The cartoonist Liana Finck introduces this collection of delirious, daftly satisfying love comics from the early 1960s by an unsung master. “These stories are ridiculous,” she writes. They’re also unexpected and complicated. “At first glance, the collection’s title is a misnomer,” our reviewer Ed Park writes. “There’s hardly anything strange about attractive (white, cis) men and women overcoming obstacles — psychological and otherwise — and finding their way to each other at last. Yet even the most hackneyed plots reveal a perverse fascination with fate, and perhaps a witty critique of the entire business of love.”

THE CURSED HERMIT, by Kris Bertin and Alexander Forbes. (Conundrum, $20.) In the second of the graphic novel series Hobtown Mystery Stories, a pair of teenage sleuths are thrown into a loopy adventure at Knotty Pines, a vast and secluded boarding school, thick with bad mojo and elaborate wallpaper, where Lovecraftian evil lurks. Picture Nancy Drew but darker, and watch the creepiness go off the charts.

A LONG PETAL OF THE SEA, by Isabel Allende. Translated by Nick Caistor and Amanda Hopkinson. (Ballantine, $28.) Spanning generations and continents, Allende’s 17th novel follows a couple after they escape the ugly aftermath of the Spanish Civil War on the poet Pablo Neruda’s “ship of hope,” a cargo ship that carried over 2,000 refugees who sought political asylum. Our reviewer Paula McLain writes that Allende “has deftly woven fact and fiction, history and memory, to create one of the most richly imagined portrayals of the Spanish Civil War to date, and one of the strongest and most affecting works in her long career.”

HEATHCLIFF REDUX: A Novella and Stories, by Lily Tuck. (Atlantic Monthly, $23.) In the novella that anchors this collection, Tuck uses the same flat, fragmentary style of her most recent novel, “Sisters,” to reimagine Emily Brontë’s 1847 novel “Wuthering Heights” as a tale of self-delusion and internal conflict in 1960s Virginia. The story is written in a series of short, clipped sections, sometimes a couple of paragraphs, others no more than a line or two per page. The “restrained but remarkably arresting” result, our reviewer Lucy Scholes writes, is “a master class in digression as a narrative device.”

THE RECIPE FOR REVOLUTION, by Carolyn Chute. (Grove, $30.) This sprawling novel about capitalist exploitation and the delusions of growth features a wide-ranging cast, including militia groups, media figures, cultists, callous entrepreneurs, economic outcasts and Republican wives. “The events of the novel take place circa-Y2K, but Chute’s concerns seem very 2020: how reality is named, created, fragmented, trolled, distorted,” our reviewer Nathan Hill writes.

THE ILLNESS LESSON, by Clare Beams. (Doubleday, $26.95.) Much of the feminist dystopian fiction published over the last few years takes place in the future, in worlds uncomfortably similar to our own. “The Illness Lesson,” however, proves that books can fit squarely within that genre even when set in the past — in this case, small-town Massachusetts in 1871. “Think ‘City Upon a Hill’ ideals and ‘The Scarlet Letter’-style misogyny and you’ll have a pretty good idea of this sly debut novel,” our reviewer Siobhan Jones writes, “which scarily hints that, since the 19th century, perhaps not a whole lot has changed.”

The Political Economy of Brazilian Cities, Call for Papers - Joseph Marques (ed.)

Recebo, via lista da Latin American Studies Association (LASA), o seguinte Call for Papers, para um livro coordenado por meu amigo brasilianista Joseph Marques: 

Call for Papers
The Political Economy of Brazilian Cities: 
Strategies In Search of Economic Growth

A group of researchers interested in different aspects of Brazilian cities is currently discussing the feasibility of an edited volume under the abovementioned working title. Our objective is to present the latest research on several of the most important challenges currently faced by Brazilian cities (i.e. sustainability, innovation, social services, mobility, security, creative industries, circular economy, climate and environmental issues, etc.) and how specific cities are dealing with such challenges. We welcome chapters (in English) on specific issues affecting many Brazilian cities in general as well as chapters with case studies of specific cities. We hope to include between 8 – 12 case studies/cities. 
Please confirm your interest in participating in this project and specify specific issue and/or city of research interest. 
Obrigado!
Joseph Marques

--
Adam Joseph Shellhorse, Ph.D.
Associate Professor of Spanish, Portuguese, and Global Studies
Director of Latin American Studies
Co-Chair, LASA Brazil Section
Department of Spanish and Portuguese
Temple University
Anderson Hall, 4th Floor
1114 W. Polett Walk
Philadelphia, PA 19122-6090


-- 
You received this message because you are subscribed to the Google Groups "LASA - Brazil Section" group.
To view this discussion on the web visit https://groups.google.com/d/msgid/lasa-brazil/CAESQwfOu3bKuj_CV_c3jY0wHcphtqn24XGAK67aUqJwGEZF%2Bqg%40mail.gmail.com.

Agences publiques et infrastructure : deux grandes questions au Brésil - Paulo Roberto De Almeida

Agences publiques et infrastructure : deux grandes questions au Brésil

Paulo Roberto de Almeida
Projet de numéro special d’ENTREPRISES & HISTOIRE
Regulation and Competition in Historical Perspective: The Brazilian Case
Coordinateurs : Luiz Carlo Delorme Prado, Professor, IE-UFRJ); Hildete De Moraes Vodopives, Docteur, Sorbonne Université); Directeur: Prf. Dominique Barjot.


2) No Brasil na década de 1990 surgiram várias agências reguladoras setoriais, que foram criadas como autarquias especiais, tendo como principais características diretorias colegiadas com mandato fixo e independência política para fiscalizar e regular determinado setor. Como você avalia a experiência de regulação através dessas organizações?

            L’expérience du Brésil en matière d’agences sectorielles est relativement positive, mais certains aspects doivent être soulignés en vue des questions qui se sont posées après plus de deux décennies du travail qui leur a été assigné. L’objectif visé par ces réformes de l’administration publique entreprises par le gouvernement de Fernando Henrique Cardoso (deux mandats : 1995-1998 et 1999-2002) était celui de rendre l’action de l’État, dans le domaine des services collectifs, indépendante des politiques conjoncturelles des gouvernements successifs. Dans ce sens, les agences – plusieurs ont été créées sous ses mandats, mais le processus continue jusqu’aujourd’hui – ont à peu près rempli le rôle qui leur avait été assigné par la loi générale des agences. 
            Il n’empêche que la structure générale du système politique brésilien – très proche de celui de l’Italie, soit, soumis à une certaine mainmise des partis sur les postes publics, et la “lotizzazione” qui en découle – a vite pris le contrôle de certaines de ces agences par l’action – concertée ou individuelle, cela n’importe pas pour le moment – des lobbys sectoriels, des groupes d’intérêt ou de grandes entreprises à vocation monopoliste ou à tendances typiques des phénomènes des cartels. 
            Il faut voir dans cette action l’origine de la désignation de véritables représentants de ces groupes d’intérêt pour ces agences, soit, l’ouverture à la corruption ou à la déformation de leurs objectifs. Dans certains cas, les agences ont commencé à défendre les intérêts des entreprises du secteur plutôt que l’intérêt de la société ou des consommateurs. Cela a été très clair dans les domaines des assurances médicales, les pharmaceutiques, l’énergie, ainsi que beaucoup d’autres secteurs. Parfois, des anciens fonctionnaires du ministère sectoriel avaient été déjà conquis à défense de ces intérêts, précédemment à leur désignation à l’une ou l’autre des agences, ce qui se faisait par le biais des pressions de politiciens élus (déjà soutenus financièrement par les entreprises du secteur) sur le Palais du président (chargé d’envoyer les nominations au Congrès). 
            Le gouvernement Lula, l‘un des plus corrompus dans l’histoire politique du Brésil, fut particulièrement touché par cette perversion du système des agences sectorielles, en désignant des syndicalistes amis – qui forment une véritable mafia corrompue au Brésil – à des postes de direction.
            Le gouvernent Lula lui-même a, dès son début, cherché à casser l’indépendance d’une de ces agences – celle des télécommunications – car il ne voulait pas accepter l’indicateur de prix choisi pour la correction annuelle des tarifs du secteur; le cas est monté à la Justice, et on a décidé, contre la Loi, le changement demandé par le gouvernement (à titre de défendre les intérêts de consommateurs, en vue d’une correction moins élevée); or, l’année suivant, c’est le nouveau indicateur de prix adopté en remplacement – le Brésil en a plusieurs, chacun avec un certain basket – qui a subi le plus fort renchérissement. 
            Une suggestion pour la désignation de nouveaux directeurs de ces agences est l’établissement d’une espèce de quarantaine, entre des postes publics (dans le gouvernement ou dans les agences) et le secteur privé, comme il existe déjà dans le domaine des banques centrales dans certains pays, par rapport à des invitations du secteur financier. Cette quarantaine pourrait fonctionner dans l’un ou l’autre sens, ou dans les deux sens, avant ou après l’assomption de fonctions publiques.

1)             No Brasil serviços em infraestrutura responsáveis pelo fornecimento de serviços públicos (energia, portos, transportes, telecomunicações) já foram privados, administrados diretamente pelo Estado, fornecidos por empresas privadas sob concessão do Estado e fornecidos por empresas privadas reguladas pelo Estado. Quais são ao seu ver o papel do Estado no fornecimento desses serviços no Brasil compatíveis com crescimento de longo prazo em uma economia de mercado?

Dans l’histoire économique, les grands travaux sont normalement associés aux initiatives des États centralisées, dès qu’une certaine société échappe aux contraintes des simples communautés d’agriculteurs isolés pour s’organiser autour de cités et de ports. Des canaux, des entreprises de canalisation et d’aménagement du territoire, des routes, et des murailles ou forteresses contre des ennemis ou des bandits agissant en groupes. Le fameux « despotisme oriental » de Karl Wittfogel n’a pu naître que dans des « sociétés hydrauliques », présentés dans certains travaux de Marx comme appartenant au « mode asiatique de production », ce qui ne veut dire absolument rien. En tout cas, la Chine est un exemple précoce de travaux d’infrastructure entrepris par un état organisé, presque une bureaucratie rationnelle-légale, en plus du type patrimonial de domination politique. 
À Rome, moins centralisée que ne l’était la Chine, les grands travaux publiques étaient aussi le domaine de l’État, soit sous contrôle du Sénat, sous la République, soit menés par les représentants de l’Empereur, sous l’Empire. Tous les chemins menaient à Rome ? Peut-être, mais tous étaient faits par des esclaves ou travailleurs serviles, commandés par une machine bureaucratique qui a perduré pendant quelques siècles, avant le démembrement et la disparition de l’Empire occidental vers le IV siècle de notre ère. Les monarchies centralisées qui sont apparus en Europe à l’âge moderne ont repris cette ancienne tradition, y compris parce que, avec le mercantilisme et les lois de navigation, le commerce extérieur et les travaux associés à la défense de l’État sont devenus des entreprises impossibles à des commerçants, banquiers ou grands propriétaires.
La tendance a pris encore de l’essor dans des États centralisées, comme sont ceux de la péninsule ibérique. Le souverain, par l’entremise des courtiers, associé à des notables et à des maîtres de l’argent, a tout le pouvoir de concéder des droits sur les nouvelles terres, à autoriser les compagnies monopolistes, à vendre des postes servant à des fins publiques, enfin émettre des ordonnances, des arrêtés royaux sur la régulation de certains services. Au Brésil indépendant, tous les grands ouvrages sont entrepris sous le signe des PPPs, partenariats public-privés, souvent avec des capitaux anglais. Tous les chemins de fer, les travaux urbains (gaz, illumination, voirie, transports), ports et autres grands œuvres ont été autorisés par l’État, mais accomplis dans la pratique par des entrepreneurs privés, dotés de concessions de plusieurs années, parfois 99 ans. Cela a marché de manière satisfaisante – surtout parce qu’il y avait la garantie d’intérêt au moins à 6%, soit souvent le double de ce qui payait le marché des capitaux à la métropole, ou les consoles de l’État. 
Tout cela a pris fin après la Grande Guerre, surtout après la crise de 1929, quand le nationalisme croissant conduit à l’étatisation de la plupart des services publics – électricité, voirie, communication, transport – y compris la propriété du sous-sol, séparé de celle de la surface du terrain (l’obsession du pétrole naît à ce moment-là). Le régime militaire au Brésil, avec une tendance à étatiser tous les « domaines stratégiques » de l’économie, a résulté dans l’exacerbation démesurée des entreprises d’État, et dans l’hyper-régulation de l’économie, dans une mesure rarement vue dans une économie supposément de marché. La nouvelle Constitution, élaborée juste avant la chute du mur de Berlin, a encore crée d’autres entraves pour le capital privé, et étranger, dans l’exploitation de services publics. 
La tendance suivie dès lors a été celle d’une capture de ces entreprises d’État par les corporations sectorielles, soit des fonctionnaires eux-mêmes – fortement syndicalisés –, soit par des agents privés agissant en combine avec ceux-là, pour la fourniture de matériaux et équipements pour leur activité. Le résultat fut une corruption effroyable dans les achats gouvernementaux et dans les « enchères » organisés à des fins de concessions. Même une loi des nouvelles PPPs, approuvée par le gouvernement du Parti des Travailleurs, pendant le long règne de trois mandats et demi (2003-2016), et resté sans application, car les gouvernements du PT ont préféré créer des nouvelles entreprises d’État (à peu près 90 sont ainsi apparues) que de mettre en œuvres ces partenariats, ce qui les obligerait à diviser leur administration. 
Ce n’est que la crise fiscale de l’État qui ouvre la voie à la privatisation et aux concessions dans le domaine des services publics. Mais beaucoup reste encore à faire dans les trois niveaux de la fédération, à commencer par l’établissement de nouvelles règles en vue de l’ouverture de ces services à l’initiative privé, beaucoup plus compliqué au niveau local (en face de la totale dépendance de plus de la moitié des municipalités brésiliennes des transferts fédéraux). Dans ce contexte, plus de la moitié des habitations brésiliennes ne sont pas reliés à des services d’égout et encore une bonne partie aux réseaux d’eau potable. L’électricité et les services de communications ne touchent pas certains coins du territoire, et il y a là aussi un grand défi à la privatisation de ces services sur des bases universelles. La régulation adaptée aux circonstances d’un immense territoire, clairsemé, étendu à des grandes distances, avec une population pauvre, reste un problème de gouvernance au Brésil, aujourd’hui et demain. 
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 14 de fevereiro de 2020

Commodities: quais as que mais se valorizaram? - Visual Capitalist

As tabelas de valorização, ou de desvalorização, das principais matérias primas do mundo contam uma história fascinante, e volátil, de como países, empresas, pessoas, podem ganhar muito dinheiro, mas também perder, com as mais importantes. Mas mesmo matérias primas menos "importantes" para a atividade agrícola ou industrial podem apresentar alguns ganhos fabulosos.
Mas tudo ao sabor das tendências de mercado, na volatilidade da oferta e da procura, o que não impede a existência de alguns cartéis e mecanismos manipuladores de preços, como sempre foi o bloco chantagista da OPEP (embora menos importante agora do que nos anos 1970).
O Brasil, em toda a sua história, foi um país exportador de matérias primas, e ainda continua sendo, agora talvez mais do que nunca, depois de nossa desindustrialização precoce.
Não é vergonhoso exportar matérias primas: países desenvolvidos o fazem. O vergonhoso é ficar só nesse espectro altamente volátil da economia, e depender do sabor dos mercados, sempre voláteis.
Vejamos o cenário que nos oferece o site Visual Capitalist.
Paulo Roberto de Almeida

The Periodic Table of Commodity Returns

The Periodic Table of Commodity Returns 2019
In 2019, every major asset class finished in the black.
And although the broad commodity market finished up 17.6% on the year, the performances of individual commodities were all over the map. For those familiar with the sector, that’s pretty much par for the course. 
That said, the lack of an obvious correlation in commodity markets also makes for a thought-provoking and humbling exercise: comparing the annual returns of commodities against the data from the past decade.

A Decade of Commodities (2010-2019)

Today’s visualization comes to us from U.S. Global Investors, and it compares individual commodity returns between 2010 and 2019.
You can use the interactive tool on their website to toggle between various settings for the table of commodity returns, such as breaking them down by category (i.e. energy, precious metals, etc.), by best and worst performers, or by volatility over the time period.
Let’s dive into the data to see what trends we can uncover.

Palladium: The Best Commodity, Three Years Straight

In 2019, palladium finished as the best performing commodity for the third straight year — this time, with a 54.2% return.
Palladium top performing commodity
You could have bought the precious metal for about $400/oz in early 2010, when it was a fraction of the price of either gold or platinum.
Nowadays, thanks to the metal’s ability to reduce harmful car emissions and an uncertain supply situation, palladium trades for above $2,000/oz — making it more expensive per ounce than both gold and platinum.

Oil and Gas: Opposite Ends of the Spectrum

As key energy commodities, oil and natural gas have an inherent connection to one another. 
However, in 2019, the two commodities had completely diverging performances:
Palladium top performing commodity
Crude oil prices gained 34.5% on the year, making it one of the best commodities for investors — meanwhile, natural gas went the opposite direction, dropping 25.5% on the year. This actually cements gas as the worst performing major commodity of the decade.

“That’s Gold, Jerry!”

Finally, it’s worth mentioning that gold and silver had a bounceback year.
Gold gained 18.3% to finish with the best return the yellow metal has seen in a decade. Silver followed suit with a similar story, rallying 15.2% over the calendar year.
Gold and silver performance
Precious metals now sit at multi-year highs against an interesting economic and geopolitical backdrop to start 2020.
Where do you see the above commodities ending up on next year’s edition of the rankings?

sábado, 22 de fevereiro de 2020

As condecorações abusivas concedidas pelos poderes a pessoas que nunca se destacaram em NADA...

Deve existir alguma forma de controle sobre as medalhas, comendas, ordens, títulos, homenagens com que são agraciadas personalidades por vezes medíocres, que não preenchem NENHUM dos critérios sob os quais personalidades públicas podem ou devem receber essas honrarias, que não fira o mais elementar critério de racionalidade estrito senso para que se façam essas atribuições, o que é objeto do comentário abaixo de Ricardo Bergamini, seguindo de matéria completa em revista.
O Ministério da Defesa, por exemplo, diz que "as medalhas representam uma antiga tradição militar, uma forma de homenagear àqueles que se destacaram".
Ora, cabe perguntar se todos aqueles que as recebem realmente se destacaram a serviço da instituição ou do país para realmente merecerem essas medalhinhas que aparentemente constituem mais uma farra com o dinheiro público do que uma retribuição por reais serviços prestados ao país ou à instituição.
Quando um notório fraudador das regras do decoro parlamentar – que depois renunciou para não ser cassado por quebra do decoro, por roubar do restaurante da Câmara –foi eleito, em 2005, presidente da Câmara dos Deputados, tendo sido imediatamente após essa eleição (que também foi ganha em conchavos e promessas de bondades aos colegas) condecorado com a Ordem de Rio Branco, pelo Itamaraty, eu pensei em devolver a comenda que tenho da mesma Ordem, no que fui dissuadido por colegas, que me aconselharam a não fazê-lo, o que seria uma agressão a Ordem, uma vez que a minha era da linha dos agraciados da Casa, enquanto a do parlamentar era dos "externos". Nunca mais a usei, em todo caso, pois me parece que, mesmo dentro da Casa ou fora dela, os agraciados são sempre os que estão próximos do poder, por algum motivo qualquer, não que tenha efetivamente merecido aquela distinção.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 22 de fevereiro de 2020


O Brasil transformou a presidência da república num jardim de infância (Ricardo Bergamini).
Preados Senhores

As medalhas concedidas pelo clã Bolsonaro, não valem R$ 1,99.

As duas vezes em que o miliciano Adriano da Nóbrega foi homenageado pela família Bolsonaro

Ambas as ocasiões foram em plenário: o então deputado Jair fez discurso a seu favor na Câmara e criticou sua prisão, por homicídio. Já Flávio, então deputado estadual, deu a ele a Medalha Tiradentes, maior condecoração dada pela Alerj.
Matéria completa clique abaixo:
  
Bolsonaro já condecorou filhos seis vezes

Por Lauriberto Pompeu Em 21 fev, 2020 – Congresso em Foco

https://static.congressoemfoco.uol.com.br/2020/02/1079836-fpzzb_abr_07.06.2017-4010-750x430.jpg
O presidente Jair Bolsonaro já agraciou quatro vezes o terceiro filho, deputado Eduardo Bolsonaro.
Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (em partido) condecorou seus filhos pelo menos seis vezes desde que assumiu a Presidência da República.

De acordo com levantamento feito pelo Congresso em Foco, o terceiro filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), foi homenageado quatro vezes e o filho mais velho, senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) recebeu duas condecorações.

O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), segundo filho, não recebeu honrarias do pai.

A homenagem mais recente foi divulgada nesta sexta-feira (21), no Diário Oficial da União. Entre os agraciados com a Ordem do Mérito da Advocacia-Geral da União está Eduardo.

Também foram escolhidos o procurador-geral da República, Augusto Aras, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e David Soares, filho do pastor R.R. Soares, fundador da Igreja da Graça de Deus.

Segundo a AGU os escolhidos são feitos por “notáveis serviços à Advocacia-Geral da União ou aos órgãos a ela vinculados”.

Eduardo Bolsonaro já recebeu também em 2019 a Ordem do Rio Branco, concedida pelo Ministério das Relações Exteriores, a Ordem do Mérito Naval e a Ordem do Mérito da Defesa, as duas últimas organizadas pelas Forças Armadas.

Já o senador Flávio Bolsonaro foi escolhido pelo presidente para receber a Ordem do Rio Branco e a Ordem do Mérito Naval.]

De acordo com reportagem feita pelo jornal Folha de São Paulo publicada em agosto de 2019, o governo gastou R$ 1,6 milhão no primeiro de semestre de 2019 com a confecção de medalhas.

Em nota enviada ao jornal, o Ministério da Defesa declarou que "as medalhas representam uma antiga tradição militar, uma forma de homenagear àqueles que se destacaram".

Contra a Corrente, Cadê a Política Externa; Miséria da Diplomacia, etc. - Paulo Roberto de Almeida

Alguns trabalhos meus, depois que saí do IPRI, que podem ter deixado nervosos alguns dos responsáveis pela diplomacia bolsonarista.
Um deles tentou ser embaixador do Brasil no posto mais importante do serviço exterior e não conseguiu, por razões evidentes. Continua ofendendo seus pares onde trabalha...
Um aspone presidencial, mais conhecido como Robespirralho, acaba de ser reduzido à sua "portion congrue", como diriam os franceses; vai agora ter seu trabalho supervisionado.
Os outros são meros coadjuvantes, e se limitam a cumprir ordens...
Paulo Roberto de Almeida


3403. Livro: Contra a corrente: Ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil (2014-2018). Curitiba: Appris, 2019, 247 p.; ISBN: 978-85-473-2798-9. Apresentação postada na plataforma Academia.edu (links: http://www.academia.edu/38338893/ContraCorrenteShort.pdfhttps://www.academia.edu/38338893/Contra_a_Corrente_ensaios_contrarianistas_sobre_as_RI_do_Brasil_2014-2018_2019_). Relação de publicados n. 1305.

3426. “Onde está política externa do Brasil?”, Brasília, 6 março 2019, 3 p. Artigo para a revista Veja. Versão revista, editada pela redação da revista. Publicada sob o título de “Cadê a política externa?”, na edição 2625 (ano 52, n. 11, 13/03/2019) de Veja, divulgada em 8/03/2019, p. 60-61, reproduzido no blog Diplomatizzando  (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/03/cade-politica-externa-paulo-roberto-de.html). Relação de Publicados n. 1301.

3445. “De uma diplomacia a outra no Itamaraty: conceitos e práticas”, Em voo, Brasília-BH-Rio de Janeiro, 3 março 2019, 4 p. Notas para palestra no programa de pós-graduação em RI da UERJ. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/04/de-uma-diplomacia-outra-palestra-na.html).

3460. “Entrevista concedida ao Livres: relações internacionais e política externa”, São Paulo, 26 abril 2019, gravação de vídeo entrevista, 56:54 minutos. Divulgada sob o título de “Globalismo é uma mistificação, Olavo é um embuste”, disponível no site do Livres (link: https://www.eusoulivres.org/livrescast/globalismo-e-uma-mistificacao-olavo-e-um-embuste-com-paulo-roberto-de-almeida/); em formato podcast (link: https://cdn.eusoulivres.org/wp-content/uploads/2019/05/03161626/LivresCast-ed29.mp3); divulgado no Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/05/entrevista-ao-livres-relacoes.html).

3489. Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, Brasília, 3 julho 2019, 100 p. Consolidação do livro, em edição de autor, para publicação eletrônica. Brasília: Edição do autor, 2019, 184 p., ISBN: 978-65-901103-0-5. Incorporado à plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/39821938/Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty_2019) e a Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/334450922_Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_Inteligencia_no_Itamaraty_2019).