O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida mais acessados na plataforma Academia.edu (1/10/2021)

Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida mais acessados na plataforma Academia.edu 

Levantamento efetuado em 1/10/2021 

(limitado a trabalhos com mais de 1.ooo acessos)

 

 

Título

Acessos

22) Prata da Casa: os livros dos diplomatas (Edição de Autor, 2014)

15,301

054) As duas últimas décadas do século XX: fim do socialismo e retomada da globalização (2006)

7,725

1297) Contra a antiglobalização: Contradições, insuficiências e impasses do movimento antiglobalizador (2004)

6,189

107) A diplomacia brasileira perante o potencial e as pretensões belgas (2014)

5,531

16) O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado (2010)

4,660

1462) O Brasil e a nanotecnologia: rumo à quarta revolução industrial (2005)

4,306

A Constituição Contra o Brasil: Ensaios de Roberto Campos

4,295

19) Integração Regional: uma introdução (2013)

3,906

Um Ornitorrinco no Itamaraty: crônicas do Itamaraty bolsolavista - Ereto da Brocha (2020)

3,687

039) Enciclopédia de Guerras e Revoluções do Século XX (2004)

3,565

A política externa brasileira em debate: Ricupero, FHC e Araujo

3,527

24) Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros (2014)

3,344

108) Brasil no Brics (2015)

2,616

29) O Panorama Visto em Mundorama (2015; 2a. edição)

2,317

25) Rompendo Fronteiras: a academia pensa a diplomacia (2014)

2,113

23) Polindo a Prata da Casa: miniresenhas de livros de diplomatas (2014)

2,045

012) Mercosul, Nafta e Alca: a dimensão social (1999)

1,971

091) Teoria das Relações Internacionais – Apresentação (2012)

1,940

Marxismo e Socialismo (2019)

1,932

056) Planejamento no Brasil: memória histórica (2006)

1,849

530) Brasil e OCDE: uma interação necessária - tese CAE (1996)

1,727

094) A economia do Brasil nos tempos do Barão do Rio Branco (2012)

1,725

14) O Estudo das Relações Internacionais do Brasil (2006)

1,716

005) Os Anos 80: da nova Guerra Fria ao fim da bipolaridade (1997)

1,646

07) Relações Brasil-Estados Unidos: assimetrias e convergências (2005)

1,560

1820) Mercosul e América do Sul na visão estratégica brasileira: revisão histórica e perspectivas para o futuro

1,525

17) Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização (2011)

1,504

2306) A economia política da velha Guerra Fria e a nova “guerra fria” econômica da atualidade: o que mudou, o que ficou? (2011)

1,438

01) O Mercosul no contexto regional e internacional (1993)

1,361

001) O Paradigma Perdido: a Revolução Burguesa de Florestan Fernandes (1987)

1,316

A Destruição da Inteligência no Itamaraty (Edição do Autor, 2019)

1,295

102) Oswaldo Aranha: na continuidade do estadismo de Rio Branco (2013)

1,261

081) O império em ascensão (por um de seus espectadores): Oliveira Lima (2009)

1,170

110) Padrões e tendências das RI do Brasil (2013-2015)

1,153

2723) Produção intelectual sobre relações internacionais e política externa do Brasil (1954-2-14)

1,150

1378) O desenvolvimento na era da globalização (2005)

1,114

2801) Por Que a América Latina é Pobre e a América do Norte Rica? (2015)

1,066

21) Nunca Antes na Diplomacia: a política externa brasileira em tempos não convencionais (2014)

1,064

007) OCDE, UNCTAD e OMC: uma perspectiva comparada sobre a macroestrutura política das relações econômicas internacionais (1998)

1,017

28) Paralelos com o Meridiano 47: ensaios (2015)

1,016

 

 

Objetivos estratégicos e prioridades táticas do Brasil - Paulo Roberto de Almeida

 3528. “Objetivos estratégicos e prioridades táticas do Brasil”, São Paulo, 31 outubro 2019, 14 p. Elaboração ampliada do trabalho n. 3409, em torno de uma agenda de reformas para o Brasil, com aproveitamento de largos trechos do texto elaborado em 9 de fevereiro de 2019; disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42923546/Objetivos_estrategicos_e_prioridades_taticas_do_Brasil_2019_)

O declínio da democracia americana: a razão principal, em minha opinião, é o avanço da ignorância e das desigualdades - Ishaan Tharoor and Sammy Westfall (WP)

The Washington Post, September 30, 2021 

Ishaan Tharoor By Ishaan Tharoor
with Sammy Westfall
 Email 

Germany’s election casts U.S. democracy in harsh light

A man attends a Sept. 18 rally in Washington to support defendants being prosecuted in the Jan. 6 attack on the Capitol. (Jim Bourg/Reuters)

A man attends a Sept. 18 rally in Washington to support defendants being prosecuted in the Jan. 6 attack on the Capitol. (Jim Bourg/Reuters)

It’s a scenario that ought to feel familiar to many Americans. Voters participated in an election in the shadow of the pandemic, amid growing uncertainty surrounding the political fate of their country. In weeks ahead of election day, opinion polls showed a topsy-turvy race, shaped by likely razor-thin margins. On the day itself, election officials were set to receive a record number of mail-in ballots.

But unlike in America, this weekend in Germany there was not much disquiet over the way the country voted — and there is general acceptance of its results. Outgoing Chancellor Angela Merkel’s Christian Democrats slumped to a historic low, posting their worst results in the postwar era, while seeing the rival Social Democrats surge above them. The Christian Democrats’ campaign leader, Armin Laschet, seemed resigned to defeat. “I would have preferred to be first,” Laschet said. “I understand, of course, that I bear some personal responsibility for this result.”

Such a subdued reaction is a far cry from the fury of former president Donald Trump, who was unwilling to stomach his defeat in November 2020. He spread falsehoods and stoked doubts in the integrity of the American political process and was impeached, for a second time, by the House of Representatives for his role in helping instigate the Jan. 6 storming of the Capitol by his supporters.

 

The results in Germany, argued Jan-Werner Müller, a professor of politics at Princeton University, offer a riposte to the conventional wisdom in much of the West that sees restive publics inexorably attracted to polarizing, intemperate anti-establishment forces. “Western democracies are not fated to fight culture wars constantly; grand coalitions between center-left and center-right do not necessarily strengthen political extremes; and social democratic parties can do well without pandering to nativism and Islamophobia,” Müller wrote.

Though some on the far-right fringe of German politics did voice protests over alleged irregularities, attention in Germany’s parliamentary democracy has shifted to the tangled coalition politicking already underway and the policy decisions and compromises that will determine the makeup of the new government. “That the outcome of such a close and pivotal election is generally not questioned, but accepted — even if the final makeup of the new government coalition may not be clear for weeks or months — illustrates a certain maturity of and trust in Germany’s political system that these days simply cannot be taken for granted,” Michael Knigge, a veteran German journalist based in Washington, told Today’s WorldView.

 

That sense of maturity marks a stark contrast with the situation in the United States. The Republican Party remains in thrall to Trump, who has been hinting at a campaign for the presidency in 2024 under the false pretense that the 2020 election was “stolen” from him. Polling shows that a declining number of Republicans believe it’s important to prosecute the Jan. 6 rioters for their assault on the Capitol.

Yet various revelations from new books on Trump’s last stand show how close he and his allies got to halting the democratic process and subverting the transfer of power. Meanwhile, state legislatures controlled by Republicans are passing or trying to pass laws restricting voting rights and bolstering the ability of the states to even overturn election results.

 

“We are already in a constitutional crisis,” Brookings fellow and Washington Post contributing columnist Robert Kagan laid out in a lengthy essay for The Post last week. “The destruction of democracy might not come until November 2024, but critical steps in that direction are happening now. In a little more than a year, it may become impossible to pass legislation to protect the electoral process in 2024.”

Scholars of democratic decline see the United States potentially walking down the path of other countries that saw majoritarian or autocratic leaders slowly erode the democratic process through procedural means. “We often think that what we should be waiting for is fascists and communists marching in the streets, but nowadays, the ways democracies often die is through legal things at the ballot box — so things that can be both legal and antidemocratic at the same time,” Daniel Ziblatt, a professor at Harvard University and the co-author of “How Democracies Die,” toldmy colleague Ashley Parker. “Politicians use the letter of the law to subvert the spirit of the law.”

The rest of the world has already taken notice. Pew poll published this January found that overwhelming majorities in Germany, France and Britain believed that the American political system needed at least some changes. Around a fifth of those surveyed said it “needs to be completely reformed” — and this was before the events of Jan. 6.

 

At the same time, an increasing number of Americans want to see their government strengthen the country’s fraying democracy, according to a new poll by the Eurasia Group Foundation. “After fighting a costly and interminable War on Terror it’s possible that many Americans are newly attentive to turbulence at home, from rising distrust in the electoral system to a deeply rooted history of racial injustice,” noted the EGF’s report.

In Germany, a more standardized format for holding elections means there’s less ground for political squabbling over electoral process. “Where Americans must actively register to be able to vote, Germany’s system of recording citizens’ place of residence ensures they are automatically registered,” noted Deutsche Welle. “This difference means that voter lists are regularly updated, including when people die or move, making it more difficult to falsely add people to the database.”

Fraud is, of course, statistically not much of an issue in American democracy either. But whipped-up hysteria over suspected irregularities has consumed Republican Party politics since even before Trump lost power. Germany’s center-right Christian Democrats offer an alternate vision of what to do after a narrow, yet humbling, defeat.

“Instead of contesting [the results], what will likely happen is that the conservatives will take the coming years and work on figuring out how to bring those voters back,” Rachel Rizzo, adjunct fellow at the Center for New American Security, told Today’s WorldView. “They aren’t contesting the results. Political leaders in Germany understand that once you begin questioning democratic processes, the foundation can start to crumble. That’s exactly what we’ve seen happen in the U.S.”


quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Revista Confins n. 50: homenagem a Neli Aparecida de Mello-Théry

 Confins est une revue franco-brésilienne de géographie, consacrée à la publication d’articles originaux, en français ou en portugais et à des traductions d’articles existants. Abondamment illustrés, les articles portent sur des sujets brésiliens, français ou autres, avec une préférence donnée aux articles comparatifs et aux articles de Brésiliens sur l’Europe.

La revue diffuse dans les deux sens les acquis de la recherche en géographie, dans toutes ses composantes, avec toutefois une priorité à la géographie régionale. Sur les approches, aucune exclusive mais toute l’exigence d’une revue scientifique, et donc la validation des articles par des comités internationaux.

(…)


As finanças eram constrangedoras para os diplomatas de 30 anos atrás - Paulo Roberto de Almeida

 Imperial Regulamento do Asylo dos Diplomatas da Corte

 

Paulo Roberto de Almeida

Paris, 16/08/1994

 

Nota Liminar: No curso de minhas atentas pesquisas sobre a história pregressa desse nosso país sui-generis, tenho encontrado vários textos interessantes, muitos outros simplesmente curiosos e alguns francamente hilariantes, que em todo caso me fizeram refletir um pouco sobre a verdadeira natureza do processo histórico. 

No confronto de alguns deles, fui levado inclusive a estabelecer perigosas ilações, ou melhor, arriscadas aproximações com situações presentes ou passadas que afetam alguns de nós, diplomatas submetidos às agruras do salário em Brasília. Quem, em santa consciência, não aspirou, em determinado momento de sua carreira, por alguma caixa de socorro mútuo, um pecúlio geral, uma irmandade dos desvalidos, com algum lugar, enfim, onde refugiar-se das dificuldades correntes?

Pois bem, saibam meus distintos colegas, que nos tempos saudosos da monarquia, algumas categorias profissionais dispunham, senão de uma existência digna, pelo menos de alguma ajuda em caso de necessidade, como por exemplo, a profissão tão disseminada de mendigo. O mendigo era, guardadas as devidas proporções, um diplomata da sarjeta. Bem, com isso não quero dizer que o diplomata seja necessariamente um mendigo da Corte. Cada um que tire sua conclusão.

À diferença de hoje em dia, qualquer má surpresa da vida e o faustoso mendigo imperial podia recorrer aos bons serviços do “Asylo de Mendicidade da Corte”, absolutamente organizado e dispondo das mais rigorosas regras de higiene, vestuário e dieta. O Regulamento abaixo, de 6 de setembro de 1884, velava pelo funcionamento desse “asylo”, podendo servir, de forma involuntária talvez, para outras iniciativas em nossa tão moderna quanto precária época. 

Minha atual leitura orientada, provavelmente maldosa, consistiu, apenas e tão somente, única e exclusivamente, em substituir, na transcrição resumida, a palavra “mendigos” por “diplomatas”. Tudo o mais se encaixa. Ou não?

(Atenção Revisor: não mude a saborosa “graphia” da época)

 

 

Asylo de Mendicidade da Corte

Capítulo I: Da Instituição

Art. 1° - O Asylo dos Diplomatas é destinado aos diplomatas de ambos os sexos e receberá:

- os que, por seu estado physico ou idade avançada, não podendo pelo trabalho prover às primeiras necessidades da vida, tiverem o habito de esmolar;

- os que solicitarem a entrada, provando sua absoluta indigencia;

- os idiotas, imbecis e alienados que não forem recebidos no Hospicio Pedro II.

Art. 3° - Não serão admitidos no Asylo os diplomatas atacados de molestias contagiosas, nem aqueles que por seu estado de saude devam ser recolhidos aos hospitaes.

Art. 4° - Haverá separação de classes, conforme os sexos, sendo ellas ainda subdivididas nas seguintes:

- de diplomatas válidos;

- de diplomatas inválidos;

- de imbecis, idiotas e alienados.

 

Capítulo II: Da Entrada, Matricula e Sahida dos Diplomatas

Art. 6° - Todo diplomata que entrar para o Asylo, forçada ou voluntariamente, será inscripto em livro proprio, um para cada sexo.

Art. 7° - Despirá o fato que levar e vestirá o uniforme da Casa, depois de cortar o cabelo, aparar as unhas, barbear-se e tomar um banho geral, tepido ou frio, a juizo do medico.

Art. 10° - Os diplomatas só poderão sahir da Casa, precedendo ordem da autoridade a cuja disposição se acharem:

- quando readquiram a possibilidade de trabalhar fora do estabelecimento, ou pela obtenção de meios ou proteção de pessoa idonea possam viver sem mendigar;

- quando por qualquer delito tenham de passar à disposição de autoridade criminal; voltando porém ao Asylo depois de cumprida a pena.

Art. 11 - A pessoa que requerer a sahida do diplomata, para tel-o sob sua protecção, assignará termo em seu livro, que para este fim haverá no Asylo, obrigando-se a tratal-o bem e pagar-lhe um salario correspondente.

Art. 12 - Todos os diplomatas tomarão pelo menos dous banhos geraes por semana e cortarão o cabelo, a barba e as unhas, pelo menos, uma vez por mez.

Art. 13 - Os diplomatas terão tres calças, tres camisas e tres blusas de algodão azul trançado, uma camisa de lã para os dias frios e humidos, um par de sapatos grossos, dous lenços de chita e dous pares de meias.

As diplomatas terão tres vestidos de algodão azul trançado, tres camisas e tres saias de algodão branco trançado, um chale ou paletot de lã para os dias frios...

Art. 15 - Os diplomatas mudarão de roupa às quintas-feiras e domingos, depois do banho geral, e todas as vezes que for necesssario.

Art. 16 - O trabalho é obrigatorio no Asylo e portanto nenhum diplomata póde recusar-se ao que lhe for determinado, segundo a sua aptidão, forças e estado de saude.

 

Capitulo III: Dos Usos Ordinarios dos Diplomatas

Art. 19 - Os diplomatas se deitarão às 8 horas no inverno e às 9 horas no verão, depois de recitarem a oração da noite.

Art. 20 - Erguer-se-hão às 5 horas da manhã no verão e às 6 no inverno, arrumarão a cama e depois de se lavarem, segundo as prescripções estabelecidas; se pentearão e vestirão para irem ao almoço.

Art. 23 - As dietas serão distribuidas segundo a tabella n. 3 [A “tabella 3” previa: canja adoçada, caldo de galinha, mingão, caldo de galinha, chá, matte e pão, caldo de galinha, carne assada ou cozida com batatas e pirão, bifes de grelha ou ensopados, caldo de galinha, mas “o medico, extraordinariamente, poderá conceder 60 grammas de vinho generoso, uma ou duas laranjas, um ou dois limões azedos, 60 grammas de marmelada ou goiabada, biscoutos, etc...”].

Art. 25 - As horas de visita aos diplomatas são das 10 ao meio-dia e das 2 às 5 horas da tarde.

 

Capitulo IV: Da Administração

Art. 26 - No Asylo dos Diplomatas haverá: um director, um capellão, um medico, um porteiro, um escrevente, um enfermeiro, uma enfermeira, um servente ordinario e um guarda de material.

Art. 27 - O augmento do numero de enfermeiros e serventes depende de approvação do Governo. Para esses logares, serão escolhidos os diplomatas asylados cujo procedimento garanta o bom desempenho das funcções.

Art. 34 - O director deverá propor à autoridade competente a sahida dos diplomatas que não se achem em condições de continuar no Asylo.

 

Capitulo V: Do Director

Art. 36 - Ao director compete:

- remetter à Secretaria da Justiça um mappa da distribuição geral das rações; uma relação dos diplomatas existentes, dos que entraram aos hospitaes de Misericordia, Socorro e Saude, dos que tiveram alta ou falleceram;

- visitar uma vez por dia os salões de trabalho, afim de observar os procedimentos dos diplomatas, attender às suas reclamações e dar-lhes conselhos;

- aplicar aos diplomatas as penas disciplinares marcadas neste Regulamento.

 

Capitulo VII: Do Capellão

Art. 40 - Ao capellão compete:

- administrar os socorros espirituaes aos diplomatas que os pedirem.

 

Capitulo IX: Do Porteiro

Art. 42 - Ao porteiro compete:

- tocar a sineta às horas de abrir a portaria, afim de se levantarem os diplomatas;

- vigiar para que, na occasião das visitas aos diplomatas, não se introduzam bebidas alcoolicas ou quaesquer outros objectos que possam ser prejudiciaes à ordem e disciplina do Asylo.

 

Capitulo XI: Do Cozinheiro e Serventes

Art. 44 - Ao cozinheiro compete:

- ter cuidado na preparação das comidas para evitar justas reclamações da parte dos diplomatas asylados.

Art. 45: Aos serventes incumbe:

- dirigirem nos banhos geraes os diplomatas asylados;

- vestirem os defuntos e levarem o caixão para o carro;

- tratarem com respeito os diplomatas asylados.

 

Capitulo XIII: Do Peculio

Art. 47 - O peculio será formado pelo producto do trabalho dos diplomatas.

- dous terços desse peculio e o rendimento do patrimonio do Asylo entrarão para a Caixa Geral;

- o terço [restante] do peculio será dividido em duas partes, uma das quaes será mensalmente entregue aos diplomatas asylados.

 

Capitulo XIV: Da Associação Protectora

Art. 48 - Poderá ser instituida uma associação de homens e senhoras, com approvação do Governo, tendo por fim concorrer para a prosperidade do Asylo dos diplomatas e angariar donativos de toda a especie.

- os donativos em dinheiro serão convertidos em apolices da divida publica;

- os donativos de generos alimenticios serão dados logo para o consumo dos diplomatas asylados;

- os de vestuario, calçado, colchões, travesseiros, cobertores e roupas de cama entrarão logo no uso dos diplomatas asylados, si estes tiverem necessidade immediata delles.

 

Capitulo XV: Das Penas e Recompensas

Art. 49 - São expressamente prohibidos os castigos corporaes, ficando somente admittidas, para punição das faltas e infracções commettidas pelos diplomatas asylados, as penas disciplinares seguintes, a prudente arbitrio do director:

- augmento do trabalho por tarefa, segundo as forças physicas do diplomata;

- restricção alimentaria;

- jejum de pão e agua de até tres dias, com audiência do medico;

- prisão cellular até oito dias

- suspensão do passeio por 15 dias a tres mezes.

Art. 50 - O director poderá dar licença para sahirem do Asylo, por algumas horas, sós ou acompanhados de pessoas de confiança, aos diplomatas asylados que tiverem bom comportamento.

 

Capitulo XVI: Disposições Geraes

Art. 51 - Além dos empregados do Asylo, das autoridades policiaes e judiciarias, dos Ministros de Estado e das pessoas commissionadas pelo Ministro da Justiça, ninguém poderá penetrar no interior do Asylo sem permissão do director.

Art. 53 - É vedado aos empregados negociar por qualquer forma com os diplomatas asylados.

Art. 54 - É prohibida a entrada de bebidas alcoolicas, e todo o qualquer jogo dentro do Asylo.

Art. 61 - A venda do producto do trabalho dos diplomatas asylados será feita, com approvação do Governo, pelo modo que parecer mais economico ao director, o qual prestrará contas semestralmente à Secretaria da Justiça.

Art. 63 - Ficam revogadas as disposições em contrario.

 

Palacio do Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1884

aprovado pelo Conselheiro de Sua Majestade, o Imperador D. Pedro II,

o Ministro de Estado dos Negócios da Justiça

 

Apud Coleção das Leis do Império do Brasil de 1884

(Rio de Janeiro, Typographia Nacional, 1885), pp. 432-446: Decreto n° 9274.

 

Moral: Toda e qualquer semelhança, com fatos, personagens ou situações passadas, presentes ou futuras, nada mais será senão uma bem-vinda coincidência.

 

Pela transcrição (maldosa), vosso escriba:

Paulo Roberto de Almeida

(asylado temporariamente em Paris, Republica Franceza)

 

 

[Paris, 448, 16.08.94]

 

 

448. “Imperial Regulamento do Asylo dos Diplomatas da Corte”, Paris, 16 agosto 1994, 5 pp. Adaptação, substituindo “mendigos” por “diplomatas”, de Regulamento do “Asylo de Mendicidade da Corte”, Decreto n° 9274, publicado na Coleção das Leis do Império do Brasil de 1884 (Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1885, pp. 432-446), em forma de texto satírico. 

 

 

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Revista Interesse Nacional, n. 55 - Rubens Barbosa

  

Caros leitores, 

 

As escolhas do Conselho Editorial da Revista Interesse Nacional para o atual número dedicam um olhar especial para o papel das instituições da sociedade civil sob novas lideranças e para os modelos econômicos em debate no Brasil pós-pandemia. Encaram ainda a tarefa de abordar a inevitável chegada do 5G ao País, com um certo atraso e com necessária relevância, assim como apresenta um fato sobre o qual tanto a economia como a sociedade em geral se debaterá nos próximos anos: a longevidade da população e suas complexidades e demandas.

 

No último ano, observou-se o esvaziamento e até um certo desrespeito em relação ao papel das instituições em geral. Para as lideranças no setor, não tem sido fácil defender o diálogo e rebater as críticas, por vezes infundadas. Uma das mais significativas, pela qualidade do debate que promove, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) apresenta, nesta edição, algumas das bandeiras que tem abraçado em sua trajetória de principal órgão da comunidade científica no País.

 

Quais seriam os parâmetros econômicos para o Brasil superar a fase pandêmica mais aguda? Queremos repetir a mesma política econômica que vem sendo praticada há 20 anos sem sucesso? O teto dos gastos públicos, por exemplo, deve ser eliminado ou devemos persistir nele? A discussão é crescente sobre como pensar um novo Brasil em um mundo em rápida transformação, inclusive geopolítica, e pautado pela era digital, criptomoedas e avanços tecnológicos sem precedentes. Economistas com visões contrastantes, e que têm escrito sobre essas perspectivas, dedicam-se ao tema nesta edição.

 

A longevidade chegou para ficar. A população brasileira perdeu o bônus demográfico e caminha para ter mais velhos com mais de 80 anos do que jovens nascendo, já que, desde 2000, a fertilidade decresce. Especialistas no assunto defendem que o envelhecimento da população é fenômeno mundial, interdisciplinar e questão de políticas públicas, embora em países como o Brasil o debate siga confinado a um só aspecto: à previdência social, numa visão míope sobre o futuro da nação. 

 

Convidamos todos à reflexão sobre os temas propostos.

Então, boa leitura:

 

Link:  http://interessenacional.com.br/wp-content/uploads/2021/09/IN_55.pdf