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quinta-feira, 28 de julho de 2022

Rússia e Ucrânia trocam ataques, e guerra entra em nova fase - Igor Gielow (FSP)

 Independentemente das idas e vindas das tropas no terreno, os massacres da Rússia contra a população civil continuam, até aqui impunemente.

Rússia e Ucrânia trocam ataques, e guerra entra em nova fase

Kiev ensaia contraofensiva no sul; Moscou pressiona a leste e intensifica bombardeios

FSP, 28.jul.2022 às 9h05
Igor Gielow

Após uma pausa tática relativa, a Guerra da Ucrânia entrou em sua terceira grande fase. Kiev ampliou os movimentos de sua primeira contraofensiva, enquanto Moscou retomou o avanço no leste e intensificou bastante seus ataques com mísseis nesta quinta (28), 155º dia da invasão russa do vizinho.

Não se via tanta dinâmica no campo de batalha desde que a Rússia encerrou a conquista de Lugansk, uma das duas províncias que compõem o Donbass, o leste russófono do país, há pouco mais de três semanas. De lá para cá, obviamente a guerra seguiu, mas com ações pontuais.

Agora, a Ucrânia trabalha para isolar as forças russas em Kherson, a primeira grande cidade conquistada por Moscou, logo no começo da guerra. Porto ao sul do país, ela é a capital da província homônima, cujo controle russo estabeleceu uma ponte entre o Donbass e a Crimeia, anexada por Vladimir Putin em 2014.

É uma corrida contra o tempo, segundo as Forças Armadas ucranianas, que registram reforços russos chegando à região. Nesta semana, Kiev intensificou as ações contra a principal ponte que liga a cidade ao resto da província, separada pelo rio Dnieper. Aqui entra ao mesmo tempo um dilema estratégico e uma limitação tática.

A ponte em questão, Antonivski, tem 1 km de extensão. Ela teve a pista danificada com o uso de artilharia de longo alcance ocidental doada aos ucranianos —pela precisão da ofensiva, provavelmente por munição com guiagem de GPS Excalibur, disparada por obuseiros, não os famosos mísseis do sistema Himars.

Os russos dizem ter estabelecido pontões e uma travessia com balsa como alternativa, mas estão vulneráveis em Kherson, sob risco de ficarem isolados. Perder a cidade seria uma derrota estratégica importante para a pretensão agora explícita de Moscou de conquistar o sul do vizinho.

Como de costume na guerra de narrativas, fontes ocidentais dão a situação russa como perdida. A pasta da Defesa britânica diz que Moscou perdeu o ímpeto no sul de forma definitiva, o que por ora é exagero.

Entra então o dilema para Kiev: se quiser retomar Kherson, terá de bombardeá-la de forma intensiva. Meramente isolar os russos não sugere que eles sairão de lá. Só que a cidade segue habitada por seus cidadãos: antes da guerra, eram 283 mil moradores por lá.

Essa é a limitação tática das armas ocidentais. Elas deram uma capacidade operacional nova para os ucranianos, atingindo depósitos de munição e posições russas a até 70 km de distância, mas são inúteis para ocupar uma cidade, exceto se usadas para destruí-la antes. Mesmo a recusa até aqui em explodir de vez a ponte Antonivski ou a outra que fica mais acima no mesmo rio passa por essa lógica.

Há dúvidas também sobre a força do Exército ucraniano para montar uma contraofensiva em solo, dado que recebeu poucos blindados e tanques em comparação com as perdas que teve até aqui. As próximas semanas dirão a real condição da contraofensiva.

Os russos, por sua vez, desde o fim de semana retomaram a pressão sobre a porção remanescente sob controle de Kiev no Donbass, na província de Donetsk. Desde 2014, quando a Crimeia foi anexada em retaliação pela derrubada do governo pró-russo da Ucrânia, a área entrou em guerra civil e estava dividida entre ucranianos e separatistas apoiados por Moscou.

Essas tropas pró-Rússia participam de um ataque contra Adviivka, a linha de frente congelada em Donetsk, junto à capital homônima da província. Segundo afirmou no Telegram Igor Girkin, ex-comandante militar da região e hoje crítico da condução da guerra, o assalto direto tem tudo para dar errado.

Avaliação semelhante faz o Instituto para Estudos da Guerra, de Washington. O centro diz acreditar que a Rússia só tem força para essa ação e outra, por ora bem-sucedida, que tomou a usina termelétrica de Vuhleriska, na fronteira entre Donetsk e Lugansk. Com efeito, ali foram empregadas pela primeira vez numa ação de relevo o grupo mercenário russo Wagner, não tropas regulares.

Seja como for, os russos amplificaram seus ataques aéreos nesta quinta, o que pode ser uma tática diversionista para retirar empenho ucraniano no sul ou prenúncio de uma retomada da campanha mais sustentada. No domingo (24), o chanceler Serguei Lavrov disse com todas as letras que o objetivo, afinal, é derrubar o que chamou de "regime inaceitável" de Volodimir Zelenski.

Da Crimeia, foram lançados mísseis que destruíram uma base militar próxima de Kiev, em Liotij. De acordo com Oleksii Gromov, do Estado-Maior ucraniano, houve diversas baixas. Mais significativo ainda, de bases russas na Belarus foram lançados 25 mísseis contra posições na região de Tchernihiv, palco de sangrentas batalhas no começo do conflito.

Gromov avalia a situação em Donetsk como "bastante difícil, mas ainda sob controle". Os Estados Unidos já prometeram enviar mais sistemas de mísseis Himars —até aqui, são 12 entregues aos ucranianos—, e outros países da Otan, a aliança militar do Ocidente, seguem pingando armamentos aqui e ali para Kiev.

Grosso modo, a Guerra da Ucrânia pode ser dividida entre uma primeira fase, na qual Putin tentou tomar Kiev com um ataque com múltiplas frentes e pouco foco de poder de fogo. Enfrentou assim resistência ucraniana e fracassou. Dali o conflito mudou-se para sua origem, o Donbass, onde em abril os russos iniciaram sua nova campanha, mais bem-sucedida até aqui, apesar de dúvidas sobre a capacidade de tomada de toda a província de Donetsk. Ainda inconclusa, essa segunda fase é sobreposta pela terceira.

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/07/russia-e-ucrania-trocam-ataques-e-guerra-entra-em-nova-fase.shtml


Elio Gaspari recomenda liquidar a fatura no 1o. turno (O Globo)

 Papo reto

Elio Gaspari
O Globo, 24/07/2022

Didaticamente o porquê tudo ser resolvido no 1o turno. 

A eleição para a Presidência da República este ano tem um componente diferente. É a civilização contra a barbárie, estes 3 últimos anos têm sido terríveis para qualquer pessoa com o mínimo de bom senso, e isso não se aplica a ser de direita ou de esquerda. Isso se aplica a ser civilizado. Eu adoraria estar num processo eleitoral "normal" para escolher entre aquele que eu acredito plenamente no seu projeto de governo e os outros. 

Mas, infelizmente, a barbárie instalada neste país nos últimos 3 anos faz com que a escolha definitiva seja logo no primeiro turno. 

São 33 milhões de brasileiros passando fome, são mais de 60 milhões em insegurança alimentar média e leve, são milhões de desalentados, inflação de dois dígitos, o país sucateado, o "orçamento secreto" (a corrupção oficializada) fazendo a festa de deputados que eram "antissistema" (sabe-se lá o que isso é na cabeça dessa gente tosca), a Educação sem um projeto definido, a Saúde pessimamente administrada como nunca aconteceu, o Meio Ambiente destruído, até o Itamaraty conseguiu ficar desmoralizado na atual gestão.  

Isso sem falar no aumento do número de feminicídios, crimes homofóbicos, racismo escancarado, misoginia e agora até crimes por motivação política escancarados. 

A barbárie não pode vencer, a barbárie não pode sequer ter a chance de um segundo turno. Sei que para muitos votar no Lula seja difícil, mas temos que ver as composições políticas e extremamente pragmáticas ele está fazendo. Não haverá muita possibilidade de uma reviravolta, Lula já foi presidente por duas vezes, a sordidez e a perversidade não fazem parte de seu perfil.  

A "Marcha para Jesus", ontem, no ES, que tinha uma arma como símbolo mostra exatamente o que esse governo é. Nunca a fé foi tão perversamente explorada.  

Repetir que as coisas estão mal no mundo inteiro e no Brasil não seria diferente revela uma incapacidade de reflexão sobre o todo assustadora, a total falta de conhecimento sobre o processo histórico, a eliminação da capacidade de observação, é a barbárie fazendo o seu papel, minando pouco a pouco o que resta do civilizatório.  

Não é histeria, não é messianismo, é pragmatismo. Eu não vou dar chance para a barbárie.

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Embaixada da China no Brasil reage à campanha dos EUA contra seu relacionamento na AL

 Nota da Embaixada da China no Brasil sobre comentários infundados de um alto funcionário estadunidense


A nota diz que a China defende o multilateralismo e advoga a democracia e o Estado de Direito nas relações internacionais

POR DIPLOMACIA BUSINESS
JULHO 27, 2022

Em discurso durante a 15ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas – CMDA, realizada no dia 26 de julho em Brasília, o Secretário de Defesa dos Estados Unidos Lloyd Austin III acusou a China de “minar a ordem internacional estável, aberta e baseada em regras” no hemisfério Ocidental.

Trata-se de uma declaração que desconsidera os fatos e está repleta da mentalidade da Guerra Fria e de preconceitos ideológicos. O gesto revela, mais uma vez, as intenções sinistras de certas forças nos EUA que visam cercear o desenvolvimento da China, prejudicar as relações China-América Latina e manter sua hegemonia no mundo. Manifestamos veemente objeção a esta atitude.

Firme no caminho do desenvolvimento pacífico e nos princípios de coexistência harmoniosa e cooperação de ganhos mútuos, a China sempre trabalha para construir a paz mundial, impulsionar o desenvolvimento global e defender a ordem internacional. A parceria entre a China e os países da América Latina, como parceria entre nações em desenvolvimento, segue os ideais de igualdade, respeito, benefício recíproco, abertura e transparência. Essa parceria baseia-se na escolha soberana e voluntária de ambos os lados, promovendo efetivamente o desenvolvimento de cada país envolvido e trazendo maior bem- estar aos povos. A China nunca interferiu nos assuntos internos dos países latino-americanos, jamais ditou seu relacionamento a partir de considerações geopolíticas, nem buscou criar esferas de influência ou participar de supostos “jogos estratégicos”.

No entanto, são os EUA que, insistindo no monroísmo, impõem seus próprios interesses às nações da América Latina, interferindo arbitrariamente nas parcerias internacionais fora da região. Esse comportamento já motivou a oposição generalizada dos países da região. É hora de cessar essas ações hegemônicas e dar aos países o devido respeito.

A China defende o multilateralismo e advoga a democracia e o Estado de Direito nas relações internacionais. Salvaguarda o sistema internacional centrado na ONU e a ordem global fundamentada no direito internacional, e repudia o unilateralismo e atos de bullying. A dita “ordem baseada em regras” apregoada pelos políticos norte-americanos, na verdade, nada mais é que promover o confronto de blocos e os jogos geopolíticos, sustentar o poder e a hegemonia dos EUA e criar grupos excludentes com vieses ideológicos. Essa retórica é impopular e certamente não terá sucesso. Exortamos o lado americano a levar em conta a opinião pública da China, da América Latina e da comunidade internacional, abandonar o pensamento de soma zero da Guerra Fria e retornar ao caminho certo de defesa da equidade e da justiça internacionais.

A América Latina, com sua pujança e dinamismo, compartilha os mesmos interesses com a China na busca da parceria de benefício mútuo e do progresso comum, assim como aspirações semelhantes em uma nova conjuntura internacional e respostas a desafios globais. A China mantém uma política externa coerente dedicada a consolidar e desenvolver as relações com a América Latina em uma perspectiva estratégica e de longo prazo. A China continuará trabalhando com o Brasil e os demais países amigos latino-americanos, para aumentar a confiança mútua, ampliar a cooperação, levar adiante as relações bilaterais e injetar novo vigor nessa parceria.

Brasília, 26 de julho de 2022

Embaixada da China no Brasil

https://www.diplomaciabusiness.com/nota-da-embaixada-da-china-no-brasil-sobre-comentarios-infundados-de-um-alto-funcionario-estadunidense/

Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito! - Faculdade de Direito da USP

Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!

Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos Cursos Jurídicos no País, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos. Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

A semente plantada rendeu frutos. O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o estado democrático de direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais.

Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal.

Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular.

A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral.

Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito. Vivemos em país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta-se ineficiente diante dos seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude.

Nos próximos dias, em meio a estes desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos.

Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições.

Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional.

Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão.

Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática.

Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos as brasileiras e brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições.

No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições.

Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona:

Estado Democrático de Direito Sempre!!!!

Assinaturas, neste link: 

https://direito.usp.br/noticia/3f8d6ff58f38-carta-as-brasileiras-e-aos-brasileiros-em-defesa-do-estado-democratico-de-direito

https://direito.usp.br/pca/arquivos/cbd5c0152b4a_subscritores-da-carta-27-07.pdf


terça-feira, 26 de julho de 2022

A Otan e o Brasil - Rubens Barbosa, O Estado de S.Paulo

 

 

A Otan e o Brasil

Não está claro quais são as obrigações que decorrem da atual situação do País, convidado para ser parceiro estratégico do tratado.

Rubens Barbosa, O Estado de S.Paulo 

26 de julho de 2022 | 03h00 

Por inspiração dos EUA, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) foi criada em 1949 como parte de uma rede de defesa do Ocidente, no início da guerra fria com a URSS. Em 1955, surgiu o Pacto de Varsóvia, que, comandado pela URSS para se contrapor à Otan, foi extinto com o fim da União Soviética. Ao longo de sete décadas a Otan atravessou várias fases e implementou diversos conceitos estratégicos, passando de uma aliança militar dissuasória, destinada à defesa coletiva territorial, para um instrumento político-militar, voltado para a defesa dos interesses dos países-membros além de seus limites originais. A expansão da Otan nos anos recentes – ao contrário das conversações mantidas pelo secretário de Estado James Baker e pelo primeiro-ministro Helmut Kohl, da Alemanha, com Mikhail Gorbachev em 1991, quando do desaparecimento da URSS – coloca desafios para todos os países, agravados a partir da guerra da Rússia contra a Ucrânia. 

A inclusão de novos membros a partir de 1997, a intervenção na Iugoslávia em 1999, a inclusão da Suécia e da Finlândia e a redefinição de sua estratégia em junho de 2022 evidenciam a expansão dos limites de atuação da Otan e a ampliação de seus interesses, vistos como ameaçados, o que já vem acarretando um aumento das despesas militares de todos os países-membros e a mudança da política de Defesa da Alemanha, depois de quase 70 anos. 

Cabe mencionar algumas decisões tomadas pela Otan que afetam ou podem afetar interesses brasileiros, a começar pela diretriz estratégica de 2010, seguida de decisões recentes tomadas na reunião de alto nível de Madri, em junho de 2022. 

Na definição do Conceito Estratégico da Otan em 2010, o Atlântico Sul não foi incluído como área geoestratégica prioritária, o que não exclui totalmente a possibilidade da atuação da organização “onde possível e quando necessário”, caso os interesses dos membros sejam ameaçados. Portugal, nessa discussão, apoiou a Iniciativa da Bacia do Atlântico, que previa a unificação dos oceanos, com a incorporação dos assuntos do Atlântico Sul no escopo estratégico da organização. O Brasil sempre deixou clara sua reserva no tocante às iniciativas que incluam também a Bacia Atlântica e, via de consequência, o Atlântico Sul, como área de atuação da Otan. O sul do Atlântico é área geoestratégica de interesse vital para o Brasil. A Política Nacional de Defesa menciona o Atlântico Sul como uma das áreas prioritárias para a defesa nacional e amplia o horizonte estratégico para incluir a parte oriental do Atlântico Sul, mais a África Ocidental e Meridional. 

Na reunião de cúpula em Madri, em junho passado, os países-membros, na maior revisão estratégica dos últimos 30 anos, redefiniram a estratégia da Otan e declararam a Rússia como sendo a ameaça mais direta e significativa à paz e à segurança. E incluíram a China como um desafio aos interesses de seus membros, além de terem dado prioridade a novas questões, como a de mudança de clima. A redução das emissões de gás de efeito estufa passou a ser um objetivo que estará presente em todas as tarefas essenciais da Otan, por meio de suas estruturas políticas e militares. 

A inclusão da China como um desafio justificou o convite, pela primeira vez na História, do Japão, da Coreia do Sul, da Austrália e da Nova Zelândia para participar do encontro e assinar dois acordos sobre defesa cibernética e segurança marítima. A esse importante desenvolvimento junte-se o pacto estratégico entre os EUA, Reino Unido e Austrália para a aquisição de submarinos, inclusive nucleares, e o acordo entre os EUA, Índia, Emirados Árabes Unidos e Israel (I2U2) para mostrar presença no Mar do Sul da China e na defesa de Taiwan. Na prática, com esse novo conceito estratégico, a Otan ampliou ainda mais sua expansão e retomou a doutrina da guerra fria, que, para muitos setores dos EUA e da Europa, nunca havia desaparecido. 

A nova guerra fria, agora contra a China e a Rússia, poderá levar a uma nova divisão do mundo entre o Ocidente e a Eurásia. 

Qual a repercussão deste novo quadro geopolítico para o Brasil? Nos últimos anos, o Brasil vem sendo associado à Otan, com a designação, pelo presidente Donald Trump no início do atual governo brasileiro, como um aliado prioritário dos EUA extra-Otan, e, posteriormente, convidado para ser parceiro estratégico do tratado, podendo ter acesso aos seus equipamentos militares de forma preferencial e tornar o País elegível para maiores oportunidades de intercâmbio, assistência militar, treinamentos conjuntos e participação em projetos. 

Não está claro quais são as obrigações que decorrem dessa situação nem se houve entendimentos posteriores do governo brasileiro com as autoridades da Otan. Não há informação sobre se a nova política de segurança em relação à mudança de clima voltará sua atenção também para a Amazônia, nem se a Otan reagirá em relação ao transporte de combustível no Atlântico Sul para o submarino nuclear brasileiro em exame na Agência Internacional de Energia Atômica. Fica a questão, ainda, se a Otan ou os EUA (na próxima visita do secretário de Defesa ao Brasil) vão reagir ao anunciado exercício naval de Rússia, China e Irã na América Latina e no Caribe, com base na Venezuela, em agosto. 

PRESIDENTE DO IRICE, É MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

 

 

China diz estar aberta à 'cooperação' com o Mercosul - France Presse

 Não é bem o Brasil que é contra um acordo de livre comércio entre a China e o Mercosul, e sim a CNI, a FIESP, as associações setoriais de produtores, que são protecionistas desde a pré-história...

China diz estar aberta à 'cooperação' com o Mercosul

Governo chinês negocia tratado de livre comércio com Uruguai nesta terça-feira (26) e diz que está disposta a fazer o mesmo com todo o bloco sul-americano interessados. Governo uruguaio precisa de aval dos países membros para fechar acordo.

Por France Presse
26/07/2022 08h56  Atualizado há 3 horas

O diretor-geral para América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores da China, Cai Wei, afirmou nesta segunda-feira (25) que Pequim está aberta à "cooperação" com "o Mercosul em seu conjunto".

Wei está em Montevidéu, onde negocia um tratado de livre-comércio (TLC) com o Uruguai.

"A parte chinesa está aberta à cooperação tanto com o Mercosul em conjunto como com o país-membro particular [o Uruguai]", assinalou o chefe de uma delegação oficial chinesa que se reuniu com integrantes do governo do presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, incluindo o chanceler, Francisco Bustillo, e a ministra da Economia, Azucena Arbeleche.

"A China é uma firme defensora do livre-comércio" e está "disposta a negociar e a firmar TLCs com todos os países interessados", assinalou o funcionário chinês, segundo a tradução oficial de sua declaração à imprensa publicada em vídeo no site da Presidência uruguaia.

O Uruguai iniciou tratativas para um tratado de livre-comércio com a China depois que ambos os países realizaram um estudo de viabilidade de um acordo com essas características, que gerou polêmica no Mercosul, o bloco econômico sul-americano que também reúne Argentina, Brasil e Paraguai.

O Mercosul não permite que um de seus membros negocie acordos comerciais sem a anuência dos demais, mas o Uruguai, que há quase duas décadas pede uma flexibilização dessa decisão adotada pelo grupo, resolveu tratar individualmente com a China.

Na última cúpula do Mercosul, celebrada na semana passada em Assunção, no Paraguai, o presidente argentino, Alberto Fernández, um dos principais críticos da iniciativa uruguaia, propôs que o acordo com a China fosse negociado por todo o grupo em conjunto.

Por sua vez, Lacalle Pou argumentou, durante o encontro de presidentes, que também era o desejo do Uruguai a incorporação dos demais países do bloco às negociações com o gigante asiático em etapas posteriores.

"Esperamos e prevemos que, em algum momento, o restante dos países-membros [do Mercosul] se juntará às negociações" com a China, reiterou Bustillo nesta segunda, em imagens emitidas por meios locais.

"Esperamos que as partes do Mercosul possam negociar de maneira amistosa entre si, a fim de criar um ambiente melhor para a cooperação de livre-comércio sino-uruguaia", assinalou, por sua vez, o líder da delegação chinesa.

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/07/26/china-diz-estar-aberta-a-cooperacao-com-mercosul.ghtml


Por que Ucrânia acusa Lula de fazer propaganda para Rússia na guerra - Leandro Prazeres (BBC News Brasil)

 Por que Ucrânia acusa Lula de fazer propaganda para Rússia na guerra


Leandro Prazeres
Da BBC News Brasil em Brasília
Há 9 horas

Um relatório divulgado pelo Centro de Contenção de Desinformação do governo da Ucrânia apontou o ex-presidente e pré-candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como uma das personalidades internacionais que disseminariam informações em consonância com a propaganda russa sobre a guerra com a Ucrânia, que começou em fevereiro após a Rússia invadir partes do país vizinho.

O relatório foi divulgado no Brasil pelo jornal Folha de S. Paulo na segunda-feira (25/7). Lula é o único brasileiro da lista que contém diversos políticos e intelectuais de diversos outros países como Estados Unidos, da Europa, África e Ásia.

O relatório cita duas supostas afirmações atribuída ao ex-presidente. A primeira é a de que ele teria dito que a Rússia deveria "encabeçar uma nova ordem mundial" e que "Zelensky é tão culpado pela guerra quanto Putin".

A BBC News Brasil não localizou citações de Lula defendendo que a Rússia deveria "encabeçar" uma nova ordem mundial. Por outro lado, o ex-presidente fez, recentemente, críticas à atuação do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na condução da crise com a Rússia.

Em entrevista à revista Time publicada em maio deste ano, Lula disse que Zelensky seria tão responsável pela guerra quanto o presidente russo, Vladimir Putin.

"Às vezes, fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado", afirmou o ex-presidente.

Especialistas em relações internacionais ouvidas pela BBC News Brasil afirmam que as declarações de Lula podem não ser as únicas explicações por trás da inclusão do petista na lista.

Entre os motivos apontados por elas estão o temor pela Ucrânia de um eventual novo governo petista se reaproximar da Rússia e a suposta ligação de setores do governo ucraniano com facções de extrema-direita. Isso, segundo elas, explicaria a não-inclusão do presidente Jair Bolsonaro (PL), que, assim como Lula, também fez declarações críticas a Zelensky nos últimos meses.

"O povo [ucraniano] confiou num comediante o destino de uma nação. Ele [Volodymyr Zelensky] tem que ter equilíbrio para tratar dessa situação aí", disse Bolsonaro em fevereiro.

A BBC News Brasil enviou questionamentos à embaixada da Ucrânia e à assessoria de imprensa do ex-presidente Lula. Nenhum dos dois enviou respostas.

Aproximação com a Rússia
A doutora em estudos estratégicos internacionais e diretora de pesquisa do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (Isape), Larlecianne Piccolli, avalia que inclusão do nome de Lula na lista possa ter a ver com o histórico das relações entre o Brasil e a Rússia durante os governos do PT, especialmente, durante os governos do ex-presidente Lula, entre 2003 e 2010.

Segundo a especialista, naquele período, o governo brasileiro defendeu uma ordem internacional multipolar como uma alternativa à hegemonia norte-americana.

Uma das formas encontradas para isso foi o incentivo à formação de blocos como os BRICS, composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Por essa lógica, um novo governo do petista poderia enfraquecer os esforços feitos pela Ucrânia para isolar a Rússia no cenário internacional.

"Me parece que a Ucrânia pode estar olhando para o futuro e vendo o que um eventual novo governo de Lula pode significar em termos de fortalecimento da Rússia. Acho que eles estão vendo a liderança de Lula nas pesquisas e avaliando quais os impactos disso para a Ucrânia", assinala.

Para a doutora em Relações Internacionais e professora da Escola Superior de Guerra (ESG) do Ministério da Defesa Mariana Kalil, a atual posição do presidente Jair Bolsonaro em relação ao conflito é considerada menos relevante que uma eventual reaproximação do Brasil com a Rússia em um novo governo petista.

Sob Bolsonaro, o governo brasileiro condenou as agressões russas à Ucrânia em reuniões na Organização das Nações Unida (ONU), mas o país não aderiu as sanções econômicas aplicadas por países como os Estados Unidos e da Europa.

Bolsonaro diz que seu governo é "neutro" em relação ao conflito, apesar de, poucos dias antes da invasão russa, ter feito uma visita a Putin na qual elogiou o presidente russo e o chamou de um "homem de paz".

"No governo de Bolsonaro, o Brasil adotou noções pró-Ocidente que são interessantes hoje à Ucrânia. Um eventual governo Lula não teria essa mesma visão e isso pode estar preocupando os ucranianos", diz Mariana Kalil.

Ligações com a extrema-direita
Mariana Kalil também destaca uma outra razão pela qual os ucranianos teriam incluído o nome de Lula: a ligação de setores do governo ucraniano com movimentos de extrema-direita.

Segundo ela, isso explicaria por que Lula foi mencionado enquanto Bolsonaro, que se assume como político de direita e que também já fez declarações críticas a Zelensky, não foi incluído.

"Esse movimento [inclusão do nome de Lula] faz sentido quando sabemos que existe uma inserção de Zelensky dentro da extrema-direita global. Assim, faria sentido o governo mencionar Lula, que é um político de esquerda, e não Bolsonaro", opina a especialista.

A lista ucraniana não cita, porém, apenas políticos e intelectuais de esquerda. Ela cita, por exemplo, a líder do partido de direita radical Rassemblement National (Reunião Nacional), a francesa Marine Le Pen. Ela ficou conhecida por defender pautas anti-imigração na França e na Europa.

As ligações entre o governo ucraniano e movimentos de extrema-direita são frequentemente citadas pelo governo russo como um dos motivos que levou à invasão da Ucrânia pelos militares do país.

O tema é considerado sensível. A Rússia, por exemplo, disse que um dos objetivos de sua invasão à Ucrânia era "desnazificar" o país. O presidente Zelensky, no entanto, é judeu.

Em entrevista à BBC News Brasil em março, o professor aposentado de História da Universidade de Alberta, no Canadá, John-Paul Himka, disse que os níveis de tolerância política com a movimentos de extrema direita na Ucrânia são semelhantes aos encontrados em outros países do mundo.

"Temos de olhar o contexto global mais amplo da tolerância da Ucrânia em relação à extrema direita. Eu vivo no Canadá. Recentemente, os postos de fronteira e a capital foram cercados pelo movimento de extrema direita dos comboios", disse o especialista.

Larlecianne Piccolli, porém, concorda com Mariana Kalil.

"É de conhecimento público que há laços de setores do governo ucraniano com movimentos de extrema-direita. Se você soma isso a um possível temor sobre o que podem representar as eleições no Brasil para a estratégia ucraniana, é possível entender melhor o que pode ter motivado a entrada de Lula nessa lista e a ausência de Bolsonaro", diz Larlecianne.

Em entrevista à TV Globo veiculada nesta semana, Zelensky negou a existência de grupos de extrema direita atuando no leste da Ucrânia contra a invasão russa.

Apesar das declarações, há evidências de que grupos de extrema direita como o Batalhão Azov, que luta contra a ocupação russa desde a invasão da Crimeia, em 2014, mantém relações com o governo ucraniano.

Mariana Kalil diz que inclusão do nome de Lula nessa lista acontece, ainda, em meio à proximidade de um exercício militar que será realizado pela Rússia, China e Irã na Venezuela, previsto para agosto deste ano.

"No Brasil, um dos argumentos usados pela direita radical contra a esquerda é o suposto risco de venezuelização do país. Considerando o contexto do exercício militar, ligar o nome de Lula à Rússia pode ressuscitar esse tema", assinala a especialista.

Recado a americanos
Mariana Kalil aponta um terceiro motivo para a inclusão de Lula na lista de supostos disseminadores de propaganda russa: pressão sobre os americanos.

Segundo ela, à medida em que a Ucrânia veria um governo petista mais próximo da Rússia que o de Bolsonaro, a menção a Lula teria o objetivo de pressionar os americanos sobre o que pode acontecer no Brasil a partir de 2023.

"Acho que eles querem dizer o seguinte: 'Americanos, olhem para o que pode acontecer no Brasil. Isso não será bom para nós'", conclui a especialista.

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62301305

Ucrânia acusa Lula de fazer propaganda da Rússia na guerra - Igor Gielow (FSP)

 Independentemente do presidente de honra do PT – candidato nas eleições de outubro de 2022, e provável próximo presidente do Brasil – ter dito ou não que o presidente da Ucrânia Volodimyr Zelensky é "ão culpado quanto Putin pela guerra" – SIC três vezes – o fato é que o Brasil de Bolsonaro tem sido leniente, senão conivente com a Rússia, e objetivamente solidário com Putin na sua guerra de agressão contra o povo da Ucrânia, e que, MAIS IMPORTANTE, Lula se prepara para REFORÇAR os laços com o BRICS e os Brics, numa perspectiva em que o dirigente russo pode ser acusado de CRIMES DE GUERRA, CONTRA A PAZ E A HUMANIDADE. 

Ou seja, o Brasil, com uma política externa que sempre se pautou PELA DEFESA DA CARTA DA ONU e dos princípios mais elementares do DIREITO INTERNACIONAL, se prepara para continuar, reafirmar e talvez até reforçar seus laços diplomáticos e de cooperação com um país que VIOLOU A CARTA DA ONU e que viola repetidamente as LEIS DA GUERRA, cometendo CRIMES EM SÉRIE. Não sei o que seria maior ruptura com padrões, princípios e valores de nossa diplomacia, e até da CONSTITUIÇÃO, para maior VERGONHA da diplomacia profissional.

Até quando?

Paulo Roberto de Almeida

Ucrânia acusa Lula de fazer propaganda da Rússia na guerra

Ex-presidente, que condenou a invasão, afirmou que Zelenski também é culpado no conflito

    São Paulo

    O governo da Ucrânia incluiu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT para tentar voltar ao cargo em outubro, numa lista de "oradores que promovem narrativas de propaganda russa".

    A acusação foi publicada no site do Centro para Contenção de Desinformação, uma entidade criada pelo presidente Volodimir Zelenski no ano passado que integra a guerra informativa entre Rússia e Ucrânia pela ótica do que Kiev considera fake news e manipulações do Kremlin.

    Lula e Putin no Kremlin durante visita do ex-presidente ao russo em 2005
    Lula e Putin no Kremlin durante visita do ex-presidente ao russo em 2005 - Eduardo Knapp - 18.out.05/Folhapress

    Lula é o único brasileiro numa relação de 78 pessoas, 30 das quais americanas. Está lá por dois motivos, segundo o centro: disse que a Rússia deveria liderar uma nova ordem mundial e que Zelenski é tão culpado pela guerra quanto o presidente russo, Vladimir Putin.

    Não há registro sobre o petista ter dito a primeira assertiva. Nos seus oito anos de mandato (2003-10), Lula promoveu uma política externa voltada para relações Sul-Sul, na qual a Rússia estava inserida como membro fundador do Brics, bloco político-econômico que une Brasil, China, Índia e África do Sul também.

    Em inúmeras ocasiões o então presidente e membros do seu governo enalteceram a ideia de uma alternativa à diplomacia dominada pelos EUA e pela Europa, o que é bastante diferente de dizer que a Rússia deveria dominar o sistema internacional.

    Já a segunda frase está na polêmica entrevista concedida por Lula à revista americana Time, publicada em maio. Nela, afirmou: ​"Fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado".

    Jair Bolsonaro em viagem à Rússia

    A assessoria de Lula disse que não comentaria o caso, mas lembrou que o petista condenou a invasão da Ucrânia. Considera as críticas à fala de Lula uma questão de "má vontade". Mesmo entre aliados do petista, houve a leitura de que, independentemente do mérito da opinião, ela poderia ter sido amainada, já que Kiev foi o objeto da agressão de Moscou.Mas não houve a usual exploração por parte de seu maior rival, o presidente Jair Bolsonaro (PL), por um motivo simples:o mandatário concorda com o antecessor.

    Esta é a segunda interação entre o conflito no Leste Europeu e a eleição brasileira. Na semana passada, Zelenski concedeu entrevista à TV Globo e criticou a posição de neutralidade advogada por Bolsonaro. O Brasil condenou a invasão em uma resolução na ONU, mas não aderiu às sanções contra Moscou.

    O fez por interesses econômicos: quis manter o fluxo de fertilizantes russos para o agronegócio brasileiro e, agora, busca negociar diesel com desconto para aliviar a crise inflacionária dos combustíveis.

    O caminho, criticado por Zelenski, que vê na relativização das relações com Moscou algo equivalente à tentativa de apaziguar Adolf Hitler feita pelo Ocidente antes da Segunda Guerra, não é uma exclusividade brasileira. A China e a Índia, não por acaso membros do Brics, aumentaram brutalmente a importação de hidrocarbonetos russos, gerando críticas de que ajudam a financiar a guerra de forma indireta. Além disso, o Itamaraty historicamente advoga por soluções de conflitos negociadas, evitando tomar partido.

    A lista do centro ucraniano não tem efeito prático. Nela, diplomaticamente, não há chefes de Estado: Bolsonaro, que visitou Putin e lhe prestou solidariedade uma semana antes da guerra, não aparece.

    Candidatos a presidente, contudo, estão lá. Além de Lula, dois derrotados do pleito francês deste ano figuram: Marine Le Pen e Eric Zemmour são criticados por posições pró-Moscou. A França, liderada por Emmanuel Macron, é frequentemente alvo em Kiev por suas posições menos agressivas em relação a Putin. Talvez não por acaso, é o segundo país com mais nomes no índex, 12.

    A publicação, feita em 14 de julho, foi destacada pelo site britânico UnHerd nesta segunda (25). Há lá políticos, jornalistas, cientistas políticos e analistas que deram opiniões consideradas pró-Rússia.

    A publicação ouviu algumas pessoas lá listadas, como o cientista político americano John Mearshimer, um advogado da chamada linha realista das relações internacionais que sempre apontou a atitude do Ocidente em relação à Rússia como parte das raízes do conflito.

    "Quando não conseguem derrubar seus argumentos com fatos e lógica, eles difamam. Eu argumento que é claro, pela evidência disponível, que a Rússia invadiu a Ucrânia porque os EUA e seus aliados europeus estavam determinados em fazer do país um baluarte ocidental", afirmou.

    Este é um ponto central geopolítico para entender a crise desde que Putin anexou a Crimeia, em 2014, mas a mera discussão foi proscrita em parte do Ocidente porque acaba se assemelhando a uma justificativa para a guerra. O que não é: entender razões, ou problematizar o senso comum, não implica endosso.

    Outro nome na lista, o jornalista americano Glenn Greenwald, acusou no Twitter o governo da Ucrânia de macarthismo —referência à caça às bruxas contra supostos comunistas na década de 1950 nos Estados Unidos sob a inspiração do então senador Joseph McCarthy.

    Ele lembra que Zelenski opera uma censura pesada ao trabalho jornalístico dentro da Ucrânia, suprimiu a oposição e viu presos rivais desde que exerce o poder sob a sombra das bombas de Putin.

    Não que a situação seja muito melhor do outro lado das trincheiras. Putin, que já havia suprimido na prática o dissenso político na Rússia nos últimos dois anos, instalou um controle informativo e de censura militar duro em seu país. A mídia independente foi virtualmente extinta e quem for acusado de divulgar fake news sobre a guerra, que nem assim pode ser chamada, arrisca-se a pegar 15 de cadeia.


    China-Russia Relations - Scott Moore (H-Diplo)

    H-Diplo Essay 449- Commentary Series on Putin’s War: “China-Russia Relations and a World Transformed”

    by George Fujii

    H-Diplo Essay 449

    26 July 2022

    Commentary Series on Putin’s War: “China-Russia Relations and a World Transformed” 

    https://hdiplo.org/to/E449

    Editor: Diane Labrosse | Production Editor: George Fujii

    Essay by Scott Moore, University of Pennsylvania


    A favorite observation of American officials is that the United States and its allies, combined, constitute by far the world’s largest concentration of economic and military power, and can therefore present an effective counterweight to China’s own growing power. The same framing is revealing when applied to China and Russia. Though even when combined their resources do not approach those of the advanced liberal democracies, China and Russia offer each other important complementarities, most notably in natural resources, military capabilities, and foreign policy. By some measures, China’s relations with Russia are the most positive of those with any other major power.[1] China alone is a formidable competitor, and potential adversary, for liberal powers. But it is considerably more so if it is durably aligned or allied with Russia.  

    With this importance in mind, this essay provides an overview of modern China-Russia relations. On this basis it distills some lessons and implications for understanding their evolution following Russia’s invasion of Ukraine in early 2022. Its central claim is that, barring dramatic political change in either country, Sino-Russian ties will evolve asymptotically closer to a formal alliance relationship while stopping short of the formal establishment of one. This close military, economic, and diplomatic partnership will continue to pose the most vexing geopolitical challenge for the United States and other liberal powers in the decades ahead.

    This essay provides a historical overview of the development of China-Russia relations in the modern period, in the belief that this history reveals key factors that will continue to shape bilateral ties going forward. It admittedly arbitrarily divides this history into two phases, the first of which dates roughly from 1949 to the onset of the first Ukraine crisis in 2014 that was marked by profound tensions and ambivalent attempts to forge a durable partnership. The second phase, dating roughly from 2014 to the present, has on the other hand been marked by significantly closer military and diplomatic ties combined with the addition of more significant economic and ideological dimensions to the relationship. These shifts indicate that China-Russia ties have evolved into something considerably more robust than an alignment of convenience and towards something approaching a formal military and diplomatic alliance. 

    While this essay is not intended to provide a theoretical treatment of China-Russia relations, it is worth briefly noting this assessment’s relationship to the academic literature. Broadly speaking, the academic analysis of China-Russia relations has taken place within the basic international relations constructs of realism and constructivism. The preponderance of scholarly work has placed relations between Moscow and Beijing within the realist framework and characterized them largely as classic hedging or balancing behavior in response primarily to the actions of the United States.[2] A smaller body of work instead emphasizes constructivist relationships based on shared values, post-communist history and, more recently and more tentatively, trade, migration, and cultural linkages.[3] This essay broadly supports the view that China-Russia relations, while reflecting strong realist influences, have nonetheless also developed some important constructivist dimensions. 

    Rupture and Reluctant Partnership

    By far the most important foreign relationship for the People’s Republic of China in its first decade was with the former Soviet Union. Its first major foreign policy alignment was the 1950 Treaty of Friendship, Alliance, and Mutual Assistance signed in Moscow, which committed the world’s two largest Communist states to a wide-ranging partnership. In the decade that followed, thousands of Soviet advisers flowed into China, playing critical roles in influencing everything from urban planning to military force structure. Moscow also notably provided considerable direct support for China’s military intervention in the Korean War, including supplying and training the People’s Liberation Army Air Force. Chairman Mao Zedong’s government, for its part, assented to a major, uncharacteristic concession to Moscow by recognizing the independence of Outer Mongolia, which had been claimed by the Republic of China as part of the previous Qing Empire.[4]

    Yet though it is often seen as the apogee of Sino-Soviet bonhomie, even this period was marked by considerable diplomatic and political tensions that presaged a difficult relationship in succeeding decades. Beijing’s diplomacy in Asia, and especially the 1954 Principles of Peaceful Coexistence, soon betrayed friction with Moscow’s priorities, and a putative rapprochement with the United States under Soviet Premier Nikita Khrushchev’s leadership was viewed with deep suspicion in the People’s Republic. Mao’s determination to reduce China’s reliance on foreign expertise and technology, both from the Soviet Union and elsewhere, and instead to leapfrog ahead of other industrialized nations, provoked similar ire in Moscow.[5] At the same time, while under Khrushchev Soviet Communism became slightly more liberal, Mao’s own spin on traditional Marxist-Leninist thought was gradually codified into a seemingly competitive theoretical system, challenging Moscow’s ideological leadership over the Communist bloc.[6]  

    These developments precipitated the Sino-Soviet split of 1960, one of the most dramatic episodes in the diplomatic history of the People’s Republic. All of the Soviet advisers were withdrawn from China, and in the subsequent decade a number of minor confrontations and conflicts occurred between Soviet and Chinese military forces, including the 1962 Xinjiang border crisis.[7] This period in turn set the stage for the equally dramatic 1972 visit of President Richard Nixon to Beijing, launching a rapprochement between China and the United States. Beijing’s continued animosity toward Moscow was sustained by the latter’s intervention in both Southeast and Central Asia, provoking a fear of encirclement that was strikingly similar to that which was directed at the United States in subsequent decades. Sino-Soviet relations did, however, improve considerably in the 1980s. In 1982, Soviet Premier Leonid Brezhnev called for an end to the two countries’ hostile relationships and recognized Beijing’s claim over Taiwan. Premier Mikhail Gorbachev, meanwhile, proposed the expansion of cooperation in a range of areas including space, hydropower, and rail. This thawing in relations did not last and was quickly interrupted in 1989 by both the dissolution of the Soviet Union and the Tiananmen Incident in China.[8]

    Following these epochal events for both Russia and China, it was only in the mid-1990s that China-Russia relations were substantively renewed. Though in its early years the newly independent Russian Federation enjoyed close ties with the West, it quickly expressed dissatisfaction with many aspects of Western policy and turned once more toward China. The foundation for the contemporary China-Russia relationship was set by the 1996 summit between Presidents Jiang Zemin and Boris Yeltsin, which established a “strategic partnership” between the two nations – the strongest expression of bilateral ties since the 1950 treaty. This was followed by the 2001 Treaty of Good Neighborliness and Friendly Cooperation, which notably featured a mechanism for the two nations to share military technology and expertise.[9] The same year, Russia became a founding member of the Shanghai Cooperation Organization, which included an anti-terrorism focus.[10]

    Throughout this period, China-Russia relations in the military and security spheres continued to expand. In the decade prior to 2007, Russia accounted for some 80% of China’s arms imports, including highly sophisticated fighter jets and submarines. In 2005, the two countries carried out joint military exercises for the first time in decades and appeared to simulate operations against a sophisticated adversary like the United States. During a 2008 visit by President Dimitry Medvedev, Beijing expressed support for one of Moscow’s foremost security priorities, countering a missile-defense system planned by the United States.[11]

    The early 2010s, meanwhile, witnessed the addition of an important economic as well as diplomatic dimension to China-Russia relations. In 2010, China replaced Germany as Russia’s largest trading partner.[12] In early 2011, meanwhile, an oil pipeline between China and Russia, with a capacity of 30 million tons per year commenced operation.[13] Yet economic matters also stoked considerable tension. Chinese migration and economic influence in the Russian Far East registered as a significant political and geopolitical concern. Moreover, the considerable economic imbalance between China and Russia continued to cause friction in Moscow.[14] Russian leaders reacted coolly to Chinese proposals to re-orient the SCO (Shanghai Cooperation Organization) towards economic development, and instead began to promote alternative frameworks for Eurasian economic integration that effectively excluded China.[15] These tensions set the stage for a period of closer alignment amidst an autocratic revival in both China and Russia during the 2010s. 


    Autocratic Revival and Alignment

    In a speech to the Munich Security Conference in 2007, President Vladimir Putin surprised many observers with a tirade against the western-led world order. Four years after the US invasion of Iraq, Putin lambasted the United States for unleashing an “uncontained hyper-use of force” and “disdain for the basic principles of international law.” He then turned his attention to the North Atlantic Treaty Organization (NATO), which, he charged “has put its front-line forces on our borders,” a move that “represents a serious provocation.”[16] The following years witnessed a cascade of increased tensions between Russia and western countries, including American recognition of an independent Kosovo in 2008 and the NATO Summit of the same year, where the alliance declared its intention to eventually admit Georgia and Ukraine as members. The decision proved to be a fateful one, as Russia unleashed a military operation against Georgia the same year and resolved to prevent Ukraine’s drift into the orbit of the west.[17] The latter had especially serious consequences when, following the ouster of pro-Russian Ukrainian President Viktor Yanukovych as a result of mass protests, Russia invaded and annexed Crimea and instigated an insurgency in eastern Ukraine.[18]

    The impact of political upheaval in Ukraine and other nations bears further mention for the impact it had on decision-makers in both Beijing and Moscow. The 2011-2014 period was marked by political upheaval around the world, including in Syria, where Russia later became a critical player, and in China, where President Xi Jinping’s accession to supreme power was marked by the dramatic fall of rising Communist Party star Bo Xilai. Russia also witnessed protests around the re-election of Putin to the presidency, but of more importance were the “color revolutions” that swept across Russia’s near abroad, most consequentially in Ukraine. This political upheaval raised alarm bells for the autocrats both in Moscow and Beijing, guiding them once again closer together as the first phase of the Ukraine conflict approached.[19]

    Following the imposition of western sanctions and the suspension of some high-level Russia-western engagement, Beijing was quick to affirm its support for Russia – a resolve that appeared to strengthen even as the Ukraine crisis deepened. The 2014 crisis revealed a critical element of Beijing’s orientation toward Moscow: “China does not want to see Russia fail.”[20] During a presidential summit the same year that included discussion of events in Ukraine, Xi noted that China’s position was that “responsible parties should deal with the roots of the problem and that China supported a comprehensive political solution of the Ukraine crisis.” During a subsequent meeting, Xi went much further, pledging “evergreen” friendship and that “No matter how the international landscape shifts, we must insist on giving priority to the development of Sino-Russian ties.”[21]

    It quickly became apparent that neither side viewed events in Ukraine as a barrier to expanded economic ties: an October visit by Russian Prime Minister Dmitry Medvedev witnessed the launch of 38 agreements in areas ranging from rail to banking. Indeed, for Moscow, it was evident that China was quickly becoming an alternative source of investment and trade opportunities in the face of western sanctions. At least one significant tension persisted, however: Beijing continued to be frustrated by the slow pace of economic integration via the SCO, which remained in its view one of the most important mechanisms for China-Russia relations.[22]

    Perhaps the most important outcome of Beijing’s support for Moscow during the 2014 Ukraine crisis was a more fulsome and deliberate discussion in both countries about the long-term future of their strategic partnership, including whether it should extend to building a formal alliance relationship. Russian analysts increasingly viewed China as an important source of investment and economic opportunities, but government officials were careful to temper the scope of Russia’s expanded partnership with Moscow. Foreign Minister Sergey Lavrov, for example, declared that while western “sanctions spur on relations with partners in the East…we would like to do so not as a replacement but as a process simultaneous with the normal development of traditional interaction with the west.”[23] For China’s part, an alliance with Russia appeared to contradict longstanding tenets of foreign policy, including a suspicion of mutual defense agreements. Leading Chinese commentators accordingly expressed ambivalence towards the notion of alliance, with one leading security analyst arguing that China should pursue a “quasi alliance” with Russia that would avoid burdening Beijing with any responsibility for contributing to Russia’s security while preserving the opportunity to pursue a full-fledged alliance in the future.[24]

    These tensions and ambiguities continued to be reflected in China-Russia ties. Importantly, during the first Ukraine crisis Beijing offered to extend financial aid to Moscow. Specifically, in December 2014, Foreign Minister Wang Yi pledged to “provide necessary assistance within our capacity.”[25] Days later, the two sides signed a currency-swap agreement worth US$24 billion. Yet Moscow welcomed this support with tempered enthusiasm. In an interview, Russia’s ambassador to China declared that “Russia does not need China’s assistance but [its] support.”[26] Moscow’s aims for expanded economic cooperation with China appeared to be considerably more ambitious and extend to advanced technologies. In November 2014, Lavrov gave a speech in which he gushed that “We can now even talk about the emerging technological alliance between the two countries.”[27] Chinese state media, however, featured several pointed criticisms of Russian policy, including its sale of advanced submarines to Vietnam – criticisms that were widely viewed as veiled expressions of displeasure from Chinese officialdom at Moscow’s seeming attempts to play multiple sides in Asian geopolitics.[28]   

    China-Russia ties in between the 2014 and subsequent 2022 Ukraine crises were on firmer ground in the diplomatic and military spheres. China proved a reliable vote on the United Nations Security Council to stymie attempts by western powers to impose sanctions on the Assad regime in Syria, which was a close Russian ally. China vetoed at least four such Security Council resolutions and compiled a 99% record of voting alongside Russia on matters before the United Nations Human Rights Council.[29] Military ties also continued to expand. In 2013 a joint naval exercise became the largest that the People’s Liberation Army Navy had ever undertaken with a foreign force, and in 2015 the two countries’ navies pointedly conducted an exercise in the Mediterranean, which was widely seen as a provocation against NATO. The most visible sign of deepening military-military ties was Xi’s historic participation in Moscow’s highly symbolic annual Victory Day parade, which featured the striking sight of Chinese soldiers marching in the former Red Square.[30] In 2018, meanwhile, Russia launched its largest military exercises since the fall of the Soviet Union which involved significant participation by Chinese forces.[31]

    A few other developments in the 2015-2022 period bear mention. Several important China-Russia infrastructure projects were completed in 2019, including the 38 billion cubic meter-capacity “Power of Siberia” gas line.[32] United States policy toward Iran under the Trump Administration, especially the assassination of Iranian General Qasem Soleimani in early 2020, was criticized by both Beijing and Moscow. During the early phases of the COVID-19 pandemic, on the other hand, an ugly spate of xenophobic incidents against Chinese nationals in Russia caused a temporary flare-up in bilateral tensions. These actions, while noteworthy, soon subsided in the midst of generally warm Sino-Russian relations for the duration of the pandemic.[33] By the end of 2021, Xi reportedly used a string of superlatives to describe China-Russia relations, including that they had achieved “the highest level in history” and were in “a league of their own.”[34] Putin, for his part, observed admiringly that “China is moving quickly towards superpower status.”[35] Sino-Russian ties also appeared to be reinforced by the perception of political and policy instability in the United States, including the turmoil surrounding the 2020 presidential election and the Biden Administration’s chaotic withdrawal from Afghanistan the following year.[36] These developments set the stage for Beijing’s reaction to Russia’s full-scale invasion of Ukraine in early 2022. 

    The 2022 Invasion of Ukraine and its Implications for China-Russia Relations 

    Beijing’s response to the most serious international security crisis of the post-war period was, for the first few months at least, similar to that of 2014, with China offering fulsome support to Russia. Only a few weeks before the invasion, Xi famously pledged that Sino-Russian relations had “no limits.”[37] Publicly at least, Beijing continued to express support for Russia and China-Russia relations despite Russia’s near-total isolation from the west and as the human and economic costs of the Ukraine invasion mounted. Echoing language deployed in 2014, Beijing called in June 2022 for all parties to seek a “proper settlement of the Ukraine crisis.”[38] At the same time, Xi went further, saying that “China is also willing to work with Russia to promote solidarity and cooperation among emerging market countries…and push for the development of the international order and global governance towards a more just and reasonable direction.”[39] Even so, Beijing’s support did appear to have some limits: despite reports that Russia had specifically requested military assistance from China, United States and other officials were quoted as saying that there were no signs any such assistance was being provided to Russia.[40]

    The most pressing question, of course, is whether this alignment will last. Here previous features of Sino-Russian ties provide important clues. First, and most fundamentally, it is apparent that in the post-1945 period China-Russia relations have been principally shaped by the state of their respective relations with the west, especially the United States. A consistent dynamic has been that Moscow’s periodic, usually fleeting, turns westward have been matched by a cooling of its ties with Beijing, while the opposite tilt produces a predictable warming. While this dynamic has been evident for decades, it has been strengthened by developments since 2014 including the color revolutions. Given the dramatic worsening of relations between the major western countries and both China and Russia over roughly the same period, it is likely that China-Russia relations will continue to deepen in large part in opposition to the west.  

    Second, military matters have historically formed the bedrock of the relationship and are likely to continue to strengthen. Military-military ties, and especially the sale and transfer of military technology, have long been one of the most substantively important dimensions of China’s relationship with Russia. Moscow’s value as a dependable source of military technology was highlighted in the aftermath of the Tiananmen Incident, when Russia continued to supply China with arms even as the west imposed wide-ranging sanctions.[41] Despite China’s drive to become self-reliant in key defense technology and the poor military performance of Russian military forces in Ukraine, Russia remains a significant inspiration for the People’s Liberation Army and continues to be seen by Chinese strategic commentators as a useful tool to tie down western military forces outside the Indo-Pacific theater. The importance of the military relationship is thus likely to continue.  

    Third, Moscow and Beijing have seen important reasons to maintain diplomatic alignment, but the diplomatic arena is also one in which significant tensions are evident. China and Russia are likely to continue to present a united front, especially at the United Nations. In the eyes of Chinese strategic thinkers, the primary appeal of Russia as an ally is to secure China’s northern and western border regions while also securing an important diplomatic partner on the UN Security Council.[42] But Moscow has viewed with ambivalence core Chinese priorities in regions like the South China Sea, where it has pursued expanded economic and military ties with Vietnam, and the Arctic, where it views Chinese ambitions with suspicion.[43] Especially if China adopts a more belligerent posture with respect to territorial claims in these regions, it may find that Russia is unwilling to support them. On the other hand, Moscow does appear likely to continue to support Beijing’s highest diplomatic priority, namely its claim to sovereignty over Taiwan. 

    Fourth, both countries have struggled to expand economic ties, and their ability to do so will be an important determinant of how strong China-Russia relations will be in the years ahead. Economic ties have steadily become more significant for both sides but remain highly uneven and a source of some tension. In 2011, Putin reportedly reacted to a prediction by an American CEO that China would eventually overtake the United States as the locus of the world economy by calling the prospect “an uneasy situation.”[44]Russia’s imports have China increased dramatically in the first decades of the twenty-first century, but Russia is a minor trading partner for China. Moreover, Russia’s exports to China are dominated by oil and gas, while China’s exports to Russia include more specialized and higher-value-added machinery and equipment.[45]The most important question, and certainly one of strong relevance to the west in an era of perceived technological competition, is whether the two countries can successfully expand joint research and investment in advanced technologies. 

    Fifth and finally, the normative dimension to China-Russia relations is the biggest and most interesting question pertaining to the bilateral relationship. Historical memory plays an important, if difficult to describe, role in China-Russia ties. In the eyes of analysts in both countries, the two nations share a broadly complementary view of modern history, including a belief that both nations’ contributions to the defeat of Germany and Japan during the Second World War are under-appreciated and opposition to the dominant global position enjoyed by the United States in the postwar period.[46]Both countries have placed increasing emphasis on historical revisionism and nationalism, and the extent to which these narratives are mutually reinforcing and accepted by their respective publics will determine how deep, as well as how broad, Sino-Russian relations become in the years ahead. 

    On balance, these lessons and implications suggest that China-Russia relations will continue to strengthen in the economic and ideological as well as more traditional military and diplomatic domains, but that fundamental tensions will persist that will prevent them from concluding a fully-fledged alliance relationship. Even so, their combined resources will present serious challenges for western interests, including the ability to block action in the Security Council and other United Nations bodies, to present the west with a two-front security dilemma well into the future, and to provide China with a stable, secure, and virtually sanctions-proof source of critical natural resources. Together China and Russia do not approach the combined and united strength of the liberal powers. But they have meaningfully narrowed the gap and have therefore created a source of serious concern to political leaders across the west. 

     

    Scott Moore is Director of China Programs and Strategic Initiatives and Lecturer in Political Science at the University of Pennsylvania. He previously worked for the Office of Chinese and Mongolian Affairs at the U.S. Department of State.

     

    Notes

    [1] Alexander Korolev and Vladimir Portyakov, “Reluctant Allies: System-Unit Dynamics and China-Russia Relations,” International Relations 33:1 (2019), 40-66. 

    [2] Brock Tessman, “System Structure and State Strategy: Adding Hedging to the Menu,” Security Studies 21:2 (2012), 192-231; Alexander Korolev, “Systemic Balancing and Regional Hedging: China-Russia Relations,” The Chinese Journal of International Politics 9:4 (2016): 375-397 and Xiaodi Ye, “Explaining China’s Hedging to the United States’ Indo-Pacific Strategy,” China Review 20:3 (2020), 205-238.

    [3] Liu Ying, “Strategic Partnership or Alliance? Sino-Russian Relations from a Constructivist Perspective,” Asian Perspective 42:3 (2018): 333-354 and Brandon Yoder, “Theoretical Rigor and the Study of Contemporary Cases: Explaining Post-Cold War China-Russia Relations,” International Politics 57 (2020): 741-759. 

    [4] Jing-yun Hsu and Jenn-Jaw Soong, “Development of China-Russia Relations (1949-2011),” The Chinese Economy 47: 3 (May-June 2014): 70-87 and Alexander Muraviev, “Comrades in Arms: The Military-Strategic Aspects of China-Russia Relations,” Journal of Asian Security and International Affairs 1:2 (2014): 163-185. 

    [5] On this relationship see Kenneth Whiting, Evolution of the Sino-Soviet Split: A Summary Account (Maxwell Air Force Base, Alabama: Air University, 1975); Lorenz Luthi, The Sino-Soviet Split: Cold War in the Communist World(Princeton: Princeton University Press, 2008); and Mingjiang Li, Mao’s China and the Sino-Soviet Split: Ideological dilemma (Abingdon: Routledge, 2012).  

    [6] Hsu and Soong, “Development of China-Russia Relations (1949-2011).” 

    [7] Whiting, Evolution of the Sino-Soviet Split: A Summary Account and Luthi, The Sino-Soviet Split: Cold War in the Communist World.

    [8] Hsu and Soong, “Development of China-Russia Relations (1949-2011).”

    [9] Hsu and Soong, “Development of China-Russia Relations (1949-2011).”

    [10] Janko Scepanovic, “Russia and the Shanghai Cooperation Organization: A Question of the Commitment Capacity,” European Politics and Society 2021, https://doi.org/10.1080/23745118.2021.1932081  

    [11] Hsu and Soong, “Development of China-Russia Relations (1949-2011).” 

    [12] Yu Bin, “China-Russia Relations: Between Geo-Economics and Geo-Politics,” Comparative Connections 13:3 (2012), 1-10. 

    [13] Hsu and Soong, “Development of China-Russia Relations (1949-2011).”

    [14] Yu, “China-Russia Relations: Between Geo-Economics and Geo-Politics,” and Hsu and Soong, “Development of China-Russia Relations (1949-2011).”

    [15] Yu, “China-Russia Relations: Between Geo-Economics and Geo-Politics.”  

    [16] See Vladimir Putin, “Conference on Security Policy Munich, Germany, February 10, 2007,” Air Force Magazine, April 1, 2007, https://www.airforcemag.com/article/0407keeperfile/

    [17] Michael Kofman, “The August War, Ten Years On: A Retrospective on the Russo-Georgian War,” War on the Rocks, August 17, 2018, https://warontherocks.com/2018/08/the-august-war-ten-years-on-a-retrospective-on-the-russo-georgian-war/

    [18] On these events see Michael Kofman, Katya Migacheva, Brian Nichiporuk, Andrew Radin, Olesya Tkacheva, and Jenny Oberholtzer, Lessons from Russia’s Operations in Crimea and Eastern Ukraine (Washington, DC: RAND Corporation, 2017). 

    [19] Yu, “China-Russia Relations: Succession, Syria…and the Search for Putin’s Soul,” Comparative Connections14:1 (May 2012): 139-140.

    [20] Yu, “China-Russia Relations: Succession, Syria…and the Search for Putin’s Soul.”.

    [21] Yu, “China-Russia Relations: Succession, Syria…and the Search for Putin’s Soul.” 

    [22] Yu, “China-Russia Relations: Russia’s Pride and China’s Power,” Comparative Connections 16:3 (January 2015), 123-140

    [23] Yu, “China-Russia Relations: Russia’s Pride and China’s Power.”

    [24] Yu, “China-Russia Relations: Russia’s Pride and China’s Power.” 

    [25] Yu, “China-Russia Relations: Russia’s Pride and China’s Power.”

    [26] Yu, “China-Russia Relations: Russia’s Pride and China’s Power.”

    [27] Alexander Korolev, “Systemic Balancing and Regional Hedging: China-Russia Relations,” The Chinese Journal of International Politics 9:4 (2016): 375-397. 

    [28] Yu, “China-Russia Relations: Russia’s Pride and China’s Power.”

    [29] Korolev, “Systemic Balancing and Regional Hedging: China-Russia Relations.”

    [30] Korolev, “Systemic Balancing and Regional Hedging: China-Russia Relations.”

    [31] Yu, “China-Russia Relations: Crouching Army, Hidden Alliance?” Comparative Connections 20:3 (2019): 107-116.

    [32] Yu, “China-Russia Relations: The Art and Agony of Avoiding an Alliance,” Comparative Connections21:3 (2020):129-142.

    [33] Yu, “China-Russia Relations: Ending Strategic Distancing in the Era of Social Distancing,” Comparative Connections 22:1 (2020): 127-136

    [34] Yu, "Light at the End of the Tunnel?” Comparative Connections, 22:3 (2021), 141-150.

    [35] Yu, “Light at the End of the Tunnel?”

    [36] Yu, “Light at the End of the Tunnel?”

    [37] Simone McCarthy, “China Will Support Russia on Security, Xi tells Putin in Birthday Call,” CNN, June 16, 2022, https://www.cnn.com/2022/06/15/asia/china-support-russia-security-xi-birthday-putin-intl-hnk/index.html  

    [38] McCarthy, “China Will Support Russia on Security, Xi tells Putin in Birthday Call.”

    [39] McCarthy, “China Will Support Russia on Security, Xi tells Putin in Birthday Call.”

    [40] McCarthy, “China Will Support Russia on Security, Xi tells Putin in Birthday Call.” 

    [41] Alexander Muraviev, “Comrades in Arms: the Military-Strategic Aspects of China-Russia Relations,” Journal of Asian Security and International Affairs 1:2 (2014): 163-185.

    [42] Brian Carlson, “China-Russia Relations and the Inertia of History,” Survival 58:3 (2016): 213-222. 

    [43] Korolev, “Systemic Balancing and Regional Hedging: China-Russia Relations.”

    [44] Yu, “China-Russia Relations: Between Geo-Economics and Geo-Politics,” Comparative Connections 13:3 (December 2011): 129-138.

    [45] Alicia Garcia Herrero and Jianwei Xu, “The China-Russia Trade Relationship and its Impact on Europe,” Bruegel Working Paper 4: 2016. 

    [46] Alexander Korolev and Vladimir Portyakov, “China-Russia Relations in Times of Crisis: A neoclassical realist explanation.” Gaye Christoffersen, Ed. Russia in the Indo-Pacific: New approaches to Russian Foreign Policy (Abingdon: Routledge, 2021).