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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

The puzzling impact of the Ukraine war on ordinary Russians - Adam Taylor (The Washington Post)

The Washington Post, September 8, 2022


Uma lição do México ao Brasil - Sergio Florêncio

Meu colega e amigo Sergio Florêncio foi embaixador do Brasil no México e até escreveu um livro sobre os mexicanos (Editora Contexto)

Uma lição do México ao Brasil

Sergio Florêncio 

Em 2010 o México passou um ano inteiro celebrando o Bicentenário de sua independência. No dia do aniversário o governo organizou atos cívicos em todas as capitais, com o propósito de resgatar seu passado,  de unir e integrar a nação , de  respeitar as comunidades indígenas e  de fortalecer a democracia.  

Hoje, em 2022, em flagrante  contraste com tudo isso, o Brasil sequestrou o Bicentenário e o usou para propaganda eleitoral. Uma festa patriótica virou mais um episódio   eleitoreiro . Nenhum presidente do Brasil no período da redemocratização transformou o 7 de setembro em palanque  eleitoral. Bolsonaro praticamente ignorou 200  anos de passado e o 7 de setembro do presente. Nenhuma palavra sobre como enfrentar os reais problemas do país  - desemprego , inflação,  fome de 33 milhoes de brasileiros , desempenho econômico . 

Em lugar de propostas para enfrentar os problemas do.presente e os desafios do futuro, o Presidente se concentrou em ofensas a adversário visto como inimigo, em manipulação politica da religiosidade do povo, em manifestações ridículas de machismo, em auto elogios vazios e em falsas  realizações .

 Conseguiu colocar multidões de seus fiéis seguidores nas ruas. Mas nao conseguiu comunicar qualquer mensagem que ajude a promover  crescimento econômico,   politicas sociais   sustentáveis e política externa que retire o país da condição de pária internacional. 

Nada construtivo foi mencionado.   Bolsonaro esqueceu o.passado de 200 anos, sequestrou a festa cívica do presente e omitiu o futuro. Diante de tantos absurdos, a sociedade deverá resgatar sua história e  afastar Bolsonaro para " o bem do povo e felicidade geral da nação".  A esperança vai vencer o ódio.


quarta-feira, 7 de setembro de 2022

O Brasil na conferência econômica de Londres de 1933 - Paulo Roberto de Almeida (Revista História Econômica e História de Empresas)

Paulo Roberto de Almeida:

O Brasil na conferência econômica de Londres de 1933: objetivos limitados, resultados pífios


  • Paulo Roberto AlmeidaMinistério das Relações Exteriores; Centro Universitário de Brasília (Uniceub)
História Econômica & História de Empresas, v. 24, n. 3, p. 593-624, 19 ago. 2021.
Resumo
Ensaio histórico, baseado em fontes primárias e literatura secundária, sobre a participação do Brasil na Conferência Econômica e Monetária Mundial, convocada pela Liga das Nações, e realizada em Londres, no verão de 1933. A conferência tinha poucas perspectivas de restabelecer o equilíbrio da economia mundial, seriamente abalado depois das crises de bolsa (1929) e financeira (1931) nos países avançados, uma vez que os principais atores, os Estados Unidos em primeiro lugar, revelaram pouca disposição em abandonar políticas nacionais para um acordo abrangente sobre comércio, finanças e câmbio, numa conjuntura em que todos eles havia abandonado a conversibilidade. O Brasil tinha objetivos limitados, vinculados ao comércio mundial de café e outras matérias primas, e ao financiamento de suas contas externas, sobretudo a dívida.
Relação de Originais n. 3956; Relação de Publicados n. 1432bis.

Brazil in the 1933 London economic conférence: limited objectives, negligible results


O terceiro centenário começa agora - Marcos Magalhães, sobre palestra de Ricupero na ABL

 Um belo texto de Marcos Magalhães sobre a palestra do embaixador Ricupero na ABL.

O terceiro centenário começa agora

Marcos Magalhães

Jornal Metrópoles, 6/09/2022

 

Pouca gente circulava nas ruas do centro do Rio de Janeiro no fim da tarde da última sexta-feira, como costuma acontecer desde a pandemia. Mas uma pequena multidão disputava as últimas cadeiras disponíveis em um auditório da Academia Brasileira de Letras para assistir a uma palestra do embaixador Rubens Ricupero.

Ex-ministro da Fazenda, do Meio Ambiente e da Amazônia na década de 90, ele foi escalado pela academia para falar sobre o “Brasil em um mundo de acelerada transformação”, dentro do ciclo de debates sobre o bicentenário do país.

Aos 85 anos, ele lançou duas perguntas à audiência. A primeira, mais histórica: o que se fez na diplomacia nos últimos 200 anos? A segunda, prospectiva: o que se pode fazer ao longo dos próximos 100 anos?

As duas perguntas indicam uma terceira, que deveria estar no centro dos debates quando o país chega aos dois séculos de independência: qual é o lugar do Brasil no mundo neste começo do século 21?

Para Ricupero, poucos países devem tanto à diplomacia como o Brasil, que hoje tem um território dois terços superior ao que teria inicialmente e que vive em paz há 152 anos com todos os seus vizinhos.

Coube ao Barão do Rio Branco no início do século 20, como recordou o embaixador, tecer a estratégia de política externa adotada como bússola por décadas à frente. A postura do Brasil, segundo o antigo chanceler, era a de um país “amante da paz, conciliador e avesso à loucura das hegemonias”.

O otimismo do Barão o levou, durante discurso em 1905, a prever que o Brasil estaria entre as maiores nações da América Latina que, a seu ver, alcançariam em 50 anos condições de se colocar, juntamente com os Estados Unidos, entre as mais poderosas do mundo.

Não chegamos nem perto disso. E, neste início de século, o Brasil bicentenário está diante de um mundo tomado por múltiplas crises. Depois da crise financeira de 2008, recordou o embaixador, ocorreram o “retorno com força” da extrema direita, a ameaça de uma nova guerra fria, desta vez entre Estados Unidos e China, e a invasão da Ucrânia.

Como se isso não bastasse, o mundo sofre com catástrofes naturais “com digital humana”, como a pandemia e o aquecimento global. Ameaças contra as quais de nada vale o poder militar e econômico e que exigem cooperação em tempo de renovadas rivalidades geopolíticas.

É diante desse cenário cheio de desafios que se coloca a segunda pergunta: o que fazer nos próximos 100 anos? Ou, em outras palavras, como o Brasil quer se colocar no mundo?

As reflexões bem que poderiam ter lugar de destaque nas campanhas eleitorais desse ano do bicentenário. Mas cedem espaço, em momento de radicalização política, à discussão de medidas econômicas de curto alcance e a novos episódios das guerras culturais.

O próprio 7 de setembro foi raptado pela disputa eleitoral. A data nacional passou a ser vista como o momento máximo de mobilização promovida pelo atual governo em busca de reeleição. Uma celebração partidária, longe de uma data a ser pacificamente celebrada por toda a nação.

Longe dos comícios, Ricupero ensaiou, em sua palestra na Academia Brasileira de Letras, possível resposta aos atuais desafios internacionais. Se não é possível atender às expectativas de 1905 do Barão do Rio Branco, observou, o país pode buscar um caminho alternativo.

“Outro estilo de ser potência é possível, que não militar ou econômica”, disse Ricupero. “Uma potência ambiental, de direitos humanos, de promoção de igualdade racial e social, solidária a fracos e a vulneráveis”.

Para sair em defesa desses valores, recordou o embaixador, será necessário que os coloquemos em prática aqui mesmo, até mesmo para que venhamos a conquistar a autoridade necessária a essa postura diante do resto do mundo.

Ou seja, a adoção de uma nova agenda interna – baseada na defesa do meio ambiente, na redução das desigualdades e do combate ao racismo e a outras discriminações – seria a base necessária para a construção de uma renovada agenda externa.

O protagonismo baseado no exemplo já ocorreu em passado recente. A partir de uma bem-sucedida política em defesa da Amazônia, o Brasil passou a ser visto pelo resto do mundo como parceiro necessário nos principais foros de debates sobre a questão ambiental.

A aceleração do desmatamento nos últimos três anos, acoplada à perplexidade na comunidade internacional diante da percepção de risco de uma possível ruptura institucional, retirou do país muito do protagonismo exercido nas últimas décadas.

Se o Brasil pretende reconquistar apoio e simpatia internacionais, precisará primeiramente mudar a sua agenda interna. E essa mudança só poderá ser promovida pelo governo a ser eleito em outubro.

O ano de 2023 será o primeiro ano do terceiro século do Brasil como país independente. Se o bicentenário pegou o país no contrapé, dividido e radicalizado, será sempre possível corrigir o rumo. A adoção de uma nova agenda social e ambiental, como defendeu Ricupero, pode bem ser o início desse novo momento da nossa história.

 

Marcos Magalhães. Jornalista especializado em temas globais, com mestrado em Relações Internacionais pela Universidade de Southampton (Inglaterra), apresentou na TV Senado o programa Cidadania Mundo. Iniciou a carreira em 1982, como repórter da revista Veja para a região amazônica. Em Brasília, a partir de 1985, trabalhou nas sucursais de Jornal do Brasil, IstoÉ, Gazeta Mercantil, Manchete e Estado de S. Paulo, antes de ingressar na Comunicação Social do Senado, onde permaneceu até o fim de 2018.

 


A revista Foreign Affairs comemora cem anos, 1922-2022

Eu li esse artigo doElihu Root, no primeiro número da Foreign Affairs, em 1922, que se pronunciava por uma diplomacia "popular", aberta e "transparente", ou seja, tudo o que os EUA não fizeram nas suas intervenções externas no entorno imediato do Caribe e da América Central e depois, no mundo todo, no auge do seu poderio, pós-IIGM.

Root esteve no Brasil, em 1906, para a conferência americana organizada por Rio Branco. Foi daí que nasceu a ilusão de uma aliança não escrita, à qual os EUA jamais subscreveram.

A Foreign Affairs é uma boa revista, mas costuma expressar os pontos de vista da plutocracia americana, que manda na política externa, e os artigos acadêmicos dos wisest and brightest da costa leste, que são tão imperialistas quanto os primeiros.

Paulo Roberto de Almeida

Foreign Affairs, centennial issue

One hundred years ago, former Secretary of State Elihu Root opened the first essay in the first issue of Foreign Affairs with what may have seemed, in September 1922, a striking claim: that the development of foreign policy could no longer be confined to foreign ministries. “Democracies determined to control their own destinies object to being led, without their knowledge, into situations where they have no choice,” Root wrote. But such determination had to be matched by an effort to spread “knowledge of the fundamental and essential facts and principles upon which the relations of nations depend.”

 

Since then, thousands of articles have appeared in these pages. Many have, for good and for ill, helped set the course of U.S. foreign policy and international relations—perhaps most famously, George Kennan’s “X” article, which laid out Washington’s Cold War strategy of containment. Others have challenged the thrust of policy or questioned assumptions about the world. All have taken up Root’s basic charge, seeking to drive a debate that, by design, spans practitioners, experts, and a much broader engaged readership (hundreds of times larger than it was in Root’s day), in the United States and around the world.

 

Foreign Affairs is now much more than the issues that arrive in mailboxes and appear on newsstands every two months. You can read new articles daily at ForeignAffairs.com. You can hear our contributors elaborate on their arguments in our podcast, the Foreign Affairs Interview, or in live events. You can discover gems from our archives in weekly newsletters. To all of these, we strive to bring the same ambition of argument, the same clarity of analysis, the same credibility of authorship borne of singular experience and expertise, the same eye to policy response—to what should be done, not just to admiring the problem.

 

With this issue, you’ll notice a redesigned look for the print magazine, meant to reflect our tradition and to convey the substance and shelf life of what each copy contains. It comes at a moment when international relations are as fraught and uncertain, and U.S. foreign policy as vexed and challenged, as at any point in recent memory, when the forces of the past intersect with new ones in uniquely perilous ways.

 

Many of the essays in this issue trace the enduring influence of history—through American power, through democracy and technology, through China and Russia, through race and its impact on the foreign policy establishment (including this magazine). Our book reviewers, similarly, look both backward and forward, each naming a few titles essential to understanding the past century and a few essential to anticipating the century ahead. These contributions do “not represent any consensus of beliefs,” in the words of founding editor Archibald Cary Coolidge; instead, they reflect his pledge to “tolerate wide differences of opinion . . . seriously held and convincingly expressed.” Foreign Affairs, Coolidge stressed, “does not accept responsibility for the views expressed in any article, signed or unsigned, which appear in its pages. What it does accept is the responsibility for giving them the chance to appear there.”

 

The central claim of the magazine’s first-ever essay—that a good foreign policy demands deep, open, and broad debate—may no longer seem as striking as it did in September 1922. Yet all we do is meant to fulfill that commitment, one as vital now as it was 100 years ago.

Notas pouco musicais sobre os centenários do Brasil - Paulo Roberto de Almeida

 Notas pouco musicais sobre os centenários do Brasil 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Uma pequena nota sobre um grande acontecimento.

 

 

O primeiro centenário da independência do Brasil, em 1922, foi marcado por uma exposição internacional no Rio de Janeiro e pela visita do então presidente português ao país; ela teve certo ar de grande comemoração, pois que, além daquela exposição foram publicados alguns livros e realizados certos eventos com características claramente culturais e educativos, voltados para a enaltação da herança portuguesa e por uma sensação de modernidade a ser alcançada nos quadros de um país que se reencontrava consigo mesmo. 

O segundo centenário, em 2022, também foi marcado pela visita do chefe de Estado de Portugal, entre alguns poucos outros, mas não teve nenhuma exposição internacional celebratória, que foi substituída por desfiles militares com toques de palanques eleitoreiros que sequestraram a data em favor do dirigente de plantão. Esta é parte oficial de uma data que deveria ser apenas cívica-militar, e que se transformou em comício eleitoral.

Muitos outros eventos estão sendo feitos em todos os cantos do país, por iniciativas de várias entidades da sociedade civil, assim como por dezenas de grupos mais ou menos vinculados aos estudos da história do Brasil, com livros e seminários enriquecendo o conhecimento do nosso passado, em especial o momento da Independência, ou separação de Portugal. Esse tipo de comemoração evocativa da história do país continuará a ser feito pelo resto do ano por diversas entidades civis que buscam resgatar a data em favor de uma legítima manifestação patriótica, não política, como infelizmente está sendo em 2022.

O que se teve por parte do governo que tomou posse em janeiro de 2019, e durante todo o resto do mandato, foi uma sucessão de palanques políticos em todas as oportunidades dos últimos três anos e oito meses, com uso do dinheiro público para finalidades pessoais. A nação, que estava dividida em 1822, entre os que pregavam a continuidade da união com Portugal e os que preferiam a secessão imediata, está ainda mais dividida do que nunca esteve antes em qualquer data comemorativa nacional. 

A promessa do bicentenário de setembro de 2022, sequestrado por um candidato às eleições de outubro, e que lamentavelmente é o chefe de Estado e comandante das Forças Armadas, é a de que a nação continuará dividida, bem mais do que em 1822, ou em 1922, quando revoltas militares e Estado de sítio foram uma constante ao longo do ano e durante todo o mandado de um presidente que foi provavelmente eleito pela fraude deliberadamente construída, como era o hábito na primeira República. O que se espera de uma data magna, como o dia da Independência, é justamente a celebração da unidade nacional, e não a luta entre “bem e o mal”, como novamente reafirmado nesta ocasião.

No intervalo entre o primeiro e o segundo centenário, a ditadura militar promoveu uma celebração pelo sesquicentenário da independência, em clima de grande exaltação pelo vigoroso crescimento econômico registrado até aquela conjuntura (a crise se instalou em 1974, mas foi contornada durante alguns anos pelo “pau na máquina” do governo militar), tendo tido a brilhante ideia – ironia intended – de trazer os ossos do primeiro imperador para passear por todo o Brasil. A sociedade civil, inclusive o Conselho Nacional de Educação, promoveu muitas publicações alusivas aos 150 anos da independência, e foi o que de mais relevante ficou dessa data ensombrecida pela terrível repressão que se abateu sobre a oposição política depois do AI-5 de 1968, com assassinatos, torturas e desaparecimentos.

De minha parte, tendo tido meus principais professores do curso de Ciências Sociais da USP cassados logo no primeiro semestre de 1969, escolhi sair do país um ano depois, interrompendo meus estudos no segundo ano, e retomando os estudos, de graduação, mestrado e doutoramento nos próximos sete anos passados no exílio europeu. Quando voltei, ainda no regime militar, ingressei quase de imediato na carreira diplomática, sem que minhas atividades contrárias à ditadura tenham sido detectadas pelos espiões do regime no exterior, sob a forma de muitos artigos escritos sob pseudônimo. Mas não escapei à vigilância dos agentes do Serviço Nacional de Informações da capital federal desde que desembarquei em Brasília: descobri, muitos anos depois, nos registros do SNI depositados no Arquivo Nacional de Brasília, que eu tinha sido fichado em 1978, como “diplomata subversivo”, por atividades no quadro das manifestações em favor da anistia e da redemocratização do país. Nessa época e até o final do regime, eu usei “nomes de guerra”. Foram uma constante em várias épocas.

No sesquicentenário de 1972, eu estava, portanto, fora do país, trabalhando de forma ativa em prol do Tribunal Russell, que, depois de condenar os Estados Unidos pela guerra do Vietnã, se preparava para condenar a ditadura militar do Brasil. Fomos “atropelados” pelo golpe sangrento de Pinochet contra o governo de Allende, no Chile, e os eventos de 1973, na Europa, foram bem mais voltados para o Chile, do que para o Brasil. De fato, o golpe militar chileno, assim como a ditadura argentina a partir de 1976, foram muito mais sanguinárias do que a ditadura brasileira, que acumulou ainda assim um saldo horrífico de exações.

Por ocasião deste bicentenário, em 2022, encontro-me em Brasília, continuando a fazer o que sempre fiz em toda a minha vida: ler, refletir, escrever, eventualmente divulgar minhas reflexões pelos canais ao meu alcance, ao lado de atividades mais profissionais nas últimas décadas, a diplomacia profissional e as lides acadêmicas em paralelo. Meu foco preferencial, até por obrigação profissional, ficou concentrado em relações internacionais, na política externa do Brasil e na história de sua diplomacia, com muitos livros acumulados nesses temas. É um pouco isso que continuarei fazendo, nos próximos anos, enquanto minhas forças e o estado de minha mente ajudarem nesse tipo de ocupação intelectual. 

Bom bicentenário a todos!

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4232: 7 setembro 2022, 2 p.


terça-feira, 6 de setembro de 2022

O Brasil na ONU: quatro anos impossíveis de serem acomodados na nossa trajetória exemplar de diplomacia multilateral

O Embaixador Seixas Corrêa, ex-SG e severo censor das liberdades diplomáticas enquanto teve poder – ficou deprimido com a gestão do seu genro durante a primeira fase da da diplomacia lunática do bolsolavismo, entre 2019 e março de 2021 – compôs três edições da magnífica obra "O Brasil nas Nações Unidas", compilando todos os discursos de representantes do Brasil na abertura do debate geral da Assembleia das Nações Unidas, todo ano em setembro, geralmente feitos pelos chanceleres, algumas vezes por presidentes, sobretudo depois da redemocratização, outras vezes por delegados especiais. 

A última (3a.) edição foi feita ao início da gestão da desastrada Dona Dilma, e aí parou. Poderia ter recolhido ainda os posteriores a 2011 e mesmo os três do Temer, entre 2016 e 2018. Mas cabe parar por aí. Uma nova edição JAMAIS poderia contemplar as declarações destrambelhadas e histriônicas do lunático que ocupa o poder, pois que seus discursos NÃO TÊM NADA A VER com o espírito e a letra dos 72 discursos anteriores, dado o caráter absolutamente surrealista da retórica maluca do capitão, falando mais de política interna do que externa, e, como sempre, mentindo desbragadamente (sobretudo na parte ambiental e social). Enfim, este é último ano do besteirol.

Eu já disse que precisaria colocar um parêntese nos quatro anos de diplomacia alucinada e alucinante destes quatro anos, encerrar todas as bobagens numa arca blindada e jogar no fundo do mar envolta em concreto. E esquecer a vergonha.

Paulo Roberto de Almeida


Bolsonaro decide ir à Assembleia da ONU às vésperas do primeiro turno

Presidente vai a Nova York (EUA) entre os dias 19 e 20 de setembro. Primeira fase das eleições ocorre em 2 de outubro

Flávia Said
Metrópoles, 06/09/2022

O presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), decidiu viajar aos Estados Unidos, no fim de setembro, para a abertura da 77ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Tradicionalmente, cabe ao presidente do Brasil abrir a lista de oradores da conferência, que reúne mais de 100 líderes na sede da organização, em Nova York.

Segundo o Itamaraty, Bolsonaro estará no país entre 19 e 20 de setembro de 2022. A Assembleia ocorre de 19 a 26 de setembro. O primeiro turno das eleições gerais brasileiras ocorre em 2 de outubro. Já o segundo turno, se houver, está marcado para 30 de outubro.

Em abril de 2016, em meio a processo de impeachment, a então presidente Dilma Rousseff (PT) discursou na tribuna da ONU. Na época, a Câmara dos Deputados já havia autorizado a instauração de processo de impeachment, por 367 votos a favor e 137 contra. No discurso perante os chefes de Estado mundiais, Dilma disse que o Brasil vivia um “grave momento”, com uma sociedade que construiu uma “pujante democracia” e que o povo saberia “impedir quaisquer retrocessos”.

Esta será a quarta vez que Bolsonaro participará do evento das Nações Unidas. Em 2019, o presidente afirmou aos demais chefes de Estado que o Brasil tinha “compromisso solene” com a preservação ambiental e defendeu a soberania na Amazônia.

Em 2020, o mandatário brasileiro participou da assembleia de forma remota, em razão da pandemia de coronavírus. Na ocasião, o titular do Planalto disse que o Brasil era “vítima” de campanha “brutal” de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal.

Em 2021, afirmou que o Brasil estava “à beira do socialismo”. E frisou que o país não é a favor da exigência de comprovação de vacinação contra a Covid-19.

https://www.metropoles.com/brasil/eleicoes-2022/bolsonaro-decide-ir-a-assembleia-da-onu-as-vesperas-do-primeiro-turno


segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Diplomacia brasileira faz 200 anos e busca se reinventar - Thiago Bethônico (FSP)

 


 

Diplomacia brasileira faz 200 anos e busca se reinventar

Sob Bolsonaro, Itamaraty tem desafio de romper com isolamento externo

 

Thiago Bethônico

Folha de S. Paulo, 4.set.2022 às 23h15

 

SÃO PAULO

Quando se emancipou de Portugal, o Brasil teve de conquistar o reconhecimento da comunidade internacional sobre sua soberania. É por isso que a Independência, cujo bicentenário é celebrado nesta quarta (7), também marca o nascimento da diplomacia brasileira, que chega aos 200 anos com o desafio de romper com o isolamento do país e a imagem de pária adquirida durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).

 

A independência inaugura uma diplomacia nacional propriamente dita, que começa sob a batuta de José Bonifácio (1763-1838). Considerado um dos principais conselheiros de dom Pedro 1º, ele se torna o primeiro chanceler do Brasil —embora não fosse esse o título oficial.

 

"No começo, o Brasil tinha algo como quatro funcionários e mais dois mensageiros a cavalo. Essa era toda a diplomacia na época de José Bonifácio", diz Rubens Ricupero, embaixador e ex-ministro do Meio Ambiente e da Fazenda.

 

O objetivo de Bonifácio era o Brasil ser reconhecido sem fazer nenhuma concessão à Inglaterra, principal potência da época. A atitude soberana não consegue prosperar. Em 1823, o chanceler é derrubado do cargo, preso e exilado com a dissolução da Assembleia Constituinte por dom Pedro. O próprio imperador assume as relações exteriores do Brasil —e com uma postura completamente oposta.

 

No afã de obter rápido reconhecimento, e também interessado em assegurar direitos ao trono de Portugal, dom Pedro 1º se dobra à Inglaterra e aceita um tratado cheio de concessões. O Brasil se compromete a assumir metade da dívida externa portuguesa, sendo que boa parte dela havia sido contraída exatamente para combater a independência brasileira. Daí vem a ideia de que o país teria comprado sua emancipação.

 

Curiosamente, as duas estratégias de inserção internacional que dominaram o primeiro momento do Brasil independente —a posição soberana pretendida por Bonifácio e o alinhamento a uma grande potência adotado pelo imperador— marcam os padrões que a diplomacia seguiu ao longo de seus 200 anos.

 

Do fim do século 19 até os anos 1930, a política externase moldou de acordo com desdobramentos do imperialismo europeu. É nesse contexto que a atuação do Barão de Rio Branco (1845-1912) para consolidar as fronteiras nacionais ganha destaque. Considerado o patrono da diplomacia brasileira, ocupou o cargo de ministro das Relações Exteriores de 1902 a 1912, e adotou uma postura de aproximação com os Estados Unidos.

 

A proximidade com Washington promovida por Rio Branco se tornará um paradigma da política externa brasileira por um bom tempo. No governo Dutra (1946-1951), a postura foi tão marcante que ganhou o título depreciativo de alinhamento automático.

 

O retorno a uma estratégia de inserção internacional autônoma só ocorre com Jânio Quadros e João Goulart (1961-1964), que promovem uma política dita não subordinada aos norte-americanos. Mas a postura independente acaba com o golpe militar. O governo de Castelo Branco, o primeiro da ditadura, representa uma aposta quase total nos EUA.

 

Segundo Ricupero, 1964 foi a primeira vez que uma questão de política externa se torna uma causa importante de golpe de Estado no Brasil. "Todos os outros golpes tinham sido por questões internas.

 

Dessa vez a política independente que era vista pela direita como pró-Cuba foi um elemento poderoso", afirma.

 

É a partir do governo Geisel (1974-1979) que ocorre um afastamento em relação aos EUA, e uma política externa mais independente volta à superfície. Até o fim da ditadura, apesar das diferentes estratégias, houve uma certa compatibilidade de valores, baseados em autonomia e participação maior no mundo, sem visão ideológica. A lógica muda com o governo Bolsonaro.

 

Para o historiador Rodrigo Goyena Soares, o Brasil vive o seu pior momento nas relações externas desde José Bonifácio. Além de romper com uma tradição secular do multilateralismo, a diplomacia bolsonarista, ele afirma, opta por um alinhamento motivado por razões particulares e ideológicas.

 

O historiador Thiago Krause concorda e diz que é possível notar ecos da postura de dom Pedro 1º em Bolsonaro, como os impulsos autoritários e a preocupação excessiva com a questão familiar.

 

"Poderíamos pegar momentos mais brutais da política externa, como o apoio à ditadura do Pinochet, a Operação Condor, ou o fim da Guerra do Paraguai, mas em termos de estatuto do Brasil no mundo, acho muito difícil pensar num momento em que o país seja mais pária do que agora."

 

Ricupero concorda. "O período de Ernesto Araújo é o pior do pior. É quando o Brasil destrói todo o patrimônio de soft power que havia acumulado", afirma.

 

Na visão de Krause, os principais desafios da política externa brasileira hoje incluem a construção de uma política ambiental crível para reposicionar o Brasil na discussão climática e a reconstrução dos laços com a América Latina e com o Sul Global.

 

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/09/diplomacia-brasileira-faz-200-anos-e-busca-se-reinventar.shtml

Bicentenário da Independência: os fundadores do Estado - Paulo Roberto de Almeida (evento do IAB Nacional)

 Bicentenário da Independência: os fundadores do Estado  


Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Notas para palestra em seminário do IAB sobre o Bicentenário, 5/09/2022, 10:30hs. Transmissão via Canal YouTube/IABNacional: www.youtube.com/user/tviab  

 

Falar sobre os fundadores do Estado brasileiro, 200 anos atrás, significa distinguir, de um lado, aqueles que colocaram os alicerces fundamentais da nova nação independente na América do Sul portuguesa, em 1822, e, de outro lado, aqueles que, a partir de 1824, com a Constituição outorgada – depois da iniciativa frustrada da Assembleia Constituinte –, passaram a construir todas as demais instituições do Estado, desde a formação da Assembleia Geral e do Senado, a criação da Suprema Corte, processo que se estendeu bem além do primeiro Reinado e das próprias Regências, tocando em muitas outras agências públicas, na segurança e defesa, na justiça (com os códigos de processo), na administração do orçamento e em diversos outros terrenos.

A construção do Estado propriamente dito é feita na sequência daquele momento inicial, quando se constituem gabinetes essencialmente brasileiros, voltados para as questões nacionais – não as de Portugal, como sob Pedro I – e se definem as linhas das políticas doméstica e externa, durante as Regências e ao início do segundo Reinado, depois do golpe da maioridade de 1840, uma iniciativa dos Liberais, depois recuperada pelos conservadores ou regressistas. O Regresso, ou Partido Saquarema, é o verdadeiro construtor do Estado brasileiro, com homens como Bernardo Pereira de Vasconcelos, Honório Hermeto Carneiro Leão, Rodrigues Torres, Paulino Soares de Souza e vários outros; foram eles que realmente colocaram de pé uma configuração política e de segurança pública, que deu cabo das revoltas provinciais das regências e da primeira fase do reinado de Pedro II, assim como souberam encontrar uma solução ao primeiro grande conflito externa, a disputa com a Grã-Bretanha em torno da questão do tráfico escravo. Esta é, no entanto, a segunda geração dos construtores do Estado, a que se desempenha no final do período regencial e nos anos 1840-50.

Minha intenção seria falar da primeira geração, aquela que levou o então Reino Unido, quase reduzida a uma nova condição de colônia pelas Cortes de Lisboa, à sua separação de Portugal, decretando a independência política e obtendo o reconhecimento internacional do Império do Brasil. Quanto a seus componentes, cabe mencionar, antes de todos os homens, a princesa Leopoldina, que verdadeiramente tomou a decisão de romper com Portugal, apoiada por estadistas da qualidade de José Bonifácio de Andrada e Silva. Antes mesmo dos estadistas de 1822, três intelectuais e formadores de opinião, já tinham pensado o Brasil como nação e como Estado. Eles são José da Silva Lisboa, Hipólito da Costa e José Bonifácio, que por acaso figuram em primeiro lugar na lista de duas dezenas de estadistas que integram meu livro, recentemente publicado, sobre os Construtores da Nação, os que formularam projetos para o Brasil, muito poucos implementados de fato.

José da Silva Lisboa, o Adam Smith brasileiro, é o mais velho dos três, o primeiro economista de fato – não esquecendo o bispo Azeredo Coutinho, fundador do seminário de Olinda – o intelectual baiano, súdito fiel dos Braganças, quem primeiro escreveu sobre a economia e a política econômica que o Brasil deveria ter, desde o Vice-Reino, com seu livro Princípios de Economia Política, de 1804. Com a chegada da corte ao Rio de Janeiro, ele passa a discutir a política comercial e industrial que o Brasil deveria seguir, como sede do grande império português; ele o faz com seus livros sobre o comércio franco do Brasil, de 1808, e um outro, sobre a franqueza da indústria, de 1810. Silva Lisboa só se tornou barão, depois visconde de Cairu no primeiro Reinado, quando foi contemplado pelo imperador com esses títulos de nobreza e com o cargo de senador do Império. 

Mas, sua obra básica para a construção da nação foi escrita ainda antes da Revolução do Porto e da Independência: ela foi os Estudos sobre o Bem Comum, de 1819, onde estão reunidos os fundamentos sobre os quais deveria se apoiar uma sólida política econômica para o fortalecimento da nação brasileira, prevendo inclusive a rejeição do tráfico e a abolição da escravidão, assim como o aproveitamento das vantagens comparativas do imenso território e a formação do seu capital humano. Silva Lisboa, como economista e liberal político, foi não só o Adam Smith brasileiro, mas também o seu David Ricardo, o Frédéric Bastiat, o Jean-Baptiste Say, o James Mill e talvez até o John Stuart Mill, menos talvez pelos seus impactos efetivos sobre o novo Estado do que pelos seus escritos duradouros, ainda válidos.

Em segundo lugar eu colocaria Hipólito da Costa, quem, recém egresso de Coimbra, recebeu do ministro português Rodrigo de Souza Coutinho a missão de descrever o que havia de novo, e de útil para Portugal e para o Brasil, na jovem República americana, o que ele fez em sua estada de investigação econômica de 1798-1799. Dessa missão resultou o seu relato de viagem à Filadélfia, que só viemos a conhecer em 1955, graças a Alceu Amoroso Lima, que recuperou o manuscrito na Biblioteca de Évora e o fez publicar pela Academia de Letras. Hipólito retornou maçom dessa viagem e, como tal, foi detido pela polícia política do absolutismo português e entregue à Inquisição. Ele relatou, na Narrativa da Perseguição (que publicou em Londres em 1810), os interrogatórios a que foi submetido entre 1802 e 1805, quando se evade do cárcere e se refugia em Londres. Na capital britânica, com o apoio do príncipe de Gales, maçom igualmente, ao Correio Braziliense, que ele publica ininterruptamente de 1808, desde o momento da instalação da corte no Rio de Janeiro, até 1822, já tendo aderido ao princípio da separação dos dois reinos. Pela densidade substantiva do seu “armazém literário”, cobrindo praticamente todos os aspectos do mundo europeu e americano que poderiam interessar à construção de sua nação de origem, ele merece legitimamente que se o chame de primeiro estadista do Brasil.

Finalmente, temos José Bonifácio, que retorna ao Brasil em 1819, depois de três décadas de estudos por diversos países europeus (inclusive a França revolucionária do final do século XVIII) e de engajamento na resistência portuguesa contra a invasão napoleônica. Foi ele quem redigiu as instruções aos delegados de São Paulo às Cortes de Lisboa, já defendendo o formato de Estado que ele pretendia favorecer, a manutenção da união política entre Portugal e o Brasil, junto, aliás, com Silva Lisboa e o próprio Hipólito. Para os três, o Brasil deveria ser a sede de um importante império luso-brasileiro, junto com as demais colônias, que poderia figurar lado a lado com outros importantes impérios em formação.

Os principais projetos de Bonifácio para a construção da nação brasileira, assim como para Hipólito, eram a abolição imediata do tráfico escravo, a eliminação gradual do regime servil, pari passu à importação de agricultores europeus, para fazer do Brasil a grande economia que já figurava nas previsões de Silva Lisboa. Mas ele também tinha o projeto, algo utópico, de “civilizar os índios”, ademais da firme intenção de fundar universidades, mudar a capital para o interior e muito mais. Ainda antes da independência, no manifesto às nações amigas de agosto de 1822, ele se pronunciava pelo liberalismo comercial, mas também pelo respeito mútuo e plena reciprocidade no trato internacional e pela facilidade de ingresso no país de sábios, artistas e empresários. 

O trio de fundadores da nação brasileira, Silva Lisboa, Hipólito e Bonifácio, tinham peculiaridades próprias nas ideias e propostas formuladas por cada um deles, como grandes intelectuais iluministas que eram, mas concordavam no essencial: preservar, acima de tudo, a unidade nacional, instituir um regime político liberal, abrir a economia, eliminar o tráfico e a escravidão, importar capital humano e ganhar o respeito da comunidade internacional. Conseguiram algumas coisas dos seus grandes objetivos, mas se estivessem conosco nos 200 anos da independência, saberiam indicar as grandes carências remanescentes: a desigualdade renitente, os desequilíbrios sociais e regionais persistentes, o edifício político ainda pendente da eliminação do patrimonialismo e dos privilégios inaceitáveis. Estiveram entre os primeiros construtores da nação, mas seus projetos para o Brasil ainda não foram completados. 


Brasília, 4228: 4 setembro 2022, 3 p.

Bicentenário da Independência: A Construção da Nação e o seu futuro - Canal YouTube do IAB, 5/09/2022, 10:00hs

Nesta manhã, 5/09/2022, o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), promove mais um evento da série Bicentenário da Independência, desta vez sobre A Construção da Nação e o seu futuro

O Evento será transmitido pelo Canal YouTube/IABNacional.

Clique no link abaixo para assistir ao webinar: 

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