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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

1444) Os apoiadores das santas causas: fundamentalistas de um novo tipo

Eu pretendia voltar a comentar o manifesto em favor do MST, objeto de meu post 1442, abaixo, apenas deixando de fazê-lo por absoluta falta de tempo (essas coisas, trabalhos no pipeline, preparação de aulas, obrigações familiares de fim-de-semana, etc.).
Ainda não consegui, mas prometo voltar. Enquanto não o faço, transcrevo aqui, novamente, um post do blog do Reinaldo Azevedo sobre os apoiadores do tal de "manifesto".
Eu não teria escrito essas coisas, por questão de estilo e preferências, nem tenho esses repentes adjetivos do mais famoso bloguista do Brasil, mas algumas coisas como ele disse eu poderia ter dito, daí a decisão de transcrever, posto que a intenção seria quase a mesma.
Mas, eu não gosto de me deter em personalidades, posto que elas são o que são, e sim em ideias, se é que se pode dar esse nome ao amontoado de barbaridades que se acumulam como lixo na lixeira nesse manifesto.
Se não acreditam, vejam no post 1442, e depois me cobrem um comentário (ou vários) sobre a debilidade mental concentrada ali exposta em todas as letras.
Por enquanto fiquem com isto:

O MANIFESTO DAS BESTAS CÚBICAS
Reinaldo Azevedo | VEJA.com 26/10/2009

Todos sabemos o que é uma besta quadrada, não? Não tenho certeza nem pesquisei, mas creio que a expressão seja uma derivação de “besta elevada ao quadrado”. Seria, assim, uma besta multiplicada por si mesma, incapaz de sair de seu próprio mundo de ignorância e irrelevância, dona daquela burrice que mais apela à nossa piedade do que à nossa fúria. Quem não conhece uma “besta quadrada”? É, confesso, um dos meus xingamentos prediletos se quero dizer que o sujeito é uma… besta quadrada!

Mas “besta quadrada” é o homem comum, aquele sem o apuro acadêmico, que não ambiciona a profundidade, que não pretende se fazer reconhecer por seus dotes de pensamento, que se satisfaz só com o eventual domínio de seu quintal. Há um outro tipo de besta, que vou batizar aqui: é a BESTA CÚBICA. A besta cúbica pretende ter profundidade, densidade, volume. Ambiciona ter uma visão tridimensional do mundo e se quer realmente apta a ensinar e a transmitir o seu legado moral. Boa parte dos nossos ditos “intelectuais” está nessa categoria. São as bestas diplomadas — algumas delas não chegam a ter diploma, mas gozam do prestígio de celebridades de esquerda.

Pois bem… Uma tropa de bestas cúbicas assinou, como noticiei aqui, um “Manifesto” contra a CPI do MST. Não é a primeira vez que isso acontece. Na tentativa anterior de instalar a comissão, também houve um protesto organizado — aquele que contou até com a anuência da sambista Beth Carvalho. Desta vez, Beth não está, mas Emir Sader, por exemplo, sim. Isso só quer dizer que a tese do documento continua imoral, mas o samba conseguiu piorar.

O Brasil tem PCC, Comando Vermelho e Amigos dos Amigos entre as organizações mais famosas. Já pode fundar o Primeiro Comando dos Intelectuais. A universidade brasileira, com as exceções de praxe, é um verdadeiro Complexo do Alemão da ideologia. Isto: fazendo um trocadilho para quem é do ramo: essa gente já pode escrever a sua própria versão de “A Ideologia Alemã”. “A Ideologia Alemã”, na versão brasileira, explica por que a polícia não pode subir no Complexo do Alemão e por que, vejam só, o Congresso está proibido de investigar a destinação do dinheiro público que é repassado ao MST.

Assinam a lista alguns “suspeitos de sempre”, como diria Louis, o policial de Casablanca que conhecia bem os vagabundos da cidade — ele próprio, diga-se, não era flor que se cheirasse. Manifesto de esquerda que não conte com a assinatura de Antonio Candido, por exemplo, não tem validade, não é? Ele endossará o que aparecer. Sader, de quem já falei, idem. Paulo Arantes, que já sonhou ter seu próprio morro intelectual nos tempos em que FHC era presidente, desistiu e resolveu aderir à tradição do Complexo do Alemão. Chico de Oliveira continua a delirar com o socialismo, agora no PSOL, cuidando de uma “comunidade” do lado de lá da ponte… Mas se é para tentar impedir que o Congresso exerça uma PRERROGATIVA CONSTITUCIONAL, eles todos se juntam. Eles todos se colocam numa trincheira no Complexo do Alemão mental e se armam de imposturas até os dentes.

Alguns “intelectuais” de outros países também assinam o manifesto, como o inimputável Eduardo Galeano, autor da obra mais cretina escrita no século passado: “As Veias Abertas da América Latina”. Mas até aí, vá lá. Comovido mesmo eu fiquei quando vi a assinatura da cubana Isabel Monal, tida como uma — segurem-se na cadeira — “renovadora do marxismo”. Alguém que se propõe a renovar o marxismo em Cuba mereceria o hospício não fosse uma vigarista.

Esta senhora nada mais é do que parte do apparatchik castrista, apoiadora e apologista de uma das ditaduras mais assassinas da história. Isabel Monal — e, por conseqüência, todos aqueles que assinam com ela o manifesto — apóia um regime que impede uma blogueira de deixar o país, a exemplo do que acontece com Yoani Sanchez, mas quer impedir um dos Poderes da República, numa democracia, de exercer a sua prerrogativa.

Não que o manifesto não fale por si mesmo, trazendo entre os signatários o humorista Luis Fernando Verissimo. Este rapaz se autodefiniu numa palestra que conferiu na Festa Literária Internacional de Paraty, em 2005 — eu já o tinha bem definido muito antes, mas ali ele se entregou. Havia acabado de estourar o escândalo dos dólares na cueca. Indagado pelo público sobre seu apoio ao PT, Verissimo disse que se sentia muito mal — claro, claro —, mas se declarou impossibilitado de atacar o partido que tanto defendera. Então, disse, a sua decisão era não mais escrever sobre política em suas colunas. É ou não é um humorista?

Ah, sim: há gente por ali anônima até entre seus pares, cuja produção é desconhecida até no Complexo do Alemão Acadêmico. É que, desta feita, não quiseram sambistas entre os signatários. Talvez seja por isso que o Chico Buarque ainda não assinou. Também notei a falta da Tati Quebra-Barraco da filosofia: Marilena Chaui. Mas ela ainda assina. E, dada a sua virada ideológica, manifesto de intelectuais de esquerda sem Gabriel Chalita não vale.

O tal manifesto traz uma mentira após outra, mas seu trecho mais significativo é certamente este:
Uma informação essencial, no entanto, foi omitida: a de que a titularidade das terras da empresa é contestada pelo Incra e pela Justiça. Trata-se de uma grande área chamada Núcleo Monções, que possui cerca de 30 mil hectares. Desses 30 mil hectares, 10 mil são terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas e 15 mil são terras improdutivas. Ao mesmo tempo, não há nenhuma prova de que a suposta destruição de máquinas e equipamentos tenha sido obra dos sem-terra.

O stalinismo é assim: mentiroso, vigarista, delinqüente. A informação não foi omitida coisa nenhuma. Ao contrário: deu-se grande destaque à questão judicial. A titularidade é contestada pelo Incra NA Justiça -não “pela Justiça”. O que dizer de um grupo de ditos intelectuais que nega o que todos viram? O MST depredou a fazenda. É questão de fato, não de gosto.

Chamem FB, refugiado lá no outro Complexo do Alemão, para assinar o manifesto. Ele é bandido do tipo assumido e, ao menos, corre riscos.

6 comentários:

Anônimo disse...

A imbecilidade de "Veja" atinge o paroxismo. No ordinário panfleto semanal o "jornalista", agora sem diploma, não conseguiu, nas muitas palavras que escreveu, elucidar as mentiras a que alude no texto. Ladrou o que pode e o máximo que conseguiu foi apelar para os "xingamentos" a personalidades respeitadas . Aliás o próprio gajo parece ter em seu arsenal verborrágico seus "xingamentos prediletos". Sem falar no entendimento de que densidade está de alguma forma relacionada a espaço, mas, dane-se a física! Afinal o referido Bozó trabalha na Globo. Já o nosso divertido blogueiro "inteliquitual" parece disposto a assumir seu merecido posto no pasquim global. Certamente mentes assim lá serão bem recebidas.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Interessante que só comentaristas anônimos se manifestam de forma raivosa. Em lugar de agregar um comentário minimamente inteligente, discutindo fatos, ou até versões, eles preferem rosnar, ao não concordar com determinadas matérias.
Assim fazendo, esses anônimos da desinteligência, só conseguem provar uma coisa, aliás duas:
1) Não conseguem conviver com a liberdade de expressão e são incapazes de formular idéias concatenadas, preferindo ofender, xingar, rosnar, como cães raivosos, incômodos, mas finalmente estúpidos, posto que incapazes de convencer pela persuasão ou pela razão, posto que não têm nenhuma;
2) São incapazes de se manifestar de forma democrática e transparente, daí o recurso ao anonimato, que é uma forma tipicamente covarde, envergonhada, idiota, de se expressar.

Como eu não tenho problemas com idiotas desse tipo, pois eles só causam mal à sua própria causa, eu acabo publicando as bobagens aqui postadas, num espírito de tolerância com quem nao exibe nenhuma.

Anônimos são basicamente uns covardes da expressão, e uns incompetentes na argumentação...

Paulo Roberto de Almeida
26.10.2009

Anônimo disse...

Ora caro blogueiro "inteliquitual"! Antes de partir para seus costumeiros faniquitos nervosos, já típicos neste espaço, saiba que és tão anônimo para mim quanto o sou para você! Por outro lado, covarde é aquele que se traveste de defensor público, (talvez por causa do bom salário) ou o que o valha, e assume postura diametralmente oposta. Estes sim, covardes descompromissados, perdidos em seu próprio discurso rançoso de quem ainda crê em mundos redentores neolibs. Ora, querer minimizar e criminalizar um movimento de pessoas que só querem a terra?? lançar um discurso espumante de raiva contra pessoas que querem e lutam por seu espaço?? taxá-los como criminosos??? E sob qual argumentação mesmo?? Qual referência?? Mas claro, os "covardes da expressão, e uns incompetentes na argumentação..." serão sempre os outros...sei!!!

Paulo Roberto de Almeida disse...

Anônimo fundamentalista,
Tenho de zelar pela qualidade deste blog.
Não vou censurar suas ofensas patéticas, pois elas só depoem contra esse anônimo fundamentalista.
Vou apenas publicar comentários substantivos, que contenham começo, meio e fim, e que se atenham ao espirito e à letra do post neste blog.
Só estou avisando, pode publicar como covarde anônimo, mas apenas de forma pertinente ao tema em discussao.
Ofensas gratuitas pode fazer entre seus colegas de ignorância...
Paulo Roberto de Almeida

Paulo Henrique disse...

"Ora, querer minimizar e criminalizar um movimento de pessoas que só querem a terra??"

Partindo deste princípio, acho que o maior idiota é o brasileiro honesto, que estuda, trabalha e paga o seu imposto (muito mal utilizado, por sinal) pra adquirir sua propriedade de forma legítima.
Não vou nem perder o meu precioso tempo comentando os argumentos do colega.

Anônimo disse...

É verdade, nosso candidato a Bozó prefere utilizar seu ?precioso? tempo em diatribes contra a legitimidade do direito a luta pela terra!
Segundo seu "profícuo" entendimento
"maior idiota é o brasileiro honesto, que estuda, trabalha e paga o seu imposto...pra adquirir sua propriedade de forma legítima". Bem, evidentemente pode se pensar na superfície e argumentar dessa forma, por outro, para os que vivem no mundo real a situação se desenha de um modo um pouco diferente. Certamente não estamos nos referindo a legitimidade do direito a terra às pessoas honestas, dignas, trabalhadoras. Nesse sentido pode-se pensar (aliás o óbvio), que movimentos sociais, em particular o MST, estão mais interessados na substituição de um modelo onde a concentração de terra é brutal por um menos desigual, onde cada produtor rural tenha o seu direito assegurado a uma porção de terra de onde poderá retirar seu sustento. Pregam ainda uma revisão das políticas agrícolas, que ao que parece estão mais interessadas no "agronegócio" e suas mazelas (monocultura, agrotóxicos, latifúndio,...) do que no bem estar e garantia de alimento ao povo brasileiro.
Aliás, o último censo agropecuário publicado pelo IBGE constatou que é justamente a agricultura familiar (que ocupa apenas 25% em área do total de imóveis cadastrados), quem responde pela maior parte das lavouras de mandioca, feijão e milho, sem falar na expressiva capacidade de produção de frangos, e carnes suína e bovina.
Neste contexto fica claro o porquê da caterva ruralista se utilizar de mecanismos torpes para desqualificar a legitimidade de movimentos sociais dessa natureza.
Claro, com que finalidade iríamos discutir propostas como limitação de áreas rurais, índices de produtividade, concentração de terras, concentração de renda, enfim...não devemos nos preocupar com isso...o livre mercado se encarregará de resolver tudo (e quando não resolver tb não será problema...pagaremos a conta)!!!