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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

1425) Criacao de um Instituto de Estudos Brasileiros na Universidade do Illinois em Urbana

Grande notícia esta, que eu já conhecia, diga-se de passagem, tanto porque efetuei uma estada acadêmica em Urbana, em abril de 2009, em companhia do Professor Werner Baer, que será homenageado no X Congresso da Brazilian Studies Association, a realizar-se em Brasília em julho de 2010 (vejam o site da Brasa: www.brasa.org). Na ocasião, o Professor Joseph Love, o primeiro diretor do Instituto, encontrava-se em viagem de estudos no exterior.
Ele e Baer coordenaram a edição do livro Brazil under Lula, do qual participei (vejam em meu site, seção livros).

Pesquisas sobre o Brasil
Com doação de Lemann, Illinois abre centro de estudos brasileiros.

Saiba como trabalham os brasilianistas
Lucianne Carneiro
O Globo, 15.10.2009

Prédio do International Studies Building, na Universidade de Illinois, onde fica a sede do Instituto Lehmann para Estudos Brasileiros
http://oglobo.globo.com/fotos/2009/10/15/15_MHG_lemann.jpg

RIO - O mundo ganha nesta quinta-feira mais um centro dedicado aos estudos brasileiros. A Universidade de Illinois inaugura o Instituto Lemann de Estudos Brasileiros, graças a uma doação de US$ 14,4 milhões do empresário Jorge Paulo Lemann, o terceiro homem mais rico do Brasil, segundo a revista "Forbes", e um dos donos da AB InBev, a maior cervejaria do mundo. Este é o maior investimento já feito em Illinois por alguém que não tenha estudado na universidade.

Segundo estimativa do diretor-executivo da Associação de Estudos Brasileiros (Brasa), Marshall C. Eakin, existem cerca de 15 centros ou programas nos Estados Unidos e na Europa com pesquisas amplas sobre o Brasil, além de o país ser um foco importante de estudos em algo como 50 núcleos dedicados à América Latina. Há centros até mesmo no Japão e na Austrália. A estimativa é que existam cerca de mil brasilianistas em todo o mundo.

Estudiosos de temas brasileiros em diferentes áreas, como economia, política, história, ciências ou cultura, os brasilianistas mantém vínculos fortes com o país, costumam passar longos períodos por aqui e, quando no exterior, mantêm uma rotina de vir pelo menos uma vez por ano ao Brasil.

Como característica natural da academia, têm diferentes linhas de pensamento. Os centros de estudos são tradicionalmente multidisciplinares, com diversas áreas de conhecimento, e promovem seminários e intercâmbio de profissionais com o Brasil. O trabalho fortalece os laços entre os países e rende frutos como livros, encontros e parcerias com instituições brasileiras, como um acordo que está sendo finalizado entre o Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca e a Academia Brasileira de Letras (ABL) para a promoção do ensino de português na Espanha e do espanhol no Brasil.

É unânime entre os especialistas a avaliação de que o interesse por estudos brasileiros tem aumentado nos últimos anos com a maior visibilidade do Brasil no mundo, seja na política internacional ou na economia.

- Calculamos que o número de brasilianistas está na faixa de 700 a 800 nos Estados Unidos e Canadá, entre 100 e 200 na Europa, e menos de 100 nas outras partes do mundo - afirma Eakin, que acaba de chegar ao Rio para um ano de pesquisa sobre a formação da identidade brasileira.

A Brasa, criada nos anos 90 para reunir os especialistas nos estudos brasileiros, promove seu 10º congresso mundial em julho de 2010, em Brasília.

Cátedra permanente de História do Brasil
O investimento no Instituto Lemann de Estudos Brasileiros chama a atenção no ambiente acadêmico, em que muitas vezes faltam recursos, mesmo no exterior. Os recursos permitirão a criação de uma cátedra permanente de História do Brasil na universidade, a ampliação do curso de ensino do português falado
no Brasil, a ida de pesquisadores brasileiros para intercâmbio em Illinois, além de cerca de 15 bolsas para estudantes de graduação e pós-graduação por ano, tanto para brasileiros irem para os Estados Unidos quanto não-americanos virem para o Brasil.

O instituto passa a ocupar três salas do prédio de Estudos Internacionais (International Studies Building) do campus de Urbana-Champaign de Illinois, ao lado de outros centros, como os de estudos latino-americanos, africanos e asiáticos.

Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Oxford, onde fica o Programa de Estudos Brasileiros


- Temos cerca de 15 pesquisadores ligados a estudos brasileiros em Illinois, e o centro permitirá um amplo programa de pesquisas e atividades - explica o diretor do Instituto Lemann de Estudos Brasileiros, Joseph Love, historiador e brasilianista que desde os anos 60 se dedica a estudos sobre o país.

Ele editou recentemente o livro "Brazil under Lula", com artigos de especialistas em diferentes áreas sobre o primeiro mandato do presidente Lula.

- Sou da primeira onda de brasilianistas, e temos visto nos últimos anos um maior interesse pelo estudo do português aqui nos Estados Unidos, embora o espanhol ainda seja a principal escolha - aponta Love, que vem ao Brasil pelo menos duas vezes por ano.

Segundo Eakin, da Brasa, entre oito e nove mil alunos estudam português nas universidades americanas por ano, e o número vem crescendo. Ainda é muito pouco, no entanto, se comparado aos cerca de 600 mil estudantes de espanhol, que respondem por cerca de 65% dos alunos das aulas de língua estrangeira.

A Universidade de Colúmbia, em Nova York, mantém outro centro voltado para estudos brasileiros desde o início da década. O centro tem outros patrocinadores, mas também recebeu um aporte de US$ 3 milhões de Jorge Paulo Lemann para o intercâmbio de alunos brasileiros para a universidade e de estudantes de Colúmbia para o Brasil.

- Cerca de 30 professores desenvolvem alguma atividade de pesquisa ligada ao Brasil, e o centro existe para facilitar estas pesquisas e promover laços com o Brasil - afirma o diretor do centro, Thomas Trebat, que tem pesquisas sobre a conjuntura econômica brasileira.

Na Europa, Oxford e Salamanca
Palácio de Maldonado, sede do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca, na Espanha


Um dos mais prestigiados núcleos de pesquisas sobre o Brasil está na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Ele foi criado em 1997 como Centro para Estudos Brasileiros, mas acabou sendo transformado em um programa do Centro Latino-Americano, em 2007, por causa de limitações no orçamento. Suas pesquisas são em quatro áreas principais: política, relações externas, meio ambiente e literatura e cultura.

- Temos dois pesquisadores em dedicação integral, mas, em Oxford, cerca de 15 a 20 profissionais estudam temas brasileiros. Trabalhamos em parceria com diversas instituições brasileiras, como Fundação Getulio Vargas, Universidade de Brasília e Iuperj - explica o responsável pelo programa, Timothy Power.

Ele destaca que cada brasilianista busca as instituições mais ligadas a sua área de interesse, geralmente a partir de contatos feitos durante os estudos iniciais como estudante de doutorado no Brasil. Power esteve pela primeira vez no país em 1985, mas retornou em 1989 já como estudante de doutorado.

- Acho que estamos entrando na Era de Ouro para os estudos brasileiros, e isso tem a ver com a projeção internacional do país. Lula e FH são dois estadistas respeitados. Dezesseis anos de projeção podem mudar um país - aponta.

Também na Europa, destaca-se o Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca, criado em 2000 e que desde 2008 ocupa o Palácio de Maldonado, um prédio histórico na cidade espanhola. Os estudos são em quatro áreas principais: artes musicais (nomeada em homenagem a Heitor Villa-Lobos), literatura (Machado de Assis), artes visuais (Tarsila do Amaral) e ciências (Carlos Chagas).

- Nosso objetivo é poder estudar o Brasil em todas as suas diversidades e, diante de sua complexidade, temos um conselho com 25 professores de alta qualificação em diferentes áreas e promovemos parcerias com diversos centros de estudos brasileiros - explica o diretor do centro, Gonzalo Gómez Dacal.

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