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sábado, 8 de junho de 2013

Diario da Corte (e que corte...) - revista Piaui

Rivista PIAUÍ, Junho 2013

1º de maio ─ Todo mundo de folga e eu na labuta, morrendo de sono! Acabei meu imposto de renda no último minuto. Para ficar acordada me entupi de café, depois não consegui dormir. E hoje passo o dia discursando. Tive que caprichar no laquê porque nem o cabelo conseguia ficar de pé.
Ainda não peguei direito essa coisa da tevê. Faço um esforço hercúleo para falar e sorrir ao mesmo tempo. Regravei seis vezes.
2 de maio ─ Gleisi veio me lembrar que a MP dos Portos vai perder a validade. Fiquei tão traumatizada com essas caxirolas que acabei me esquecendo.
3 de maio ─ Não queria fazer nada no fim de semana, mas vou ter que me mandar para uma tal de Expozebu. Vou dizer uma coisa: às vezes tenho saudade da clandestinidade.
4 de maio ─ Almoço com Lula e café com Aécio. Afe! Comi que nem um bezerro premiado. Quando eu fico irritada, é batata! Afogo as mágoas na  comida. Mandei fazer umas calças novas com um tecido misto de lycra e algodão. Assim dá aquela ligeira esticada quando passo um pouquinho do ponto.
Voltei para Brasília podre. Tomei um banho de banheira e fiquei jogando sudoku no iPad para distrair a cabeça.
5 de maio ─ Lula viu meu desempenho no pontapé inicial da Arena Fonte Nova e sugeriu ressuscitar as peladas na Granja do Torto. Disse que eu sei bater na bola de chapa e daria um bom volante. Sei não. Do jeito que o homem é espaçoso, vai acabar dormindo no sofá e interferindo na minha segunda-feira. E depois é volanta.
Perguntei para o Aldo Rebelo o que é “bater de chapa” e o ministro dos Esportes não sabia. Demiti-lo ia atrapalhar o cronograma da Fifa. Melhor contar até onze.
6 de maio ─ Chamei o Afif para o lado vermelho da força. Ele pediu para acumular. Se o Lula concilia esquerda com jatinho de empreiteira, por que não? Deus está morto, vale tudo.
7 de maio ─ Que pedaço é esse Roberto Azevêdo da OMC! Esses candidatos ninguém me apresenta…
8 de maio ─ Com tanto estádio para inaugurar, MP para aprovar, licitação para o Eike ganhar, me inventam de receber o presidente do Egito. Francamente. Mandei o homem visitar a múmia do Sarney. Que ele entenda como uma homenagem à civilização egípcia. Tenho mais o que fazer.
9 de maio ─ O Maduro, com aquela cara de Coca litro com bigode, me trouxe um retrato descomunal do Chávez. Diz que é presente da República Bolivariana. Isso só pode ser quadratura de Plutão com Saturno! E por que ele não deu para o Lula? Os dois me deixaram duas horas plantada enquanto conversavam sei lá o quê. Fiquei com a pulga atrás da orelha. Em lagoa que tem piranha, macaco bebe água de canudo.
10 de maio ─ Renan veio dizer que vai ser difícil aprovar a MP dos Portos. Para bom entendedor, pingo é letra. Desesperada, liguei para o Azevêdo para ver se tinha alguma vaga na OMC. Nadica de nada. Virei uma headhunter do PMDB.
12 de maio ─ Afif veio pedir para acumular uma diretoria da Ancine. Fiquei de pensar.
13 de maio ─ Maior saia justa essa MP dos Portos! Não sei se a Gleisi e a Ideli dão conta do recado. A Eleonora, para variar, veio com umas ideias malucas. Queria que eu convocasse aquelas ucranianas que protestam peladas para um manifesto no Congresso. Me garantiu que as loiras matariam do coração metade do PMDB. Fiquei tentada. Ainda bem que comentei com o Mercadante. Sereno, ele argumentou que o ato poderia ser considerado ingerência externa em assuntos brasileiros. Um Bismarck, esse Mercadante. Daí o bigode, talvez.
14 de maio ─ Vou ter que tirar o siri do bolso para aprovar essa MP. Se não der uns caraminguás para emendas, não sai a votação. Para dizer a verdade, já nem sei o que é para votar. Só sei que o Eduardo Cunha está me enchendo o pacová.
Só Lobão mesmo para lançar um raiozinho de luz nessa semana negra. Duas bilhas nos cofres do Guido com essa 11ª rodada do petróleo. O homem é a encarnação da bem-aventurança. Fica mal eu convidá-lo para uma primeira rodada de Cointreau lá em casa?
Fiquei solidária com a Angelina. Que moça corajosa!
15 de maio ─ Mamãe, titia e eu pegamos umas panelas e fomos acordar os deputados. Acorda, Maria Bonita/ Levanta pra votar a PEC/ Que o dia já vem raiando/ E a polícia já está de pé. No final, gritamos “Alvorada!” no quengo daquele bando de indolentes. Um deles, cujo nome não faço ideia, mas pela idade deve ser do DEM, quase enfartou.
16 de maio ─ Ufa! As meninas deram nó em goteira. Convidei um pessoalzinho para uma comemoração íntima em homenagem à Ideli e à Gleisi. Enchemos a cara de cerveja e nos acabamos num escondidinho de carne seca que a Edilene deixou no forno. Terminamos a noite cantando guarânia. Tenho um amigo que toca muito bem violão e conhece o repertório do Paraguai inteiro. Todo mundo relaxou.
18 de maio ─ Afif ligou perguntando se poderia acumular a Coordenadoria de Planejamento da Pesca Artesanal.
19 de maio ─ Desde a semana passada, empresário que fala mal da política econômica recebe um telefonema anônimo avisando que se o Guido cair entra o Arno Augustin. Tiro e queda. Metade do PIB já está se mobilizando para indicar o italiano para Homem do Ano.
21 de maio ─ Nossa, a novela mal começou e já me apeguei. Não aguentava mais Salve Jorge. O Fagundes está um gatão, e fazendo papel de médico, então, é covardia! O Mateus Solano de bicha má está um espetáculo! Só acho que alguém podia trocar aquela música de abertura.
22 de maio ─ Bye,bye, Hillary. Agora, só falta a Merkel, que a Forbes insiste em dizer que ainda é mais poderosa do que eu. Não há de ser nada. Mando o Guido passar um tempo em Berlim e em menos de três meses a inflação de lá fica tipo Weimar. Auf Wiedersehen, Angela. Dilminha is bad! Por ora, resta a satisfação de ver que a Cristina K. caiu dez posições e ficou atrás até da Gracinha Foster, com aquele cabelo e tudo.
23 de maio ─ O Patriota reabriu a agência de viagens dele. Aquela que manda você para onde ninguém mais quer ir. Nem vai. Pois é, eu vou. Dessa vez é a Etiópia. Acho que nem a Angelina Jolie adota filho por lá.
24 de maio ─ Até eu já estou cheia dessa novela do Neymar. Vai logo, criatura!
25 de maio ─ Se todo jornalista fosse como esse Moreno, não seria necessário exercer controle social da mídia. Entrevista linda, de página inteira, só pergunta fina, delicada. Falamos de tudo um pouco: fogão, novela, ser avó, aquela fominha que bate de madrugada. Ele foi incisivo ─ chegou a dizer que minha fama de cozinheira é ruim ─, e eu fui relevante. Elogiei o Sai de BaixoTapas e BeijosAmor à Vida, os artistas da Globo. Todo mundo saiu ganhando. O Moreno fez um bonito com os patrões, eu ganhei uns pontinhos com os Marinho e o leitor ficou sabendo da minha famosa sopa de beterraba.
27 de maio ─ Afif me passou um telegrama perguntando se podia acumular a Superintendência de Recursos Hídricos Fronteiriços.

28 de maio ─ Vou aproveitar o feriadão para terminar a segunda temporada de The Good Wife. 

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