O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Listagem dos trabalhos originais de Paulo Roberto de Almeida, elaborados no ano de 2024

 RELAÇÃO DE TRABALHOS, 38

Paulo Roberto de Almeida

(Brasília, 2024: do nº 4.541 ao nº 4.xxx)

Google Scholar: http://scholar.google.com/citations?hl=en&user=OhRky2MAAAAJ

 

Trabalhos do Ano de 2024 (janeiro-dezembro 2024)

Nºs 4.541 a 4.820 = 279 trabalhos

Algumas estatísticas: 

23,25 trabalhos por mês

5,3 trabalhos por semana

Um trabalho a cada 1,3 dias

Falta computar o número de páginas; média de cada um dos trabalhos e total geral de páginas escritas, confirmando o dito: nulle dies sine linea.

 

Atualizada em 31 de dezembro de 2024

[Disponível provisoriamente na plataforma Academia.edu, no link: https://www.academia.edu/126712932/38_Lista_de_Trabalhos_de_Paulo_Roberto_de_Almeida_em_2024]

 

4541. “Uma reflexão sobre o mundo real e o mundo acadêmico dos nossos tempos”, Brasília, 1 janeiro 2024, 1 p. Nota sobre uma das alienações mais frequentes no espaço acadêmico. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/01/uma-reflexao-sobre-o-mundo-real-e-o.html); postado novamente no Diplomatizzando (20/04/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/04/uma-reflexao-sobre-o-mundo-real-e-o.html). 

 

(…)


4817. “As duas novas pragas da modernidade”, Brasília, 24 dezembro 2024, 2 p. Nota sobre o autoritarismo de Putin e de Trump, como os dois perigos rondando a humanidade nos tempos presentes. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/12/as-duas-novas-pragas-da-modernidade.html). 

 

4818. “Depois dos perigos "internacionais", os nacionais, que afetam a paz e a estabilidade no Brasil”, Brasília, 27 dezembro 2024, 2 p. Nota sobre os dois fenômenos que afetam a governança no país: o bolsonarismo e o lulopetismo. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/12/depois-dos-perigos-internacionais-os.html).

 

4819. “2025: o temido ano que ainda não começou”, Brasília, 31 dezembro 2024, 2 p. Nota sobre um ano pior do que o que termina, por causa de Putin e Trump. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/12/2025-o-temido-ano-que-ainda-nao-comecou.html).

 

4820. “Primeiras impressões revolucionárias: Chateaubriand, Tocqueville, Isaiah Berlin”, Brasília, 31 dezembro 2024, 3 p. Nota sobre o impacto de duas revoluções separadas por mais de cem anos, exerceram sobre grandes intelectuais, e sobre a minha própria. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/12/primeiras-impressoes-revolucionarias.html). 

 

Atualizado em 31/12/2024.

Divulgado via Academia.edu, link: 

https://www.academia.edu/126712932/38_Lista_de_Trabalhos_de_Paulo_Roberto_de_Almeida_em_2024

Brasil: de país em desenvolvimento a país desenvolvido: síntese histórico-econômica - Paulo Roberto de Almeida

 Para terminar o ano de 2024 falando do único grande problema do Brasil: por que ainda não somos um país desenvolvido.

Uma explicação tentativa:

4598. “Brasil: de país em desenvolvimento a país desenvolvido”, Brasília, 9 março 2024, 14 p. Compilação de quatro artigos elaborados sobre o não crescimento do Brasil nas últimas décadas e sobre as condições para o país alcançar maior patamar do desenvolvimento econômico e social. Texto completo divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/117736151/4598_Brasil_de_país_em_desenvolvimento_a_país_desenvolvido_2023_2024_) e no blog Diplomatizzando (19/04/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/04/brasil-de-pais-em-desenvolvimento-pais.html).



Primeiras impressões revolucionárias: Chateaubriand, Tocqueville, Isaiah Berlin - Paulo Roberto de Almeida

Primeiras impressões revolucionárias: Chateaubriand, Tocqueville, Isaiah Berlin

  

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor. 

Nota sobre o impacto de duas revoluções separadas por mais de cem anos, exerceram sobre grandes intelectuais, e sobre a minha própria.


        Reconhecidamente adepto de livros, num grau extremo de dependência intelectual, sou levado a divagar, em momentos de reflexões reminiscentes, sobre alguns temas que ficaram imbricados em minhas memórias em torno de passagens lidas nas memórias de alguns escritores relevantes, em algum registro fugidio de antigas leituras. 

        O tema é o do impacto que eventos revolucionários de grande monta exerceram sobre a trajetória intelectual posterior de alguns autores que pertenceram ao universo mental de minha própria formação intelectual. Esses autores são François-René de Chateaubriand, em suas Mémoires d’Outre Tombe, Alexis de Tocqueville, em suas recordações de juventude (reportadas nas biografias), ambos no contexto da Revolução francesa de 1789 e da fase do Diretório sob o Terror robespierreano, e Isaiah Berlin, nos seus primeiros escritos, ainda pré-adolescente, sobre a revolução russa de 1917, mas não a de fevereiro, e sim o frenesi violento produzido pelo putsch bolchevique, de outubro-novembro do mesmo ano.

        Todos os três reportaram e vivenciaram episódios de violência, pessoal ou familiar, que impactaram suas personalidades ainda em formação e que depois foram refletidos em suas respectivas carreiras profissionais e intelectuais, em fases ulteriores de suas vidas adultas. De fato, certas cenas vistas e testemunhadas pelos três em cada um dos dois torvelinhos revolucionários vivenciados — 1789-1793 e 1917 —, como a cabeça ensanguentada de algum inimigo reacionário, decepada ou guilhotinada, ou a turba fanatizada de Petrogrado marchando contra os representantes do odiado regime czarista já derrotado, podem ter impactado as mentes dos três futuros escritores, tendo sido, como tais, formadoras de alguma consciência filosófica sobre aspectos contingentes da História que acabam se refletindo no percurso politico posterior de seus respectivos países: França e Rússia. Não há como negar a trajetória trágica dessas nações, na transição politica para dois impérios de excepcional importância geopolítica no século XIX e no século XX, o império napoleônico, de um lado, com as enormes transformações que acarretou no mundo europeu e extraeuropeu, e o império soviético, de outro lado, este prolongado no império neoczarista de mais recente aparição na cena mundial, já no século XXI, mas sobretudo ainda mais decisivo no “breve século XX”, a partir do desafio comunista à ordem liberal ocidental.

        Existe uma vasta literatura, não apenas vinculada à trajetória individual dos três autores por mim referidos — Chateaubriand, Tocqueville e Berlin —, sobre o impacto formidável que a grande Revolução francesa e a Revolução bolchevique exerceram na história do mundo, do século XVIII até os nossos dias. Não preciso retomar esse impacto, pois pretendo, na verdade, referir-me a um outro episódio “revolucionário” que impactou, talvez como farsa, minha própria trajetória intelectual: quero mencionar o golpe militar de 1964 e o regime ditatorial que se instalou no Brasil por duas décadas, como um componente decisivo nas reflexões, leituras e ações, naqueles anos formadores (dos 14 a 34) de minha consciência política e atividades correlatas.

Recebida inicialmente (na pequena confusão mental dos 14 anos) como uma bem-vinda escapada da confusão política dos anos Jânio-Goulart, a Revolução cívico-militar de 1964, logo revelou-se o que finalmente apareceu em 1965: uma reles ditadura, como constatei a partir de precoces leituras dos materiais de oposição, vários obviamente de esquerda, que passei a fazer logo depois. Lembro-me, por exemplo, de alguns artigos de Carlos Heitor Cony, na revista Manchete (leituras de cadeira de barbeiro), logo depois enfeixados em sua coletânea O Ato e o Fato), assim como as crônicas de jornalistas lidas nos grandes veículos nacionais (leituras de bibliotecas ou compradas em bancas de jornais, o que passei a fazer desde os 14 anos).

        Posso claramente dizer que, ao me politizar precocemente, logo em 1965, tornei-me um inimigo da “Revolução de 1964”, e como tal permaneci até o seu final (incluindo um autoexílio europeu entre 1970 e 1977, para escapar de uma possível prisão), um percurso que inicialmente me levou a ser um “amigo” de outros processos revolucionários, como o cubano, por exemplo, desvio oportunamente corrigido em meus anos de educação política e intelectual durante os anos de estudo na Europa, num triplo sentido democrático, de liberalismo econômico, de social-democracia politica e de anarquismo cultural (como bem mais tarde vim a descobrir pela leitura dos trabalhos de José Guilherme Merquior).

        Eu me permito formular estas reflexões a partir de minhas leituras pregressas no último dia do ano de 2024, e possivelmente o último trabalho escrito neste ano de intensas leituras e contínuos registros de uma atividade intelectual ainda em curso de aperfeiçoamento, talvez acabamento, ao desejar caminhar para uma síntese de mais de 60 anos de escritos diversos, vários livros publicados e algumas centenas de artigos divulgados em revistas acadêmicas ou aqui mesmo neste espaço de resistência intelectual que é o blog Diplomatizzando

        Não tenho uma obra intelectual comparável à dos três autores referidos nesta crônica rememorativa, mas posso orgulhar-me de ter contribuído, embora modestamente, para a formação intelectual de outros jovens que, como eu, possam ter saído de origens socialmente subalternas para alçar-se ao domínio de um conhecimento prático e livresco suscetível de também exercer algum impacto, por pequeno que seja, sobre a existência de alguns de meus concidadãos.

Boas leituras a todos.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4820, 31 dezembro 2024, 3 p.

 








2025: o temido ano que ainda não começou - Paulo Roberto de Almeida

2025: o temido ano que ainda não começou 

Paulo Roberto de Almeida 

O ano de 2025 corre o grande risco de não ser melhor que este que se acaba de 2024, justamente pela presença ativa no cenário internacional de dois personagens absolutamente nefastos para o bem da humanidade, assim como para o de seus próprios paises em especial, como destaca Helga Hoffmann (vide abaixo) a partir de uma caricatura, ou cartoon, pateticamente irônica da revista alemã Der Spiegel. Ambos possuem uma visão autoritária de como deve ser o mundo, a serviço de suas obsessões pessoais, no caso de Putin uma visão propriamente despótica, o que não chega a esse extremo no caso de Trump, uma vez que os EUA ainda pertencem ao universo das democracias, no caso uma tristemente falha, ainda que não falida.

Neste derradeiro dia de 2024, torna-se, portanto, arriscado, talvez mesmo cruel, se não perversamente irônico, desejar um “Feliz 2025”, sabendo que os dois nefastos personagens estarão no máximo de suas potencialidades e capacidades para converter este ano de 2025 num dos mais “eletrizantes” — se me perdoam a expressão — das relações internacionais contemporâneas. 

Como diplomata brasileiro, eu espero, e desejo, que pelo menos a política externa e a diplomacia do Brasil continuem equilibradas o suficiente, sob um governo personalista como é o de Lula 3, para preservar nossa tradicional autonomia decisória e neutralidade ponderada, em face de conflitos interimperiais dessas duas grandes potências, de molde a confirmar os valores e principios tradicionais de nossa postura equilibrada no plano externo, como garantem as cláusulas de relações internacionais de nossa Constituição e a própria história do “diplomacia na construção do Brasil” (se ouso retomar o titulo da mais importante obra do embaixador Rubens Ricupero).

2025 pode não ser tão catastrófico como prometem as idiossincrasias desses dois personagens, mas será certamente apreensivo para os espíritos mais temerosos.

Paulo Roberto de Almeida

São Paulo, 31 de dezembro de 2024

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Helga Hoffmann:

“ Gosto do semanário “Der Spiegel”, ainda que não o veja tão útil quanto “The Economist”. Tipos diferentes de ironia. Comentários e noticiário do dia recebo do “Der Spiegel” toda tarde. Com o desta tarde (30/12/3024) veio este “cartoon”, resumo das primeiras declarações de Trump.  Para quem pensa que 2025 será melhor que 2024... Traduzo:

”OK, Vladimir, você fica com a Ucrânia e o Báltico, em troca eu fico com a Groenlândia e o Canadá! E ainda pego o Panamá, e em troca você pega a Polônia!

Importante são bons “deals”!

“Bom negócio” me parece tradução fraca para “good deal”...  Negócio é uma troca honesta no regime capitalista. “Deal” pode ser qualquer transação, inclusive alguma bastante diabólica.

Pretendo ficar uns dias fora de circulação digital. Einen guten Rutsch ins neue Jahr!  Menos categórico que "Feliz Ano Novo!””



segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Os Dois Lados da Moeda, de Gustavo Marques; uma exposição intelectualmente honesta sobre o golpe e a ditadura militar, contra a esquerda e a direita - Paulo Roberto de Almeida

Um livro relevante:

Uma das qualidades mais relevantes no trabalho dos historiadores é, ou deveria ser, a honestidade inatelectual, ou seja, a capacidade de enfrentar temas controversos, submetidos a opiniões díspares, quando não opostas, com o máximo de isenção possível, buscando sempre contemplar os fatos, não os posicionamentos pessoais.

Gustavo Marques, desde quando ingressou no Itamaraty, comprovou suas qualidades de historiador e analista das relações internacionais do Brasil, elaborando dois trabalhos de qualidade sobre a revolução cubana e as relações diplomáticas do Brasil com a ilha dominada pelos irmãos Castro, um dos quais eu tive oportunidade de resenhar para o Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros: 

        Gustavo Henrique Marques Bezerra: Da Revolução ao Reatamento: A Política Externa Brasileira e a Questão Cubana (1959-1986) (Brasília: Funag, 2012, 376 p.)

Mais adiante, espelhando uma enciclopédica obra coletiva sobre as vítimas do comunismo mundial, publicada na França, produziu obra igualmente relevante sobre o equivalente no Brasil, cujo prefácio eu tive a honra de assinar: 

        Gustavo Henrique Marques Bezerra, O livro negro do comunismo no Brasil: mitos e falácias sobre a história da esquerda brasileira (Rio de Janeiro: Jaguatirica, 2019, 872 p.)


Ele agora assina um novo livro, sobre tema igualmente controverso: as versões diametralmente opostas, geralmente deformadas, sobre o golpe militar de 1964 e sobre o regime militar, pela esquerda e pela direita. É o livro cuja capa figura ao alto desta postagem, e que recomendo a todos os interessados na história do Brasil: 


        Gustavo Marques: Os Dois Lados da Moeda: versões e revisões sobre 1964 e os anos de chumbo no Brasil (Rio de Janeiro: Jaguatirica, 2024), cujo sumário eu publico mais abaixo.


Tive o prazer de ler, logo na página dos Agradecimentos, esta simpática nota a meu respeito.: 



Aqui vai o sumário, recomendando uma vez mais sua leitura: 






What Is the BRICS Group and Why Is It Expanding? - Mariel Ferragamo (Foreign Affairs)

 

What Is the BRICS Group and Why Is It Expanding?

As BRICS grows in both membership and global sway, its expansion comes with divisions among its members old and new on how to set the stage for a revised world order.