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terça-feira, 15 de julho de 2014

70 anos depois de Bretton Woods, Brics querem dar passo atras na multilateralizacao dos pagamentos

Inacreditavel inconsciencia de empresários e despreparo de dirigentes politicos. O comércio internacional requer uma moeda comum, ou então tem de recorrer ao câmbio, com todos os imponderáveis, incertezas, volatilidade e CUSTOS que lhe são inerentemente associados.
Por que é que empresários privados, que na sua interface externa, usam o dólar ou o euro para suas transações, desejariam abandonar essas duas moedas para adotar as nacionais, que ainda assim precisariam da referência a uma das outras duas para que a operação seja completada?
Eu só vejo uma razão: transferir os custos da operação e o risco cambial para o poder público.
E por que os bancos centrais assumiriam esses custos de abrir mais janelas para transações externas e de cobrir eventuais perdas contábeis por flutuações ou manipulações do câmbio?
Eu não vejo NENHUMA razão, só DESVANTAGENS.
E por que dirigentes políticos tomariam esse tipo de decisão, que representaria um INACREDITÁVEL passo atrás, 80 anos atrás, em relação à multilateralização dos pagamentos decidida em Bretton Woods?
Podem ter várias razões: ignorância histórica, estupidez econômica, teimosia ideológica, desejo de confrontar o "imperialismo monetário dos países hegemônicos", infantilidade política, e muitas outras, todas elas ruins do ponto de vista técnico, econômico, financeiro, inclusive no que se refere a compromissos multilaterais assumidos e do ponto de vista simplesmente orçamentário, e até operacional, já que complica a vida de todo mundo.
Vocês escolhem qual a bobagem do dia, mais uma na conta dos companheiros.
Inacreditável esses casamento da estupidez ideológica com a sandice econômica.
Paulo Roberto de Almeida

Setor privado apoia uso de moedas locais

Valor Econômico, 15/07/2014


Representantes do setor privado reunidos ontem na VI Cúpula dos Brics, em Fortaleza, defenderam o uso das moedas locais nas transações entre os países-membros do bloco como forma de baratear os custos dos investimentos. A expectativa é de que a troca direta de moedas possa se materializar por meio do New Development Bank (NDB), nome oficial do banco dos Brics, que deve ser anunciado hoje pelos líderes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Presidente da Marcopolo, fabricante brasileira de carrocerias com grande presença no exterior, Rubens De La Rosa assumiu ontem a presidência rotativa do Conselho Empresarial dos Brics, que conta com cinco empresas de cada país. Segundo ele, o NDB pode ser um instrumento prático para o uso das moedas locais acontecer.
Em entrevista ao Valor na semana passada, o presidente do banco de fomento da Rússia, Vladimir Dimitriev, defendeu que a utilização das moedas locais no âmbito dos Brics fosse acelerada.
Na avaliação do presidente da CNI, Robson Andrade, o banco dos Brics poderá viabilizar o avanço dos investimentos da indústria nacional no exterior. "Para nós, é fundamental que promova financiamento em países como esses e que aceite como garantia a matriz da empresa no Brasil", disse. A troca de moedas está entre as demandas que o fórum dos empresários apresentará aos líderes do bloco.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Brics no Brasil: os democratas e os autoritarios - El Pais

Na verdade, é um pouco mais complexo do que isso: a democracia no Brasil, na Índia e na África do Sul é de muito baixa qualidade, com muita corrupção, muito curral eleitoral, muito dinheiro sendo gasto inutilmente com quem está no poder.
Paulo Roberto de Almeida

Unidos pela economia, separados pela democracia

Quando os cinco presidentes do clube dos BRICS se reunirem na manhã de terça-feira em Fortaleza, voltarão a comprovar que como gigantes emergentes estão unidos muito mais por seus interesses econômicos do que por seus posicionamentos políticos e sociais. Por trás da sexta cúpula entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –que respondem por 20% do PIB mundial e 40% da população global– será vislumbrado um choque de filosofias que mostrará se a democracia é necessária para conseguir um sólido crescimento econômico e reduzir a pobreza.

Depois da queda do Muro de Berlim em 1989, o modelo ocidental democrático-capitalista parecia se impor a longo prazo como a melhor receita de sucesso, mas a crise econômica internacional de 2008 e a gradual perda de influência do Ocidente diante do surgimento de novos atores mudaram este paradigma. “Enquanto os poderes ocidentais lutavam por superar a paralisação política, o ‘establishment’ político chinês continuava gerando altos níveis de crescimento e tirando milhões de pessoas da pobreza”, destaca um relatório dos BRICS, apresentado recentemente em Washington e elaborado pelo centro de estudos britânico Legatum, com a colaboração de think-tanks brasileiros, indianos e sul-africanos.

Com certeza, um dos exemplos mais reveladores é a dificuldade do Governo dos Estados Unidos –dada a paralisia que amarra o Capitólio– de conseguir a aprovação para a construção de uma infraestrutura, em contraste com a eficácia e a rapidez da China.

O documento compara os modelos de governos democráticos do Brasil, da Índia e da África do Sul frente aos autoritários da China e da Rússia. E sua conclusão é muito nítida: “A democracia não é um obstáculo ao crescimento. Não é necessário, como alguns argumentam, renunciar às liberdades individuais, ao Estado de Direito, instituições independentes, liberdade de imprensa e eleições regulares. Ao contrário, os direitos e liberdades democráticas podem ajudar a promover um desenvolvimento sustentado, um maior crescimento e reduções efetivas da pobreza”.

Os autores sustentam que o desenvolvimento econômico e social do Brasil, da Índia e da África do Sul nos últimos 25 anos não pode ser entendido sem sua evolução democrática. Por isso, argumentam, representam um modelo de “democracia alternativa do Sul”, afastado do padrão ocidental dos Estados Unidos e da Europa, e que pode servir de referência para outros países emergentes – como Malásia, Turquia e Cingapura-, tentados a não avançarem em relação a liberdades e contrapoderes plenos.

Nas últimas duas décadas, China e Rússia –ainda que em menor medida– registraram uma queda drástica da taxa de pobreza e uma ampliação da classe média. O mesmo foi conseguido pelo Brasil, Índia e África do Sul. Portanto a pergunta surge rapidamente: O que a democracia acrescenta nesses casos? E a resposta, segundo o relatório, é: muitíssimo. Em uma ampla análise comparativa e partindo do pressuposto de que o conceito de democracia vai além da realização das eleições, o documento destaca que esse modelo permite uma maior liberalização econômica, dá poder e protege indivíduos que não pertencem a classes privilegiadas, gera instituições alheias às interferências políticas –um assunto-chave para reduzir a corrupção–, e permite aos indivíduos denunciar abusos de poder sem serem reprimidos. Fatores imprescindíveis em nações emergentes com amplas disparidades raciais, étnicas, regionais e de classe.

Além disso, ao contrário das sociedades autoritárias, as democráticas “podem corrigir a si mesmas”, geram um “contrato social” ao forjar uma identidade nacional em torno de valores democráticos que permitem uma solução pacífica de tensões, e que “fomentam e blindam a inovação social e econômica.” Por exemplo, os autores duvidam que o Bolsa Família, o bem-sucedido programa brasileiro de subsídios para reduzir a pobreza, teria conseguido impulso em países despóticos.

O panorama, no entanto, está longe de ser idílico. Brasil, Índia e África do Sul mantêm numerosos problemas e desafios –além dos econômicos, a corrupção e a desigualdade continuam elevadas–, o que os coloca em uma encruzilhada. “Existem circunstâncias perigosas nos três. É preciso mais democracia”, afirmou na apresentação do relatório Ann Bernstein, diretora-executiva do Centro para o Desenvolvimento e Empreendimento, um laboratório de ideias sul-africano.

O documento considera que as reformas estruturais empreendidas nos três países na década de noventa ficaram obsoletas e defende uma segunda onda para fazer frente às crescentes exigências de melhorias por parte da classe média urbana, ao risco de perder competitividade mundial e à dificuldade de manter o elevado gasto público em políticas sociais. Em concreto, propõe melhorar a transparência e a responsabilidade nas instituições, liberalizar mais a economia, ganhar eficiência na gestão de serviços públicos e promover a autossuficiência nas políticas contra a pobreza. O objetivo: conseguir um crescimento econômico sólido e inclusivo sem perder a estabilidade política.

O contexto não é por acaso: 2014 é um ano eleitoral para os três grandes emergentes democráticos. Índia e África do Sul foram às urnas em abril e maio, com a mudança de governo no gigante asiático. E será a vez do Brasil em outubro, com a presidenta Dilma Rousseff liderando as pesquisas. O que parece muito improvável, concordam os analistas, é que as divergências democráticas no seio dos BRICS sejam tratadas na cúpula de Fortaleza. O clube dos emergentes, enfatizam, nasceu como um conceito econômico e de contraposição aos organismos ocidentais.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Brics meetings and summits: much ado about almost nothing? - Oliver Stuenkel, Alan Beattie

A despeito de todo o hype em volta dos Brics, não consigo perceber o que de novo, de interessante, de útil, de benéfico para a humanidade, ou para si mesmos, o grupo que não é um grupo, mas uma coisa indefinida, pode trazer de realmente de diferente para este nosso planetinha redondo.
OK, eles são mais do que reuniões de cúpula, e também tem reuniões especializadas.
Mas, estas seriam coisa mais substantiva do que meros encontros de burocratas, de alguns acadêmicos conformistas, que se reunem to talk and talk?
O que vai sair de positivo para os seus povos, e para a humanidade, de todos esses encontros?
Apenas dizer: Oi pessoal, nós estamos aqui, nós existimos, não se esqueçam de nós, OK? Tragam os seus fotógrafos, nós vamos soltar uma declaração conjunta logo, logo, confirmando que existimos, estamos aqui, fazemos alguma coisa, nos reunimos, escrevemos declarações, etc. etc. etc...
Paulo Roberto de Almeida 

Post-Western World - BRICS: There Is More Than Just the Summits
Oliver Stuenkel - 08 Jun. 2014

When BRICS leaders come together in Fortaleza in mid-July, analysts from around the world will have a quick look at the dynamics during the meeting and the 6th summit declaration, and then offer their view on the future of the grouping. Yet believing that the yearly summits make up the entire BRICS' edifice would be mistaken. The BRICS leaders summits are an important symbolic expression of political commitment, but what truly matters is the ongoing intra-BRICS cooperation that takes place throughout the year.

A brief look at BRICS-related meetings this year shows that intra-BRICS consultation and cooperation takes place continuously. In February, the first BRICS Science Technology and Innovation Ministerial Meeting took place in Cape Town. Ministers decided to strengthen cooperation in five fields: climate change and natural disaster mitigation (led by Brazil), water resources and pollution treatment (led by Russia), geospatial technology and its applications (led by India), new and renewable energy, and energy efficiency (led by China) and astronomy (led by South Africa).

In early March, the inaugural BRICS seminar on population matters took place, where participants discussed ways to address the challenges associated with demographic phenomena and processes, including migration, declining fertility rates, rising life expectancy, ageing population and changes in production and consumption patterns.

A week later, the 6th BRICS Academic Forum took place in Rio de Janeiro, bringing together scholars from Brazil, Russia, India, China and South Africa to discuss their research. Largely due to China's participation, these meetings tend to suffer from a boring whiff of officialdom, making truly innovative/contrarian academic ideas unlikely to be voiced, but still they serve an important purpose: To connect academic communities which have historically been disconnected from each other.

At the end of March, the BRICS Foreign Ministers met on the sidelines of the Nuclear Security Summit in The Hague, issuing a high-profile statement opposing restrictions on the participation of Russian President Vladimir Putin at the G-20 Summit in Australia in November 2014.

A day later, on March 25th 2014, the BRICS Seminar on Systems of Innovation and Development took place in Brasília, as a direct result of the meeting of Ministers of Science and Technology in February.

In early April, BRICS Finance Ministers met on the sidelines of an IMF/World Bank gathering in Washington DC, in which they discussed preparations for the BRICS-led development bank, a U$ 100 billion contingency reserve arrangement and the forthcoming Summit in Fortaleza in Brazil. In late April, a public seminar meant to inform the Brazilian public about the upcoming Summit took place in Fortaleza.

In mid-May, the 4th Meeting of the BRICS Cooperatives took place in Curitiba (Brazil), and less then a week later, the BRICS Ministerial Meeting on the sideline of the 67th World Health Assembly (WHA) occurred. There, the side event on “Access to medicines: challenges and opportunities for developing countries” was organized by the BRICS countries.

Merely organizing a never-ending string of meetings will not create sustainable cooperation, skeptics will argue. That is true, and the impact of several of the gatherings listed above may not have the desired outcome. Only time will tell in how far these meetings can generate more sustainable cooperation. But they do show that intra-BRICS cooperation is indeed taking place in many different areas. Those who criticize the BRICS concept can no longer just take a quick glance at the yearly leaders' summits; rather, intra-BRICS cooperation has, over the past years, grown far too complex to be easily dismissed.

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Post-Western World - BRICS Summit is Chance to Strengthen Brazil’s Global and Regional Ties
Oliver Stuenkel - 11 Jun. 2014

The BRICS are not a group. - Martin Wolf, Financial Times

It’s time to bid farewell to the Brics.- Philip Stephens, Financial Times

Lack of unity is symptomatic of the BRICS members’ underlying incompatibilities. - Joe Nye, Harvard University

Since its first Summit, in 2009, BRICS has consolidated its position as a positive force for the democratization of international relations and for the enhancement of existing institutions of international governance. It has also forged an impressive partnership carrying out cooperation initiatives in more than 30 areas between its members. -  2014 BRICS Summit website

One month before the 6th BRICS, the Brazilian government has finally launched a website providing ample information about past summits, leaders declarations, and main areas and topics of dialogue between the BRICS countries. For the first time, journalists quickly find out about intra-BRICS cooperation without hours of tedious research through non-functioning websites. Together, this information goes some way to establish a counter narrative against the general global consensus that the BRICS grouping is a weird and useless aberration set to fall into oblivion. Irrespective of who is right, the website will undoubtedly contribute to turning the debate into a more informed one, particularly since continuous intra-BRICS cooperation is virtually unknown outside a small group of specialists.

Reading the leaders declarations since 2009 provides interesting insight into how intra-BRICS cooperation has advanced over the past five years - even though, as Ambassador Graça Lima, Brazil's summit sherpa, pointed out during a press briefing, the grouping's institutionalization is still low.

While the World Cup will inevitably crowd out a broad discussion about the BRICS Summit, global attention is assured. The 2014 BRICS Summit will be one of the most important meetings of global leaders this year, bringing together the West's no.1 enemy, the leader of the soon-to-be greatest economy, the leader of Latin America's largest country, Africa's most powerful (though increasingly embattled) leader, and the man who is supposed to bring India back on track, the latter on his first trip outside of Asia. The summit will be dominated by the creation of the BRICS Development Bank, and the lingering question of whether the institution may challenge existing Bretton Woods institutions, a powerful symbol of Western-led global order.


In addition, Brazil's decision to invite all South American leaders to meet Xi, Modi, Zuma and Putin after the summit as part of an "outreach" is a shrewd attempt to position itself as the region's leader and representative. If structured in the right way, the summit marathon in mid-July would not only help strengthen Brazil's ties to the world's leading emerging economies, but also show its neighbors that Brasília has a regional project that involves connecting the entire continent to the world.
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A BRICS bank: can it outdo the World Bank?
by Alan Beattie
beyondbrics (Financial Times), Jun 19, 2014

As a coordinated entity, the BRICS grouping of emerging markets has produced little except inspiring the name of a widely-read blog.

Next month, the five governments – Brazil, Russia, India, China and South Africa – are planning to erect an actual edifice amid the swirling mists of rhetoric with the launch of a development bank dedicated to filling some of the gigantic hole in the financing of infrastructure and growth in fast-growing emerging economies.

The BRICS are seeking to avoid some of what they say are the faults of the World Bank and regional development banks – too much rich country dominance and too many conditions attached to lending. But that leaves the exact function and operation of the BRICS bank open to a great deal of political jockeying and uncertainties over how it is run.

That much more low-cost finance is needed in the emerging and developing world is hardly in doubt. Two former World Bank chief economists, Nick Stern and Joseph Stiglitz, say that (registration required) the contribution to infrastructure finance from multilateral development banks and overseas aid is likely to be $40-$60bn a year for the next few years, only 2-3% of the estimated $2tn annual need.

They might have added that the environmental and human resettlement safeguards adopted by the World Bank after decades of lobbying by (mainly western-based) NGOs have made its infrastructure lending complex and expensive for borrowers. Hostility to the effects of big dams, for example, means the bank has only a handful of large hydropower projects worldwide.

Development banks already run by emerging markets have stepped into the breach with varying degrees of opacity and indifference to collateral damage.

China, for example, honed its use of the huge China Development Bank (CDB) on its own infrastructure, including the much-criticised Three Gorges Dam, which the World Bank declined to finance on environmental and human rights grounds. It has since sent it out to do China’s mercantile and foreign policy bidding abroad. The CDB, which now lends far more than the World Bank, routinely hands out low-interest loans, particularly in Africa, conditioned less on development need than on the desire to secure natural resources and promote Chinese exports – and to encourage governments to de-recognise Taiwan at the UN.

Other emerging market countries’ development banks are much more transparent, but still attract credible criticism for not going far enough. Global Witness, the campaigning NGO, last week launched a broadside against BNDES, the Brazilian development bank that is partly funded by the national Treasury. BNDES funded some of the World Cup stadia that have been widely accused in Brazil of benefiting politically well-connected companies, running way over cost and and having little lasting growth impact. BNDES argue that they finance SMEs as well as large companies, but it is hard to believe that a heavily subsidised development bank, rather than fundamental reform of capital markets and lower long-term market interest rates, is what Brazilian businesses really need.

Even plurilateral development banks have yet to match the transparency standards of their multilateral cousins. The Andean Development Corporation (CAF), which brings together sixteen central and South American emerging economies (plus Spain and Portugal), now finances more infrastructure in Latin America than the World Bank and the Inter-American Development Bank together, but also attracts accusations (link in Spanish) of opacity and low lending standards.

Satisfying these demands while recognising political realities will be a difficult task for the BRICS bank. Who runs the institution and how it makes lending decisions have yet to be revealed, but it is inevitable that some raw politics will be involved.

The creation of the bank has revealed how delicate are these negotiations. China, which could easily finance an institution several times the size of the BRICS bank on its own, and whose high credit rating will be enormously helpful, had to be persuaded to accept a minority shareholding. Essentially, Beijing is gaining greater credibility for international cooperation at the cost of a greater implicit financial contribution and more constraints on its action. How far it is prepared to accept the latter to gain the former remains to be seen.

Although Beijing will not be able to use the bank to buy political favours as it does with the CDB, there will be some quiet but fierce struggles if one of the BRICS feels its own interests are being threatened. Nor is China likely to be very happy if it ends up simply subsidising the borrowing of other emerging markets – including BRICS nations like India – whose companies may compete with Chinese businesses for export markets.

Jim O’Neill, the former Goldman Sachs chief economist who invented the BRIC classification, suggests the bank approve loans based on their ability to help borrowers to achieve benchmarks for governance, education and access to technology. It is an interesting idea, but probably a quixotic one. Many governments correctly take “governance” in this context as a euphemism for combating corruption, and regard loans with governance conditions attached as intrusive political meddling. Given the emerging markets want to escape what they consider to be the challenge to their sovereignty from World Bank conditionality, they – particularly China – are unlikely to want it to re-emerge in their own development institution.

The BRICS bank certainly has an opportunity to make a considerable difference. There is an unoccupied niche in governance as well as in financing. It ought be possible to be more transparent than the likes of BNDES and CAF without being choked by bureaucracy like the World Bank.

By agreeing to finance a joint development bank, the BRICS have committed to a greater degree of scrutiny than going it alone. Pooling money and credit ratings may produce financing greater than the sum of its parts. But it seems hopeful rather than certain that a joint venture of five disparate countries – whose own governance is frequently murky – will do the same for the transparency of the new bank and its decisions to whom, and for what, to lend.
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Can the BRICS avoid the “Power South vs. Poor South” Dynamic?
Oliver Stuenkel
Post-Western World, 20 Jun. 2014

Bridging the gap between the Global North and Global South was one of the key ambitions when global leaders created the G20 in response to the global financial crisis of 1997-99. In the same way, supporters of the BRICS and IBSA groupings have often argued that such outfits would strengthen the voice of the developing world in global affairs.

Yet the past decade has also seen the emergence of a new division: That of the "Power South" against the "Poor South", as Amitav Acharya argues in his recent book. Countries' quest for status as an "emerging power", he argues, can undermine its regional engagement. There is always a temptation to "leapfrog" their unglamorous neighborhood in order to pursue to global glitz and prestige that BRICS and G20 membership brings.

Contrary to previous developing country clubs like the Bandung Conference and its offshoot, the Non-Aligned Movement, which were broad and inclusive, the new outfits are exclusive and plagued by questions about their legitimacy and capacity to represent the developing world. Nations represented at Bandung, including Nehru's India, Mao's China, and Nasser's Egypt, had few illusions about achieving global power status, whether individually or collectively. The BRICS, on the contrary, harbor an individual aspiration to project power globally. The more powerful they become, the more pressing are worries in smaller developing countries about whether the BRICS of the G20 can still represent their interests? Or have countries like Brazil, India and China long joined a global oligarchy that knows little about the challenges small poor countries face?

At the same time, none of the BRICS countries enjoy broad regional support - quite to the contrary, in almost all cases, the BRICS countries' immediate neighbors are most skeptical of the emerging powers' leadership ambitions. Paradoxically, the BRICS' leadership ambitions are more recognized and even openly demanded on a global scale than regionally. The key challenge, then, of each BRICS country is how to show that their individual rise is good for their neighborhood, too.

Finally, the issue raises an important question several emerging powers have to face: How important is regional support to sustain a credible leadership ambition on a global scale? Put differently, is it necessary to be recognized as a regional leader before projecting influence globally?

These are important questions as Brazil prepares the BRICS-South America Summit in Brasília, which will take place shortly after the 6th BRICS Summit in Fortaleza. The decision to invite the continent's leaders is a shrewd one; yet Brazil should use this golden opportunity to articulate a clearer regional vision and answer pressing questions: What should UNASUR look like ten years from now? How does it think about South America's place in a global economy increasingly divided by big trade blocs? What should be the future of the South American Defense Council? And how should the region think about and respond to China's growing presence?


Organizing the summit marathon in the second half of July is a formidable logistical and diplomatic challenge. Yet if Dilma Rousseff is able to articulate a clear vision to the many participants, it would be a considerable success of a President who is generally thought to have neglected foreign policy since taking office in January 2011.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

BRICS: 6a reuniao de cupula em Fortaleza: declaracoes dos encontros

Para a 6a reunião de cúpula dos BRICS (na verdade as três primeiras apenas como BRIC), o Itamaraty criou um site especial sobre o grupo.
Um dos links traz as declarações das cúpulas anteriores:

http://brics6.itamaraty.gov.br/declarations-action-plans-and-communiques/listadecplan

Leaders' Declarations and Action Plans

First Summit - Yekaterinburg, Russia, 2009 - Joint Statement
Second Summit - Brasilia, Brazil, 2010 - Joint Statement
Third Summit - Sanya, China, 2011 - Sanya Declaration
Fourth Summit - New Delhi, India, 2012 - Delhi Declaration and Action Plan
Fifth Summit - Durban, South Africa, 2013 - eThekwini Declaration and Action Plan

Meetings of the Ministers of Foreign Affairs

Meeting of the Ministers of Foreign Affairs of the BRICs - Yecaterinburg, May 16, 2008 - Joint Communiqué
Meeting of the Ministers of Foreign Affairs of the BRICS on the Sidelines of the Nuclear Security Summit in the Hague, March 24, 2014 - Media Note 
Press Communiqués of BRICS Foreign Affairs Ministers' Meetings on the sidelines of the United Nations General Assembly
New York, September 24, 2009 - Communiqué
New York, September 22, 2010 - Communiqué
New York, September 23, 2011 - Communiqué
New York, September 26, 2012 - Communiqué
New York, September 26, 2013 - Communiqué

BRICS Joint Statistical Publications

The 2014 BRICS Joint Statistical Publication will be issued at the VI Summit.

Seria interessante fazer um exercício de confrontar as declarações à realidade. Alguém se anima?
Paulo Roberto de Almeida 

sábado, 31 de maio de 2014

BRICS: vc acredita nesse grupo? Entao escreva algo a respeito... - Moscou, 30/10/2014

Peoples’ Friendship University of Russia
International Conference, October 30-31, Moscow, Russia

Call for Papers
The BRICS Countries: International Unstability, Growth Trajectories and Structural Transformations ?

In the framework of the international conference organized by the Peoples’ Friendship University of Russia (RUDN), Mosco in cooperation with CEMAFI International (France), the BRIC Seminar (EHESS-Fondation Maison des Sciences de l'Homme, Paris) and the Department of International Economy (RUDN) organize a two sessions-panel on the following topic: " BRICs Countries: International unstability, growth trajectories and structural transformations."
Since 2010, when the concept of BRICS has given birth to a new geopolitical group, emerging economies have continued to grow and now account for a larger share of the world GDP than before. At the same time, the international financial crisis and its consequences have hit developed market economies and BRICS countries in a different manner. Advanced countries have stagnated in relative terms, applying diverging policies (quantitative easing in the US and Japan, deflationary budgetary policies in the vast majority of the Eurozone countries) in an attempt to relaunch their economic growth. The BRICS countries and other emerging economies have also reported diverging results both in terms of growth path and external accounts dynamics. For instance, the rate of growth is rapidly declining in Brazil and Russia, India and Russia proved to be very sensitive to interest rates fluctuations and international capital outflows, and China, in spite of a still high GDP growth rate and large current account surpluses, is showing signs of vulnerability, prompting some observers to diagnose the so-called "middle income trap".
Beyond these recent economic fluctuations, we believe that the problems that these economies are currently facing are of a structural nature: they lie in their productive specialization, in the nature (or the lack) of structural and innovations policies implemented, but also in institutional peculiarities that characterize most emerging economies. To discuss this hypothesis, we propose that the 2-sessions panel of the RUDN Moscow Conference could address the following themes :
- Growth trajectories of BRICs and emerging economies: where do we stand?
- International trade, international value chains and the BRICs
- How big is the productive gap between developed market economies and the BRICs?
- Contents, nature, implementation of industrial and innovation policies
- Are domestic-led growth models more desirable than export-led models?
- Commodities exporting countries: how to avoid the "dutch disease"?
- Whither role for the State: reducing inequalities, improving infrastructures, stimulating high value added industrial growth, attracting FDI?

Number of papers discussed: 16
Deadline for submission: July 15, 2014

Send abstract (in english, french, russian) to :
Vladimir Matyushok, RUDN, Moscow, vmatyushok@mail.ru
Julien Vercueil, INALCO, Paris, julien.vercueil@inalco.fr

Information about the conference :

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Agora o Brics vai, ou racha? Argentina convidada...

Magnífica ideia, mas ainda não sei de quem partiu...
Paulo Roberto de Almeida



Argentina BRICS

El Gobierno argentino afirmó que la invitación de Rusia a Argentina para que participe en la próxima Cumbre de los BRICS, el próximo julio, abre la puerta a una "alianza potencial muy significativa" con este bloque de países.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Brics: crescendo, mas ainda muito distantes dos niveis de renda e de consumo dos desenvolvidos

Brics aumentam participação em PIB global, mas estão longe dos desenvolvidos, diz OCDE

Reunião dos Brics (AP)
Para OCDE os emergentes ainda 'tem um longo caminho' para atingir nível de renda dos países ricos
Um estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com base em dados do Banco Mundial, mostra que os países dos Brics aumentaram sua participação no PIB global, mas ainda estão longe de atingir o nível de renda por habitante das economias desenvolvidas.
"Os emergentes ainda têm um longo caminho a percorrer para atingir o nível de renda por habitante dos países ricos", disse à BBC Brasil Francette Koechlin, responsável da unidade de poder de compra da direção de estatísticas da OCDE.
O estudo leva em conta a paridade do poder de compra (PPP, na sigla em inglês) em nível mundial. Ela é considerada mais pertinente para fazer comparações internacionais da atividade econômica, segundo a OCDE, por excluir dos cálculos as taxas de câmbio, eliminando dessa forma as diferenças de preços entre os países.
"O tamanho da economia dos emergentes é cada vez maior em relação ao PIB mundial, mas quando levamos em conta a renda por habitante, baseada no poder de compra, vemos que há uma enorme diferença entre os países da OCDE (desenvolvidos) e os emergentes", diz Koechlin.
O PIB por habitante nos países da OCDE, levando-se em conta a paridade do poder de compra, representa duas vezes e meia a média mundial desse indicador.
Segundo os cálculos, que fixam a paridade do poder de compra igual a 100, o PIB por habitante nos países da OCDE atinge o índice de 266. Na China, segunda maior economia mundial, o índice de PIB por habitante é de apenas 75.
No Brasil, ele está levemente acima da média mundial, com 109 pontos. A Índia, com 35, a África do Sul (90) e a Indonésia (63), que também tiveram crescimento significativo de suas economias nos últimos anos, estão abaixo da média mundial em relação ao PIB por habitante.

Consumo por habitante

Outro indicador importante do estudo é o nível de "consumo individual efetivo", que segundo a OCDE representa uma melhor referência para comparações internacionais sobre o "bem-estar material" dos lares.
"Os dados sobre o consumo indicam se as pessoas têm um nível de vida razoável em relação ao PIB do país", ressalta Koechlin.
Também nesse critério, os emergentes continuam bem abaixo dos países ricos.
Nos Estados Unidos, primeira economia mundial, o índice de consumo individual efetivo por habitante é quatro vezes maior do que a média mundial.
Na China, segunda maior economia do planeta, esse índice de consumo individual representa apenas a metade da média mundial.
"O consumo individual efetivo por habitante nas grandes economias emergentes mostra variações importantes", afirma a OCDE.
Enquanto a China representa a metade e a Índia apenas cerca de um terço da média mundial de consumo, no Brasil e na Rússia os indicadores sobre o consumo efetivo por habitante estão ligeiramente acima da pontuação média.
Considerando-se a base de comparação igual a 100, o Brasil atinge 115 e, a Rússia, 175.
Na OCDE, o índice de consumo por habitante é de 295 e, nos Estados Unidos, de 432.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

BRIC, BROC, BRUC? A degringolada da America Latina sera' a do Brics tambem?

Banco Mundial vê 'nuvens negras' no horizonte econômico da América Latina

Segundo estudo, a desaceleração do motor chinês e a mudança na política monetária dos EUA trouxeram volatilidade e incerteza aos mercados em desenvolvimento, entre eles o Brasil

Veja.com, 9/04/2014
Bird: emergentes estão desacelerando e Brasil deve crescer 2% ou menos
Bird: emergentes estão desacelerando e Brasil deve crescer 2% ou menos (Sabelo Mngoma/AP)
O Banco Mundial vê "nuvens negras" no horizonte econômico da América Latina devido à incerteza e volatilidade geradas pela mudança na política monetária dos Estados Unidos e pela desaceleração da economia chinesa. "Os mercados financeiros globais seguem nervosos e voláteis", afirmou o organismo internacional, em um estudo divulgado nesta quarta-feira. 
O Banco Mundial destacou que o crescimento nos países emergentes passa por "uma desaceleração bastante generalizada", de cerca de três pontos porcentuais em comparação com os níveis pós-crise de 2008 e 2009. A previsão de crescimento para o Brasil é de 2%, ou pouco menos, este ano. Para a América Latina e o Caribe, espera-se um crescimento de 2,3%, abaixo dos 2,5% divulgados anteriormente pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Na terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) já haviam alertado para os crescentes riscos econômicos nos países emergentes. O FMI chegou a reduzir sua projeção de crescimento para a economia brasileira em 2014, de 2,3% para 1,8%.
O estudo divulgado nesta quarta-feira ainda chamou atenção para a "heterogeneidade" da região. Se, por um lado, estimativas apontam para uma contração de 1% na Venezuela em 2014, por outro, expectativas para o Panamá e o Peru indicam um crescimento de 7% e 5,5%, respectivamente. Chile e Colômbia também seguem acima a média regional, com avanços na ordem de 3,5 %. Já no México, a previsão é de alta de cerca de 3%, impulsionado pelas últimas reformas econômicas realizadas no país.
(com agência EFE)

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Potência dos Brics, Brasil agora é visto como um dos "cinco frágeis" - Valor Economico

Potência dos Brics, país agora é visto como um dos "cinco frágeis"
Mas o lugar do Brasil não é ao lado da Turquia e da Argentina ( do ponto de vista dos países com economias em crise), diz economista chefe do Credit Suisse
Tainara Machado | De São Paulo
Valor Econômico, 7/02/2014

Desde que o Federal Reserve, o Banco Central americano, sinalizou que começaria a retirar os estímulos monetários que inundaram o mundo com farta liquidez nos último anos, o Brasil tem sido colocado em más companhias na análise de alguns economistas e investidores estrangeiros.
De um Bric com elevado potencial de crescimento, o país agora é visto por alguns como um dos "cinco frágeis". Essa expressão, que reúne grupo composto por Indonésia, Índia, África do Sul e Turquia, além do Brasil, foi cunhada pelo Morgan Stanley em relatório divulgado em agosto do ano passado. No documento, o banco afirma que esses países têm em comum inflação elevada, altos déficits em conta corrente e crescimento menor como fraquezas que tendem a ser exacerbadas com a normalização da política monetária pelo Fed.

A inclusão do Brasil neste grupo, no entanto, é vista com alguma cautela por economistas ouvidos pelo Valor. O país tem alguns indicadores mais robustos do que a média dos emergentes "sob ataque", como maior relação entre investimento estrangeiro direto e déficit em conta corrente, o que diminui as chances de uma parada abrupta de fluxos de capitais para o país e permite financiamento mais suave do saldo negativo nas transações externas.
Lisa Schineller, diretora de ratings soberanos para América Latina da Standard & Poor's, afirma que a expressão reúne um mix de países, alguns com rating em nível especulativo, e reúne países com posições mais fracas que a do Brasil. Segundo Lisa, embora a S&P tenha destacado a deterioração fiscal recente como uma das razões para a perspectiva negativa, ela não foi dramática. "O Brasil tem indicadores ainda fortes em relação aos seus pares e mesmo na comparação com seu próprio histórico". A necessidade de financiamento externo em relação às reservas disponíveis, por exemplo, deve ter ficado em 67,4% em 2013, ante 89,9% em 2007, de acordo com projeções da S&P.
Ainda entre os pontos "mais fortes" listados, conta a favor o fato de que o Banco Central brasileiro começou antes desses países um ciclo de aperto monetário que já acumula aula de 3,25 pontos da taxa básica de juros desde abril. Com isso, a autoridade monetária nacional deve ter evitado uma alta abrupta e forte dos juros, como fez a Turquia recentemente para conter a desvalorização da lira.
No entanto, embora o país tenha indicadores externos mais robustos, isso não quer dizer que o país não tenha vulnerabilidades importante. Neil Shearing, economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, afirma que o Brasil pode enfrentar uma série de riscos no horizonte relevante, mas não considera que os "cinco frágeis" seja um bom termo. "Esses grupos podem formar boas expressões, mas não faz muito sentido reuni-los do ponto de vista econômico".
Em coluna publicada no Valor, o ex-ministro da Fazenda e professor emérito da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) Antonio Delfim Netto afirmou que cada um desses países "tem os seus próprios problemas, de forma que é, no mínimo, absurdo classificá-los num mesmo grupo".
"O que nos atrapalha não é a situação atual, mas a perspectiva de sua deterioração, que o governo precisa alterar com medidas tempestivas e não com promessas", escreveu Delfim.
Mesmo olhando o lado fiscal, diz José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, o Brasil é "disparado o que tem indicadores mais fortes. O problema é que uma vez que se perde a credibilidade, não necessariamente é preciso ter indicadores piores para ser pressionado". Uma sinalização mais clara e transparente sobre a política fiscal ajudaria no processo de diferenciação do Brasil de outros emergentes, diz.
Por isso, aumenta a expectativa em torno do contingenciamento do Orçamento, que deve ser anunciado ainda na primeira quinzena de fevereiro. A S&P afirmou que "certamente" está olhando o corte de despesas e a sinalização da meta fiscal de 2014 para uma eventual decisão sobre o rating brasileiro.
O Barclays, em relatório recente, também informou que, apesar da deterioração das contas externas no ano passado, a fragilidade do Brasil nesse front tem sido de certa forma superestimada. O país, nota o banco, continua a ser credor externo líquido e as amortizações de dívida externa para 2014 somam US$ 91 bilhões, ou menos de um quarto do total de reservas.
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Lugar do Brasil não é ao lado de Turquia e Argentina, diz analista
Por Flavia Lima | De São Paulo

Em um cenário em que o México ocupa o espaço que outrora foi do Brasil entre os emergentes, o economista-chefe global do Credit Suisse, Neal Soss, diverge do consenso ao avaliar que o lugar do Brasil não é onde foi colocado pelos mercados. "Não estou certo que o Brasil mereça estar na mesma categoria que alguns países, certamente não na mesma categoria que Argentina, Turquia ou África do Sul."
O México é avaliado positivamente pelas reformas estruturais que empreendeu, sendo o símbolo delas as "mudanças no setor energético", diz o economista que falou com exclusividade ao Valor por telefone. Para ele, o Brasil também deveria se preocupar em enviar uma mensagem para a comunidade global de que se prepara para um cenário em que os desenvolvidos terão desempenho econômico melhor e, por conseguinte, juros mais altos. Para ele, um aperto orçamentário seria um bom recado.
Soss, contudo, não acredita que o país esteja parado. A decisão de começar a subir sua taxa de juros já no ano passado foi um sinal importante de "que o Brasil não quer depender de fluxos de capital estrangeiro do jeito que já dependeu no passado" e de que entende que esse cenário está se aproximando e não quer ser deixado para trás.
Para Soss, as dificuldades dos emergentes são resultado de situações específicas, como as apresentadas por economias com grandes déficits em conta corrente e que, por isso, sofrem pressões - e para Soss, o Brasil não está nesse grupo. "Turquia, África do Sul e talvez a Argentina são os verdadeiros centros das tensões que estamos vendo". Soss afasta a possibilidade do momento atual guardar semelhanças com a década de 1980 - em que o Brasil e outros países da América Latina enfrentaram uma forte crise da dívida externa - ou com a crise financeira asiática, na década seguinte. "Essa não é uma crise geral de mercados emergentes", diz Soss, que esteve pela primeira vez no Brasil em 1983.
Para ele, a chave para entender o mau humor com relação ao Brasil está no PIB. "Sou um investidor estrangeiro e acho que a questão para entender o país é o crescimento que, mais recentemente, não tem sido tão bom. As pessoas pensam nos emergentes como países que têm muito crescimento e quando isso não acontece mudam as avaliações". O Credit Suisse espera alta média de 2,75% a 3% para o PIB da América Latina, o que, segundo Soss, é "baixo para emergentes".
Diferentemente de alguns analistas, que debitam os problemas econômicos do Brasil a erros internos, Soss avalia que boa parte do baixo crescimento brasileiro se deve à recessão pela qual passou a Europa e à desaceleração da economia chinesa. "Quando os seus clientes ficam mais lentos é muito difícil continuar crescendo rapidamente", disse em referência à queda das exportações brasileiras às regiões. Para Soss, a recuperação europeia - cuja atividade deve crescer até 1,5% em 2014 revertendo baixa registrada no ano passado - será um dos gatilhos para o Brasil. Para a China, a expectativa é de expansão entre 7% ou 7,25%.
Soss avalia ainda que a economia americana tem melhoras importantes - a projeção é de alta de 3% ante 2% em 2013 -, ainda que problemas estruturais, como o investimento produtivo, continuem presentes. Mas para Soss, que o resto do mundo não se engane: o Federal Reserve toma medidas em benefício dos americanos. "O trabalho do Fed é manter a estabilidade de preços e amparar o mercado de trabalho americano." Não há, porém, indícios de que os juros devam subir antes de 2015, "talvez até além disso". "E, quando começarem, será em um ritmo lento."
Após alguns anos de experiência no Fed de Nova York e também no governo daquele Estado, na década de 80, Soss diz que a lição que tirou dos anos de vida pública foi que os desequilíbrios devem ser evitados, porque as correções são, quase por definição, muito dolorosas. Quando estava no governo, conta, Nova York passava por uma grande crise financeira e os bancos pararam de emprestar. A lição é que não se deve emprestar tão livremente quando as coisas vão bem, porque, uma vez na crise, vai ser preciso fazer coisas horríveis, como aumentar juros ou cortar gastos públicos. "Parecido com a crise dos emergentes, não?".

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Imprensa continua a se impressionar com palavras: Brics (mas nada alem de letras...)

‘O Brasil tem que redescobrir as reformas’, diz criador do termo Bric
O’Neill nega crise em emergentes e diz que Brasil se distrai com Copa e Olimpíadas
Economista sugere ajustes no país para incentivar investimentos do setor privado
LUCIANNE CARNEIRO 02.02.24-O GLOBO.

O economista Jim O'Neill, criador do termo Bricacrônimo Bric Thomas Lee / Bloomberg/14-10-2014
RIO - Economista que criou o termo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) em 2001, Jim O’Neill afirma que problemas de emergentes são específicos, o Brasil deve observar o México e “redescobrir as reformas”.
— O Brasil usa muito o Estado para garantir o crescimento da economia: o Estado precisa sair do caminho — diz ele, que defende reformas para incentivar o setor privado a investir.
Sobre a turbulência em mercados emergentes nos últimos dias, O’Neill defende que não há crise e os problemas são específicos de alguns países.
Como vê a atual turbulência nos países emergentes?
Não está muito claro porque os mercados ficaram tão instáveis. E o mais importante: muito do que tem sido escrito não está correto. No momento em quefalamos, dois dos melhores mercados no mundo, Jacarta, na Indonésia, e Shenzhen, na China, estão subindo. Não sei porque alguns falam de uma crise nos emergentes: é uma coisa muito específica de alguns lugares. Para mim, a grande surpresa este ano é a performance desapontadora do mercado de ações americano, quando tantos estavam confiantes. E vemos evidência de que os dados de atividade americana estão desapontando levemente. Talvez o mercado tenha subido tanto que já não é mais tão barato ou os últimos indicadores econômicos tenham sido levemente desapontadores.
Como divide hoje os emergentes?
Não acredito que se pode falar de todos os emergentes como um só. É por isso que criei a expressão Bric. A China é hoje maior que a Alemanha, França e Itália combinadas. Como se pode falar dos emergentes como uma coisa só? O Brasil tem suas questões, mas na minha opinião o México está mostrando alguns aspectos promissores. A Nigéria terá seu PIB (soma dos bens e serviços produzidos no país) recalculado em uma ou duas semanas e o crescimento será 6% maior. Há problemas na América Latina, com algumas políticas loucas na Argentina. Tivemos problemas na Índia, mas acho que já foram ultrapassados. Temos problemas na Turquia e na Ucrânia. Mas também temos problemas na França e na Itália.
O senhor tem falado do potencial do Mints(México, Indonésia, Nigéria e Turquia). O que vê?
Estou particularmente otimista a curto prazo com o México e a Nigéria. Com o aumento dos salários na China, o México se tornou o local com custo mais baixo de produção dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e passa por sérias reformas estruturais. Na Nigéria, veremos revisão nos dados do PIB que apontarão que já é a maior economia da África. A Turquia e a Indonésia são os países com os quais estou animado a médio e longo prazo, embora haja questões de curto prazo. Ambos têm déficit em contas correntes muito elevados, especialmente a Turquia, que também precisa resolver questões políticas.
O México parece ter ofuscado o Brasil em Davos. Como vê o Brasil hoje?
Não me preocuparia com Davos, mas é claro que é uma reflexão precisa do clima dos investidores. O Brasil deve pensar sobre o que o México está fazendo, o Brasil tem que redescobrir as reformas. O país tem estado muito distraído com a organização da Copa do Mundo e das Olimpíadas. O Brasil usa muito o Estado para garantir o crescimento da economia: o Estado precisa sair do caminho. São muito gastos e muito uso do BNDES. É preciso incentivar o setor privado a investir.
E como fazer isso?
São necessárias reformas e redução de taxas de juros. É preciso tornar o Brasil mais competitivo. Para acelerar o crescimento, o Brasil precisa investimento mais forte do setor privado.
Brics ainda é uma realidade?
Claro. Um crescimento desapontador por dois anos não é nada para o contexto do Brics. Até o fim de 2016, o Brics ainda podem ser maiores que os Estados Unidos. São os chamados ciclos econômicos. Se considerarmos o avanço econômico nesta década, embora o crescimento brasileiro tenha sido abaixo, a expansão foi maior do que nos três primeiros anos da última década. O Brasil segue por ciclos erráticos.
Como vê a China?
Estou realmente impressionado com a China. Imaginava que o crescimento médio nessa década seria de 7,5% e a China já cresceu 8,2% em média nesses primeiros três anos. A economia chega a US$ 9,2 trilhões A China cria um novo Brasil a cada dois anos. O crescimento está desacelerando, mas por ação deliberada do governo. Eles não tentam ignorar os desafios, mas sim lidar com eles.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A nobre arte de se dobrar aos poderosos do momento: o tempora, o mores...

Nos tempos do neoliberalismo, assim diziam os companheiros, o Brasil se mostrava submisso aos interesses do Império, ou seja, de Washington, do FMI, dos investidores de Wall Street and the like...
Parece que nos tempos do nunca antes, dominado pelos companheiros, temos duas submissões no registro: aos cubanos e aos chineses...
Os cães ladram, e a caravana continua a mesma...
Paulo Roberto de Almeida

China pede, e Brasil muda data de cúpula dos Brics
Encontro em Fortaleza deve ser em 15 de julho, dois dias após final da Copa
Líder chinês é fã de futebol e queria vir na época do Mundial; Itamaraty era contra proximidade de eventos
MARCELO NINIO
DE PEQUIM
Folha de S.Paulo, 11 de janeiro de 2014

O Brasil terá pouco tempo para recuperar o fôlego depois da Copa do Mundo: logo em seguida, o país será sede de outro evento internacional de peso, a reunião de cúpula dos Brics.
Por influência da China, o encontro de líderes do grupo, previsto para março ou abril deste ano, será aberto em 15 de julho, dois dias após a final da Copa, conforme negociado entre os dois países. O evento será em Fortaleza.
Terminada a cúpula dos Brics, no dia 16, o líder chinês, Xi Jinping, ficará no Brasil para uma visita de Estado de dois dias.
Fã declarado de futebol, Xi indicou que gostaria de ir ao Brasil no período da Copa quando se encontrou com o vice-presidente, Michel Temer, que esteve em Pequim em novembro.
Na última cúpula dos Brics, realizada em março de 2013, a presidente Dilma Rousseff havia convidado Xi a assistir à final no Brasil.
Na época do encontro de Xi com Temer, diplomatas brasileiros praticamente descartavam a hipótese de que a cúpula dos Brics coincidisse com o Mundial, pois isso exigiria esforço redobrado em segurança e logística.
Os chineses insistiram, alegando problemas de agenda: abril seria inviável para Xi, pois nesse mês ele participará do Fórum de Boao, conhecido como o "Davos asiático", em referência à tradicional conferência da cidade suíça.
O Brasil preferia manter a cúpula e a visita de Xi longe da Copa, mas acabou aceitando os argumentos chineses. Pelas normas dos Brics, o anfitrião escolhe as datas.
As datas negociadas entre Brasil e China ainda têm de ser confirmadas pelos demais países do Brics --Rússia, Índia e África do Sul--, mas não precisam necessariamente da aprovação deles.
Apesar do interesse em futebol do líder chinês, não se sabe se Xi planeja assistir a um jogo da Copa. Diplomatas brasileiros em Pequim ainda não receberam nenhuma indicação nesse sentido.
A visita de Xi é cercada de enorme expectativa pelo governo brasileiro, que vê nela uma chance de estreitar os laços e alavancar o interesse chinês em futuras licitações de projetos de infraestrutura no país.
A visita também é simbólica. Marcará os 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas. Em 2009, a China superou os EUA e se tornou o maior parceiro comercial do Brasil.
Desde que assumiu a presidência, em março, Xi adotou como slogan "o sonho chinês", que evoca nacionalismo e um desejo de afirmação do país como potência.
Mas muitos torcedores chineses acharam que ele sonhou longe demais ao dizer, há alguns meses, que esperava ver a China um dia na final da Copa. A seleção chinesa não se classificou para o Mundial. Hoje ocupa a 92ª posição no ranking da Fifa.
Procurado pela Folha, o Itamaraty confirma que a cúpula dos Brics será realizada em julho, em Fortaleza, mas não especifica a data.

Colaborou PATRÍCIA CAMPOS MELLO, de São Paulo

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O Brics nao existe, mas ainda assim o Brasil consegue ter o dobro da carga tributaria do bloco

Qual é o significado de juntar indicadores diversos dos países do assim chamado grupo dos Brics e compará-los entre si? Nenhum, pois nenhum desses países guarda relação, na parte tributária, com qualquer outra política que eles possam manter, inclusive  no comércio recíproco. Cada um deles mantém suas políticas e as toma de forma totalmente independente, sem qualquer coordenação conjunta.
Da mesma forma, essa matéria abaixo apenas confirma uma deformação integralmente brasileira, completamente nacional, e que vale na comparação do Brasil com qualquer outro país, inclusive naqueles que possuem cargas tributárias iguais ou mais elevadas (basta comparar serviços prestados pelos respectivos Estados).
Ou seja, fiquemos nos países de forma independente, ou por acaso eles pretendem unificar políticas fiscais?
Bobagens monumentais são difíceis de desmantelar...
Paulo Roberto de Almeida

Carga tributária brasileira é quase o dobro da média do Brics

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De acordo com estudo do IBPT, Brasil deverá encerrar 2013 com carga tributária de 36,42% do PIB, pouco superior a 2012
 
Com a previsão de fechar este ano com carga tributária de 36,42% do seu Produto Interno Bruto - PIB, o Brasil ocupa a última posição entre os BRICS, com relação à carga tributária, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de  Planejamento e Tributação – IBPT. Os demais países do bloco possuem as seguintes cargas tributárias: Rússia, 23%; Índia, 13%; China, 20% e África do Sul, 18%. A média desse percentual entre os BRICS é de 22%, mas, ao excluir o Brasil, cai para 18,5%. Sozinho, o Brasil apresenta quase o dobro da média de carga tributária dos demais países que fazem parte do bloco. O estudo"Evolução da Carga Tributária brasileira e previsão para 2013", divulgado pelo IBPT nesta quarta-feira, 18, está disponível no site www.ibpt.org.br.
 
Para o presidente do Conselho Superior e coordenador de estudos do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral, “os constantes aumentos da carga tributária brasileira deixam bem clara a dificuldade que o Brasil tem de expandir o seu comércio exterior e também de incentivar a produção nacional. Competir no mundo globalizado com uma carga tributária tão alta é o mesmo que colocar um lutador de sumô para disputar uma prova de 100 metros rasos numa olimpíada”, compara o tributarista.
 
Para concluir o estudo, o IBPT levou em consideração a arrecadação até o mês de novembro de 2013 e o PIB do 3º trimestre do mesmo ano. O Instituto estima um leve aumento da carga tributária em relação a 2012, quando o percentual foi de 36,37% do PIB. O estudo evidencia, ainda, o crescimento da carga tributária ao longo dos governos nos últimos 27 anos, desde o primeiro ano da gestão de José Sarney, em 1986, quando este percentual equivalia a 22% do PIB nacional, até o terceiro ano da administração de Dilma Rousseff.
 
Gilberto Luiz do Amaral está à disposição para comentar as informações do estudo. Para agendar um horário, entre em contato com a De León Comunicações, nos telefones (11)5017-4090//7604 ou e-mail pal...@deleon.com.br. 
 
O IBPT -  Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, fundado em 1992, atua na área de inteligência tributária e realiza auditorias, consultorias e implementa sistemas de governança tributária. No âmbito de mercado, o Instituto orienta estratégias de negócios a partir da análise de informações econômicas e fiscais.