A Cúpula do Futuro de Lula esvaziada
Jamil Chade e Paulo Roberto de Almeida
Uma simples constatação: o sistema multilateral está irremediavelmente fraturado, enquanto ditadores se impuserem pela força, e enquanto lideres do chamado Sul Global forem complacentes ou coniventes com eles. A iniciativa de Lula estava condenada ao fracasso desde o início, pois que ele, entre muitos outros, se recusou a denunciar os violadores do Direito Internacional e nunca quis se juntar às nações democráticas, preferindo o seu protagonismo megalomaníaco.
A diplomacia profissional se esforçou por angariar apoios entre os grandes e os menos grandes, mas o exercício estava condenado desde o início e isso era visível: falta de senso de realidade no chefe da diplomacia personalista e falta de coragem entre os profissionais para falar sinceramente dos riscos de um fracasso. Vão dizer que valeu o esforço. PRA
Da coluna de Jamil Chade:
Um pacto esvaziado
Era para ser o resgate da ONU e do sistema multilateral. Mas a Cúpula do Futuro, organizada para ocorrer a partir do dia 22 de setembro em Nova York, não contará com os líderes de nenhuma das potências e membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
A China, por exemplo, irá apenas com um vice-ministro, enquanto Rússia, Reino Unido, Estados Unidos e França designaram seus chanceleres para falar.
Mediadores estrangeiros que fizeram parte das negociações do acordo admitiram ainda que houve uma revisão das ambições, diante do profundo racha que existe na comunidade internacional.
O texto, originalmente com o objetivo de recuperar a importância da ONU e dar respostas para os desafios do século 21, foi transformado em uma lista de aspirações, com pouco impacto. Ainda assim, o impasse continua em alguns dos aspectos relacionados à segurança e outros temas.
Para muitos, o acordo, com o ambicioso nome de "Pacto do Futuro", não passa de um compromisso dos governos a compromissos já feitos no passado. E que nunca foram cumpridos.
Numa sangrenta disputa de poder, o pacto ameaça ser apenas mais um sinal do mal-estar que atravessa o mundo e a diplomacia.
Todos os detalhes em minha coluna deste domingo: