Remembering
Todo mundo tem mãe, esta é uma certeza. A minha, Dona Laura, trabalhou duramente a vida inteira, meu pai também, assim como meu irmão maior, e eu mesmo, e assim saimos de uma situação tangenciando a pobreza, durante a infância, para uma de classe média periclitante na adolescência. Meus avós eram perfeitamente analfabetos, meus pais não tinham primário completo, mas Dona Laura se esforçou enormemente para que tivéssemos um desempenho satisfatório nas escolas públicas que frequentamos: exigia boletins com boas notas, do contrário vinha bronca das bravas.
Com isso, escapei de um provável futuro profissional em ocupações manuais, como eram as de meus avós e dos meus pais, para uma profissão de letrado e burocrata cum acadêmico, graças igualmente à Biblioteca Pública Infantil que frequentei durante toda a minha infância e a primeira adolescência.
Devo ao ingente trabalho e à vigilância severa de Dona Laura nos meus estudos o fato de ter ascendido socialmente e intelectualmente.
É o que eu poderia dizer neste Dia das Mães de 2023, muito anos depois que Dona Laura se foi. Ela sabe que eu devo isso a ela, sempre soube.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 14/05/2023