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domingo, 13 de outubro de 2013

A decadencia do ensino superior (!?) no Brasil - BBC-Brasil

'Geração do diploma' lota faculdades, mas decepciona empresários

Estudante (Foto Reuters)
Número de instituições de ensino superior mais que dobrou desde 2001
Nunca tantos brasileiros chegaram às salas de aula das universidades, fizeram pós-graduação ou MBAs. Mas, ao mesmo tempo, não só as empresas reclamam da oferta e qualidade da mão-de-obra no país como os índices de produtividade do trabalhador custam a aumentar.
Na última década, o número de matrículas no ensino superior no Brasil dobrou, embora ainda fique bem aquém dos níveis dos países desenvolvidos e alguns emergentes. Só entre 2011 e 2012, por exemplo, 867 mil brasileiros receberam um diploma, segundo a mais recente Pesquisa Nacional de Domicílio (Pnad) do IBGE.
“Mas mesmo com essa expansão, na indústria de transformação, por exemplo, tivemos um aumento de produtividade de apenas 1,1% entre 2001 e 2012, enquanto o salário médio dos trabalhadores subiu 169% (em dólares)", diz Rafael Lucchesi, diretor de educação e tecnologia na Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A decepção do mercado com o que já está sendo chamado de "geração do diploma" é confirmada por especialistas, organizações empresariais e consultores de recursos humanos.
"Os empresários não querem canudo. Querem capacidade de dar respostas e de apreender coisas novas. E quando testam isso nos candidatos, rejeitam a maioria", diz o sociólogo e especialista em relações do trabalho da Faculdade de Economia e Administração da USP, José Pastore.
Entre empresários, já são lugar-comum relatos de administradores recém-formados que não sabem escrever um relatório ou fazer um orçamento, arquitetos que não conseguem resolver equações simples ou estagiários que ignoram as regras básicas da linguagem ou têm dificuldades de se adaptar às regras de ambientes corporativos.
"Cadastramos e avaliamos cerca de 770 mil jovens e ainda assim não conseguimos encontrar candidatos suficientes com perfis adequados para preencher todas as nossas 5 mil vagas", diz Maíra Habimorad, vice-presidente do DMRH, grupo do qual faz parte a Companhia de Talentos, uma empresa de recrutamento. "Surpreendentemente, terminanos com vagas em aberto."
Outro exemplo de descompasso entre as necessidades do mercado e os predicados de quem consegue um diploma no Brasil é um estudo feito pelo grupo de Recursos Humanos Manpower. De 38 países pesquisados, o Brasil é o segundo mercado em que as empresas têm mais dificuldade para encontrar talentos, atrás apenas do Japão.
É claro que, em parte, isso se deve ao aquecimento do mercado de trabalho brasileiro. Apesar da desaceleração da economia, os níveis de desemprego já caíram para baixo dos 6% e têm quebrado sucessivos recordes de baixa.
Linha de montagem da Ford (Foto BBC)
Produtividade da industria aumentou apenas 1,1% na última década, segundo a CNI
Mas segundo um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) divulgado nesta semana, os brasileiros com mais de 11 anos de estudo formariam 50% desse contingente de desempregados.
"Mesmo com essa expansão do ensino e maior acesso ao curso superior, os trabalhadores brasileiros não estão conseguindo oferecer o conhecimento específico que as boas posições requerem", explica Márcia Almstrom, do grupo Manpower.

Causas

Especialistas consultados pela BBC Brasil apontam três causas principais para a decepção com a "geração do diploma".
A principal delas estaria relacionada a qualidade do ensino e habilidades dos alunos que se formam em algumas faculdades e universidades do país.
Os números de novos estabelecimentos do tipo criadas nos últimos anos mostra como os empresários consideram esse setor promissor. Em 2000, o Brasil tinha pouco mais de mil instituições de ensino superior. Hoje são 2.416, sendo 2.112 particulares.
"Ocorre que a explosão de escolas superiores não foi acompanhada pela melhoria da qualidade. A grande maioria das novas faculdades é ruim", diz Pastore.
Tristan McCowan, professor de educação e desenvolvimento da Universidade de Londres, concorda. Há mais de uma década, McCowan estuda o sistema educacional brasileiro e, para ele, alguns desses cursos universitários talvez nem pudessem ser classificados como tal.
“São mais uma extensão do ensino fundamental", diz McCowan. "E o problema é que trazem muito pouco para a sociedade: não aumentam a capacidade de inovação da economia, não impulsionam sua produtividade e acabam ajudando a perpetuar uma situação de desigualdade, já que continua a ser vedado à população de baixa renda o acesso a cursos de maior prestígio e qualidade."
Para se ter a medida do desafio que o Brasil têm pela frente para expandir a qualidade de seu ensino superior, basta lembrar que o índice de anafalbetismo funcional entre universitários brasileiros chega a 38%, segundo o Instituto Paulo Montenegro (IPM), vinculado ao Ibope.
Estudantes (Foto BBC)
Especialistas questionam qualidade de novas faculdades no Brasil
Na prática, isso significa que quatro em cada dez universitários no país até sabem ler textos simples, mas são incapazes de interpretar e associar informações. Também não conseguem analisar tabelas, mapas e gráficos ou mesmo fazer contas um pouco mais complexas.
De 2001 a 2011, a porcentagem de universitários plenamente alfabetizados caiu 14 pontos - de 76%, em 2001, para 62%, em 2011. "E os resultados das próximas pesquisas devem confirmar essa tendência de queda", prevê Ana Lúcia Lima, diretora-executiva do IPM.
Segundo Lima, tal fenômeno em parte reflete o fato da expansão do ensino superior no Brasil ser um processo relativamente recente e estar levando para bancos universitários jovens que não só tiveram um ensino básico de má qualidade como também viveram em um ambiente familiar que contribuiu pouco para sua aprendizagem.
"Além disso, muitas instituições de ensino superior privadas acabaram adotando exigências mais baixas para o ingresso e a aprovação em seus cursos", diz ela. "E como consequência, acabamos criando uma escolaridade no papel que não corresponde ao nível real de escolaridade dos brasileiros."

Postura e experiência

A segunda razão apontada para a decepção com a geração de diplomados estaria ligada a “problemas de postura” e falta de experiência de parte dos profissionais no mercado.
“Muitos jovens têm vivência acadêmica, mas não conseguem se posicionar em uma empresa, respeitar diferenças, lidar com hierarquia ou com uma figura de autoridade”, diz Marcus Soares, professor do Insper especialista em gestão de pessoas.
“Entre os que se formam em universidades mais renomadas também há certa ansiedade para conseguir um posto que faça jus a seu diploma. Às vezes o estagiário entra na empresa já querendo ser diretor.”
As empresas, assim, estão tendo de se adaptar ao desafio de lidar com as expectativas e o perfil dos novos profissionais do mercado – e em um contexto de baixo desemprego, reter bons quadros pode ser complicado.
Para Marcelo Cuellar, da consultoria de recursos humanos Michael Page, a falta de experiência é, de certa forma natural, em função do recente ciclo de expansão econômica brasileira.
"Tivemos um boom econômico após um período de relativa estagnação, em que não havia tanta demanda por certos tipos de trabalhos. Nesse contexto, a escassez de profissionais experientes de determinadas áreas é um problema que não pode ser resolvido de uma hora para outra", diz Cuellar.
Nos últimos anos, muitos engenheiros acabaram trabalhando no setor financeiro, por exemplo.
"Não dá para esperar que, agora, seja fácil encontrar engenheiros com dez ou quinze anos de experiência em sua área – e é em parte dessa escassez que vem a percepção dos empresários de que ‘não tem ninguém bom’ no mercado", acredita o consultor.

'Tradição baicharelesca'

Por fim, a terceira razão apresentada por especialistas para explicar a decepção com a “geração do diploma” estaria ligada a um desalinhamento entre o foco dos cursos mais procurados e as necessidades do mercado.

É bastante disseminada no Brasil a ideia de que cargos de gestão pagam bem e cargos técnicos pagam mal. Mas isso está mudando – até porque a demanda por profissionais da área técnica tem impulsionado os seus salários."
Gabriel Rico
De um lado, há quem critique o fato de que a maioria dos estudantes brasileiros tende a seguir carreiras das ciências humanas ou ciências sociais - como administração, direito ou pedagogia - enquanto a proporção dos que estudam ciências exatas é pequena se comparada a países asiáticos ou alguns europeus.
“O Brasil precisa de mais engenheiros, matemáticos, químicos ou especialistas em bioquímica, por exemplo, e os esforços para ampliar o número de especialistas nessas áreas ainda são insuficientes”, diz o diretor-executivo da Câmara Americana de Comércio (Amcham), Gabriel Rico.
Segundo Rico, as consequências dessas deficiências são claras: “Em 2011 o país conseguiu atrair importantes centros de desenvolvimento e pesquisas de empresas como a GE a IBM e a Boeing”, ele exemplifica. “Mas se não há profissionais para impulsionar esses projetos a tendência é que eles percam relevância dentro das empresas.”
Do outro lado, também há críticas ao que alguns vêem como um excesso de valorização do ensino superior em detrimento das carreiras de nível técnico.
“É bastante disseminada no Brasil a ideia de que cargos de gestão pagam bem e cargos técnicos pagam mal. Mas isso está mudando – até porque a demanda por profissionais da área técnica tem impulsionado os seus salários”, diz o consultor.
Rafael Lucchesi concorda. "Temos uma tradição cultural baicharelesca, que está sendo vencida aos poucos”, diz o diretor da CNI – que também é o diretor-geral do Senai (Serviço Nacional da Indústria, que oferece cursos técnicos).
Segundo Lucchesi, hoje um operador de instalação elétrica e um técnico petroquímico chegam a ganhar R$ 8,3 mil por mês. Da mesma forma, um técnico de mineração com dez anos de carreira poderia ter um salário de R$ 9,6 mil - mais do que ganham muitos profissionais com ensino superior.
“Por isso, já há uma procura maior por essas formações, principalmente por parte de jovens da classe C, mas é preciso mais investimentos para suprir as necessidades do país nessa área”, acredita.

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Miseria educacional brasileira: tres especialistas analisam...

Sou, como sempre digo, alguém moderadamente pessimista em relação à economia brasileira, ou seja, acho que vamos continuar crescendo a taxas medíocres, que é que nos permite um Estado extrator, extravista, espoliador, que arranca 38% da renda nacional, gasta 41%, não investe quase nada produtivamente, e só entrega serviços vagabundos, indignos do que pagamos para esse bando de assaltantes que tomou posse do Estado brasileiro, uma entidade que no passado já foi promotor do desenvolvimento (ou pelo menos do crescimento econômico), mas que atualmente se converteu em um elemento (um meliante, diríamos) obstrutor desse mesmo desenvolvimento (ou mero crescimento).
Bem, sou, portanto, um pessimista relativo em relação às chances de crescimento econômico.
Mas sou, leiam bem, um pessimista absoluto no que se refere à (má) qualidade da educação: acho que continuamos a caminhar pela via errada (graças às "saúvas freireanas" do MEC), e continuamos a afundar na mediocridade total no que concerne o funcionamento do aparelho (é o caso de empregar o mesmo conceito que o aparelho dos companheiros) educacional.
Enfim, não vou continuar pois não quero interferir na leitura deste artigo sobre os dilemas do ensino médio no Brasil, por três especialistas conhecidos.
Paulo Roberto de Almeida 



O CNE E O PESADELO DO ENSINO MÉDIO
João Batista Araujo e Oliveira, Claudio de Moura Castro e Simon Schwartzman
O Estado de São Paulo, 8 de fevereiro de 2012

Há um abismo separando o ensino médio no Brasil do que se faz no resto do mundo. Exemplo dessa distância é a Resolução 2, de 30 de janeiro de 2012, do Conselho Nacional de Educação (CNE). Ali se alarga o fosso que existe entre as elites brasileiras e o mundo das pessoas que dependem de suas decisões.
Comecemos com a realidade: muitos dos alunos que vêm da escola pública e entram no ensino médio não conseguem ler e escrever com um mínimo de competência. De fato, 85% chegam com um nível de conhecimentos equivalente ao que seria de se esperar para o 5.º ano. Desse total, 40% se evadem nos dois primeiros anos e menos de 50% concluem os cursos, com média inferior a 4 na prova objetiva do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e acumulando nas costas uma média de um ano e meio de repetência.
Além dos suspeitos usuais (por exemplo, mau preparo dos professores), várias pesquisas confirmam o que todos sabíamos: o ensino médio é chato! Os temas estão muito longe do mundo dos alunos, não permitindo que vislumbrem um bom uso para tais conhecimentos, e é descomunal a quantidade de assuntos tratados, não deixando entender nada em profundidade e obrigando os alunos a memorizar fórmulas, listas, datas e princípios científicos. O prazer do estudo é a sensação de entender, de decifrar os mistérios do conhecimento. Se as matérias fluem freneticamente, não há como dominar o que quer que seja. Convidamos o leitor a folhear um livro de biologia do ensino médio e contar os milhares de bichinhos e plantinhas citados.
Uma fração ínfima dos egressos de escola pública prossegue para o ensino superior. Para os demais é ensino técnico ou nada. Mas os que querem fazer ensino profissional precisam concluir primeiro a barreira do ensino médio. Ou, então, têm de estudar em outro turno, para aprenderem uma profissão. Isso contrasta com o que fazem muitos países, onde as disciplinas de cunho mais prático ou profissionalizante substituem as disciplinas acadêmicas – mantendo a carga horária.
Dos que vão para a escola técnica, dois terços estudam em instituições particulares pagas e sem subsídios públicos. São os cursos voltados para alunos mais modestos. Por que as bolsas e os créditos educativos não vão para os cursos que matriculam os menos prósperos?
Nos países desenvolvidos, o ensino médio tem três características. Em primeiro lugar, é diversificado, não existindo um currículo mínimo único ou obrigatório para todos. O grau de diversificação varia entre países, podendo ser diferente entre tipos de ensino médio e escolas. Muitas das alternativas oferecidas preparam para o trabalho. De fato, entre 30% e 70% dos alunos cursam uma vertente profissionalizante. A segunda característica é o ganho de eficiência. Com a existência de múltiplos percursos, os alunos podem escolher os mais apropriados para seu perfil e suas preferências. Assim, o índice de perdas é mínimo. Em contraste, a deserção ocorre com maior intensidade nos países onde há menor diversificação. A terceira característica é que, consistente com a diversificação, muitos países não utilizam um mesmo exame de fim de ensino médio, padronizado para todos. Os alunos tampouco precisam fazer provas em mais de quatro ou cinco disciplinas para obter um certificado de algum tipo de ensino médio.
O estilo gongórico da resolução do CNE dificulta sua compreensão. Por exemplo: “O projeto político-pedagógico na sua concepção e implementação deve considerar os estudantes e professores como sujeitos históricos e de direitos, participantes ativos e protagonistas na sua diversidade e singularidade”. Já que alguma força profunda empurra para esse linguajar, por que não publicar, simultaneamente, uma versão inteligível para o comum dos mortais?
E tome legislação: são quatro áreas de conhecimento e nove matérias obrigatórias – apelidadas de “componentes curriculares com especificidades e saberes próprios construídos e sistematizados” -, que são subdivididas, sempre na forma da lei, em 12 disciplinas. Não admira que os alunos abandonem os cursos. Como dizia Anísio Teixeira na década de 50, tudo legal, e tudo muito ruim!
Mas o pior está por vir. A resolução não define o que seja “educação geral”, mas no inciso V do artigo 14 afirma que “atendida a formação geral, incluindo a preparação básica para o trabalho, o Ensino Médio pode preparar para o exercício de profissões técnicas”. Instrutivo notar que a profissionalização é vista como um “pode”, e não como um caminho natural que alhures é seguido pela maioria.
Essa profissionalização se obtém adicionando 800 horas ao curso (o equivalente a um ano letivo). Ou seja, em primeiro lugar, é preciso sofrer as 2.400 horas da tal “educação geral”. Depois, para a profissionalização, são mais 800 horas de estudo. Na prática, os alunos dos cursos técnicos têm uma carga de estudos mais pesada do que os que fazem o acadêmico puro. Difícil imaginar maior desincentivo para a formação profissional. Nos países mais bem-sucedidos em educação os cursos técnicos têm carga horária igual ou menor que o acadêmico. Para valorizar o lado profissionalizante, o texto diz que o “trabalho é conceituado na sua perspectiva ontológica de transformação da natureza, como realização inerente ao ser humano e como mediação do processo de produção da sua existência”. Deu para entender? Traduzindo do javanês, é preciso aumentar a “educação geral”.
O novo ministro da Educação encontra-se diante de uma oportunidade ímpar. Ou seja, alinhar o ensino médio à realidade de seus alunos, de sua economia e à luz da experiência de quem fez melhor do que nós. Ou, então, perpetuar o genocídio pessoal e intelectual que caracteriza um ensino médio unificado e, por consequência, excludente.

domingo, 21 de agosto de 2011

A destruicao da escola publica pela universidade - Jose Maria e Silva

Um importante artigo sobre a tragédia educacional brasileira.

ESCOLA PÚBLICA
Vítima indefesa das universidades
José Maria e Silva
Jornal Opção (Goiânia), 21/08/2011

O Ideb na porta das escolas não vai medir o mais grave problema da educação brasileira: a pedagogia da destruição que as universidades impõem ao ensino público

O go­ver­no go­i­a­no, por in­ter­mé­dio da Se­cre­ta­ria Es­ta­du­al de Edu­ca­ção, ado­tou uma me­di­da pi­o­nei­ra no Pa­ís — a trans­for­ma­ção do Ín­di­ce de De­sen­vol­vi­men­to da Edu­ca­ção Bá­si­ca (Ideb) nu­ma es­pé­cie de DNA das es­co­las. A par­tir de ago­ra, to­das as es­co­las es­ta­du­ais se­rão obri­ga­das a os­ten­tar uma pla­ca com a no­ta ob­ti­da no Ideb, tor­nan­do pú­bli­co seu su­ces­so ou fra­cas­so no re­fe­ri­do ín­di­ce. Co­mo pai da ideia, o em­pre­sá­rio e eco­no­mis­ta Gus­ta­vo Ioschpe, pen­sa­dor ad hoc da edu­ca­ção, es­te­ve em Go­i­â­nia res­pal­dan­do a de­ci­são do se­cre­tá­rio de Edu­ca­ção, Thiago Pei­xo­to. Em seu Twit­ter, no fi­nal da tar­de de se­gun­da-fei­ra, 15, Ioschpe não es­con­deu o en­tu­si­as­mo: “Sa­in­do de Go­i­â­nia. Ideb na Es­co­la lan­ça­do na re­de es­ta­du­al de Go­i­ás. Pri­mei­ro Es­ta­do. Gran­de vi­tó­ria. Va­mos em fren­te”.

A pro­pos­ta de Gus­ta­vo Ioschpe ga­nhou for­ça en­tre as au­to­ri­da­des do Pa­ís e ten­de a vi­rar lei fe­de­ral, va­len­do pa­ra to­das as es­co­las bra­si­lei­ras. É o que pre­vê pro­je­to de lei do de­pu­ta­do fe­de­ral Ro­nal­do Cai­a­do (DEM), apre­sen­ta­do na Câ­ma­ra dos De­pu­ta­dos em 7 de ju­nho. No mes­mo dia, o de­pu­ta­do Ed­mar Ar­ru­da, do PSC do Pa­ra­ná, apre­sen­tou pro­je­to se­me­lhan­te, que foi apen­sa­do ao do par­la­men­tar go­i­a­no. Uma se­ma­na de­pois, em 15 de ju­nho, foi a vez do de­pu­ta­do Fer­nan­do Tor­res, do DEM da Ba­hia, apre­sen­tar pro­je­to pra­ti­ca­men­te idên­ti­co, tam­bém apen­sa­do ao de Cai­a­do. E na mes­ma da­ta, cou­be à se­na­do­ra Lú­cia Vâ­nia, do PSDB de Go­i­ás, inau­gu­rar es­sa dis­cus­são no Se­na­do, com um pro­je­to de lei do gê­ne­ro.

Além des­sas ini­ci­a­ti­vas no Con­gres­so Na­ci­o­nal, di­ver­sas As­sem­blei­as Le­gis­la­ti­vas e Câ­ma­ras Mu­ni­ci­pa­is pe­lo Pa­ís afo­ra es­tão dis­cu­tin­do pro­je­tos se­me­lhan­tes, to­dos eles ins­pi­ra­dos na pro­pos­ta de Gus­ta­vo Ioschpe. No ca­so dos pro­je­tos de lei que tra­mi­tam no Con­gres­so Na­ci­o­nal, o mais ou­sa­do é o de Ro­nal­do Cai­a­do, pois ele obri­ga to­das as es­co­las do en­si­no bá­si­co — não só as pú­bli­cas, mas tam­bém as par­ti­cu­la­res — a exi­bir a no­ta ob­ti­da no Ideb. Se apro­va­do, o pro­je­to de Cai­a­do exi­gi­ria adap­ta­ções no Ideb, pois a Pro­va Bra­sil, um dos in­di­ca­do­res que com­põ­em o ín­di­ce, é apli­ca­da por amos­tra­gem no en­si­no pri­va­do e não uni­ver­sal­men­te, co­mo ocor­re no en­si­no pú­bli­co ur­ba­no.

LEIAM A ÍNTEGRA neste link.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Escolas superiores do Brasil: ranking das 25 melhores...

Não sei exatamente quais são os critérios de classifição e de rankeamento, mas suponho que sejam sérios e bem pesados, nas áreas respectivas.
Só posso dizer: vergonha para algumas que recebem dinheiro público, e muito, e sequer conseguem figurar entre as melhores...
Acho também que o título da matéria está errado. Deveria ser assim: "De 25 instituições de ensino superior com nota máxima em avaliação do MEC quase a metade é privada".
Afinal de contas, elas não recebem dinheiro para ser as melhores, e são até discriminadas pelo MEC e pela Capes...
Paulo Roberto de Almeida

De 25 instituições de ensino superior com nota máxima em avaliação do MEC mais da metade é pública
Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Apenas 25 instituições de ensino superior (IES) do país podem ser consideradas de excelência. Elas alcançaram conceito 5 no Índice Geral de Cursos (IGC) de 2009, que foi divulgado hoje (13) pelo Ministério da Educação (MEC). O indicador mede a qualidade de uma faculdade, centro universitário ou universidade a partir da qualidade de seus cursos de graduação e pós-graduação, em uma escala de 1 a 5. Os resultados 1 e 2 são considerados insatisfatórios, 3 razoável, e 4 e 5 bons.

Em 2009, foram avaliadas 2.137 IES - aquelas que obtiveram IGC 5 representam apenas 5,5% do total. Catorze delas são públicas e 11 privadas. Elas se concentram na Região Sudeste, com exceção de duas do Rio Grande do Sul e uma de Santa Catarina.

Considerando o chamado “IGC contínuo”, que atribui uma nota de 0 a 500 para a IES, as três melhores universidades dentro do grupo considerando de excelência são particulares. Confira o ranking:

1.Escola Brasileira de Economia e Finanças (Ebef) – Rio de Janeiro (privada)

2.Faculdade de Administração de Empresas (Facamp) – São Paulo (privada)

3.Escola de Economia de São Paulo (Eesp) – São Paulo (privada)

4.Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) – São Paulo (pública)

5.Ínsper Instituto de Ensino e Pesquisa (Ínsper) – São Paulo (privada)

6.Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho (EG) – Minas Gerais (pública)

7.Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) – São Paulo (pública)

8.Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV-SP) - São Paulo (privada)

9.Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic (SLMANDIC) – São Paulo (privada)

10.Faculdade Fucape (Fucape) – Espírito Santo (privada)

11.Insituto Militar de Engenharia (IME) – Rio de Janeiro (pública)

12.Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) – São Paulo (pública)

13.Faculdade de Economia e Finanças IBMEC (IBMEC) – São Paulo (privada)

14.Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje) – Minas Gerais (privada)

15.Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – Rio Grande do Sul (pública)

16.Universidade Federal de Lavras (UFLA) – Minas Gerais (pública)

17.Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape) – Rio de Janeiro (privada)

18.Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Minas Gerais (pública)

19.Universidade Federal de Viçosa (UFV) – Minas Gerais (pública)

20.Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – São Paulo (pública)

21.Centro Universitário Municipal de São José (USJ) – Santa Catarina (pública)

22. Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)– Rio Grande do Sul (pública)

23.Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) – Minas Gerais (pública)

24.Escola de Direito de São Paulo (Direitp GV) – São Paulo (privada)

25.Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Rio de Janeiro (pública)

domingo, 18 de abril de 2010

2028) Paulo Freire - um pessimo pedagogo e a insistencia no atraso...

Dois comentaristas se deram ao trabalho de comentar um post meu sobre o arremedo de pedagogo e uma das muitas (estúpidas) unanimidades nacionais, que responde pelo nome do post:

quinta-feira, 8 de abril de 2010
2054) Celebrando o atraso - Paulo Freire nos EUA
Idiotas existem em todas as partes, como comprova a informação abaixo...

Universidade americana comemora 40 anos da tradução de Paulo Freire para o inglês

Um, o José Marcos veio em socorro do Paulo Freire, dizendo que teve, uma vez, a "oportunidade de assistir a uma palestra de Paulo Freire um pouco depois de seu retorno ao Brasil. Com sua voz mansa e pausada, Paulo Freire brindou a assistência com um convite para olharmos o mundo com uma visão mais crítica. Sugeriu que nos conscientizássemos mais da realidade em que estávamos inseridos."

Ela está contente que Paulo Freire faça sucesso nos EUA, afirmando a propósito dos americanos que: "Seduzidos pela magia mefistofélica da ciência, não percebem que, muitas vezes, causam sofrimento desnecessário aos povos que não comungam com os seus ideais."

Pois é, os americanos foram seduzidos por essa magia mefistofélica, menos aqueles, claro, que puderam ler Paulo Freire, e foram guiados pela luz da razão e pela promessa de libertação dos valores vis do capitalismo. Por isso que os americanos são tão atrasados, e os brasileiros, cuja educação é dominada de maneira intensiva e extensiva pelos ensinamentos de Paulo Freire, são tão avançados, progressistas, prósperos e cientificamente na vanguarda da humanidade.

Em seguida, o leitor Rubens perguntou, gentilmente, ao primeiro "se a doutrina Bush é prejudicial ao Direito Internacional, e o com certeza o é, o que dizer da Doutrina Mao Tse-Tung, que Paulo Freire tanto propagava? Não foi nem um pouco prejudicial a tudo aquilo o direito mais quer preservar?"
Rubens sabe bem as diferenças entre os EUA e a China de Mao, e por isso convida o primeiro comentarista a ser mais cauteloso:
""Visão mais crítica da realidade"? Pergunte aos morreram na China comunista se a visão crítica que eles tinham foi respeitada. E o que Paulo Freira achava da educação na China."

Voltou então o José Marcos com uma longa tergiversação formalística sobre o que tinha afirmado Rubens, colocando questões absolutamente superficiais, jamais tocando no âmago da questão.

Vou ajudá-lo na tarefa, resumindo o debate desta forma, ao risco de ser cruel com ambos, isto é, Paulo Freire e seu procurador voluntário José Marcos.

Paulo Freire, junto com outros representantes do marxismo universitário, é um dos muitos publicistas (avant la lettre, no seu caso) do "outro mundo possível". Existem, sim, muitos escritos nos quais ele celebra o sistema chinês -- provavelmente na ignorância completa do que se passava lá -- num momento em que a China era submetida, por aquele lunático econômico, a um dos maiores experimentos de engenharia social de que se tem notícia na história da humanidade.
Talvez o José Marcos não saiba, mas quando Paulo Freire escrevia suas maravilhas pedagógicas e celebrava os feitos do comunismo maoista, a China empreendia sob a liderança de Mao o "grande salto para a frente", que simplesmente resultou na morte -- por fome e outras endemias -- de aproximadamente 25 milhões de pessoas.
Pouco depois, a chamada Revolucao Cultural simplesmente destruiu o que tinha sobrado de universidade na China, mandando professores trabalhar no campo, em aldeias recuadas.

Mas, deixemos a tragédia maoista de lado, pois isso não nos concerne diretamente (embora os acadêmicos brasileiros escolham deliberadamente ignorar essas realidades) e voltemos para Paulo Freire.
Ele certamente foi uma pessoa bem intencionada, ainda que completamente equivocada. Ele queria o bem do povo, apenas que, como muitos outros marxistas vulgares, ele tinha uma visão deformada da realidade, que ele via sempre em preto e branco, conforme os ditames da luta de classes. Se era aristocrata, burguês, classe dominante, capitalismo, tudo isso era intrinsecamente perverso, maléfico para o povo. Se fosse do povo, das chamadas classes subalternas, dos oprimidos, então era literalmente bom, e deveria ser promovido.
O que faltava, ao povo, era uma consciência de classe, que era preciso promover, pela educação, para ele lutar pela sua libertação da opressão (capitalista, obviamente).
O mundo do socialismo -- chinês, ou outro -- era infinitamente superior ao mundo capitalista, odiado por qualquer marxista que se preze.
A educacao do povo deveria ser feita menos do be-a-bá tradicional, do tipo "Ivo viu a uva", e mais com as realidades simples do dia a dia: enxada, foice, martelo, sandálias, cabanas, em contraste com a opulência das elites. Tudo isso seria mudado um dia, se as pessoas do povo tomassem consciência de que eles eram pobres apenas porque os ricos os tinham explorado e roubado.

Estou simplificando um pouco, mas essa era a mensagem de Paulo Freira, um marxismo de botequim extremamente vulgar, para não dizer idiota, assim como são idiotas, ingênuos ou ignorantes aqueles que acham que sua mensagem tenha algo a ver com a atualidade e as necessidades de paises, ricos ou pobres.

O que essas pessoas não percebem é que o "paulofreirismo", dominante nos cursos de pedagogia do Brasil desde o final dos anos 1960 pelo menos, vem sendo praticado nos estabelecimentos de ensino de uma forma ou de outra, com os resultados que se conhecem: o Brasil é um dos últimos lugares em TODOS os exames comparativos de avaliação escolar que se possa fazer pelo mundo afora.

Se os leitores, especialmente o José Marcos, não conhece essa realidade, eu o convido a entrar na pagina da OCDE (www.oecd.org) e buscar por PISA: Program of International Student Assessment, e ver ali o lugar do Brasil nas três áreas selecionadas para avaliação: língua nacional, ciências básicas, matemáticas elementares. O Brasil consegue concentrar seus alunos nas seções inferiores, no que constitui uma tragédia nacional.

Não tenho nenhuma hesitação em atribuir a Paulo Freire uma grande, uma ENORME responsabilidade por essa tragédia.

Paulo Roberto de Almeida
(Dunhuang, China, 18.04.2010)