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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 29 de abril de 2024

Relações econômicas entre Estados: Resenha de Arno Dal Ri Júnior: História do Direito Internacional: comércio e moeda, cidadania e nacionalidade - Paulo Roberto de Almeida

 Relações econômicas entre Estados

Paulo Roberto de Almeida

 

Resenha de

Arno Dal Ri Júnior:

História do Direito Internacional: comércio e moeda, cidadania e nacionalidade

(Florianópolis: Fundação Boiteux, 2004, 316 p; ISBN: 85-87995-38-3)


 

            O “direito das gentes”, antigo nome do direito internacional, desenvolveu-se em grande medida para resolver problemas práticos nascidos da interação entre homens de comunidades diferentes, como os de comércio e moedas; ele hoje regula parte substancial das relações econômicas internacionais. Este livro do pesquisador Arno Dal Ri enfoca o nascimento do jus gentium desde a antiguidade, passa pela Respublica Christiana e pelo esprit du commerce de Montesquieu e vem dar nas instituições de Bretton Woods e nas rodadas de negociações do GATT, hoje administradas pela OMC. 

            Um segundo conjunto de estudos trata dos diversos conceitos de cidadania, entre eles o civis do direito romano, a vassalagem na Idade Média, o cosmopolitismo kantiano, e a situação no moderno Estado liberal. O trabalho é uma preciosidade jurídica, embasada na mais sólida tradição italiana do diritto internazionale, além de nos relembrar opiniões históricas que há muito deveriam ser o senso comum entre nós. Como por exemplo, o argumento de John Locke, emitido em 1692, contra a opinião corrente de que a intervenção estatal na economia pudesse alterar artificialmente o nível dos juros estabelecidos “naturalmente” pelo mercado: somente a abundância de moeda disponível para empréstimos poderia levar à redução das taxas. Locke é o pai da cultura do investimento. 

 

Paulo Roberto de Almeida