O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador ONU. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ONU. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 28 de maio de 2013

Perdao de dividas: la' fora pode; dentro, nem pensar...

Da coluna do jornalista Carlos Brickmann, em 28/05/2013:


Bons, lá fora

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a dívida dos Estados brasileiros com a União não será renegociada. Não há possibilidade sequer de redução de juros. Em compensação, a presidente Dilma Rousseff perdoou a dívida de US$ 900 milhões de 12 países africanos: Congo, Costa do Marfim, Gabão, Guiné, Guiné-Bissau, Mauritânia, República Democrática do Congo, São Tomé e Príncipe, Senegal, Sudão, Tanzânia e Zâmbia.

E por que não há concessões aos Estados brasileiros, enquanto se concede tudo aos africanos? Simples: os africanos talvez votem para colocar o Brasil no Conselho de Segurança da ONU.

========
Comentando: engano do jornalista. Mesmo que o Brasil disponha de 180 votos na Assembleia Geral em apoio a suas pretensões, sua aceitação como membro permanente no CSNU só ocorrerá quanto os cinco membros permanentes, o famoso P5, concordar com isso, independentemente de quantos votos existam em qualquer outra instância.
A rigor, a coisa toda só depende de dois membros: EUA e China...
Paulo Roberto de Almeida 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

ONU: fim da pobreza fica adiada sine die...

Adiaram mais uma vez, e vão adiar, quando estiver próximo de 2030, para uma data ainda mais distante...
Se continuar na base da assistência pública internacional, a pobreza tem um belo futuro pela frente...
Paulo Roberto de Almeida


Desigualdade

Banco Mundial fixa 2030 como meta para fim da pobreza extrema

Países emergentes diminuíram desigualdade, mas ainda há 1,2 bilhão de pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 por dia

Presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim: esta é a primeira vez que é fixada uma meta para fim da pobreza (John Macdougall/AFP)
"Para reduzir a pobreza, é fundamental que o crescimento se acelere", diz Bird
O Banco Mundial (Bird) definiu uma meta para acabar com a pobreza extrema: o ano de 2030. Em meio ao maior crescimento das economias emergentes, o nível de renda da população melhorou e o porcentual de pessoas vivendo na pobreza extrema atingiu níveis recordes de baixa, mas ainda há 1,2 bilhão de pessoas vivendo com menos de 1,25 dólar por dia. "Pela primeira vez na história, nos comprometemos em estabelecer uma meta para acabar com a pobreza", declarou o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.

A meta foi definida no fim de semana, em encontros fechados à imprensa na reunião anual do órgão multilateral e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que acabou no domingo em meio a um pequeno protesto de africanos em frente à sede do Fundo por mais emprego e crescimento. O grupo também fez protestos no sábado.

Dados divulgados durante a reunião mostram que, com o crescimento maior dos países emergentes, o porcentual da população que vive na extrema pobreza se reduziu nos últimos anos, passando de 43,1% da população mundial em 1990 para 22,7% em 2008, o menor da história.

Estatísticas preliminares de 2010 mostram que o porcentual desacelerou ainda mais, para 20,6%, uma meta estabelecida pelo Banco Mundial para ser alcançada somente em 2015. Com o objetivo fixado na reunião que acabou no domingo, 21, a projeção é de que esse porcentual se reduza para 3% em 2030.

O Brasil foi citado na reunião do Banco Mundial como um exemplo de país que conseguiu reduzir a pobreza e a desigualdade. Já a China foi mencionada como o exemplo oposto, onde a concentração de renda aumentou. As projeções do Banco Mundial apontam para uma aceleração do crescimento dos países emergentes até 2015. Yong Kim citou em sua apresentação que, de uma média de 5,5% de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, o número deve subir para a casa dos 6%. "Para reduzir a pobreza, é fundamental que o crescimento se acelere", disse ele por meio de comunicado.

Com maior aceleração do crescimento, a previsão é de que, em 2015, o número de pessoas vivendo na extrema pobreza caia para menos de um bilhão, dos quais 40% estarão na Ásia e 40% na África Subsaariana. No encerramento da conferência do FMI, sua diretora-executiva, Christine Lagarde, voltou a falar que os países membros precisam estimular o crescimento econômico que gere emprego. O Fundo estima que há mais de 200 milhões de desempregados hoje no mundo.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Coreia do Norte pede que estrangeiros deixem a Coreia do Sul (e o CSNU nao faz nada?)

Que boazinha: ela não quer matar estrangeiros; só sul-coreanos, japoneses e americanos.
Em condições mormais, um país como esse já teria sido objeto de sanções por parte do CSNU e possivelmente expulso da organização.
O que o CSNU está esperando para agir? Uma tragédia?
Paulo Roberto de Almeida

Pyongyang demande aux étrangers d'évacuer la Corée du Sud
Le Monde.fr avec Reuters | 09.04.2013 à 02h54

L'armée japonaise a été autorisée à détruire tout missile nord-coréen qui menacerait le territoire nippon.

La Corée du Nord a renouvelé mardi 9 avril la menace d'une guerre "thermo-nucléaire" sur la péninsule Coréenne et appelé les étrangers présents sur le territoire sud-coréen à considérer leur départ du pays. "Nous ne souhaitons aucun mal aux étrangers qui se trouvent en Corée du Sud si la guerre éclate", a déclaré un porte-parole du Comité coréen pour la paix dans la région Asie-Pacifique, relayé par l'agence de presse officielle KCNA.

Plus tôt dans la matinée, deux lanceurs de missiles Patriot ont été installés au ministère de la défense japonais au cœur de Tokyo, afin d'intercepter un éventuel missile nord-coréen, a-t-on appris auprès du ministère. D'après la presse japonaise, des missiles similaires vont être déployés sur deux autres sites aux alentours de la capitale nippone.

Des batteries d'intercepteurs seront aussi installées sur l'île d'Okinawa, dans le sud du Japon, a annoncé lundi le ministre de la défense, Itsunori Onodera. Lors d'une émission de télévision, il a précisé qu'Okinawa était "l'endroit le plus approprié pour répondre à toute urgence", ajoutant que des Patriot pourraient désormais être déployés sur cette île "de façon permanente".

Les forces d'autodéfense – nom de l'armée japonaise – ont été autorisées à détruire tout missile nord-coréen qui menacerait le territoire nippon, a indiqué lundi un porte-parole du ministère. Outre les batteries de Patriot, Tokyo a déployé des destroyers équipés du système d'interception Aegis en mer du Japon (appelée mer de l'Est par les Coréens), a précisé ce responsable.

La Corée du Nord a transporté en train, en début de semaine dernière, deux missiles Musudan et les a installés sur des véhicules équipés d'un dispositif de tir, selon Séoul, qui redoute que Pyongyang ne procède à un essai dans les jours à venir. Le Musudan aurait une portée théorique de 3 000 kilomètres, une capacité suffisante pour atteindre la Corée du Sud ou le Japon.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A ONU enfraquecida e a conspiracao do Ocidente malvado... - Kishore Mahbubani

Este autor é um dos intelectuais asiáticos mais conhecidos, principal partidário da tese da decadência ocidental e da ascensão asiática. Pode até ser. Pelo tamanho, pelo poderio econômico, pela demografia, pela criatividade e produtividade dos vários povos asiáticos -- que não existem, estrito senso, pois são todos muito diferentes entre si, embora comerciem muito, na própria região -- é muito provável que a alavanca econômica, tecnológica e financeira do mundo (não ainda a cultural, ou intelectual, e menos ainda a dos valores democráticos e humanísticos) passe definitivamente, em poucos anos, do Atlântico Norte para o Pacífico Norte (aqui incluída a Califórniam pelo menos, e provavelmente alguns do Índico também), o que será uma tremenda revolução geopolítica no mundo.
Mas, como muitos intelectuais asiáticos, Kishore Mahbubani acredita na teoria do complô ocidental contra os pobrezinhos asiáticos. Pode até haver algum fundamento histórico nessa história, em vista do colonialismo e do imperialismo desde a era dos descobrimentos, a era de "Vasco da Gama", como escreveu um historiador indiano. Mas, no more; não há nenhum fundamento hoje para essa teoria da conspiração ocidental contra a Ásia. Essa é uma história antiga, que ele desenvolveu em outros livros.
Vejamos agora a sua acusação atual: a de que a ONU é mantida fraca por uma conspiração (ou que seja "interesse") do Ocidente.
Trata-se, simplesmente, de uma mentira, e de uma cegueira.
Os EUA, e outros países ocidentais, foram consistentemente multilateralistas desde o início, com algumas condicionalidades. É evidente que os EUA nunca, jamais cogitariam de submeter suas principais políticas públicas e sobretudo suas estratégias e táticas de segurança nacional para a ONU ou qualquer esquema multilateral porventura existente. Nisso ele pode ter razão. Mas a culpa não é dos EUA apenas, mas sim de todas as grandes potências, sobretudo, e aqui há um grande SOBRETUDO, da União Soviética.
Se a ONU foi mantida fraca, durante a maior parte de sua história, isso é devido às grandes potências em seu conjunto mas principalmente devido à URSS e, desde 1972, à China, que substituiu Taiwan no CSNU. Esta é a principal razão, e o Ocidente é o menor culpado nessa história. Mahbubani não está apenas errado, ele acusa de má fé e isso é indesculpável para um intelectual.
Quanto à conclusão implícita, no sentido contrário, de que uma ONU forte seria melhor para o mundo, e para o desenvolvimento dos países atrasados, tampouco se deve atribuir muita consistência a essa "tese". A ONU é um dinossauro muito caro, e nunca fez nenhum país atrasado avançar no caminho do desenvolvimento, que não tenha sido pelos próprios esforços dos países em causa. Já estamos há seis décadas de assistência oficial ao desenvolvimento e poucos, se algum, países em desevolvimento avançaram em função de programas onusianos. A burocracia onusiana é como esses burocratas keynesianos nacionais, que acham que dinheiro resolve qualquer coisa...
Em todo caso, aceitando ou não minhas críticas, vocês podem ler agora esta matéria, parte de um livro desse intelectual asiático antiocidental.
Paulo Roberto de Almeida

Globalist Bookshelf > Global Governance
Why the United Nations Is Kept Weak
 

By Kishore Mahbubani | Saturday, February 09, 2013
 
The Globalist
Even during the Cold War, when Moscow and Washington disagreed on pretty much everything, both nations were united in one regard: they actively conspired to keep the UN weak. Unfortunately, writes Kishore Mahbubani in his new book, "The Great Convergence," this state of affairs has persisted long after the Cold War ended — to the great detriment of global development.

dirty little secret is that institutions of global governance are weak today by design, rather than by default. This has long been an open secret, as I know from having lived in New York City, the home of the United Nations, where I served for more than ten years.
The West needs to rethink its long-held policy that it serves Western interests to keep institutions of global governance weak.
It was most revealing to encounter many senior members of the U.S. political establishment and hear them lament about the poor state the United Nations was in. These people regularly assumed that it was a result of either the UN being dominated by the poor and weak states of Africa and Asia, or by the poor quality of its bureaucrats. They would assure me that they wished that the UN could act in a more muscular fashion and perform as well as Western organizations did.
To the best of my knowledge, not one of these senior figures ever acknowledged that it has been a long-standing Western strategy, led primarily by Washington, to keep the UN weak.
Even during the Cold War, when Moscow and Washington disagreed on pretty much everything, both nations were united in one regard. They actively conspired to keep the UN weak.
The United States and the Soviet Union did so through a variety of means. They selected all too pliable secretaries-general, such as Kurt Waldheim. They bullied whoever was secretary-general at a given time into dismissing or sidelining competent or conscientious UN civil servants who had shown any backbone.
They squeezed UN budgets endlessly. And, of course, they planted CIA and KGB spies in all corners of the UN system. All this was well known to anyone who worked within the UN system.
As we move into the era of the great convergence, the world clearly needs stronger "global village" councils. The time has come for the West to begin a fundamental rethink of its long-held policy that it serves long-term Western interests to keep institutions of global governance weak.
Of course, Western strategy has been a bit more nuanced. While it has kept the UN system at large weak, the UN Security Council was kept relatively strong and effective. Why? Because the West has been able, by and large, to control and dominate the UN's most important body.
If the West can control an international institution, it allows that institution to become strong and occasionally effective.
Similarly, the West has allowed both the IMF and World Bank to function better than the UN. These two bodies have a system of "weighted voting," which has allowed the West to retain control of both of those institutions. In short, the West has adopted an intelligent long-term strategy. If it can control an international institution, it allows that institution to become strong and occasionally effective. If it cannot control an international institution, it deliberately debilitates that institution.
This once-intelligent long-term strategy is no longer so intelligent, however. As the West progressively loses relative power within the international system, the inclination is to hold on to past power as much and as long as possible.
With only 12% of the global population and an inevitably declining share of economic and (increasingly) military power, the West's hardcore long-term geopolitical interests will quite naturally switch to delay the unavoidable.
It will move from trying to preserve Western "dominance" to trying to put in long-term safeguards to protect the West's "minority" position in a new global configuration of power.
This game can of course be played for a long time. However, the best way to protect minority rights is actually through strengthening the rule of law and strengthening the institutions that promote it.
This is precisely what most institutions of global governance are designed to do. The time has come for the West to work on strengthening, rather than weakening, these institutions. I hope that we will soon see a major debate in Western capitals on the rapidly diminishing wisdom of sticking with the old policies.
If the West cannot control an international institution, it deliberately debilitates that institution.
The West should not underestimate the value of the trust that the UN enjoys in the hearts and minds of the rest of the world's population. But the UN can retain this trust only if it is clearly perceived to be serving global, not just Western, interests. When I visited Beijing in May 2012, I got a firsthand experience of the value of this trust. For many years, the West had been trying to persuade China to pay more attention to its environment and to adopt sustainable development.
Predictably, China reacted with a great deal of suspicion to this unsolicited Western advice. It was seen to be a clever, but transparent maneuver by the West to derail or slow down China's economic development.
A Chinese policymaker told me that China finally accepted the policy advice when it was given to them by an independent UN agency, the UNDP. No wonder then that, when the Chinese government finally decided to organize a global seminar to address this issue, its partner of choice was the UNDP.
Trust is an essential commodity as we go about restructuring the global system to handle new global challenges. We should try to retain as much as possible all the trust that the UN has accumulated in our world.
One very direct policy consequence of all this is that the time has come for the United States to terminate its zero-budget policies and to invest in the UN constructively.
If it were to do so, the impact on the American economy and the U.S. federal budget would be truly inconsequential.
Just consider that the budget of the New York City Fire Department, which serves one city, was $1.73 billion in 2011. In contrast, the budget for the UN's core functions — the Secretariat operations in New York, Geneva, Nairobi, Vienna and five Regional Commissions, which serve the whole world — is $1.74 billion a year.
The West should not underestimate the value of the trust that the UN enjoys in the hearts and minds of the rest of the world's population.
The U.S. delegation to the UN resents the fact that, even though their country pays 22% of the UN budget, it has only vote out of 193 in the UN's general decision-making processes. These American officials are right. There is a problem here that needs to be addressed. There needs to be a much more direct relationship between privileges and responsibilities in UN decision-making.
But adamantly clinging to zero-budget growth policies for the entire UN is not the answer.

Editor's note: This essay is adapted from The Great Convergence: Asia, the West, and the Logic of One World (PublicAffairs) by Kishore Mahbubani. Published by arrangement with the author. Copyright © 2013 by Kishore Mahbubani.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Siria: mais espaco para o "dialogo"

Parece que alguns membros permanentes do Conselho de Segurança, nisso apoiados por certo número de países não permanentes, acreditam que é preciso dar mais espaço para o diálogo entre o governo e a oposição na Síria.
O governo daquele país já encontrou os seus representantes para o diálogo: 

ASSAD'S PACT WITH THE DEVIL 


The regime of Syrian ruler Bashar Assad has enlisted gangs of murderous thugs known as 'Shabiha.' No assignment is too brutal or bloody for these men who are free to kill, plunder and rape. Assad knows that outright victory over the opposition is his only remaining chance to stay in power.
Der Spiegel, 4/06/2012

When the images and details of the massacre in the western Syrian town of Houla were released, the comparisons with other horrific killings were inevitable: My Lai, Srebrenica, Rwanda. More than 100 people, half of them children and a third of them women, were killed on the evening of May 25, after Friday prayers, in the Taldou neighborhood. Some died as a result of hours of shelling by tanks and Syrian army artillery, but most were killed by death squads from the surrounding villages, thugs who slit their neighbors' throats or shot them at close range.

The world was horrified. Even China and Russia, loyal allies of the Syrian system, agreed to a United Nations Security Council statement condemning the massacre, albeit without identifying those responsible. Even the generally reserved UN special envoy, Kofi Annan, spoke of a "turning point," while newly elected French President François Hollande promptly called for a military intervention.
Europe, the United States and perhaps even Kofi Annan are slowly realizing that there will be no compromise with Syrian President Bashar Assad, because there can be no compromise with Assad. Now that more than 10,000 people have died and tens of thousands have been tortured, the phase in which protesters were still staging peaceful demonstrations, and in which negotiations, transitional governments and compromises were possible is irrevocably over.
When the regime was still able to negotiate its own exit, it didn't want to. Now it no longer has that option, because any sign of weakness would lead to its overthrow.
This realization hasn't been triggered by the fact that the regime is massacring civilians to save itself. Similar bloodbaths have already taken place in the past. In April of last year, more than 60 people disappeared without a trace in Homs, after government troops had mowed down a group of peaceful protesters. In January, several families in a southeastern Homs neighborhood were massacred in a way that resembled the Houla killings. And when the Bab Amr neighborhood was captured by regime troops several weeks later, after having been almost destroyed by artillery fire, witnesses said that there were mass executions of those who hadn't fled.
'The Evidence is Clear'
What was different this time was that on Saturday morning, only hours after the killing frenzy, a team of UN observers managed to reach Houla, where they saw and counted the bodies, heard what the survivors had to say and saw the tracks the tanks had made. "The evidence is clear -- it is not murky," said German UN Ambassador Peter Wittig. "There is a clear government footprint in those killings." Whereas earlier massacres were only documented in reports by the Syrian opposition and video recordings that could not be corroborated, this was a different situation.
By failing, the UN mission appears finally to be having an impact. The roughly 300 unarmed observers cannot possibly monitor a nonexistent cease-fire, during which more than 2,000 people had been killed by the end of last week. The UN observers cannot prevent what is happening, but they can prevent it from being covered up. This isn't much, and for angry Syrians who burned images of Annan, it's far too little. "We called the observers during the massacre," a man from Houla who calls himself Abu Emad was quoted as saying, "but they refused to come and stop the murders. Damn then, and damn the entire mission!"
The observers eventually arrived. They were too late, but they came.
According to the overwhelmingly consistent statements of survivors and investigations by the UN observers, as well as the independent organization Human Rights Watch, people from several Houla neighborhoods demonstrated peacefully for the overthrow of the government around noon on May 25, after Friday prayers. Suddenly they came under fire, first from tanks and then from heavy artillery guns. Other witnesses said that soldiers had fired directly at demonstrators first.
After that, armed rebels with the Free Syrian Army (FSA) set out to attack the Assad troops' bases outside Houla. It is unclear whether they retreated when they came under fire from the tanks or were hiding in the difficult terrain, but only a few men remained in the Taldou neighborhood when the heavy shelling stopped in the afternoon and the armed men arrived.
Killers Went From House to House
The men, some in civilian clothing and others dressed in army uniforms, went from house to house, reported survivors like 11-year-old Ali, who told CBS News: "They came to our house at night. First they took out my father and then my oldest brother. My mother shouted: Why are you doing this? Then they shot both of them, and after that my mother. Then one of the men came in with a flashlight and saw my sister Rasha. He shot her in the head." Ali hid with his two little brothers. The man saw them and shot the brothers, but he missed Ali.
Other survivors who hid or played dead consistently gave the same accounts: The men combed through house after house and room after room, killing everyone, some with knives and some with guns. The massacre continued until the morning hours. When the UN observers arrived, they found nothing but corpses in the villages controlled by regime forces. The survivors had fled to neighborhoods held by the FSA, where they placed the bodies they had recovered on mats in the mosques before filming and burying them.
The regime in Damascus could not deny that the massacre had taken place. But Foreign Ministry spokesman Jihad Makdissi, parroting the government's standard position, promptly blamed the killings on "armed terrorists" and "Islamists." The Russian government, which had blocked every Security Council resolution condemning Syria, launched into a bizarre attempt to apportion the blame. The regime was apparently responsible for the assault by tanks and mortars, said Russian Foreign Minister Sergey Lavrov. But the brutish murders, said Alexey Puchkov, chairman of the parliamentary committee on foreign affairs, "were definitely committed by the other side."
Igor Pankin, Russia's deputy UN ambassador, agreed: "We cannot imagine that it is in the Syrian regime's interest to sabotage Special Envoy Kofi Annan's visit to Damascus." And he is right in one respect. In PR terms, a massacre of children cannot be helpful to the Assad regime. But he was wrong in another sense, inadvertently putting his finger on Russia's growing frustration with its ally: Syria's leadership is no longer taking decisions that would make sense for a government hoping to reach a political solution to the crisis.
Violence the Only Option For Keeping Power
By gradually concentrating power in the hands of the Alawite minority, to which the Assad clan belongs, the regime is fomenting a religious war against the Sunni majority, the very conflict it claims it wants to prevent. Now Assad has backed himself into a corner from which he believes there is only way out: victory. This is why the latest proposal from Berlin and Washington to attempt the "Yemeni solution," which would be to depose Assad but keep the regime in power, will not work. The regime is relying solely on violence, accompanied by an outrageous propaganda narrative that blames foreign terrorists and al-Qaida for the uprising.
This conspiratorial obsession is nothing new. Starting in 2003, the intelligence services began secretly organizing the transfer of jihadists from Saudi Arabia, Libya and Kuwait across the Syrian border into Iraq, to deter the Americans from seeking regime change in Damascus as well. At the same time, the regime painted itself as a bulwark in the fight against al-Qaida. Foreigners who were later arrested reported how they had been kept in Syrian intelligence camps in Homs while waiting to be transferred into Iraq.
The attacks on several Scandinavian embassies in Damascus after the Danish cartoon controversy in early 2006 were blamed on an Islamist mob, but as it turned out, the regime had planted Islamists in the crowd. As a precaution, it also removed the guards from in front of a general's house next to the Norwegian Embassy. Although there was no evidence that the regime was behind the major bombing attacks in Damascus, Aleppo and Deir al-Zor in recent months, they had several strange elements in common: The bombers had immense quantities of explosives, which they easily managed to get through all government checkpoints, and they detonated most of their bombs in front of empty buildings. When the regime published its death tolls after the first attack on Dec. 23, they included the names of men who had already died elsewhere. During the ostentatious burial service at the Umayyad Mosque, signs attached to many of the coffins read "anonymous martyr." On May 9, just before a bomb exploded near the convoy of UN observer mission chief Robert Mood, the vehicles were detained at a military checkpoint just long enough so that they would be nearby at the time of detonation.
Conspiratorial violence is part of the Syrian regime's approach to survival, a paranoid trait that ties in with its history. When the current president's father Hafez Assad, a retired general in the Syrian air force, staged a coldly brilliant coup in November 1970, he brought his family, his clan and, ultimately, the Alawite minority into power after centuries of oppression. From then on, the Alawites defended their position at all costs, despite their relatively small share of the overall population.
Bashar Assad tried to preserve the illusion of a country that supposedly promotes reforms. Several months ago, he held a referendum to end decades of Baath Party control, and a few weeks ago he held bogus parliamentary elections. With the Houla massacre, however, all pretense at reform has evaporated again.
Murderous 'Ghosts'
What happened in Houla followed the pattern of earlier attacks like the one in Homs. First, the target is bombarded with tanks and artillery from a great distance. Then the regular troops move in and drive out or shoot the last remaining rebels. Finally, the regime sends in its helpers, the Shabiha ("ghosts"), over which it has less and less control.
What were once gangs of thugs and smugglers from the hills around Latakia, the home turf of the Assad clan, have turned into an army of irregular troops numbering in the thousands. The gangs are backed by the beneficiaries of the regime, those who profit the most from Syria's façade of a market economy, and who now have the most to lose. It's a Faustian bargain. As long as they are loyal to Assad, they are permitted to murder, loot and rape, as was the case in Houla, where the Shabiha came from neighboring villages to the south.

The Shabiha were also active in the capital Damascus in August 2011. Every evening during Ramadan, the Muslim month of fasting, dozens of them stood in front of mosques in Sunni neighborhoods, prepared to bludgeon and drag off anyone who said anything derogatory about the regime after emerging from prayers. At about 8 p.m., swarms of Shabiha thugs emerged from the intelligence service quarters, were loaded into requisitioned buses and driven to their deployment locations, where they lay in wait until the faithful dispersed after leaving the mosques.
The Shabiha are criminals and day laborers, mostly Alawites, but also Kurds with the PKK terrorist group, members of Sunni clans from Aleppo loyal to the regime, and some Christians. The Shabiha are the shadow force of a regime that no longer trusts its own army, but instead has created a monster that is taking on a life of its own, undermining the Syrian government long before it suffers a military defeat.
Months ago, the author and dissident Yassin al-Haj Saleh, who is in hiding in Damascus, wrote: "The current heads of the security services may very well reform themselves into a mafia-type organization after the collapse of the regime and continue to practice the violence, theft and discrimination at which they are so adept." Syria could eventually be controlled by marauding gangs, driven by greed and the fear of reprisal, which becomes more justified with each new wave of killings.
Translated from the German by Christopher Sultan

terça-feira, 8 de maio de 2012

Quantas pessoas trabalham na ONU: O DOBRO...

Este artigo, sobre um dos maiores dinossauros mundiais, conclui dizendo que o número de pessoas que trabalham na ONU, ou para a ONU, e diz que é "a metade".
Pois eu acho que é o dobro, o dobro de todos os números nos quais se possa pensar.
Paulo Roberto de Almeida 

AFINAL, QUANTAS PESSOAS TRABALHAM NA ONU….
Jamil Chade
O Estado de S.Paulo, 8/05/2012

 Nesta semana, em um almoço entre empresários em Genebra, fui colocado ao lado de um dos diretores de uma das maiores empresas de consultoria do mundo. Por sete anos ele foi um dos encarregados de propôr e tentar implementar uma reforma da administração da ONU. Além das histórias geniais que contou sobre o funcionamento das Nações Unidas, o consultor revelou que seu trabalho, na realidade, começou com uma pergunta simples: quantas pessoas trabalham na ONU.
Mas o que parecia ter uma resposta óbvia levou anos para ser decifrada. Em Genebra, o prédio da ONU é o símbolo de um sonho. Alí estão depositadas as esperanças de milhares de pessoas, de que conflitos serão solucionados, que a pobreza seja superada e que o bem-estar seja conquistado por todos. Confesso que não vejo o mundo sem o trabalho da ONU.
Mas o edifício conta com um outro lado. A ONU, ao ser o espelho de governos de todo o mundo, é também a síntese de toda a burocracia mundial. E o pior de cada burocracia. Em doze anos percorrendo os corredores da entidade como correspondente, confesso que sinto a mesma frustração do consultor que se sentou ao meu lado: afinal de contas, quantas pessoas trabalham na ONU. E o que de fato fazem.
Uma opção para ter uma resposta seria chegar pela manhã e avaliar o número de pessoas entrando no edifício. O problema é que não há “ponto” e horários são “flexíveis”, principalmente em dias depois de feriados. Uma boa opção é esperar até as 10am, quando as lanchonetes do edifício ficam lotadas com funcionários, ávidos por um café. Outra opção é ainda a cafeteria, que serve almoço entre meio-dia e duas da tarde e também está lotada, sempre. A última opção é ainda esperar até as 6pm. Mas, nesse horário, a maioria dos funcionários já deixou o edifício e os corredores estão vazios.
Questionar o que cada um faz dentro do monstruoso edifício é ainda mais problemático, isso sem contar com perguntas relacionadas ao orçamento. Na FAO, em Roma, 60% do orçamento da entidade é usado para pagar os funcionários na capital italiana. O restante, claro, é usado para combater a fome no mundo, que atinge 1 bilhão de pessoas. Há alguns anos, um diretor-geral da ONU em Genebra causou um mal-estar ao tomar posse. Insistia que a frota de carros que o servia não era adequada e mandou comprar novos carros de luxo. Especificou que queria um certo modelo, que ficava acima do orçamento disponível. Misteriosamente, o orçamento foi modificado e seu carro chegou dias depois.
Fui surpreendido no domingo passado, no aeroporto de Genebra, ao ver que um dos motoristas de uma missão latino-americana aguardava alguém no setor de desembarque, uniformizado, como manda o protocolo. Fui querer saber quem estava chegando. A resposta foi a mais óbvia: o embaixador daquele país, que havia passado o fim de semana fora da cidade a passeio. Na realidade, nunca entendi porque em Genebra, uma cidade de 300 mil habitantes, embaixadores precisam de motoristas. Mas, enfim, por algo será.
Na Organização Mundial de Propriedade Intelectual, o ex-diretor foi pego construindo uma piscina em sua mansão em Genebra. Documentos revelados pelo Wikileaks mostraram como os gastos da missão da ONU no Haiti nunca foram plenamente esclarecidos, principalmente os recibos suspeitos de gasolina nos carros oficiais. No Fundo Global contra a Aids, uma auditoria mostrou no ano passado como governos desviaram dinheiro que seria usado para tratar pacientes. Como eu disse, a ONU não passa de uma síntese das burocracias mundiais.
Há poucos anos, a ONU resolveu renovar uma de suas salas de reunião e gastou US$ 30 milhões para isso, em uma única sala, hoje chamada de catedral (ver foto).
Peço ao leitor que não me classifique como alguém que quer ver o fim da ONU, como os neo-conservadores americanos. Muito pelo contrário. O mundo precisa de uma ONU forte, profissional e competente. Mas, para isso, muito terá de ser mudado.
As limitações não são apenas administrativas. Seu histórico nos últimos dez anos revela um cenário de calamidade diplomática. A entidade foi ignorada pelos americanos na guerra do Iraque, ignorada por iranianos e norte-coreanos no desenvolvimento de programas nucleares, foi ignorada pela Rússia na Chechênia, pelo Sri Lanka (com a ajuda do Brasil), pela OTAN na Líbia e em tantas outras crises. Os responsáveis disso tudo: os próprios governos, que operam dentro da entidade manobras políticas constantes, o que não deveria ser uma surpresa para ninguém. Há uns anos, Ban Ki Moon me confessou: seus discursos são aguados. Uma obviedade diante das limitações que governos o colocam.
Mais uma chance está sendo dada à ONU mostrar sa relevância na crise na Síria. Kofi Annan, o mediador, faz questão de não desistir, mesmo se admite que seu plano de paz avança “centímetros”, e não metros.
Se a ONU espera ser ponto de referência no mundo, governos precisam de fato mudar suas atitudes. Mas a administração da entidade também precisa passar por uma reforma profunda e atuar como se resultados tivessem de ser apresentados a acionistas, que no caso são os cidadãos de todo o mundo.
Por enquanto, isso também não passa e um sonho, como o da redução da pobreza e paz mundial. Ah sim…, respondendo à pergunta inicial. Aquele consultor, ao final de sete anos de trabalho, finalmente acredita que descobriu quantas pessoas trabalham na ONU: metade

segunda-feira, 19 de março de 2012

O Sexto Membro Permanente: o Brasil e a criação da ONU - livro de Eugenio Vargas Garcia

Lançamento do livro 
O sexto membro permanente: o Brasil e a Criação da ONU
de Eugênio Vargas Garcia
A Editora Contraponto anuncia o lançamento do livro ”O sexto membro permanente: O Brasil e a criação da ONU”, de autoria do diplomata Eugênio Vargas Garcia.
O Brasil é apontado hoje como a sexta economia do mundo, segundo projeções internacionais. Algumas décadas atrás, enquanto rugiam as sangrentas batalhas da Segunda Guerra Mundial, as grandes potências aliadas começavam a discutir as bases da ordem do pós-guerra. Uma nova organização internacional deveria ser criada para manter a paz, pela força se necessário. No centro da estrutura das Nações Unidas, o Conselho de Segurança seria dominado pelos cinco membros permanentes com poder de veto: Estados Unidos, União Soviética, Grã-Bretanha, China e França. Nas negociações preparatórias, o Brasil foi o único país cogitado a ocupar um sexto assento permanente no Conselho. Este livro mostra como o Brasil de Getúlio Vargas acompanhou essas conversações diplomáticas e o que fez na Conferência de São Francisco, em 1945, quando a Carta da ONU foi assinada. Os cenários estratégicos, o fim da guerra e a queda do Estado Novo formam o pano de fundo desta estória contada aqui pela primeira vez, resultado de vasta pesquisa de documentos em diversos arquivos no Brasil e no exterior.


==============


Apresentação:
Na aurora da modernidade, a formação dos Estados nacionais foi a solução que a Europa encontrou para pôr fim a guerras religiosas que já duravam mais de cem anos. O maior teórico dessa transição foi Hobbes: para terminar com a guerra de todos contra todos era necessário instituir um poder de novo tipo, o Leviatã. Em vez de tentar impor algum princípio religioso ou moral, ele deveria situar-se acima das partes em litígio e legitimar-se apenas pela capacidade de garantir a paz, estabelecendo regras mínimas de convivência.
    O advento da modernidade foi marcado pela separação de dois eixos – bem/mal e paz/guerra – que até então se misturavam. Isso correspondeu à separação entre moral, remetida à esfera privada, e política, doravante submetida à razão de Estado. Invocações de mitologias históricas, teologias, regras de comportamento ou argumentos afins já não podiam legitimar ações de natureza política, dado o risco de elas reiniciarem, em qualquer tempo, a guerra de todos contra todos. Nasceu o Estado moderno, um ente soberano, detentor do monopólio do uso legítimo da força. O problema da paz nos territórios sob jurisdição estatal foi, pelo menos em tese, resolvido, mas não o problema da paz entre diferentes Estados. A história da modernidade é, também, uma história de guerras sangrentas.
    No século XX, duas guerras mundiais, entremeadas pelo fracasso da Liga das Nações, deram origem à Organização das Nações Unidas, encarregada de constituir legalmente uma comunidade de Estados em escala planetária e criar um novo sistema de segurança coletiva, atuando como uma espécie de Leviatã interestatal. O centro desse sistema é ocupado pelo Conselho de Segurança, onde apenas cinco países – Estados Unidos, Rússia, Inglaterra, França e China – têm assento permanente e poder de veto. Ele não presta contas a ninguém, nem mesmo à Assembleia Geral, e suas decisões têm de ser acatadas por todos.
    A composição do Conselho, definida em 1945, reflete uma conjuntura internacional que, em larga medida, deixou de existir: os grandes impérios coloniais acabaram, inúmeros países foram criados, parte da periferia se industrializou, Alemanha e Japão voltaram a ser gigantes econômicos, o mundo muçulmano e a África negra ganharam nova personalidade, outras potências nucleares surgiram, a União Soviética desapareceu. A agenda mundial também foi alterada: além da tradicional questão da guerra entre Estados, prevista na Carta da ONU, questões como a proteção dos direitos humanos e do meio ambiente adquiriram relevância.
    A reforma da ONU é decisiva para a construção de uma nova ordem mundial. É um desafio tão necessário quanto difícil, pois a instituição de outras regras exigiria 2/3 dos votos da Assembleia Geral, incluídos aí os votos de todos os atuais membros permanentes do Conselho de Segurança. Nos últimos anos, a diplomacia brasileira engajou-se explicitamente na defesa dessa bandeira.
    Vem daí a extrema atualidade deste livro. Eugênio Vargas Garcia mostra que a questão tem história: a estrutura autocrática da ONU foi aprovada sob protestos e com a condição de que fosse posteriormente revista. O Brasil, sob a liderança de Getúlio Vargas, foi o único país cogitado para ocupar o sexto assento permanente no Conselho, opção que naquele momento não prevaleceu. O livro reconstitui minuciosamente, pela primeira vez, a participação brasileira na criação do mais importante organismo internacional da atualidade, tornando-se assim fonte indispensável para conhecer a nossa trajetória e avaliar os rumos da nossa diplomacia hoje.

      César Benjamin

========
Trecho do Prefácio:
Eugênio Vargas Garcia é um historiador que domina a arte da narração, sabe encadear os fatos, mostrar a sua lógica, apoiado, em cada passo, em segura e clara documentação. Não faltam nem o pitoresco nem a petite histoire. Não faltam a compreensão das personalidades nem a evolução dos processos decisórios brasileiros, que Getúlio Vargas domina, sem deixar muito espaço para o chanceler Oswaldo Aranha, uma figura maior da história brasileira. Assim, além de narrar com elegância, Eugênio sempre oferece, para os fatos, uma interpretação inteligente, pertinente. Narra e interpreta e constrói um livro completo, bem-acabado. Está, portanto, o leitor diante de um livro notável, escrito por um historiador arguto e competente.

      Gelson Fonseca Júnior
      Embaixador do Brasil

quinta-feira, 1 de março de 2012

Tropecando no proprio discurso: sobre a Siria, claro...

Mais um tema da agenda diplomática em que a agenda "diplomática"dos companheiros -- acordo do PT com o partido Bath, da Síria -- coloca algumas cascas de banana no caminho dos profissionais...


La valse-hésitation du Brésil sur la Syrie d’Al-Assad

Lundi 28 février, à Genève, la ministre brésilienne des droits de l’homme, Maria do Rosario Nunes, dans son tour d’horizon au Conseil des droits de l’homme de l’ONU, a consacré deux paragraphes aux printemps arabes, sans citer la Syrie, sujet du jour.
Après la réunion, la ministre a précisé la position de Brasilia sur la proposition de fournir des armes à l’opposition syrienne :
« Le Brésil est contre livrer des armes à qui que ce soit. Le Brésil condamne les actions armées de tous les côtés. »
« L’idée de l’Arabie saoudite d’armer l’opposition n’est pas une bonne idée, l’excellente idée serait que la politique et la diplomatie remplacent la confrontation », a déclaré la ministre, qui renvoie dos à dos les opposants et Damas. Le vote d'une résolution à Genève a été repoussé à jeudi
La diplomatie brésilienne est embarrassée par la crise syrienne. Lorsque le Brésil siégeait au Conseil de sécurité de l’ONU, en 2011, sa représentante s’est alignée sur la Russie et la Chine pour éviter toute résolution contre la Syrie. Le motif invoqué par les diplomates était le précédent de la Libye. La résolution destinée à protéger les civils libyens aurait servi à justifier une intervention dans le but de renverser le colonel Kadhafi.
Le 16 février 2012, l’assemblée générale de l’ONU avait mis au vote une résolution non contraignante sur la Syrie, à l’initiative de la Ligue arabe. Cette fois, le Brésil a préféré suivre les pays arabes et a rejoint les 137 Etats qui ont adopté ce texte. Une douzaine de gouvernements ont osé soutenir Bachar Al-Assad à cette occasion.
Toutefois, huit jours plus tard, le 24 février, les Brésiliens ne figuraient pas parmi les 70 pays représentés à la Conférence des pays amis du peuple syrien, à Tunis. Le ministre brésilien des relations extérieures, Antonio Patriota, effectuait ce jour-là une visite en Turquie. La prochaine réunion des amis du peuple syrien aura lieu à Istanbul : le Brésil boudera-t-il encore, alors que la Turquie est son interlocuteur privilégié dans la région ? L'ambassadeur brésilien n'a pas quitté Damas.
Dans le cadre de sa diplomatie Sud-Sud, Brasilia avait déployé de gros efforts pour réunir des sommets Amérique du Sud-pays arabes, en 2005 et 2009. Le printemps égyptien de 2011 avait obligé à reporter sine die le troisième sommet.
Les diplomates brésiliens semblent accorder désormais plus d’importance au regroupement des BRICS, fait de bric et de broc, comme si le Brésil, l’Inde et l’Afrique du Sud, de grandes démocraties, pouvaient partager des valeurs avec la Russie et la Chine, les deux puissances mal dégrossies du stalinisme.
Ces zigzags et errements ne donnent pas l’image d’une diplomatie réfléchie, défendant à la fois les intérêts nationaux et des principes universels. La confusion à ce sujet peut-être mesurée par ce qu’écrit l’ancien ministre José Dirceu, l’homme fort du premier mandat de Lula, remplacé par Dilma Rousseff, mais toujours très influent au Parti des travailleurs.
« Dans les rues d’Espagne et de la Grèce, la répression a la même face de celle qui s’abat sur les aspirations populaires en Syrie et en Libye », écrit-il sur son blog.
« De Homs à Valence, ce ne sont pas les violations des droits de l’homme qui manquent ». Bref, la répression à Homs, Athènes ou Valence, seraient équivalentes. Dirceu se demande pourquoi les « véritables rebellions, les insurrections populaires en Grèce et les manifestations étudiantes en Espagne ne seraient pas portées devant les organismes de droits de l’homme et le Conseil de sécurité de l’ONU ».
Depuis que l’ancien guérillero s’est reconverti dans les affaires, il semble avoir oublié la différence entre une matraque de flic et les obus tirés par les canons de tanks de l’armée.
Contrairement au relativisme en vogue à Brasilia, les violations des droits de l’homme ne sont pas de même nature dans tous les pays, et en tout état de cause, les unes n’excusent pas les autres. Surtout, elles ne sauraient justifier l’injustifiable, les crimes de masse commis en Syrie, et l’impuissance de la communauté internationale à les stopper.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

RAP: Esgotar todos os recursos verbais antes que se consiga atingir um numero razoavel de mortos...


Segurança coletiva

Maria Luiza Viotti
O Globo - 16/02/2012
A defesa do diálogo e da solução pacífica de controvérsias é uma das tradições - no discurso e na prática - da política externa brasileira. Para o Brasil, o uso da força pela comunidade internacional deve ser sempre o último recurso, depois de esgotadas todas as possibilidades da diplomacia e de uma solução negociada. Ações militares implicam elevados custos em vidas humanas, além de outras graves consequências, políticas e econômicas.
Temos insistido em que a ONU priorize ações preventivas e esforços de mediação. Aplaudimos a iniciativa do secretário-geral Ban Ki-moon de estabelecer 2012 como o ano da prevenção.
Como afirmou a presidente Dilma Rousseff em seu discurso na abertura da Assembleia Geral, "o mundo sofre, hoje, as dolorosas consequências de intervenções que agravaram os conflitos, possibilitando a infiltração do terrorismo onde ele não existia, inaugurando novos ciclos de violência, multiplicando os números de vítimas civis. Muito se fala sobre a responsabilidade de proteger, pouco se fala sobre a responsabilidade ao proteger. São conceitos que precisam amadurecer juntos".
O conceito da "responsabilidade de proteger" acaba de completar dez anos desde sua primeira formulação. Foi desenvolvido com o propósito legítimo de evitar que populações sejam vítimas de genocídio, limpeza étnica, crimes de guerra e contra a humanidade.
A recente intervenção armada na Líbia, com a justificativa de proteção de civis, demonstrou a necessidade de aperfeiçoá-lo. Causaram preocupação a extensão da força empregada, a incapacidade de se combinar e calibrar a ação militar com a diplomacia, a interpretação questionável do mandato conferido pelo Conselho de Segurança e a falta de acompanhamento pelo próprio Conselho das ações empreendidas em nome de todos os membros da ONU. Invocou-se a "responsabilidade de proteger", mas faltou "responsabilidade ao proteger".
O Brasil apresentou, em novembro, ao Conselho de Segurança, o conceito de "responsabilidade ao proteger" com os seguintes elementos: a valorização da prevenção e dos meios pacíficos de solução de controvérsias; a excepcionalidade do emprego de meios coercitivos, especialmente o uso da força; a obrigação de que a ação militar não cause danos maiores do que aqueles que tenciona evitar; a observância rigorosa dos mandatos; a importância da proporcionalidade e de limites para o emprego da força, nas circunstâncias excepcionais em que for necessário contemplar o seu uso; e a necessidade de monitoramento e avaliação da implementação das resoluções.
A proposta brasileira tem recebido apoio de muitos países, ONGs e acadêmicos. A missão do Brasil junto à ONU já realizou um amplo debate com embaixadores de 25 países de todas as regiões do mundo e estudiosos do tema. A percepção compartilhada pela grande maioria foi a de que a iniciativa brasileira deu início a uma discussão que se tornou crucial após o episódio da Líbia. Em seminário recente organizado pela Stanley Foundation, com as principais autoridades mundiais no assunto, a iniciativa brasileira foi um dos elementos centrais dos debates, tendo sido bem acolhida e objeto de menção muito positiva por parte do secretário-geral da ONU.
Encorajado pela receptividade ao conceito da "responsabilidade ao proteger", o Brasil deverá organizar um debate na ONU a ser presidido pelo ministro Antonio de Aguiar Patriota.
O apelo político à prevenção, à moderação e à ação criteriosa no exercício da segurança coletiva, por meio da "responsabilidade ao proteger", segue a tradição da diplomacia brasileira. Temos credibilidade para promover esse debate na ONU porque nosso discurso em favor da paz é amparado por atuação que vai além da retórica e valoriza, na prática, a diplomacia e o diálogo. Pretendemos, de forma franca e construtiva, levar adiante esse debate indispensável, com o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento da ação da ONU e para sua maior eficácia na promoção da paz e da segurança internacionais.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Siria: nossos aliados nos Brics...


Posted: 28 Jan 2012 08:52 AM PST
O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se na sexta-feira para discutir uma proposta de resolução contra o governo da Síria, acusado de reprimir violentamente manifestações pelo país. Com apoio de líderes da Liga Árabe, diplomatas da Grã-Bretanha, França e Alemanha redigiram uma proposta de resolução que pede que o presidente sírio, Bashar al-Assad, deixe o poder.


Outra não deve ser a posição da China...
Maravilha das maravilhas...
Vamos encontrar explicações aceitáveis para nossa abstenção, por certo...
Paulo Roberto de Almeida

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A ONU precisa mascar coca (pelo menos um pouco...)


Monday, 02 January 2012 09:01

Bolivia Officially Withdrawn from UN Drug Convention

Written by  Elyssa Pachico
    Bolivia Officially Withdrawn from UN Drug Convention
    Starting January 1, Bolivia will no longer answer to a major United Nations (UN) drug treaty. The withdrawal is a protest against the UN's classification of the coca leaf as an illegal substance, but it is unlikely to prompt a major revision of the treaty.
    It is the first country to abandon the UN narcotics treaty in 50 years, reports the BBC. The Convention mandates that signatory countries cooperate in tracing and seizing drugs, as well as extraditing traffickers. 
    Nearly simultaneously, Bolivia asked the UN to be re-admitted to the Convention if the UN removes the statute which classifies the coca leaf as illegal. Used as the raw material to make cocaine, the coca leaf is widely used for traditional and medicinal purposes in the Andes.
    InSight Analysis
    According to EFE, the 190 countries who are party to the Convention have a year to consider passing Bolivia's request. It may only be passed with a two-thirds majority, meaning the treaty is unlikely to be modified and Bolivia may not opt back in. 
    Defenders of Bolivia's decision have said the move does not represent a rejection of Bolivia's responsibility to fight drug trafficking. Organisms like the UN and the U.S. State Department have said the country is not doing enough to control the illicit coca trade.
    Despite these criticisms, it is unlikely that Bolivia's withdrawal from the Convention will affect the scale of drug trafficking inside the country. The most important effect is the symbolic rejection of the UN's classification of legal versus illegal substances.