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quinta-feira, 3 de julho de 2014

Venezuela: alguem ai falou em soberania?

Se o conselheiro econômico cubano fizer na Venezuela o que ele e seus amigos do PCC fizeram com a economia cubana, então podemos prever o mesmo desastre no país caribenho. Em vez de uma ilha miserável, teremos um membro do Mercosul caminhando para o desastre...
Paulo Roberto de Almeida

Maduro nombra a un asesor cubano para salir de la crisis
Clarín (Argentina), 3/07/2014
        
Nicolas Maduro nombró a un asesor cubano, compañero del Che Guevara, para frenar la crisis económica en Venezuela.

Se trata de Orlando Borrego, un economista cubano de 78 años que fue cercano colaborador del Che y ocupó altos cargos en el gobierno de la isla, anunció anoche el mismo Nicolás Maduro.

"Orlando Borrego (...) mejor conocido como Vinagreta (...) está incorporado a un equipo especial junto al ministro de planificación, Ricardo Menéndez, junto a Jesús Martínez (Ministro para el Trabajo) y otros compañeros preparando un conjunto de planes, uno de ellos (...) para hacer una revolución total y profunda en la administración pública, en la administración del estado, revolución dentro de la revolución, cambiarlo todo para servir al pueblo es la consigna", dijo el mandatario, en su programa "En Contacto con Maduro", citado hoy por el diario El Universal.

Borrego con estudios de economía en universidades de La Habana y Moscú, "fue compañero de Ernesto Che Guevara por allá en las batallas de la revolución", anunció Maduro al presentar al cubano. Y detalló que encargó al vice Jorge Arreaza, la reestructuración del Gobierno, en momentos en que el chavismo parece sufrir varias fracturas internas.

"Ellos dos (Arreaza y Meléndez) están encargados de esta tarea crucial (...) del 1 al 15 de julio lo vamos a revisar todo, vamos a tener sesiones con los vicepresidentes y sus ministros, ministro por ministro, rindiendo cuentas, como va cada proyecto, nivel de cumplimiento y ejecución del presupuesto, cómo va cada misión", anunció Maduro.

Según una ficha biográfica de Borrego aparecida en uno de los tres libros que ha escrito sobre Guevara, formó parte de una de las columnas rebeldes comandada por el 'Che' durante la lucha por la revolución cubana y llegó a ser primer teniente.


Tras el triunfo de la revolución, se desempeñó como fiscal de la Junta Económica Militar y ha sido viceministro de Industrias y de Azúcar, entre otros cargos dentro del gobierno cubano. En los últimos años se ha dedicado a escribir y a la academia.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Avioes, sapatos e soberania nacional: que coisa! - Mario Machado


Coisas Internacionais 17 Jul 2013 06:18 AM PDT

O ministro da defesa, Celso Amorim, admitiu em entrevista concedida a Folha de São Paulo (aqui) que seu avião oficial foi revistado por agentes bolivianos, por ocasião de sua visita àquele país em 2011.

A primeira versão do incidente (que foi analisada em meu texto Evo revista avião da FAB do ministro Amorim ou o mundo é um moinho) afirma que as revistas foram realizadas em 2012, na tentativa de prevenir que o Brasil retirasse da Bolívia, senador Roger Pinto Molina, que é asilado diplomático na embaixada brasileira.
A versão do ministro agora tornada pública é que a vistoria teria sido realizada por agentes em busca de contrabando de drogas, teria se limitado ao bagageiro da aeronave e que ele só teria sido informado depois que o blog “Diário do Poder” vazou esse acontecimento.

Resta claro, até pela linguagem utilizada (ver nota oficial, aqui), uma tentativa de minimizar o problema atribuindo a revista a zelo burocrático dos agentes bolivianos e que teria sido alvo veemente e sigiloso protesto da diplomacia brasileira.
Celso Amorim que sempre se notabilizou pelo discurso da diplomacia altaneira e que foi a mais eloqüente voz do Brasil Grande da era Lula, nunca perdeu chance de se comparar com ministros anteriores, atribuindo a esses um certo servilismo, ilustrado com perfeição com a fatídica e anedótica história dos sapatos, agora se mostra bem menos assertivo ao afirmar que não sabia.

Aceitando-se a versão oficial pelo valor de face nos deparamos com a seguinte realidade; A Bolívia tem fortes motivos para suspeitar que é realizado tráfico internacional de drogas em aviões da FAB e que o ministro da defesa não possuí adequado conhecimento dos fatos de sua pasta.
A meu ver esse cenário é muito pior que a revista motivada pela busca de um dissidente, afinal nessa situação seria apenas um arroubo autoritário, que como o próprio presidente Morales sentiu na pele, pode contagiar até democracias estabelecidas.

O cenário da versão oficial, contudo, aponta para o que seria uma trágica falta de comando na defesa brasileira, como pode o ministro da DEFESA não ser informado que seu avião foi inspecionado ilegalmente por agentes estrangeiros?
A história ainda está a se desenvolver e ao que tudo indica a pás do moinho continuarão a girar.
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Coluna de Claudio Humberto: Diário do Poder
CASO ROGER MOLINA
CELSO AMORIM AMARELOU
PARA ADVOGADO DE MOLINA REVISTA EM AVIÃO DA FAB MERECIA RESPOSTA
Publicado: 17 de julho de 2013 às 14:42
senador boliviano
Senador boliviano Roger Pinto Molina
O advogado Fernando Tibúcio, que trabalha na defesa do senador boliviano Roger Pinto Molina, opositor do presidente local Evo Morales e que segue asilado na embaixada brasileira em La Paz há mais de um ano, respondeu nesta quarta-feira (17) a declaração do ministro Celso Amorim (Defesa) que confirma notícia divulgada em primeira mão pelo Diário do Poder sobre a revista feita, até com cães farejadores, em avião da FAB (Força Aérea Brasileira) que o traria de volta ao Brasil.
A revista tinha como objetivo caçar o político asilado, que supostamente estaria fugindo para o Brasil, mas acabou servindo apenas para humilhar Amorim que, até hoje, se manteve calado sobre o caso. Para ele, o fato do ministro informar que o episódio se deu em 2011 – antes do senador buscar refúgio na embaixada do Brasil em La Paz, é “indiferente” porque, naquele ano, já estava claro que o governo boliviano temia que Molina recorresse ao instituto do asilo. “O senador já havia feito denúncias no sentido de vincular pessoas próximas do presidente Evo Morales com o narcotráfico”, explicou. “Se o senador simplesmente atravessasse a fronteira a pé, o Governo boliviano tinha nas mães o trunfo de qualificá-lo um fugitivo covarde, como alguém que quis se ver livre da Justiça boliviana”, completou.
O advogado declarou ainda ao Diário do Poder que os cães farejadores do Aeroporto de El Alto, em La Paz, são usados para detectar drogas. Para ele, o ato foi um “insulto que merecia ao menos uma menção na nota divulgada hoje pelo Ministério da Defesa”. “O episódio não só demonstra onde pode chegar a arrogância do Governo boliviano com seu congênere brasileiro, mas a dupla moral que existe em Evo Morales receber apoio brasileiro no caso da tentativa de inspeção da aeronave presidencial na Austrália, ao mesmo tempo em que autoridades bolivianas se utilizam, ou teriam se utiliado, do mesmo expediente condenável no caso do ministro Celso Amorim”, afirmou ao pedir uma postura mais dura nas negociações com a chancelaria boliviana.
Tibúrcio acredita que o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) tem “conduzido de forma desastrosa” as tratativas com a Bolívia e, com isso, tem ofuscado avanços recentes da presidenta Dilma Rousseff no campo internacional, como a escolha do diplomata brasileiro Roberto Azevêdo para dirigir a OMC. “O nosso chanceler colocou a diplomacia brasileira, de longa tradição, no seu pior momento”, criticou. O advogado de Molina já impetrou no Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus extraterritorial para seu cliente por conta da “falta de ação do Itamaraty” com relação aos fatos apresentados. O documento deve ser analisado em agosto pela Corte e, se aceito, vai liberar o senador de sua “prisão sem grades” na Bolívia.
  • AVIÃO ‘RETIDO’ DE AMORIM VIRA PIADA COM BOLÍVIA
    Publicado dia 17 de julho de 2013
    A emenda foi pior que o soneto na “consertação” do vexame impingido ao ministro Celso Amorim (Defesa) no aeroporto em La Paz, na Bolívia, no final de 2012, como revelou no domingo (14) o www.diariodopoder.com.br: o ministro admitiu em nota oficial ontem que seu avião foi “vistoriado” no final de 2011. O governo do maluquete Evo Morales nega ambas as violações da soberania brasileira com a sinceridade bolivariana habitual, mas prometeu investigar.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Noel Rosa da soberania: onde se esconde o bardo?

Noel Rosa, num dos seus sambas mais famosos, depois de criticar o comportamento de certas vestais (homens, neste caso, mas qualquer gênero serve), perguntava, cantando: "Onde está a honestidade?, onde está a honestidade?"
Pois é, hoje, poderíamos perguntar:
"Onde está a soberania?, onde está a soberania?"
Tomou Doril?
Talvez se devesse cantar, com outro bardo:
"Soberania, aqui me tens em recesso..."
Finalmente, com um bardo mais recente: 
"Quem te viu, quem te vê..."
Ou então, um daqueles mais antigos: 
"Risque, esse nome do teu caderno..."


Pela direção musical do espetáculo:
Paulo Roberto de Almeida 

A Fifa exige tudo

Editorial O Estado de S.Paulo26 de dezembro de 2011
É difícil saber o que é mais absurdo e insano: a petulância dos donos do futebol mundial ou a ausência de senso crítico - para ficarmos com a hipótese benevolente - de quem se curva às exigências da Fédération Internationale de Football Association (Fifa). Pois o deputado Vicente Cândido (PT-SP), relator da Comissão Especial da Câmara que discute a Lei Geral das Copas, incluiu no projeto uma cláusula pela qual a União terá que ressarcir, mesmo quando não tiver nenhuma responsabilidade pelo ocorrido, todo e qualquer prejuízo que a Fifa venha a ter com a realização no Brasil da Copa das Confederações, em 2013, e da Copa do Mundo, em 2014.
A atitude do relator petista é tão ostensivamente despropositada que logrou a proeza de unir em protestos, na última terça-feira, deputados tanto da oposição quanto da base de apoio do governo. Cópias do relatório foram distribuídas aos membros da comissão pela manhã, poucas horas antes do início da sessão. Muitos deputados tiveram uma imediata reação de repúdio à novidade. Vários deles, manifestando indignação, retiraram suas assinaturas da lista de presença e impediram a realização da sessão, provocando o adiamento da votação da matéria para, na melhor das hipóteses, fevereiro próximo, depois do recesso parlamentar.
A tramitação da Lei Geral das Copas na Comissão Especial tem sido atribulada desde o início. O relator já havia provocado reações de protesto ao incorporar ao projeto as exigências da Fifa que obrigam a revogação de dispositivos dos Estatutos do Torcedor e do Idoso. Tudo porque, para agradar a um dos patrocinadores das copas, os mandachuvas do futebol querem que seja permitido o consumo de bebidas alcoólicas durante as partidas e, para que sua receita permaneça intocada, não admitem a cobrança de meia-entrada de estudantes e idosos. Atendendo não se sabe exatamente a qual motivação, o relator extrapolou a finalidade específica do projeto ao incluir cláusula que revoga definitivamente, e não apenas durante as partidas das copas, o dispositivo do Estatuto do Torcedor que proíbe o consumo de álcool durante os jogos, em todo o território nacional.
Esse é "o alto preço que já se começa a pagar" pela realização no País daqueles dois importantes torneios organizados pela Fifa, conforme destacamos em recente editorial. Naquele momento, no entanto, o casamento do atrevimento com a submissão ainda não tinha transposto os limites do impensável a que agora se chega com a exigência despropositada de que todo e qualquer prejuízo naqueles eventos seja debitado na conta do contribuinte brasileiro.
Apesar da veemente negativa do deputado Renan Filho (PMDB-AL), que preside a Comissão Especial, é óbvio que o adiamento da votação da Lei Geral das Copas por pelo menos dois meses contribuirá para atrasar o já problemático cronograma de organização daqueles eventos. E o adiamento nem chega a ser uma garantia de que a discussão mais ampla da matéria acabará por favorecer o trabalho de escoimar o projeto de suas cláusulas mais claramente conflitantes com os interesses do País.
Muito ao contrário, os dois meses podem ser exatamente o tempo de que a Fifa e seus aliados necessitam para colocar em campo seu enorme poder de persuasão e dobrar as resistências a suas exigências mais abusadas. Essas resistências existem, tanto dentro da Comissão Especial como no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto. Não se pode descartar, portanto, a hipótese de que tudo o que ocorreu no âmbito da Comissão Especial tenha sido calculado para evitar a anulação das cláusulas que interessam à Fifa. Uma manobra concebida exatamente para proporcionar à suprema entidade internacional do futebol e a seus aliados no Brasil tempo suficiente para quebrar as resistências que estão enfrentando para impor suas condições em troca do grande favor de nos ter honrado com a escolha do Brasil para sediar a Copa das Confederações e a Copa do Mundo. Resta saber até que ponto os homens públicos brasileiros estão dispostos a se curvar.

domingo, 27 de novembro de 2011

Comunidade Antiimperialista de Nacoes: insistindo em velhas receitas...


Presidentes de 33 países participarán en cumbre de la Celac en Venezuela
Dom, 27/11/2011

Caracas, Andina. Venezuela será sede esta semana de la cumbre de la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (Celac), que excluye a Estados Unidos y Canadá, y que reunirá a presidentes y representantes de 33 países.

Decenas de carteles con las imágenes de los principales líderes latinoamericanos y caribeños lucen en la céntrica Avenida Bolívar de Caracas, como parte de los preparativos para que se realice en esta capital la cita programada para el 2 y 3 de diciembre próximo.

. El presidente anfitrión, Hugo Chávez, y voceros oficiales de los países de la región confirmaron la asistencia de los mandatarios Cristina Fernández (Argentina), Dilma Roussef (Brasil), Evo Morales (Bolivia), Raúl Castro (Cuba) y Sebastián Piñera (Chile).

También Juan Manuel Santos (Colombia), Rafael Correa (Ecuador), Álvaro Colom (Guatemala), Porfirio Lobo (Honduras), Daniel Ortega (Nicaragua), Felipe Calderón (México), Fernando Lugo (Paraguay) y José Mujica (Uruguay).

Sumado a los países del Caribe, se prevé constituir en Caracas la Celac, cuya primera piedra se puso en México en 2010 con el objetivo de profundizar la integración en un marco de "solidaridad, cooperación, complementariedad y concertación política".

El nuevo organismo, que excluye a Estados Unidos y Canadá, quedará perfilado tras un largo proceso de constitución iniciado en el seno del Grupo de Río, el cual se completará en la cita de Caracas y, si fuera necesario, en la cumbre de Chile en 2012.

"Pronto empezarán a llegar los presidentes. Aquí los esperamos con los brazos abiertos a nuestros hermanos de América Latina y el Caribe", dijo este sábado el presidente Chávez en una nota oficial para anunciar la creación del sitio de la reunión: www.celac.gob.ve.

Para la semana de la cumbre, las autoridades planean convertir a la ciudad de Caracas en un gran escenario cultural, con diversas actividades en museos, teatros y plazas, así como una exhibición de cine con una selección de 25 películas de los países de la región.

La muestra Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños, de la Fundación Cinemateca Nacional, proyectará filmes clásicos de Brasil, México, Uruguay, Haití, Bolivia, Colombia, Venezuela, Argentina, Cuba, Panamá, Chile, Paraguay y Costa Rica, entre otros.

El ministro para la Cultura, Pedro Calzadilla, adelantó hace unos días que tienen preparadas varias sorpresas, entre las que destaca un concierto de clausura con importantes figuras latinoamericanas.

También dijo que se presentará un espectáculo dancístico-teatral sobre la cultura venezolana y se organizarán exposiciones con colecciones latinoamericanas en los museos venezolanos, así como una exposición y venta de libros con contenidos latinoamericanos.

La Asamblea Nacional (Congreso unicameral) venezolana programó desde este fin de semana un foro sobre la creación de la Celac denominado Levantan sus Voces los Pueblos Soberanos".

La nueva comunidad de la Celac agrupará a un estimado de 550 millones de habitantes, en una extensión territorial de casi 20 millones de kilómetros cuadrados.

domingo, 20 de novembro de 2011

Contra a soberania estatal: uma proposta para acabar com Vestfália

O trabalho abaixo transcrito tem a seguinte ficha:
1269. “Contra a soberania estatal: uma proposta para acabar com Vestfália”, Brasília, 27 mai. 2004, 3 p. Resumo para exposição oral no Simpósio trilateral da Fundação Konrad Adenauer sobre Política Social Internacional (Rio de Janeiro, 27-28/05/2004). Ampliado, a partir do trabalho sobre a redemocratização do poder mundial, para publicação em volume especial, coordenado por Wilheim Hofmeister (Fundação Konrad Adenauer), sob n. 1296. 


Contra a soberania estatal: uma proposta para acabar com Vestfália

Paulo Roberto de Almeida
Simpósio trilateral da Fundação Konrad Adenauer sobre
Política Social Internacional
(Rio de Janeiro, 27 e 28 de Maio)
  
(Notas para desenvolvimento oral, e ulteriormente texto escrito)

            Respondo sumariamente à seguinte questão que me foi colocada pelos organizadores:
“Que reformas no sistema internacional são desejáveis e possíveis a fim de se alcançar justiça social internacional?”
            Sendo telegráfico, eu diria apenas o seguinte:
O sistema de relações internacionais precisaria caminhar para a construção de uma arquitetura política e econômica que possa se basear na governança global e na democracia preventiva.
            Dito assim, parece fácil, mas o que estamos propondo resultaria, a termo, na própria extinção, eliminação ou redução substancial do sistema de Vestfália, ou seja, o da soberania absoluta dos estados nacionais.
            Talvez seja totalmente utópico, irrealista e impossível de ser implementada uma tal revolução no sistema de relações internacionais, mas acredito, sinceramente, que o direito internacional se encaminha, ainda que a passos muito lentos, nessa direção.
            Recordemos, antes de mais nada, que também Kant aspirava a uma utopia desse tipo, a paz perpétua, que para ele deveria ser baseada numa espécie de monarquia universal, o que significaria, em nossos tempos, regimes constitucionais e democráticos. Ora, o avanço do sistema multilateral, consubstanciado na ONU e na OMC, representa, de certa forma, um esboço dessa futura arquitetura política na qual os conflitos tendem a ser marginais e decrescentes.
            Se partilharmos da opinião, bastante sensata, de que regimes plenamente democráticos não conduzem guerras ofensivas e que respeitam os direitos básicos de seus cidadãos e os de todos os demais, então podemos afirmar que a democracia é um requisito essencial de todo e qualquer regime aspirando à justiça e à paz internacionais.
            Ora, sendo as ditaduras o resultado de processos políticos internos aos países e que estes são normalmente constituídos e reconhecidos segundo o modelo de Vestfália, então poderemos concluir, pela lógica formal, que a realização da democracia pode requerer, em certos casos, a abrogação gradual do sistema de Vestfália para que o ideal democrático possa ser realizado. Estou simplificando, obviamente, e nem acredito que a democracia possa ser implantada desde fora, mas creio, fundamentalmente, em valores universais que são os representados pelo Iluminismo europeu, multilateralizados na prática desde a Revolução francesa e o moderno sistema onusiano (com suas conhecidas limitações soberanistas, justamente). Desse ponto de vista, recuso o relativismo histórico e a relatividade culturalista: valores universais são valores universais, e o primado do indivíduo deve passar antes dos interesses dos Estados.
            Por isso, acredito que o próximo passo na elaboração conceitual do direito internacional esteja indicado pelo itinerário da afirmação dos direitos individuais contra os direitos do Estado e contra a razão de Estado. Não é fácil admitir este princípio, pois se teme o unilateralismo, a arrogância imperial e os abusos derivados dos interesses dos mais fortes, mas creio que o multilateralismo político já avançou ao ponto de poder limitar o poder da força e tentar afirmar, doravante, a força do direito.
            Contrariamente aos que acreditam que a intervenção americana no Iraque representou uma crise da ONU e de seu CS, creio que ela representa, ao contrário, uma reafirmação de certos princípios básicos que estarão sendo novamente defendidos pela maioria dos países membros.

            Isto, do ponto de vista da democracia e dos direitos humanos. Do ponto de vista da afirmação das aspirações dos povos a maior bem-estar, a maior justiça, pela garantia de condições mínimas de uma existência digna, creio igualmente que o caminho para essa prosperidade ampliada dos países e pessoas mais pobres ou mesmo miseráveis (que são justamente os suscetíveis de abrigarem regimes despóticos e autoritários) passa pela ampliação irrefreável da globalização, o fator mais poderoso, nos dias que correm, para a ampliação das franquias e a criação de riquezas.
            Uma globalização ampliada constitui o mais poderoso fator de convergência entre os povos, ainda que alguns acreditem que ela produz desemprego, concentração ou até mesmo miséria. Os dados disponíveis até aqui são todos inquestionavelmente em favor da globalização. O nacionalismo econômico costuma ir de par com regimes fechados, cartelizados, protecionistas, enfim, restritivos das escolhas individuais e portanto das liberdades humanas, entre elas a liberdade econômica de trabalhar e de acumular.
            Trabalhei sobre alguns dos estudos de economistas, entre eles Sala-i-Martin e Surjit Bhalla, que confirmam os efeitos inegavelmente positivos da globalização na melhoria da condição dos mais pobres.
            Dois requerimentos se impõem para ampliar a globalização: eliminar o absurdo protecionismo comercial e o subvencionismo pornográfico dos países ricos nas áreas da economia agrícola e da produção industrial labour-intensive, e reduzir o absurdo nacionalismo econômico dos países mais pobres, que só traz prejuízos aos seus povos, em benefício exclusivo de suas elites. Alguns ainda crêem que soberania econômica e capitalismo nacional são sinônimos de dignidade e bem estar, quando estes princípios, na verdade, estão associados a baixos níveis de produtividade e de desempenho econômico.
            Por isso, não hesito em afirmar: abaixo Vestfália, abaixo o soberanismo político e o nacionalismo econômico, ambos restritivos e tendencialmente autoritários. Viva a abertura, a universalização dos direitos individuais, a globalização e o internacionalismo.
            O sentido da história é este: poderá demorar um certo tempo, mas o caminho é este.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 27 de maio de 2004


O trabalho que o substituiu, mencionado na ficha original, foi este aqui:

1296. “Governança econômica global e democracia preventiva: reflexões sobre a democratização do sistema internacional”, Brasília, 30 jun. 2004, 14 p. Colaboração a livro sobre política social internacional da Fundação Konrad Adenauer. Publicado in Wilhelm Hofmeister (org.), Política Social Internacional: conseqüências sociais da globalização (Rio de Janeiro: Konrad-Adenauer-Stiftung, 2005, 244 p. ISBN: 85-7504-075-8; p. 111-125). Relação de Publicados n. 558.