O antiglobalismo derrotado nos EUA sobreviverá no Brasil?
Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org; http://diplomatizzando.blogspot.com)
[Objetivo: comentar sobre efeitos da derrota de Trump; finalidade: diplomacia brasileira]
O que acontecerá com a estupidez do antiglobalismo em 2021?
A provável derrota de Trump no dia 3/11 também abre caminho para a superação do irracional antimultilateralismo na diplomacia americana, para a derrota do ainda mais esquizofrênico antiglobalismo.
Isso significará também a rejeição dessas mesmas idiotices na diplomacia brasileira?
Provavelmente não, pois que muito dessa lamentável postura irracional é endossada pela excepcionalmente ignorante família presidencial e pelo tosco “aspone” do Planalto nessa área, que juntos controlam com rédea curta o chanceler acidental.
A bolha diplomática da franja lunática poderá, assim, continuar exercendo seus podres poderes sobre o corpo diplomático profissional do Itamaraty.
Continuará, portanto, o duplo afundamento da política externa e da diplomacia brasileira, seu completo isolamento no continente e seu profundo desprestígio no plano internacional.
Nunca antes na história quase bicentenária do Itamaraty — mas que só exibe essa designação há pouco mais de um século —, nós, diplomatas profissionais, tínhamos assistido não só a tal tipo de esquizofrenia antimultilateralista, como também a cenas explícitas de servilismo a uma potência estrangeira. Jamais tínhamos descido tão baixo na senda da servidão voluntária. Raras vezes, ou praticamente nunca, tínhamos nos submetido a uma submissão automática a um poder externo.
Esta fase de nossa trajetória histórica, vergonhosa como se manifesta concretamente, não passará incólume pelos registros documentais: pretendo descrever fielmente os momentos mais baixos de nosso itinerário diplomático.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3746, 22 de outubro de 2020