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terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Vaticano: poder, corrupção, homossexualidade - novo livro

In the Closet of the Vatican

Power, Homosexuality, Hypocrisy

A startling account of corruption and hypocrisy at the heart of the Vatican.  


In the Closet of the Vatican exposes the rot at the heart of the Vatican and the Roman Catholic Church today. This brilliant piece of investigative writing is based on four years' authoritative research, including extensive interviews with those in power. 

The celibacy of priests, the condemnation of the use of contraceptives, countless cases of sexual abuse, the resignation of Benedict XVI, misogyny among the clergy, the dramatic fall in Europe of the number of vocations to the priesthood, the plotting against Pope Francis – all these issues are clouded in mystery and secrecy.

In the Closet of the Vatican is a book that reveals these secrets and penetrates this enigma. It derives from a system founded on a clerical culture of secrecy which starts in junior seminaries and continues right up to the Vatican itself. It is based on the double lives of priests and on extreme homophobia. The resulting schizophrenia in the Church is hard to fathom. But the more a prelate is homophobic, the more likely it is that he is himself gay.

"Behind rigidity there is always something hidden, in many cases a double life." These are the words of Pope Francis himself and with them, the Pope has unlocked the Closet.

No one can claim to really understand the Catholic Church today until they have read this book. It reveals a truth that is extraordinary and disturbing.


In the Closet of the Vatican is the first global account of the dishonesty about homosexuality which is endemic in the structures of the modern Roman Catholic Church” –  James Alison, Theologian

quarta-feira, 12 de março de 2014

O Itamaraty e os tres macacos de prateleira, talvez quatro ou cinco...

Talvez se devesse instalar uma Corregedoria para examinar a Corregedoria, sem macacos, claro...
Paulo Roberto de Almeida 

Ministério resolve punir embaixador acusado de assédio

Após 'Estado' revelar que processo sugeria absolvição de ex-cônsul em Sidney, pasta decide suspender Américo Fontenelle por três meses

O Pestado de S.Paulo, 12 de março de 2014 | 9h 19

Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA - O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, decidiu punir o embaixador Américo Fontenelle, acusado de assédio moral, sexual, racismo, homofobia e abuso de poder enquanto ocupava o posto de cônsul-geral em Sidney, na Austrália. A suspensão de três meses, a mais severa antes da expulsão da carreira, foi assinada pelo ministro na tarde dessa segunda-feira, 11, dois dias depois de o Estado revelar que oProcesso Administrativo Disciplinar teria orientado pela absolvição.
O ministro, no entanto, contrariou a orientação da Corregedoria do Itamaraty e manifestou-se pela punição. O advogado de Fontenelle, Leo Alves, afirma que ainda não foi informado da decisão.
Como mostrou o Estado, a corregedoria teria concluído que não havia provas de comportamento inadequado por parte do embaixador, apesar de mais de uma dezena de depoimentos, e seria absolvido. O Processo Administrativo Disciplinar que investigava a conduta de Fontenelle foi aberto em maio de 2013 e deveria ter se encerrado, depois de uma extensão de prazo, em setembro do ano passado. No entanto, o resultado nunca foi divulgado, apesar das conclusões finais terem sido feitas em agosto do ano passado, quando a defesa de Fontenelle teve acesso.
O advogado de Fontenelle informou que, depois dessas conclusões, o embaixador foi chamado a se defender de um outro indiciamento, o de que não teria agido para controlar a ação de funcionários que tentavam denegrir a diplomacia brasileira no exterior. No entanto, depois disso, garante, a defesa nunca mais teve acesso ao processo.
O processo disciplinar costuma correr por dois meses, sendo prorrogáveis por mais dois. No caso de Fontenelle, no entanto, o PAD durou mais de 10 meses. Há cerca de duas semanas, incomodado com a espera, o sindicato que representa os servidores do Itamaraty, SindItamaraty, procurou o corregedor, embaixador Heraldo Póvoas, que também se negou a dar informações, alegando "que não havia prazos" e a investigação correria pelo tempo necessário. Póvoas, que estava à frente da Corregedoria há quase 10 anos, teria sido nomeado agora Cônsul em Ciudad del Este, no Paraguai.
Fontenelle, que quando foi denunciado deixou o posto em Sidney, já havia retornado ao trabalho, em um posto administrativo no próprio Itamaraty, depois de uma licença médica. Agora, terá que cumprir a suspensão de três meses. A punição, no entanto, deverá ter pouco impacto na sua carreira, já que, como embaixador, já chegou ao posto máximo da diplomacia. Mas, agora, dificilmente poderá almejar postos significativos no exterior.
O caso de Fontenelle trouxe a público um dos maiores problemas da diplomacia brasileira. Os casos de abuso de autoridade e assédio moral não são raros. Apenas em 2012 o SindItamaraty, sindicato que reúne os servidores concursados do Ministério das Relações Exteriores, repassou a Corregedoria cerca de 12 denúncias. Nenhuma teve resultado.

sábado, 25 de maio de 2013

Um fauno na terra dos cangurus? Nao exatamente: muito pior...

Dois malucos desrespeitosos, um deles obsecado sexual, doentio e arrogante, infernizaram enquanto puderam a vida de funcionários do Consulado em Sidney.
O recidivista deve ser objeto dos mais obscuros desejos de vingança de algumas de suas vítimas, que talvez o imaginem numa cela escura, trancafiado com um gigante mal-encarado e animado dos mesmos impulsos que ele mantinha em relação às funcionárias. Mal, entrado, e devidamente trancado, completamente abandonado pelos carcereiros, o vicioso e viciado ouve o brutamontes falar com uma voz doce e maviosa:
-- Vem cá, meu gostoso, nesta noite você é todo meu!
(Corte da Censura).
[Deixo o resto à imaginação de cada um...]

Estou fazendo teatro à la Nelson Rodrigues, ou melhor, à la Plínio Marcos, claro, mas que ele merecia, isso merecia...
Paulo Roberto de Almeida

 
Brasil
IstoÉ,  Edição:  2271 -  24 de Maio de 2013

A Embaixada do assédio

Como o ritual de cantadas, gritarias e desrespeito mantido pelo cônsul Américo Fontenelle transformou o consulado do Brasil na Austrália num ambiente indecente e insuportável

Liz Lacerda, de Sydney, e Claudio Dantas Sequeira, de Brasília
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Era mais uma manhã comum de trabalho para Viviane Jones, auxiliar administrativa do Consulado-Geral do Brasil em Sydney, Austrália. Por volta das 11h, enquanto ela estava concentrada trabalhando, uma pessoa chegou sorrateiramente por trás, beijou-lhe o rosto e sussurrou em seu ouvido. “Sua linda”, disse. Era seu chefe, o embaixador Américo Dyott Fontenelle. Atitudes como esta já não eram mais surpresa. Outra vez, na recepção, enquanto Viviane atendia um visitante, o embaixador se aproximou e cochichou em seu ouvido. “Estou louco para te dar um beijo”, disse. Nesse mesmo dia, ela ouviu dos colegas algo revelador da personalidade de Fontenelle que a assustou ainda mais. O embaixador, segundo os relatos, falava dela em reuniões, comentava de suas roupas, do perfume e até da maquiagem. “Dizia que ficava imaginando o que estava debaixo da minha blusa, da minha saia e ainda falou que os australianos ficavam loucos comigo na recepção”, lembra. Dias depois, Viviane foi até a cozinha pegar um café. Os copos descartáveis haviam acabado. Ela se abaixou para procurá-los em uma das gavetas do armário, quando foi surpreendida por uma voz masculina. “Nossa, Viviane, você está em uma posição muito sugestiva”, disse Fontenelle. A funcionária, de 37 anos, separada e mãe de um garoto de 11, vestia uma calça social preta e uma blusa da mesma cor. A cantada de mau gosto foi testemunhada por outro funcionário, Luiz Neves, responsável pelo setor comercial e de investimentos. “Ele deixou a porta aberta e ouvi o que disse”, afirmou Neves à ISTOÉ. A funcionária estava se achando indefesa. “Foi o momento em que senti mais medo”, desabafa.

Os acontecimentos afetaram a vida pessoal de Viviane, que se tornou agressiva em casa e passou a ter crises de ansiedade e insônia. O medo de perder o emprego a fez ficar em silêncio por muito tempo.
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LASCÍVIA

Sob a gestão de Américo Fontenelle (acima), o Consulado-Geral 
do Brasil em Sydney, na Austrália, virou palco de vulgaridades

O dia 24 de janeiro foi o limite. Era uma quinta-feira, Viviane estava atendendo no balcão quando o cônsul-adjunto, Cesar Cidade, a repreendeu por se desculpar com o público do consulado pela falta de etiquetas para passaportes. “Pare de se humilhar para esses australianos filhos da puta, porque brasileiro gosta de dar o rabo para os australianos”, gritou Cidade. Ela teve uma crise de choro e se trancou no banheiro por meia hora. Saiu dali convicta de que tinha de pôr um basta naquela situação. Foi o que fez. Escreveu ao Itamaraty uma denúncia sobre o comportamento de seus chefes e encaminhou cópias à Chancelaria australiana e à Comissão de Direitos Humanos do Parlamento local. A partir daí, outros colegas aderiram à denúncia. Pressionado, o Itamaraty foi obrigado, meses depois, a abrir um processo administrativo disciplinar e, finalmente, afastou Fontenelle e Cesar Cidade de suas funções até conclusão da investigação.

Apesar do sigilo que envolve o caso, as vítimas dos diplomatas resolveram contar tudo à ISTOÉ. Os detalhes chocantes mostram como Fontenelle conseguiu transformar a rotina consular num ritual de abusos contra seus subordinados. Além de se esfregar nas funcionárias, o embaixador perseguia, violava a intimidade, tinha acessos de fúria e demonstrava prazer em humilhar a todos publicamente.

Em depoimentos reveladores, funcionários do consulado de Sydney contam 
como agiam o cônsul Américo Fontenelle e seu número 2, Cesar Cidade
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Claudia Pereira, que ficou no consulado de abril a novembro de 2012, pediu demissão após as constantes ameaças e cantadas indecorosas. “Me arrependo de não ter denunciado antes”, disse à ISTOÉ, por telefone, de Goiás, onde passou a semana. De licença médica, ela resolveu vir ao Brasil para ver a família. Descendente de italianos, Claudia conta que certo dia foi trabalhar com uma camisa xadrez com as cores da bandeira da Itália. Em vez de um “bom dia” formal, Fontenelle disse que ela estava vestida de “italianinha” para provocá-lo. As investidas eram frequentes. “Uma vez ele pediu para eu processar um visto mais rápido. Quando entreguei, ele veio e disse: ‘Quando você é tão eficiente me dá vontade de te dar um beijo’. Eu senti nojo, tive vontade de reagir, mas acabei me calando para manter o emprego.
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Ailan Lima, 46 anos, funcionário do consulado há 28 anos, diz que nunca trabalhou com diplomatas como Fontenelle e Cidade. “São os piores. Já tivemos chefes nervosos, mas é a primeira vez que chegamos ao ponto de todos os servidores se unirem para combater a chefia”, disse. Outra vítima de Fontenelle, Luís Aroeira Neves, 39 anos, foi parar no hospital depois de uma discussão com o cônsul-adjunto Cesar Cidade, que repetia o comportamento de Fontenelle. “Estávamos comemorando na cozinha, na hora do almoço, a decisão do STF de legalizar a união civil homoafetiva. Cesar Cidade entrou aos berros, colocou o dedo na minha cara e disse que ali não era lugar para comemorar esse tipo de coisa, que fôssemos fazer isso no botequim”, lembra. Neves foi quem testemunhou a investida de Fontenelle na cozinha contra Viviane Jones.

Os abusos levaram o oficial de chancelaria Alberto Amarilho, vice-cônsul, a se aliar ao grupo. “Diante de tudo isso, você se sente um babaca. Via o sofrimento dos funcionários locais. Então, fiquei me achando covarde e conivente”, lembra. Cidade chegou a chamá-lo de “filho da puta”, porque ele deixou farelos de pão na tostadeira da cozinha. O comportamento de Fontenelle e Cidade refletiu na piora do trabalho do consulado. A rotina diária se transformou num inferno. Amarilho foi o único funcionário de carreira do Itamaraty a apoiar formalmente as denúncias dos contratados locais. Ele escreveu e-mail para cinco diplomatas da Comissão de Ética do Ministério, se posicionando a favor da abertura do processo administrativo disciplinar.

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Mesmo vedado por todos os códigos de conduta da administração pública e passível de enquadramento civil e penal, o comportamento do diplomata é tolerado no Itamaraty. “Nos meus 18 anos no Ministério das Relações Exteriores, testemunhei um mecanismo contaminado pelo ritual do assédio”, revela o diplomata André Costa, cônsul-adjunto do Brasil em Sydney. Segundo ele, os excessos funcionariam como “uma espécie de medida da lealdade dos funcionários a seus chefes”.

Como se sabe, Fontenelle é reincidente. Antes de Sydney, chefiou o Consulado-Geral de Toronto, no Canadá, onde foi denunciado, investigado e absolvido. A brasileira Vanice Lopes, hoje com 40 anos, lembra com angústia dos momentos na embaixada. “Isso mexe com nosso lado de mulher, de mãe e esposa.” Um dia o embaixador a chamou no arquivo. Ao entrar, ele ordenou “tire a roupa”. Ela saiu correndo, enquanto ele gargalhava.

Servidores do consulado em Toronto confirmam rotina de imoralidades
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O embaixador sentia-se seguro no corporativismo do Itamaraty e em suas relações políticas – uma em especial, com José Dirceu, de quem foi assessor especial no tempo de ministro da Casa Civil. “Ele falava que tudo o que fez de bom na vida pública foi graças a Zé Dirceu”, lembra Georges Cunningham Jr., que cuidava do setor de promoção comercial do consulado em Toronto. A relação do embaixador com Dirceu garantiu um cargo comissionado para seu filho Henrique Fontenelle, nomeado assessor internacional do ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB).

Se não se pode afirmar que Fontenelle recorreu a Dirceu para livrá-lo há cinco anos das acusações em Toronto, é certo que o Itamaraty não fez nenhum esforço real. Agora, ao nomear o ministro de segunda classe Roberto Abdalla para investigar o caso, o chanceler Antônio Patriota deu demonstrações de que o empenho segue tímido. Mais novo e hierarquicamente inferior ao investigado, Abdalla é como um coronel investigando um general. Talvez por isso, ao chegar a Sydney, tentou convencer os funcionários de que “o que era assédio na cultura australiana não era na cultura brasileira”.