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terça-feira, 8 de abril de 2014

Eleicoes 2014: Aecio Neves fala aos capitalistas

 Carlos José Marques
Uma lufada de otimismo tomou conta do ambiente empresarial quando propostas concretas de modernização da economia entraram no horizonte
 
Uma lufada de otimismo tomou conta do ambiente empresarial quando propostas concretas de modernização da economia entraram no horizonte. Aconteceu na semana passada e o arauto da boa-nova era o presidenciável Aécio Neves. Em dois encontros com representantes do PIB – de uma parcela gorda do PIB, registre-se –, o candidato à sucessão estabeleceu uma verdadeira carta-compromisso de mudanças que, caso adotada, pode decerto recolocar o País no trilho do crescimento sustentável. Havia ali um projeto de governo substancioso.
Com tudo incluso: da simplificação tributária ao aumento de renda; do corte nos gastos públicos à redução pela metade do número de ministérios; das reformas trabalhista e política à ampliação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que deve abranger também a União. No conjunto, as ideias causaram boa impressão, de maneira unânime, e significaram para aquele público mais que meras promessas eleitoreiras. Demonstraram que o aspirante ao Planalto Aécio estava propositivo, olhando para a frente e oferecendo saídas. Era tudo que CEOs e empresários esperavam e queriam ouvir.
 
O entusiasmo geral ficou visível. Ao aceitar sugestões dos interlocutores e ir além da crítica pura e simples contra o atual estado de letargia, o tucano encantou a fauna de líderes e obteve uma resposta tão vigorosa que foi, por vezes, aplaudido de pé nos convescotes. É algo sintomático. A falta de canais de diálogo com o poder tem sido uma das queixas recorrentes dessa turma. Não por menos, nos últimos dias o mercado vem manifestando sua clara insatisfação com o governo em vigor. E de tal ordem é essa frustração que a bolsa de valores chega a subir a qualquer rumor de pesquisas eleitorais apontando uma queda na popularidade de Dilma.
 
Aécio como potencial rival parece, ao contrário, estar cativando. De forma sólida e gradativa. E não se trataria de uma preferência movida por coloração partidária. O que anima os empreendedores é a perspectiva de um novo modelo de gestão. Aécio, ciente desse anseio, vem vocalizando alternativas e atendendo às demandas. Diga-se do candidato que ele, positivamente, vem se cercando de bons quadros para dar cabo a ameaças monetárias, como o repique inflacionário, e ao desequilíbrio da balança comercial.
 
O ex-presidente do BC Armínio Fraga, que fez escola pela rigidez no controle do cofre, já está escalado como possível ministro da Fazenda de seu governo, caso eleito. A plataforma de Aécio talvez soe subversiva aos ouvidos daqueles que aparelharam o Estado, degradaram estatais e não querem perder o status quo. Mas é notável a carga simbólica da claque desse presidenciável em meio aos que sonham com um país desenvolvido, empenhado em superar suas limitações.
 

IstoÉ Dinheiro - O dia em que Aécio encontrou o PIB

 
Pré-candidato do PSDB à Presidência da República, o senador mineiro Aécio Neves apresenta a empresários as suas principais propostas econômicas. E sai de São Paulo aplaudido de pé
 
Por Luís Artur Nogueira
 
A insatisfação com os rumos da economia brasileira não é um fenômeno restrito aos investidores do mercado financeiro, cuja reação nas últimas semanas tem sido a de comprar papéis na mesma velocidade em que surgem rumores de queda da popularidade da presidenta DilmaRousseff. A inércia do governo federal, que não consegue promover um diálogo franco com o setor produtivo nem virar o jogo das expectativas econômicas, está claramente deixando inquietos os empresários, que buscam na oposição um futuro promissor para os seus negócios.
Na segunda-feira 31, em um rápido movimento oportuno, o senador por Minas Gerais Aécio Neves, neto do presidente Tancredo Neves e pré-candidato do PSDB à Presidência da República, atraiu a atenção de mais da metade do PIB privado brasileiro em dois eventos promovidos pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais), em São Paulo. Neles, o senador mineiro transmitiu a mensagem exata que soou como música aos ouvidos corporativos e, praticamente, selou o apoio da maior parte da classe empresarial à sua campanha. Por volta do meio-dia, centenas de homens engravatados e executivos em trajes formais se aglomeravam no saguão do Hotel Grand Hyatt, na zona sul da capital paulista, à espera do político tucano.
 
A presença recorde de 518 convidados já era um indicativo do interesse que a palestra de Aécio despertava. Ainda no aperitivo, antes de entrar no auditório principal, empresários e executivos de grandes companhias conversavam, com um indisfarçável sorriso, sobre como seria o Brasil nos próximos quatro anos em caso de vitória da oposição. “Já escrevi a minha pergunta sobre como o Aécio pretende corrigir os preços de energia, gasolina e transporte público sem explodir a inflação”, disse Davide Marcovitch, presidente do Grupo Moët Hennessy na América Latina, que se sentou à mesma mesa do diretor-geral da Dell no Brasil, Luis Gonçalves.
“Quero conhecer as alternativas que talvez ainda não estejam no nosso radar”, afirmou Gonçalves. Ao iniciar sua palestra, Aécio demonstrou estar inteiramente à vontade naquele ambiente. Dispensou a formalidade das apresentações em PowerPoint e falou durante 45 minutos sob os olhares atentos da plateia, que degustava o frugal salmão servido como prato principal. Na abertura, falou sobre a “indignação” dos brasileiros com o atual momento do País. Ao contrário do que costumam fazer os seus adversários, o tucano não ignorou os acertos deles, em particular do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Mas agora precisamos de correção de rumo”, afirmou.
 
A despeito da deferência com Lula, com quem sempre manteve relações cordiais quando esteve à frente do governo de Minas Gerais, Aécio, quase ao final de sua intervenção, adotou uma postura desafiadora em relação ao pleito de outubro. “Ouço sempre que pode haver até mesmo uma mudança de candidatura no campo governista. Eu quero dizer aqui: não importa se será o presidente Lula ou a presidente Dilma”, afirmou. “O que precisamos é de uma mudança de modelo econômico.” Mas foram suas propostas para a economia que mais lhe renderam aplausos. Na área fiscal, Aécio criticou a explosão dos gastos públicos e prometeu cortar pela metade a quantidade de ministérios – atualmente são 39.
“É fundamental enxugar a máquina pública”, diz Flávio Rocha, presidente da Riachuelo e do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV). “Não é sustentável o gasto crescer acima do PIB.” Aécio prometeu ainda apresentar um plano para reduzir a carga tributária logo nos seis primeiros meses de um eventual mandato. A ideia, no caso, é criar, já no dia da posse, uma supersecretaria de duração transitória, encarregada de apresentar uma proposta de simplificação fiscal e tributária. Ele insistiu, também, na importância da lei de responsabilidade fiscal, que não deve ficar restrita aos Estados e municípios.
 
“Prometo aos senhores que a lei de responsabilidade será estendida ao governo federal.” O senador não deixou de comentar a atual situação da Petrobras, que recebe críticas por conta de sua gestão em refinarias nos Estados Unidos, no Japão e na Argentina, e o controle de preços da gasolina e do diesel promovido pelo governo federal. “Vamos reestatizar a Petrobras”, afirmou Aécio, salientando que vai tirar os políticos que ocupam cargos na estatal. “A Petrobras não é instrumento de política econômica.” Ao lado do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, ele ressaltou os resultados obtidos no Estado desde a sua primeira gestão, em 2003, e defendeu a concessão de bônus para os gestores eficientes.
“Gostei da ideia de se adotar a meritocracia no serviço público”, afirmou Sônia Hess, presidente da Dudalina. No topo da lista atual de preocupações dos empresários estão a inflação e os seus impactos em 2015. A alta dos preços tem, inclusive, obrigado o Banco Central a elevar os juros (leia reportagem AQUI). Aécio criticou o controle de preços de energia, combustíveis e transporte público e garantiu que “a tampa da panela de pressão será aberta”. Na avaliação do presidente da Boa Vista Serviços, Dorival Dourado, o próximo governante precisa ter a mesma atitude das empresas privadas. “A eficiência operacional, a racionalização dos custos e as melhorias de processo devem fazer parte da pauta de qualquer governo”, diz o executivo.
 
O pré-candidato do PSDB também criticou a política comercial dos governos petistas e prometeu aprimorar o Bolsa Família. Ao término do seu discurso, a plateia, de pé, o aplaudiu durante 34 segundos. “Em dez anos de eventos, nunca vi um convidado ser aplaudido de pé”, diz João Doria Jr., presidente do Grupo Lide. Aécio ainda levaria mais dez minutos até conseguir deixar o salão principal, tamanho o assédio dos empresários – alguns até fizeram “selfies” ao lado do senador. No cafezinho e na longa espera do serviço de valet, a palestra continuaria sendo comentada – com satisfação, diga-se – pelos convidados.

CARTA COMPROMISSO A investida de Aécio sobre o PIB empresarial teria ainda uma segunda etapa. À noite, na residência do presidente do Lide, João Doria Jr., no bairro nobre do Jardim Europa, o pré-candidato tucano se encontraria com um grupo de 150 pesos-pesados do setor produtivo. Entre os convidados, líderes do setor financeiro, como Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), Rodrigo Xavier (Bank of America) e André Esteves (BTG). Da área de serviços e do varejo estavam diversos empresários, como Acacio Queiroz (Chubb Seguros), Chieko Aoki (Blue Tree Hotels), Claudio Lottenberg (Albert Einstein), João Pedro Paro Neto (Mastercard), Luiza Trajano (Magazine Luiza), Manoel Correa (Telhanorte), Marcos Eduardo Ferreira (Mafre) e Rômulo Dias (Cielo), além de Caco Alzugaray (Editora Três) e Fábio Barbosa (Abril), do ramo de comunicações.
 
A indústria foi representada por nomes como o de Artur Piñeiro (BMW), Carlos Sanchez (EMS), Carlos Tilkian (Estrela), Carlos Terepins (Even), Fernando Bomfiglio (Souza Cruz), Francesco Abbruzzesi (Citroën), Guilherme Leal (Natura), Horácio Lafer Piva (Klabin), José Luis Cutrale (Cutrale), Jose Varela (3M), Paulo Campbell (Pepsico), Roberto Cortes (MAN) e Jorge Gerdau Johannpeter (Gerdau), que atualmente coordena a Câmara de Gestão e Planejamento do governo Dilma Rousseff. Por duas vezes, o empresário gaúcho referiu-se ao pré-candidato como presidente.
 
Numa delas, Gerdau “exigiu” de Aécio uma carta compromisso de que dobrará a renda brasileira sem aumentar a carga tributária. Além de um discurso ainda mais informal, o jantar, preparado pela chef paulistana Morena Leite, do restaurante Capim Santo, apresentou um cardápio à altura dos convivas. Entrada de blinis de tapioca com surubim defumado, ravióli de abóbora recheado com queijo da Serra da Canastra e mignon de cordeiro, regados a vinhos como o Sancerre Comte Lafond Blanc 2010 e o Brunello di Montalcino 2006. Mas a peça de resistência da noite ficou por conta, mesmo, das duas surpresas reservadas aos participantes.
 
A primeira foi a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que dividiu com Aécio a cabeceira da mesa principal de 18 lugares e as atenções dos convidados. “Digo o quanto para mim têm sido importantes o seu apoio e os seus conselhos”, afirmou o senador ao “craque” FHC, como se referiu ao ex-presidente. A outra surpresa da noite foi o destaque dado ao ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, um dos inúmeros quadros com os quais o senador pretende contar em um eventual governo tucano e conquistar a confiança do mercado, segundo suas próprias palavras. Nas entrelinhas, ficou claro que Aécio já escolheu o seu ministro da Fazenda, em caso de vitória. Após responder a uma pergunta de Esteves, do BTG, o tucano pediu um complemento ao seu “ministro”. “Fala Armínio, para já ir se acostumando.”
 
O ponto mais forte do discurso de Aécio, feito enquanto os convidados saboreavam macaron de baba de moça com sorvete de coco, tendo como pano de fundo uma parede forrada até o teto com telas do pintor Di Cavalcanti, foi político. “Defendo o mandato de cinco anos, sem reeleição, para que tenhamos paz para governar”, afirmou durante resposta à presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, que perguntara sobre reformas trabalhistas, tributárias e política. “Foi um discurso bem armado”, afirma Piva, do grupo Klabin. “O desafio é fazer com que essa mensagem chegue à população.” Nos dois eventos, os empresários mostraram-se entusiasmados com o que ouviram do pré-candidato. “Ele tem uma história bárbara em Minas Gerais”, disse Sônia Hess, da Dudalina.
 
Ainda no almoço, o senador tucano receberia com indisfarçável satisfação o resultado de uma enquete, feita com voto secreto e eletrônico junto aos convidados do Lide. Do total dos participantes, 56% disseram que Aécio vai ganhar as eleições, 28% apostam na presidenta DilmaRousseff e 13%, no governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Sob condição de anonimato, muitos empresários admitem estar em busca de alternativas ao nome da presidenta Dilma, apontada como favorita nas pesquisas eleitorais. Ciente da inquietação empresarial, Aécio foi ao PIB e proclamou: “Se o preço de ajustar o País for ficar quatro anos com impopularidade, pagarei esse preço”, afirmou. “Que venha outro depois de mim.” Para os empresários, era como se as vozes deles estivessem finalmente ressoando em Brasília

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O futuro do capitalismo no Brasil: Futuro?; Capitalismo??

Vocês devem estar brincando...
O capitalismo não tem nenhum futuro no Brasil.
Comparado com a China, o Brasil é um país socialista.
Não estou brincando: a China é muito, mas muuuiiito mais capitalista do que o Brasil.
Acho melhor mudar de "modo de produção", como diriam os marxistas.
Do jeito que somos, do jeito que é o governo, o capitalismo não possui nenhum futuro no Brasil.
Leiam primeiro a matéria completo do New York Times que postei mais abaixo.
Depois leiam os comentários deste economista do Ipea (não confundir com o resto do Ipea, que está envolvido numa complexa operação para afundar o que resta de capitalismo no Brasil), que faz as perguntas corretas a partir da matéria.
Ele é um otimista: acredita que o capitalismo tem futuro no Brasil.
Isso se o governo mudar de posição, claro.
Difícil que isto aconteça: mentalidades atrasadas permanecem atrasadas, e arrastam o país consigo...
Eles provavelmente querem o tal de "capitalismo a face humana", aquele que diziam existir na Europa, e que foi para o brejo junto com o tal de "Estado de bem-estar social". 
Políticos acham que podem mudar as "forças produtivas", em benefício das pessoas.
Eles só conseguem inviabilizar as "relações de produção" e, com isso, condenam o sistema à decadência e ao desaparecimento.
Enfim, tudo isso previsto por Marx.
Pena que os nossos marxistas não leram Marx...
Paulo Roberto de Almeida 

Por que os Iphones não são fabricados nos EUA?

O que seria preciso para fabricar Iphones nos EUA? Foi essa a pergunta provocante que presidente Obama fez ao ex-CEO da Apple, Steven P. Jobs, em fevereiro de 2011, em um jantar na Califórnia.
O The New York Times trouxe uma excelente matéria neste último domingo (How the U.S. Lost Out on iPhone Work) que tenta responder a esta pergunta do presidente Obama a partir de uma série de entrevistas que os repórteres fizeram com vários funcionários e ex-funcionários da Apple, economistas, pesquisadores, especialistas em comércio internacional, etc.
A matéria mostra que o grande diferencial da China, por exemplo, não são apenas os salários menores (corrigidos pela produtividade), mas também: (i) abundante oferta de mão-de-obra qualificada e semi-qualificada; (ii) elevada flexibilidade e disponibilidade de trabalhadores que podem, se necessário, iniciar um turno de trabalho não programado durante à noite já que esses trabalhadores moram nas fábricas; (iii) rapidez das fábricas tanto para aumentar quanto para reduzir a escala de operação; e  (iv) elevada integração das cadeias produtivas entre os vários países asiáticos.
A matéria mostra que uma empresa, nos EUA, levaria pelo menos 9 meses para contratar cerca de 8.000 engenheiros, enquanto, na China, os fornecedores da Apple levaram apenas 15 dias para executar essa tarefa.
Reportagens como essa sobre por que os Iphones são produzidos na China e a maneira que a Foxconn trabalha, me fazem questionar a promessa da Foxconn de investir US$ 12 bilhões para produzir Ipads e telas dos dispositivos móveis no Brasil(ver aqui post anterior sobre esse tema). Não tenho dúvidas que, a depender do volume de subsídios e de barreiras tarifárias e não tarifarias contra importação, a Foxconn possa eventualmente produzir alguns Ipads para serem vendidos no Brasil e Mercosul.
Mas não espere muita coisa além disso porque, dada a nossa estrutura de custo, o Brasil não tem como ser uma plataforma de exportação de aparelhos eletrônicos e, assim, ainda acho delírio a expectativa de que a Foxconn venha a empregar 100 mil trabalhadores e 20 mil engenheiros no Brasil como chegou a ser anunciado pelo governo em abril de 2011.
Mais do que acreditar em panos mirabolantes, seria melhor que a presidente Dilma em reunião com empresários aproveitasse a oportunidade e fizesse pergunta semelhante que o presidente Obama fez no jantar da Califórnia no ano passado, com duas modificações:
O que seria preciso para que vocês empresário aumentassem o investimento na indústria no Brasil, sem que para isso seja necessário aumentar o volume de empréstimo do BNDES e a proteção comercial?

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Brasil: um avestruz industrial?

O título do post é inteiramente meu, mas creio que ele traduz, com um pouco de exagero, o espírito deste artigo de opinião, mas fortemente embasado em evidências de políticas setoriais e macroeconômicas que se desenham há muito tempo no Brasil.
É até possível que o Brasil consiga preservar certo dinamismo industrial e do crescimento voltado para dentro, mas como ocorreu no caso argentino, vai descolar das pressões externas e ficar defasado em relação à economia internacional.
Pior para nós, todos nós (menos para os industriais protegidos, claro, pelo menos durante certo tempo), que continuaremos pagando caro por produtos defasados e sem a qualidade requerida nos mercados internacionais.
Incrível como o Brasil escolhe ficar para trás e crescer lentamente.
Não se prevê grandes mudanças no futuro previsível: continuaremos sendo um país pequeno e sem grandes arroubos, na periferia do mundo...
Dos autores, conheço Sérgio Lazzarini, um excelente professor e pesquisador, autor do livro "Capitalismo de Laços", no qual pesquisou e descreve, justamente, essas alianças privilegiadas -- alguns diriam promíscuas -- entre grandes grupos econômicos nacionais e o poder, a começar pelo dinheiro do BNDES e por políticas setoriais de favorecimento. Capitalismo de compadres, diriam alguns, ou crony capitalism.
Ou seja, o partido da classe operária dando dinheiro para quem já é rico... Belo exemplo.
Entendo que todos se beneficiam, e nós pagamos.
Paulo Roberto de Almeida

O 'empoderamento desenvolvimentista'

Carlos Melo e Sérgio Lazzarini *
O Estado de S.Paulo, 07 de novembro de 2011 | 3h 04

Afora as peculiaridades do seu estilo, a presidente Dilma Rousseff não faz um governo diametralmente oposto ao de seu antecessor e é mesmo possível que aquilo que hoje demarca sua gestão fosse levado a cabo também por Lula, estivesse ele sob as mesmas circunstâncias. Bobagem imaginar cisões e distanciamentos entre criador e criatura.
O fato é que, mesmo fazendo profissão de fé à ortodoxia, Lula desde sempre manteve certo dispositivo desenvolvimentista à espreita em seu governo. Primeiro, confinado ao BNDES, depois expandido ao Ipea e à Fazenda, esse setor aguardava a hora de entrar em campo. Dilma ampliou seu espectro reforçando os Ministérios da Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento - este, com Lula, foi muito mais o Ministério do Comércio Exterior.
A visão desenvolvimentista é fenômeno recorrente no País e, a rigor, não constitui novidade no cenário nacional. Para sermos justos, lembremos que também Fernando Henrique Cardoso projetara seu momento desenvolvimentista. O superministério da produção de FHC só não foi levado a cabo pelas circunstâncias: a morte de Sérgio Motta, as sucessivas crises dos mercados emergentes, o escândalo dos grampos do BNDES e as desinteligências entre PSDB, PFL e PMDB em torno da composição do poder no segundo mandato.
Assim, o desenvolvimentismo dilmista não é algo exatamente novo nem extraordinário. O que o reaviva neste momento, como já se disse, são as circunstâncias.
A persistente crise financeira mundial nos países desenvolvidos arrefeceu a pressão externa, presente em FHC e Lula, para que fosse seguida a cartilha ortodoxa. Não menos importante, os mercados emergentes, que antes eram problema, tornaram-se solução - para usar uma frase de Lula. São hoje os heróis do crescimento num mundo combalido por desemprego e dívida. Sob constante assédio de empresas e investidores internacionais, o mundo emergente passa a ter mais espaço para políticas distanciadas da busca irrestrita de controle inflacionário e forte disciplina fiscal.
Esse novo "empoderamento desenvolvimentista" emerge, no Brasil, com algumas características importantes. No âmbito da máquina pública, o impulso, que antes se localizava nas iniciativas de formar "campeões nacionais", pelo BNDES, agora se espalha por meio de uma miríade de iniciativas articuladas pelos Ministérios da Fazenda, da Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento. Seus ministros querem cada vez mais mostrar serviço e, embora nem sempre atuem em uníssono, compartilham as mesmas críticas ao receituário ortodoxo, assim como parece ser o caso da própria presidente. Coincidência ou não, os cortes de juros pelo Banco Central vieram justamente num momento em que esse grupo se reforça.
Quais seriam, então, as implicações desse processo? A tríade ministerial acima citada deve continuar ganhando mais espaço e tentando ampliar seu leque de propostas. O aumento do IPI sobre automóveis, proposto pela Fazenda, carrega bandeiras defendidas pelos outros ministros, notadamente a exigência de conteúdo nacional e maior investimento em pesquisa no País. A criação da "Embrapa da indústria", propalada pela Ciência e Tecnologia, tem ampla ressonância com a crença compartilhada de que o setor industrial é elemento central de desenvolvimento. A recente proposta do Desenvolvimento de elevar impostos de importação para compensar a depreciação do dólar bate na tecla dos efeitos adversos da "guerra cambial" - expressão cunhada pelo ministro da Fazenda. A presidente Dilma diz querer rigor no controle inflacionário, mas não vê com maus olhos medidas, como essas, que podem encarecer os produtos no Brasil e/ou aumentar gastos, contribuindo, assim, para o recrudescimento da inflação.
Não se trata de negar que o Estado tenha seu papel, é óbvio que o governo há de zelar pelo emprego e pelo desenvolvimento do País. Mas, com mais pressão dos empresários, de um lado, e mais receptividade do governo, de outro, não será de estranhar que mais propostas de semelhante natureza continuem ganhando vida. Propostas e iniciativas dispersas, favorecendo setores escolhidos sem critério claro de bem-estar social.
Nesse contexto, a resposta estratégica do setor empresarial torna-se evidente. Para que apontar problemas sistêmicos de infraestrutura ou clamar por uma profunda reforma tributária, se é mais fácil argumentar por mais proteção ou "medidas compensatórias"? O aumento (adiado) do IPI dos automóveis agradou ao lobby das grandes montadoras, temerosas dos novos entrantes asiáticos. O objetivo de maior foco no mercado doméstico é conveniente para empresários que não querem gastar muito tempo e esforço se aventurando na concorrida arena global. O mais lógico, para esses empresários, é abraçar o movimento desenvolvimentista e clamar por mais proteção diferenciada, ainda que à custa dos consumidores.
Melhor seria, obviamente, se o governo conseguisse gerar uma agenda menos reativa a reclamações privadas e mais ativa em resolver os reais gargalos produtivos, evitando perpetuar setores com dificuldades estruturais para competir. Uma agenda que estimule, e não iniba, renovação setorial via novos entrantes - sejam eles empreendedores locais ou firmas estrangeiras.
Não é isso, no entanto, o que se observa. A conjuntura dos emergentes transforma-se e abre janelas ao desenvolvimento, mas essas janelas parecem estar viradas para o quintal dos fundos, para o passado. Afinal, as circunstâncias atuais podem não perdurar e punir, no futuro, países menos criteriosos nas suas políticas industriais. Ironicamente, a frase de lorde Keynes resiste: desse jeito, "no longo prazo, estaremos todos mortos", ou, então, condenados a um eterno retorno.

* Carlos Melo e Sérgio Lazzarini; cientista político, é professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). E-mail: carlos.melo@insper.edu.br; professor titular de estratégia do Insper. E-mail: sergiogl1@insper.edu.br -

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Ministro das Comunicacoes contra a concorrencia e pelo monopolio...

O Brasil é um país bizarro, eu diria mesmo anormal.
Só mesmo aqui se consegue encontrar gente que se posiciona deliberadamente contra a concorrência, pelo  monopólio, pela concentração de poderes, enfim, pelo desserviço ao público, que paga por serviços vagabundos, caros e demorados. Como os dos Correios, por sinal.
Em outra vertente, esta crônica irônica-jornalística de conhecido jornalista não deixa de ser gozada, aliás parecida com o Brasil, que como eu sempre digo, não é um país normal.
Decididamente, o Brasil é um país bizarro...
Paulo Roberto de Almeida


ATENÇÃO, CONTE COM O PCO PARA SALVAR O CAPITALISMO! OS CAPITALISTAS FORAM TODOS ESTATIZADOS!

Reinaldo Azevedo, 19/09/2011

Atenção! O pensamento do ministro Paulo Bernardo é uma luz na escuridão!
Confesso que nunca tinha visto a coisa por este ângulo, mas sempre é tempo de receber uma iluminação. E o iluminista, no caso, é o ministro Paulo Bernardo, das Comunicações. Leiam este trecho de um texto do Estadão Online:
A greve dos funcionários dos Correios já preocupa o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, devido à possibilidade de avanço das empresas concorrentes sobre os serviços de que a estatal não detém o monopólio, como entrega de encomendas e mala direta. “A concorrência está querendo tomar espaço”, disse Bernardo à Agência Estado. O ministro se referiu à veiculação de comerciais no fim de semana pelas concorrentes, o que ele classificou de “oportunismo legítimo” diante da greve. “A gente tem que se preocupar com a concorrência, que está querendo solapar (os Correios)”, ressaltou.
Voltei
Entendi. O radicalismo da extrema esquerda colabora com o capitalismo! Se não me engano, os Correios são infiltrados, em São Paulo ao menos, pelo PCO, o Partido da Causa Operária. A idéia que Marx fazia de “operário” não deve remeter a um entregador de cartas, mas vá lá… Os socialistas têm de ir aonde o povo está. O problema é que o povo costuma fugir deles, hehe.
Mas eu fui aqui tomado de assalto por uma idéia. Os capitalistas perversos deveriam financiar a extrema esquerda para ela promover paralisações nas estatais e, assim, garantir o avanço do capital privado.
É isto! Só mesmo o PCO para incentivar a iniciativa privada no Brasil! Boa parte do que se chamava antigamente “burguesia” está mamando nas tetas do governo, em busca de subsídios, empréstimos a juros camaradas e leis protecionistas!
Viva o PCO! Abaixo a burguesia estato-petista!!!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Capitalistas brasileiros invadindo a Florida...

Gostaria de saber o que pensariam disto os teóricos da "dependência" e aqueles papagaios de pirata, ou seja, os repetidores do marxismo vulgar no Brasil:

Brazilian, Spanish Buyers Inject New Life into Florida's Community Banks
From the Editors of American Banker

There is a definite yin and yang to Florida banking these days.
The state's banking market is still seriously impaired, but foreign banks are increasingly attracted to it for the same reason ˜ and their arrival may feed the turnaround.
Buyers from Brazil and Spain have aggressively sought out community banks in Florida because of the historically low prices, the expansion of its international business and the inflow of foreign cash. Foreign banks need ways to diversify beyond their own troubled economies.