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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O futuro do capitalismo no Brasil: Futuro?; Capitalismo??

Vocês devem estar brincando...
O capitalismo não tem nenhum futuro no Brasil.
Comparado com a China, o Brasil é um país socialista.
Não estou brincando: a China é muito, mas muuuiiito mais capitalista do que o Brasil.
Acho melhor mudar de "modo de produção", como diriam os marxistas.
Do jeito que somos, do jeito que é o governo, o capitalismo não possui nenhum futuro no Brasil.
Leiam primeiro a matéria completo do New York Times que postei mais abaixo.
Depois leiam os comentários deste economista do Ipea (não confundir com o resto do Ipea, que está envolvido numa complexa operação para afundar o que resta de capitalismo no Brasil), que faz as perguntas corretas a partir da matéria.
Ele é um otimista: acredita que o capitalismo tem futuro no Brasil.
Isso se o governo mudar de posição, claro.
Difícil que isto aconteça: mentalidades atrasadas permanecem atrasadas, e arrastam o país consigo...
Eles provavelmente querem o tal de "capitalismo a face humana", aquele que diziam existir na Europa, e que foi para o brejo junto com o tal de "Estado de bem-estar social". 
Políticos acham que podem mudar as "forças produtivas", em benefício das pessoas.
Eles só conseguem inviabilizar as "relações de produção" e, com isso, condenam o sistema à decadência e ao desaparecimento.
Enfim, tudo isso previsto por Marx.
Pena que os nossos marxistas não leram Marx...
Paulo Roberto de Almeida 

Por que os Iphones não são fabricados nos EUA?

O que seria preciso para fabricar Iphones nos EUA? Foi essa a pergunta provocante que presidente Obama fez ao ex-CEO da Apple, Steven P. Jobs, em fevereiro de 2011, em um jantar na Califórnia.
O The New York Times trouxe uma excelente matéria neste último domingo (How the U.S. Lost Out on iPhone Work) que tenta responder a esta pergunta do presidente Obama a partir de uma série de entrevistas que os repórteres fizeram com vários funcionários e ex-funcionários da Apple, economistas, pesquisadores, especialistas em comércio internacional, etc.
A matéria mostra que o grande diferencial da China, por exemplo, não são apenas os salários menores (corrigidos pela produtividade), mas também: (i) abundante oferta de mão-de-obra qualificada e semi-qualificada; (ii) elevada flexibilidade e disponibilidade de trabalhadores que podem, se necessário, iniciar um turno de trabalho não programado durante à noite já que esses trabalhadores moram nas fábricas; (iii) rapidez das fábricas tanto para aumentar quanto para reduzir a escala de operação; e  (iv) elevada integração das cadeias produtivas entre os vários países asiáticos.
A matéria mostra que uma empresa, nos EUA, levaria pelo menos 9 meses para contratar cerca de 8.000 engenheiros, enquanto, na China, os fornecedores da Apple levaram apenas 15 dias para executar essa tarefa.
Reportagens como essa sobre por que os Iphones são produzidos na China e a maneira que a Foxconn trabalha, me fazem questionar a promessa da Foxconn de investir US$ 12 bilhões para produzir Ipads e telas dos dispositivos móveis no Brasil(ver aqui post anterior sobre esse tema). Não tenho dúvidas que, a depender do volume de subsídios e de barreiras tarifárias e não tarifarias contra importação, a Foxconn possa eventualmente produzir alguns Ipads para serem vendidos no Brasil e Mercosul.
Mas não espere muita coisa além disso porque, dada a nossa estrutura de custo, o Brasil não tem como ser uma plataforma de exportação de aparelhos eletrônicos e, assim, ainda acho delírio a expectativa de que a Foxconn venha a empregar 100 mil trabalhadores e 20 mil engenheiros no Brasil como chegou a ser anunciado pelo governo em abril de 2011.
Mais do que acreditar em panos mirabolantes, seria melhor que a presidente Dilma em reunião com empresários aproveitasse a oportunidade e fizesse pergunta semelhante que o presidente Obama fez no jantar da Califórnia no ano passado, com duas modificações:
O que seria preciso para que vocês empresário aumentassem o investimento na indústria no Brasil, sem que para isso seja necessário aumentar o volume de empréstimo do BNDES e a proteção comercial?

Um comentário:

Eduardo Rodrigues, Rio disse...

Lendo o final de seu post, lembrei-me de um trecho de um excelente artigo escrito por Roberto DaMatta no final do ano passado:

"Éramos, como ocorre em tantas outras esferas da vida social brasileira (e, imagino, latino-americana), contra ou a favor. Não líamos Marx, éramos marxistas!"

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,uma-licao-para-a-vida-,810763,0.htm