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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 5 de maio de 2021

O Ocidente inseguro e a China em ascensão - Paulo Roberto de Almeida

 Uma reflexão sobre as incertezas ocidentais quanto à postura da China no sistema internacional numa conjuntura de alteração dos equilíbrios econômicos existentes nos últimos séculos 

Paulo Roberto de Almeida

É simplesmente FALSO que a China represente uma AMEAÇA a princípios e valores das democracias de mercado e às instituições do multilateralismo contemporâneo, como se o governo autocrático do PCC quisesse demolir as democracias existentes atualmente, ou como se a China estivesse desmantelando a ordem mundial criada por elas desde Bretton Woods. 

É uma grande HIPOCRISIA dos EUA transformar sua arrogância (hubris) e paranoia por motivos de um declinio relativo (ou perda de preeminência hegemônica absoluta) em mobilização de outras democracias avançadas num esforço coletivo para se CONTRAPOR aos progressos econômicos e tecnológicos da China. 

Quanto aos avanços militares da China, eles não se destinam a implantar o comunismo no mundo, mas a evitar que a nação chinesa seja novamente humilhada, como foi no passado, por outras potências dominantes.

O mundo ganharia muito, em especial os países em desenvolvimento, se houvesse total abertura econômica, liberalização comercial, disposição para a complementaridade real das grandes economias na divisão mundial do trabalho e no reforço das instituições multilaterais em prol de investimentos em capital humano nos países mais pobres (que são os que estão na origem das “exportações” indesejadas de seus excentes demográficos miseráveis para os países ricos).

É um EQUÍVOCO dos EUA e de outros parceiros avançados essa atitude confrontacionista vis-à-vis a China, quando ela não é uma potência “revisionista”, como foram os militarismos fascistas expansionistas da primeira metade do século XX, ao prosseguir em sua estratégia de plena inserção no status quo atual, que foi justamente criado pelas grandes potências democráticas de mercado ao favorecerem o multilateralismo, a globalização, o livre comércio e a exportação de capitais. 

Trata-se também de uma arrogância típica de países ocidentais seguros de seus valores e princípios fundamentados em regimes democráticos e nos direitos humanos achar que a China deva ter um sistema político que seja um reflexo dos seus.

Paulo Roberto de Almeida

Brasilia, 5 de maio de 2021


sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

EUA continuam a ver a China como adversária - Council on Foreign Relations

Um grande império, dubitativo sobre seus próprios valores e princípios, se interroga sobre o que fazer em face de um outro grande império que pretende construir um futuro brilhante para o seu povo, sem necessariamente exportar o seu modelo político como o melhor para o mundo.
Paulo Roberto de Almeida

Grand strategy toward China needs ‘coalition of the democratic willing’

Democracy Digest, January 16, 2020

If it is not to lose its strategic struggle with China in Asia and globally, the United States needs to present an alternative model to Beijing’s authoritarian archetype, says a new report. That requires an integrated grand strategy that competes with the PRC across many integrated domains—diplomacy, the global economy, defense, digital technology/artificial intelligence (AI), the cyber sphere, public information, and ideology, writes Robert D. Blackwill, Henry A. Kissinger Senior Fellow for U.S. Foreign Policy at the Council on Foreign Relations.
“China wants to replace the United States as the strongest and most influential power in Asia and beyond,” he warns. “Washington should launch an all-out effort to limit the dangers that Beijing’s economic, diplomatic, technological, and military expansion pose to U.S. interests in Asia and globally,” Blackwillwrites in Implementing Grand Strategy Toward China: Twenty-Two U.S. Policy Prescriptions.
The United States should marshal its diplomacy with nations within the region, as well as those outside it (e.g., European countries that favor rules-based approaches—although this will require awakening Europe from its strategic stupor), in order to strengthen international organizations to make progress on climate, free trade, international security, and freedom of navigation. This coalition of the democratic willing, this “global commonwealth,” as President George H.W. Bush called it, should be launched at the heads-of-government
level in Washington, Blackwill adds:
The United States should also protect the integrity of its democratic institutions, both for the good of the nation and to offer a powerful alternative model to China’s authoritarian archetype. China’s meteoric rise, coupled with its present economic and military strength, makes the “China model” a beguiling path for some developing countries. While the United States is right to invest increased time and money to actively challenge China, liberal democratic values will be less attractive overseas if the United States cannot successfully manage its own affairs. RTWT

China is trying to shape the global narrative about its actions at home and abroad, Freedom House said in a report published Wednesday, writes Anna Fifield, The Washington Post’s Beijing bureau chief.
Not content with pervasive censorship and state control of almost all media at home, the ruling Communist Party under strongman President Xi Jinping has dramatically stepped up its efforts to disseminate its version of events….Freedom House is among the American human rights organizations penalized by China in retaliation for the United States’ support for protesters in Hong Kong. Others include the National Endowment for Democracy and Human Rights Watch.

“China is trying to promote itself as an international model,” said Sarah Cook, senior research analyst for China at Freedom House and the author of the report, “Beijing’s Global Megaphone.”