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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

A estagnação estrutural da economia brasileira - Roberto Macedo

Não acredito numa retomada do crescimento econômico brasileiro em bases sustentáveis, pelo menos não antes de profundas reformas estruturais, não apenas tributária.
Não pretendo formular o famoso "projeto nacional", nem haveria acordo para fazer um. 
Proponho algo mais modesto: tomar três relatórios objetivos sobre as características das economias nacionais, e aplicar de cada um deles todas as medidas que cabem fazer no Brasil para que tenhamos: 
1) um bom ambiente de negócios: Relatório Doing Business do Banco Mundial
2) uma retomada dos ganhos de produtividade: World Competitiveness Report, do WEF
3) amplas liberdades econômicas: Economic Freedom of the World, da Heritage Foundation e Freedom House
Acredito que a aplicação sistemática das recomendações desses três relatórios combinados, independentemente de entrar ou não na OCDE, melhoraria barbaramente as condições econômicas no Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

PIB – 2010-2019, a pior de 12 décadas
Nosso produto interno bruto está em depressão há 5 anos e em estagnação há 40
Roberto Macedo
O Estado de S.Paulo, 16 de janeiro de 2020

Volto a esse tema, abordado também em entrevista para a jornalista Márcia De Chiara publicada na última segunda-feira neste jornal (Década passada foi a pior para PIB do país, pág. B3) e que se estendeu na web (estadão.com.br/e/pior_decada). Os dados básicos para obter 12 taxas decenais de variação do produto interno bruto (PIB) estão em www.ipeadata.gov.br, onde há a série “Produto interno bruto (PIB) a preços de mercado: variação real anual ... de 1901 até 2018”, em %.

Com essas taxas, cheguei a taxas médias anuais de crescimento do PIB em cada década, sendo que para a primeira foram usados dados de 1901 a 1909, e para 2019 a previsão de 1,17% do Boletim Focus, do Banco Central, de 3/1/2020.
Um gráfico mostrou essas taxas em dois movimentos. O primeiro, de forte tendência de aumento, vai da primeira década, com taxa média de 4,6%, até a de 1970, quando chegou a 8,8%, a maior de todo o período. No segundo, a taxa cai fortemente para 3% na década de 1980, e fica perto ou até bem abaixo desta nas décadas de 1990 (1,8%), 2000 (3,4%) e 2010 (1,4%), esta a menor das 12 décadas desde a de 1900!
É de estagnação esse período de 1980 a 2010. Meu dicionário diz tratar-se de “situação em que o produto nacional não cresce à altura do potencial econômico do país”. É claramente o caso do Brasil. Seriamente desarrumado, poderia crescer bem mais, mas está aí, estagnado, a ponto de ser disseminada a satisfação com a perspectiva de uma taxa perto de 2,5% em 2020 e daí para a frente. É muito pouco! O economista Manoel Pires, do Ibre/FGV, disse que o País vive fase de “expectativas rebaixadas”.
Internacionalmente, também está por baixo. No portal do Fundo Monetário Internacional encontrei comparação das taxas de crescimento do Brasil nessas quatro décadas e a média geral decenal das mostradas por 155 economias emergentes ou em desenvolvimento, que foram de 3,20 (1980), 3,63 (1990), 6,10 (2000) e 5,11 (2010), sempre superiores às do Brasil, já citadas, e muito superiores nas duas últimas décadas.
Márcia De Chiara foi muito feliz ao tratar também a questão social, da qual falei sobre questões como o desemprego e a dificuldade de ascensão social com a queda do crescimento econômico. Mas foi além. Levantou-se bem cedo e foi até uma paróquia que dá a primeira refeição do dia a moradores de rua, cujo número vem aumentando bastante, e entrevistou dois deles, que relataram suas enormes dificuldades.
Ascensão social é conceito mais operacional que o da desigualdade social, esta de solução muito mais difícil. Se houver crescimento bem mais acelerado, virão mais e melhores oportunidades de trabalho e as pessoas de renda mais baixa também terão condições de seguir em frente e melhorar de vida, até mesmo ascendendo socialmente, sem ficarem paradas a observar e invejar minorias que conseguem manter seu status social mais alto.
Quanto ao que fazer para crescer bem mais, além de reformas como as pregadas por Paulo Guedes, e de outras que deveriam ser efetivadas, como as do Legislativo e do Judiciário, um grande esforço deveria voltar-se, com senso de urgência, para desenvolver e aplicar um plano estratégico de desenvolvimento para o Brasil. Um plano desse tipo deve incluir objetivos, metas, o que deve ser feito para alcançá-los e como será gerenciado, implementado e cobrado de seus executores.
Os temas iriam bem além daqueles hoje mais discutidos no Brasil. Uma questão crucial será o aumento da capacidade produtiva do País, mediante investimentos públicos e privados, o que também geraria renda para fatores de produção, como capital e trabalho, renda essa que, assim, também sustentaria o crescimento pelo lado da demanda. E entrariam outros temas típicos de um processo de desenvolvimento sustentável, como as inovações, o aumento da produtividade e da competitividade interna e externa, a educação com foco em competências, a ampliação do comércio exterior, a defesa do meio ambiente, o enfrentamento de desigualdades sociais e o papel das instituições nesse processo. Instituições em sentido lato, o das regras do jogo que precisam favorecer os investimentos e o crescimento.
Hoje o debate econômico está por demais focado na análise macroeconômica, que trata de políticas de curto e médio prazos, como a fiscal e a monetária, mais voltadas para movimentos cíclicos da economia. Cabe uma visão também focada no crescimento de prazo mais logo e sustentável, que nos cursos bem estruturados de Economia não cabe à disciplina Macroeconomia, mas à de Desenvolvimento Econômico. A literatura também é diferente. Caberiam livros como o de Daron Acemoglu e James Robinson Por que as nações fracassam e o de David Landes A Riqueza e a Pobreza das Nações – Por que algumas são tão ricas e outras tão pobres.
Não tenho pretensão de ter uma receita cobrindo todos os aspectos envolvidos, o que exigiria uma ampla equipe, e não só de economistas, mas de cientistas das várias áreas envolvidas, e de praticantes como funcionários governamentais, empresários, profissionais liberais e outros, com toda a argumentação sustentada por evidências científicas.
Dadas as “expectativas rebaixadas”, seria o caso de contar também com psicólogos para atuarem na recuperação da autoestima do Brasil e dos brasileiros, concitando todos a assumirem o compromisso de melhorar e atuar nessa direção, com atenção especial aos governantes. Quanto a estes e a grande parte da classe política, cabe pregar-lhes a fundamental importância de eticamente lutarem pelo bem comum, e não por atenderem à ampla privilegiatura que atua em sentido contrário.
Num país que teve forte recessão de dois anos, embutida numa depressão já com cinco e passando por estagnação de 40, há muito, muito o que fazer.

É ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), CONSULTOR ECONÔMICO E DE ENSINO SUPERIOR, E PROFESSOR SÊNIOR DA USP


terça-feira, 17 de setembro de 2019

Crescimento do PIB e PIB per capita no Brasil, de 1964 a 2018 - Ricardo Bergamini

Taxa Média/Ano de Crescimento Econômico Real Relativo
ao Período de 1964 a 2018 em Percentuais do PIB - Fonte de Consulta IBGE.
Períodos
1964/84
1985/89
1990/94
1995/02
2003/10
2011/2018
Média/Ano
6,29
4,38
1,40
2,37
4,09
0,60


1 – Nos 21 anos dos governos militares, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 6,29% ao ano.

2 – Nos 5 anos do governo Sarney, com moratória internacional e hiperinflação, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 4,38% ao ano.

3 – Nos 5 anos dos governos Collor/Itamar, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 1,40% ao ano.

4 – Nos 8 anos do governo FHC, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 2,37% ao ano.

5 – Nos 8 anos do governo Lula, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 4,09% ao ano.

6 – Nos 8 anos dos governos Dilma/Temer (2011/2018) o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 0,60% ao ano. 

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.


Taxa Média/Ano de Crescimento Econômico Real Per Capita Relativo
Período de 1964 a 2018 em Percentuais do PIB - Fonte de Consulta IBGE.
Períodos
1964/84
1985/89
1990/94
1995/02
2003/10
2011/2018
Média/Ano
3,64
2,44
(0,18)
0,87
2,90
(0,25)


1 – Nos 21 anos dos governos militares, o Brasil teve um crescimento econômico real per capita médio de 3,64% ao ano.

2 – Nos 5 anos do governo Sarney, com moratória internacional e hiperinflação, o Brasil teve um crescimento econômico real per capita médio de 2,44% ao ano.

3 – Nos 5 anos dos governos Collor/Itamar, o Brasil teve um crescimento econômico real per capita médio negativo de (0,18%) ao ano.

4 – Nos 8 anos do governo FHC, o Brasil teve um crescimento econômico real per capita médio de 0,87% ao ano.

5 – Nos 8 anos do governo Lula, o Brasil teve um crescimento econômico real per capita médio de 2,90% ao ano.

6 – Nos 8 anos dos governos Dilma/Temer (2011/2018) o Brasil teve um crescimento econômico real per capita médio negativo de (0,25) % ao ano. 

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.


Ricardo Bergamini

terça-feira, 5 de junho de 2018

Brasil: crescimento do PIB aponta para queda - Gilberto Simoes Pires

O PIB BRASILEIRO NAMORA COM O FRACASSO

NOVA PROJEÇÃO DO PIB 2018

Passado o feriadão de Corpus Christi, que nesta edição as viagens foram bastante prejudicadas pelo colapso do desabastecimento, que tudo indica já estará normalizado (se nada acontecer de ruim nos próximos dias) até o final desta semana, é hora de refazer as projeções quanto ao desempenho do PIB brasileiro de 2018. 

PARA O VINAGRE

Pois, se antes deste brutal desabastecimento a coisa já não vinha bem, depois do levantamento dos enormes prejuízos verificados com o extraordinário estrago das mercadorias (animais e vegetais) perecíveis fica a certeza de que o PIB de 2018 foi simplesmente para o vinagre.

FOCUS

Tomando por base a pesquisa Focus divulgada hoje, 04 de junho, a projeção para a taxa de crescimento do PIB em 2018 caiu de 2,37% (semana passada) para 2,18%. Relembrando: em março, o mesmo Boletim Focus projetava alta de 2,90%, e desde então tudo que aconteceu foram quedas sucessivas.

PRIMEIRO TRIMESTRE

Aliás, o comportamento do PIB brasileiro, país que se recusa a fazer a REFORMA DA PREVIDÊNCIA, identifica, com absoluta clareza, o quanto as nossas estimativas são feitas mais com base no -otimismo-, e menos com os pés no chão. Muita gente acreditava que só pelo fato do PIB ter apresentado queda por oito trimestres sucessivos, por questões cíclicas a recuperação aconteceria automaticamente. Ledo engano.

40ª POSIÇÃO

Vejam, a propósito, que numa lista de 43 países analisados pela consultoria Austing Rating, que monitora os resultados dos países com as maiores economias do mundo, o Brasil aparece na 40ª colocação em termos de crescimento do PIB no primeiro trimestre de 2018. A comparação leva em conta a variação da economia na comparação com o primeiro trimestre de 2017.

AMÉRICA LATINA

O crescimento (comparativo) do PIB brasileiro, segundo o IBGE, foi de 1,2%. Na América Latina, por exemplo, o PIB do Chile avançou 4,2%, o do Peru 3,2%; e o da Colômbia 2,2%. Que tal?

LISTA DE 43 PAÍSES

Eis a lista dos países que divulgaram seus resultados até 30 de maio de 2018 e a posição que desfrutam na comparação com o 1º.tri.17:
1º Filipinas 6,8
2º China 6,8
3º República Dominicana 6,4
4º Malásia 5,4
5º Egito 5,4
6º Polônia 5,2
7º Indonésia 5,1
8º Tailândia 4,8
9º Hong Kong 4,7
10º República Tcheca 4,5
11º Cingapura 4,4
12º Hungria 4,4
13º Letônia 4,3
14º Chile 4,2
15º Israel 4,0
16º Romênia 4,0
17º Chipre 3,8
18º Eslováquia 3,6
19º Lituânia 3,6
20º Bulgária 3,5
21º Suécia 3,3
22º Peru 3,2
23º Ucrânia 3,1
24º Áustria 3,1
25º Taiwan 3,0
26º Espanha 2,9
27º Estados Unidos 2,9
28º Coréia do Sul 2,8
29º Finlândia 2,8
30º Holanda 2,8
31º Croácia 2,5
32º Alemanha 2,3
33º Colômbia 2,2
34º Portugal 2,1
35º França 2,1
36º Bélgica 1,6
37º Itália 1,4
38º México 1,3
39º Rússia 1,3
40º Brasil 1,2
41º Reino Unido 1,2
42º Japão 0,9
43º Noruega 0,3