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sábado, 1 de setembro de 2018

Petro: a moeda desconhecida da Venezuela (FSP)


Brian Ellsworth
Folha de S. Paulo, 31/08/2018

O líder da Venezuela, Nicolás Maduro, garante que um pequeno povoado de 1.300 pessoas está na crista da onda de uma inovação em criptomoedas.

Localizada em uma savana isolada no centro do país, Atapirire é a única cidade em uma área que o governo diz comportar 5 bilhões de barris de petróleo. A Venezuela garantiu tais reservas como lastro para uma moeda digital batizada de "petro" que Maduro lançou em fevereiro, e neste mês ele prometeu que ela será o cerne de um plano de recuperação para a nação em crise.

Mas os habitantes de Atapirire dizem que não viram nenhum esforço do governo para explorar as reservas e têm pouca esperança de que seu vilarejo em dificuldades terá um lugar privilegiado em uma revolução financeira.

"Não há sinal desse petro aqui", disse Igdalia Diaz, dona de casa de 35 anos que em seguida passou a se queixar da escola em ruínas, das ruas esburacadas, dos blecautes frequentes e dos moradores famintos da cidade.

A verdade é que é difícil encontrar o petro em qualquer lugar.

Durante quatro meses, a Reuters conversou com uma dúzia de especialistas em criptomoeda e avaliação de petróleo, viajou ao local das reservas prometidas e vasculhou registros de transações da moeda digital na tentativa de saber mais sobre a criptomoeda.

Essa busca rendeu poucos indícios de um comércio vicejante do petro. A moeda não é vendida em nenhuma grande casa de câmbio de criptomoedas e não se conhece nenhuma loja que a aceite.

Os poucos compradores que a Reuters conseguiu localizar foram aqueles que escreveram sobre sua experiência em fóruns de criptomoedas na internet.

Nenhum quis se identificar. Um se queixou de ter sido "ludibriado". Outro disse à Reuters que recebeu seus petros sem problema, e culpou as sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela e a "imprensa detestável" por prejudicarem o lançamento do petro.

Autoridades do governo fizeram declarações contraditórias. Maduro afirma que a venda do petro já rendeu US$ 3,3 bilhões (R$ 13,7 bilhões), e que agora a moeda é usada para importar alimentos e remédios.

No entanto, Hugbel Roa, um ministro envolvido no projeto, disse à Reuters na sexta-feira (24) que a tecnologia por trás da moeda ainda está em desenvolvimento, que "ninguém ainda fez uso do petro" e "nenhum recurso foi recebido".

A Superintendência de Criptoativos, agência do governo que supervisiona o petro, é um mistério. Recentemente, a Reuters visitou o Ministério das Finanças, onde a Superintendência supostamente está abrigada, mas foi informada por uma recepcionista que ela "ainda não tem uma presença física aqui".

O site da Superintendência não está funcionando. Seu presidente, Joselit Ramírez, não respondeu a mensagens em suas contas de redes sociais. Telefonemas para o Ministério da Indústria, que supervisiona a agência, não foram respondidos. O Ministério da Informação não respondeu a e-mails pedindo comentários.

Maduro ampliou a confusão neste mês anunciando que salários, pensões e a taxa de câmbio da moeda decadente da Venezuela, o bolívar, agora serão atrelados ao petro. A medida provocou consternação nas ruas do país e entre economistas e especialistas em criptomoeda, que dizem que a correlação petro-bolívar é impraticável.

"Não existe maneira de ligar preços ou taxas de câmbio a uma moeda com que não se comercializa, precisamente porque não existe maneira de saber por quanto ela é vendida", disse Alejandro Machado, cientista da computação e consultor de criptomoeda venezuelano que vem acompanhando atentamente o petro.

O caos é prova do desespero e da desorganização que estão tomando conta do governo Maduro em meio ao colapso da Venezuela.

O petro deveria ajudar Caracas a combater a hiperinflação, que tornou o bolívar praticamente sem valor. O governo argumentou que uma criptomoeda, que permite que operações financeiras possam ser feitas anonimamente, possibilitaria à nação driblar as sanções financeiras dos EUA e obter moedas fortes para pagar as tão necessárias importações de alimentos e remédios.

O governo atrelou o valor do petro ao valor de um barril de petróleo venezuelano —atualmente, cerca de US$ 66— e prometeu sustentá-lo com reservas de petróleo localizadas em uma área de 380 quilômetros quadrados ao redor de Atapirire. Em março, o presidente dos EUA, Donald Trump, proibiu os norte-americanos de comprarem ou usarem o petro.

Analistas demonstraram ceticismo quanto às afirmações de Maduro de que o petro já está rendendo milhões em moeda real.

Segundo eles, os registros digitais associados à moeda não fornecem informações suficientes para se determinar quanto exatamente se arrecadou, em caso de algo ter sido realmente arrecadado.

"Isso certamente não se parece com uma ICO (sigla em inglês para oferta inicial de moeda) típica, dado o baixo nível de atividade das transações", disse Tom Robinson, diretor de dados e cofundador da Elliptic, uma empresa de blockchain sediada em Londres.

"Não encontramos nenhuma evidência de que alguém tenha emitido um petro, nem que tenha sido negociado ativamente em nenhuma bolsa."

Uma visita da Reuters à área em torno de Atapirire mostrou poucas atividades ligadas à indústria petroleira. As únicas perfuradoras visíveis eram máquinas pequenas instaladas anos atrás e já envelhecidas. Várias estavam abandonadas e cobertas de mato.

Em um artigo de opinião publicado em 19 de agosto no Aporrea, um site de comentários e análises venezuelano, o ex-ministro do Petróleo Rafael Ramírez estimou que seriam necessários US$ 20 bilhões de investimentos para explorar as reservas locais, dinheiro que a problemática estatal petroleira PDVSA não tem.

"O petro está sendo estabelecido com um valor arbitrário, que só existe na imaginação do governo", escreveu Ramírez. Ele supervisionou a indústria petroleira da Venezuela durante uma década à época do então presidente Hugo Chávez, e hoje vive exilado em um local secreto por ter sido acusado por Caracas de corrupção, o que ele nega.

A PDVSA não respondeu a um email pedindo comentário.

Ao contrário dos compradores de criptomoedas conhecidas, como o bitcoin e o ethereum, os donos de petros são difíceis de encontrar.

Um local para isso é o fórum de criptomoedas online Bitcointalk, no qual entusiastas de criptomoedas começaram a publicar mensagens no início de 2018.

Algumas postagens iniciais eram otimistas, mas esse entusiasmo azedou à medida que o tempo passou. Vários se queixaram da falta de informações e dos atrasos no recebimento de suas moedas, e um reclamou por não conseguir transferi-las ou vendê-las.

"Até agora sim, fomos ludibriados, o tempo dirá se foi um bom investimento ou não", escreveu um participante do fórum identificado como cryptoviagra em 25 de junho.

Outro comprador, o único a responder a perguntas da Reuters, disse, em de mensagens em redes sociais, que sua experiência comprando petros "funcionou bem, no geral".

Ele culpou a proibição dos EUA pelas vendas fracas da moeda, além do que considerou uma cobertura midiática negativa. Ele pediu que seu nome não fosse revelado por temer "perseguição do governo dos EUA", acrescentando que "não considera a Reuters uma organização de notícias honesta".

A Reuters não conseguiu confirmar de forma independente se algum participante do fórum investiu no petro.

As criptomoedas ganharam popularidade ao longo da última década, graças a defensores que disseram que elas reduziriam os custos das transações financeiras, dariam aos cidadãos alternativas a bancos comerciais e os protegeriam da inflação induzida por políticas dos bancos centrais.

As transações são validadas por uma rede de computadores e registradas em um livro-razão público chamado blockchain. Operações individuais estão disponíveis para a consulta de qualquer pessoa na internet, mas as identidades dos envolvidos são mantidas em segredo. As operações são protegidas por criptografia —a codificação e decodificação computadorizada de dados.

As compras frenéticas de criptoativos em 2017 elevaram o preço do bitcoin para quase US$ 20 mil, e seu sucesso deu ensejo a uma onda de ofertas de moedas de outras startups, inclusive golpes que arrecadaram milhões de dólares antes de serem desmantelados pelas autoridades.

Os emissores de criptomoeda que se preocupam em mostrar transparência na arrecadação usam blockchains para exibir cada compra individual da nova moeda. Isso dá a investidores em potencial uma ideia de quanto dinheiro está fluindo e proporciona uma referência relativa sobre a procura.

O governo da Venezuela, em contraste, não oferece um registro explícito de compras. Ao invés disso, seus registros digitais só mostram o movimento de petros entre contas, não permitindo que se determine por quanto a moeda foi vendida ou se fundos realmente trocaram de mãos.

O Livro Branco do petro, um documento público que descreve as condições de oferta para os possíveis compradores, diz que a principal plataforma para a moeda é o NEM —uma plataforma descentralizada de blockchain promovida por uma organização sem fins lucrativos de Singapura.

Proprietários de contas NEM são anônimos, mas podem revelar suas identidades na descrição de suas moedas se desejarem.

Em março, uma conta NEM que aparece como sendo operada pelo governo da Venezuela emitiu 82,4 milhões de moedas como parte de sua oferta inicial. Aparentemente elas correspondem a um conjunto de moeda "preliminares" descritas no Livro Branco que compradores poderiam futuramente trocar por petros quando a oferta inicial for concluída.

Cerca de 2.300 destas moedas foram transferidas para 200 contas anônimas em pequenas quantidades no início de maio, revelaram registros da NEM.

Esse período de tempo é condizente com comentários publicados por participantes do fórum Bitcointalk que disseram estar comprando petros. Se vendidas ao preço estabelecido por Maduro com base nos preços do petróleo na ocasião, estas moedas teriam arrecadado cerca de US$ 150 mil, de acordo com cálculos da Reuters.

Em abril, outra conta anônima emitiu uma série de moedas que descreveu como parte de uma diferente fase do petro voltada a grandes investidores.

Registros da NEM mostram que em junho essa conta transferiu cerca de 13 milhões destas novas moedas a cerca de uma dúzia de contas anônimas. Estas moedas teriam arrecadado aproximadamente 850 milhões de dólares a preços oficiais, mas não há como provar que se tratou de vendas, e nenhum grande investidor admitiu estar lidando com o petro.

Roa, ministro da Alta Educação, supervisiona uma agência estatal chamada Observatório Venezuelano de Blockchain. Ele pareceu validar as suspeitas dos analistas de que o petro, atualmente, não existe como moeda funcional.

A Reuters conversou com ele brevemente nos bastidores de um evento sobre o petro em Caracas na semana passada. Roa descreveu as transações da NEM como "modelos iniciais", acrescentando que a Venezuela estava agora trabalhando em sua própria tecnologia blockchain. Ele disse que os compradores fizeram "reservas" para adquirir petros, mas que nenhuma moeda foi liberada.

O que está claro é que o petro não é negociado em nenhuma grande casa de câmbio.

Sediada em Hong Kong, a Bitfinex, uma das maiores casas de câmbio de criptomoeda do mundo em volume, disse em março que não pretende listar o petro jamais por causa de sua "utilidade limitada" e baniu a moeda oficialmente de sua plataforma na esteira das sanções dos EUA.

Três outras grandes casas de câmbio —a Coinbase e a Kraken, ambas de San Francisco, e a Bittrex, de Seattle— não quiseram comentar ou não responderam a perguntas quando indagadas por que não listaram o petro.

Em 26 de abril, Maduro anunciou que 16 casas foram "certificadas" para negociar com o petro, acrescentando que "elas começam a operar a partir de hoje". A maioria é pouco conhecida no mundo das criptomoedas.

A Reuters não conseguiu localizar sete delas, que não estão presentes na internet. Sete outras não responderam a pedidos de comentário.

A Italcambio, uma casa de câmbio venezuelana estabelecida que Maduro disse que trabalharia com a moeda, não negocia ou vende petros, afirmou seu presidente, Carlos Dorado, em resposta por e-mail à Reuters.

A única casa de câmbio que debateu publicamente planos para listar o petro é a indiana Coinsecure. Seu diretor-executivo, Mohit Kalra, disse, em uma entrevista concedida à Reuters neste mês, que dentro de dois meses a Coinsecure fornecerá à Venezuela um sistema para negociações de petros, junto com tecnologia para operá-lo, e que a Venezuela pagará royalties por seu uso.

Kalra não respondeu a ligações pedindo informações adicionais.

O petróleo está no cerne da economia da Venezuela. Ao escolher atrelar o petro a ele, o país se uniu a um número pequeno, mas crescente, de emissores de criptomoeda que ligam o valor de suas moedas a commodities físicas.

A Casa da Moeda Real, que produz moedas para o Reino Unido, anunciou em 2017 uma moeda digital atrelada ao ouro chamada RMG.

A grande diferença é que estas criptomoedas são atreladas a ativos físicos que podem ser negociados de imediato. Já Maduro prometeu que o petro terá como garantia reservas de petróleo que ainda estão nas profundezas do solo em um bloco conhecido como Ayacucho I, próximo de Atapirire.

O governo sustenta que o campo tem 5,3 bilhões de barris, citando uma "agência de certificação internacional independente".

Independentemente de quanto petróleo contenha, a área carece de infraestrutura crucial para sua extração, como estradas, oleodutos e geração de energia, disse Francisco Monaldi, nativo da Venezuela que hoje leciona políticas energéticas da América Latina na Universidade Rice de Houston.

"Não existe plano de investimento para essa área e nenhuma razão para pensar que seria desenvolvida antes de outros campos com condições melhores".

A simples localização do bloco exige um esforço considerável. Funcionários da PDVSA que concordaram em levar um repórter até o local o confundiram com um bloco diferente. A Reuters teve que mapear o Ayacucho I com GPS usando coordenadas publicadas pelo governo como parte da criação do petro.

Enquanto isso, os habitantes de Atapirire dizem ter sido esquecidos.

Um criadouro de peixes usado para oferecer empregos está abandonado. A clínica da cidade não tem médicos nem ambulâncias funcionando.

Muitas pessoas passam horas esperando junto à estrada poeirenta os ônibus chineses que servem como o único meio de transporte público para El Tigre, importante polo petrolífero situado 60 quilômetros ao norte.

A professora Rosa Alvarez disse que cerca de metade dos alunos de primeiro grau que ela ensina pararam de ir às aulas por estarem com fome e que a escola não oferece mais comida com verba estatal.

Ela afirma que as autoridades governamentais ignoraram suas queixas, mas em maio o Ministério da Educação emitiu uma nova instrução: ensinar aos alunos as virtudes da nova criptomoeda do país.

Rosa ficou espantada. "Como explicarei isso a eles se ninguém me diz o que é um petro?", questionou. "Como eu compro um petro? Com quê?"

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Criptomoedas (bitcoins) nao sao reservas de valor efetivo - Mark Spitznagel (Mises)

Toda vez que alguém vem me falar dos Bitcoins, pergunta se eu já comprei os meus, no limite da minha ignorância econômica e monetária, eu respondo:
Boa iniciativa para escapar de controles governamentais sobre os seus fluxos de renda, mas você comprou Bitcoin a partir do nada?
Ou seja, eles representam uma pequena brecha no emissionismo monopolista dos Estados, que podem criar moedas sem valor, mas garantidas pela violência física do Estado. Mas em algum momento esse papel pintado precisa se encontrar com algum bem físico: seu consumo pessoal, seu investimento próprio, seus negócios no mundo real. O bitcoin pode até ajudar em algum momento, mas não pode fazer tudo.
Resumindo: as criptomoedas podem até diminuir parcialmente o monopólio estatal sobre as moedas, mas você troca a senhoriagem das autoridades emissoras pelas comissões pagas aos intermediários (os donos dos softwares de negociação) dessas novas moedas, mas você não resolve a questão crucial da expressão monetária de algum valor, qualquer que seja ele. Até aqui as criptomoedas representaram um gigantesco esquema especulativo, mantido por muitos libertários, mas em algum momento mesmo libertários precisam comer arroz e feijão, certo?
Paulo Roberto de Almeida

Why Cryptocurrencies Will Never Be Safe Havens

Mises Daily, August 15, 2017

Every further new high in the price of Bitcoin brings ever more claims that it is destined to become the preeminent safe haven investment of the modern age — the new gold.
But there’s no getting around the fact that Bitcoin is essentially a speculative investment in a new technology, specifically the blockchain. Think of the blockchain, very basically, as layers of independent electronic security that encapsulate a cryptocurrency and keep it frozen in time and space — like layers of amber around a fly. This is what makes a cryptocurrency “crypto.”
That’s not to say that the price of Bitcoin cannot make further (and further…) new highs. After all, that is what speculative bubbles do (until they don’t). 
Bitcoin and each new initial coin offering (ICO) should be thought of as software infrastructure innovation tools, not competing currencies. It’s the amber that determines their value, not the flies. Cryptocurrencies are a very significant value-added technological innovation that calls directly into question the government monopoly over money. This insurrection against government-manipulated fiat money will only grow more pronounced as cryptocurrencies catch on as transactional fiduciary media; at that point, who will need government money? The blockchain, though still in its infancy, is a really big deal.
While governments can’t control cryptocurrencies directly, why shouldn’t we expect cryptocurrencies to face the same fate as what started happening to numbered Swiss bank accounts (whose secrecy remain legally enforced by Swiss law)? All local governments had to do was make it illegal to hide, and thus force law-abiding citizens to become criminals if they fail to disclose such accounts. We should expect similar anti-money laundering hygiene and taxation among the cryptocurrencies. The more electronic security layers inherent in a cryptocurrency’s perceived value, the more vulnerable its price is to such an eventual decree.
Bitcoins should be regarded as assets, or really equities, not as currencies. They are each little business plans — each perceived to create future value. They are not stores-of-value, but rather volatile expectations on the future success of these business plans. But most ICOs probably don’t have viable business plans; they are truly castles in the sky, relying only on momentum effects among the growing herd of crypto-investors. (The Securities and Exchange Commission is correct in looking at them as equities.) Thus, we should expect their current value to be derived by the same razor-thin equity risk premiums and bubbly growth expectations that we see throughout markets today. And we should expect that value to suffer the same fate as occurs at the end of every speculative bubble. 
If you wanted to create your own private country with your own currency, no matter how safe you were from outside invaders, you’d be wise to start with some pre-existing store-of-value, such as a foreign currency, gold, or land. Otherwise, why would anyone trade for your new currency? Arbitrarily assigning a store-of-value component to a cryptocurrency, no matter how secure it is, is trying to do the same thing (except much easier than starting a new country). And somehow it’s been working.
Moreover, as competing cryptocurrencies are created, whether for specific applications (such as automating contracts, for instance), these ICOs seem to have the effect of driving up all cryptocurrencies. Clearly, there is the potential for additional cryptocurrencies to bolster the transactional value of each other—perhaps even adding to the fungibility of all cryptocurrencies. But as various cryptocurrencies start competing with each other, they will not be additive in value. The technology, like new innovations, can, in fact, create some value from thin air. But not so any underlying store-of-value component in the cryptocurrencies. As a new cryptocurrency is assigned units of a store-of-value, those units must, by necessity, leave other stores-of-value, whether gold or another cryptocurrency. New depositories of value must siphon off the existing depositories of value. On a global scale, it is very much a zero sum game.
Or, as we might say, we can improve the layers of amber, but we can’t create more flies.
This competition, both in the technology and the underlying store-of-value, must, by definition, constrain each specific cryptocurrency’s price appreciation. Put simply, cryptocurrencies have an enormous scarcity problem. The constraints on any one cryptocurrency’s supply are an enormous improvement over the lack of any constraint whatsoever on governments when it comes to printing currencies. However, unlike physical assets such as gold and silver that have unique physical attributes endowing them with monetary importance for millennia, the problem is that there is no barrier to entry for cryptocurrencies; as each new competing cryptocurrency finds success, it dilutes or inflates the universe of the others.
The store-of-value component of cryptocurrencies — which is, at a bare-minimum, a fundamental requirement for safe haven status — is a minuscule part of its value and appreciation. After all, stores of value are just that: stable and reliable holding places of value. They do not create new value, but are finite in supply and are merely intended to hold value that has already been created through savings and productive investment. To miss this point is to perpetuate the very same fallacy that global central banks blindly follow today. You simply cannot create money, or capital, from thin air (whether it be credit or a new cool cryptocurrency). Rather, it represents resources that have been created and saved for future consumption. There is simply no way around this fundamental truth.
Viewing cryptocurrencies as having safe haven status opens investors to layering more risk on their portfolios. Holding Bitcoins and other cryptocurrencies likely constitutes a bigger bet on the same central bank-driven bubble that some hope to protect themselves against. The great irony is that both the libertarian supporters of cryptocurrencies and the interventionist supporters of central bank-manipulated fiat money both fall for this very same fallacy.
Cryptocurrencies are a very important development, and an enormous step in the direction toward the decentralization of monetary power. This has enormously positive potential, and I am a big cheerleader for their success. But caveat emptor—thinking that we are magically creating new stores-of-value and thus a new safe haven is a profound mistake.
Mark Spitznagel is Founder and Chief Investment Officer of Universa Investments. Spitznagel is the author of The Dao of Capital, and was the Senior Economic Advisor to U.S. Senator Rand Paul.