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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sexta-feira, 7 de julho de 2017

Historia economica brasileira: biografia de Edmundo P. Barbosa da Silva - Rogerio S. Farias

Recomendo vivamente. Podem downloadar neste link: 
 http://funag.gov.br/index.php/pt-br/component/content/article?id=1986


Rogério de Souza Farias:
       Edmundo P. Barbosa da Silva e a construção da diplomacia econômica brasileira
       (Brasília: Funag, 2017, 589 p.; ISBN: 978-85-7631-682-4)

Assim como as memórias de Roberto Campos, Lanterna na Popa, constituem, bem mais que mera autobiografia, uma verdadeira história econômica do Brasil, esta densa biografia de um dos grandes construtores da diplomacia econômica no Itamaraty representa, igualmente, uma verdadeira reconstrução historiográfica de toda a história econômica do Brasil na segunda metade do século XX, sendo, como a obra de Campos, de leitura obrigatória por todos aqueles que pretendem abordar, doravante, as relações econômicas internacionais do Brasil, e as políticas econômicas, em especial a comercial e a industrial no período. Enriquecida por um belo e substantivo prefácio do colega de Edmundo, embaixador Marcílio Marques Moreira, a biografia se estende do século XIX ao XXI, e representa um monumento à inteligência econômica, como feita no Itamaraty.
Paulo Roberto de Almeida 


A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) publica a obra “Edmundo P. Barbosa da Silva e a construção da diplomacia econômica brasileira”, do doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília, Rogério de Souza Farias. Diplomata de carreira, Edmundo Penna Barbosa da Silva (1917-2012) exerceu papel crucial nas negociações em favor do comércio externo brasileiro, sendo personalidade central do desenvolvimentismo da década de 1950. Foi articulador da diplomacia econômica na busca de capital estrangeiro, na elevação das tarifas aduaneiras, no aumento de laços com os vizinhos, bem como na reabertura das relações comerciais com a União Soviética. A obra tem o prefácio assinado pelo embaixador Marcilio Marques Moreira.
O livro está disponível para download gratuito na biblioteca digital da FUNAG.


quarta-feira, 25 de março de 2015

A Ordem Internacional e o Progresso da Nacao: estado da arte (ordem? progresso?, onde eu li isso?) - Paulo Roberto de Almeida

O estado atual da minha produção, uma ordem ainda caótica, e um progresso discutível, mas acho que já escrevi metade desse livro, que ainda vai passar por mudanças substanciais...
Não coloco aqui por exibição, mas para que me cobrem o término...
Fazem dez anos que prometi escrever. Agora é ou vai ou racha, boom or bust...
Paulo Roberto de Almeida



 [Esquema tentativo, provisório, em 25/03/2015]

Prefácio
[Introdução: as grandes etapas das relações econômicas internacionais do Brasil, 1889-1944]

1. As relações econômicas internacionais do Brasil no seu contexto
     1.1. Na floresta de Clio, com lanterna na mão
     1.2. Em busca dos fatos, antes de qualquer teoria
     1.3. A cronologia, essa “sub-musa” pouco lembrada
1.4. Meio século de devastações sem precedentes

2. Navegando nas relações econômicas internacionais do Brasil
     2.1. Uma consulta econômica em Washington, em maio de 1933
     2.2. Um relatório-síntese da diplomacia econômica brasileira
     2.3. As concepções econômicas do presidente Roosevelt
     2.4. Industriais e banqueiros: da política para a economia

Primeira Parte
Fundamentos econômicos da ordem contemporânea
3. As ideias e as coisas: conceitos e realidades da ordem global
     3.1. O poder da força e a força do progresso: duas ideias dominantes
3.2. O que domina o mundo: as ideias ou as forças?
3.3. A força das ideias: conceitos da história global
     3.4. A força das coisas: desenvolvimento desigual entre regiões e países
     3.5. As ideias econômicas do período: personalidades e doutrinas influentes
3.6. Da microeconomia liberal para a macroeconomia intervencionista

4. Cinquenta anos que mudaram o mundo
     4.1. Etapas de um meio século tortuoso
     4.2. Quais eram as grandes potências em 1914?
     4.3. Alterações no desempenho dos países

5. A ordem econômica global: meio século de “progressos”?
     5.1. Grandes tendências da economia mundial, de 1890 a 1944
     5.2. Transformações da economia mundial na primeira metade do século 20
     5.3. Comércio: do liberalismo ao protecionismo, antes do multilateralismo
     5.4. Finanças: do padrão ouro à flutuação generalizada de moedas
     5.5. A estrutura institucional da economia mundial

6. Brasil: um país essencialmente agrário e importador de capitais
     6.1. A economia Brasil no início do regime republicano
     6.2. O que era a economia brasileira, na transição para o século 20?
     6.3. O Estado, sempre presente na frente econômica
     6.4. Empréstimos e mais empréstimos
     6.5. Uma fiscalidade trôpega
     6.6. Quais eram os grandes intercâmbios externos?
     6.7. Volatilidade cambial
     6.8. Protecionismo comercial: por instinto e por necessidade
     6.9. Uma velha geografia do comércio internacional
6.10. Quão dependente era o Brasil do financiamento internacional?
6.11. A elite republicana, entre o câmbio e o café

Segunda Parte
A ordem internacional na era dos conflitos globais
7. O equilíbrio europeu de poderes e os imperialismos
     7.1. A preeminência europeia sobre os assuntos do mundo
     7.2. O imperialismo visto pelo lado econômico
     7.3. A missão civilizadora do homem branco
    
8. A grande divergência: aprofundam-se as divisões econômicas
     8.1. A concentração industrial na origem da grande divergência
     8.2. A lógica da economia malthusiana e a disparidade de rendas no mundo
8.3. A difusão diferenciada de tecnologias inovadoras ao redor do mundo
8.4. A América Latina começa a ficar para trás
     8.5. Rico como um argentino? Apenas por algum tempo...
     8.6. As divergências se aprofundam, inclusive para o Brasil
     8.7. Divergências também entre os próprios latino-americanos
8.8. Por que o mundo todo não é desenvolvido?

9. Sobressaltos da globalização, da belle époque ao entre-guerras
     9.1. Belle époque, ma non troppo
     9.2. Da abertura ao fechamento, e aos retrocessos
     9.3. A desglobalização

10. Economia mundial: do livre comércio ao protecionismo
     10.1. O eterno debate entre livre comércio e protecionismo
     10.2. Todas as nações são mais favorecidas, antes do retrocesso
     10.3. Justificativas oportunistas para o retorno ao protecionismo
     10.4. Antes da guerra real, a ‘guerra das tarifas’
     10.5. Do escudo tarifário à muralha dos contingenciamentos
     10.6. O impossível cálculo econômico na comunidade capitalista
     10.7. O pensamento econômico da diplomacia brasileira

11. Finanças internacionais: do padrão ouro às desvalorizações agressivas
     11.1. Construção e desconstrução do sistema financeiro internacional
     11.2. Formação progressiva e percalços do padrão ouro
     11.3. Descoordenação monetária e cambial: as dívidas da guerra
     11.4. Novos tremores, e a descida para a anarquia monetária

12. Os dois grandes conflitos globais: impactos econômicos
     12.1. Custos econômicos das guerras
     12.2. Os crescentes gastos nacionais com defesa
     12.3. Custos dos dois conflitos globais do século 20
     12.4. Consequências econômicas das guerras
     12.5. Impacto sobre as políticas econômicas

13. Fundamentos de uma nova ordem econômica: Bretton Woods
     13.1. O aprofundamento da desorganização econômica mundial
     13.2. Bretton Woods começou no Brasil, em 1942

Terceira Parte
O Progresso da Nação, da economia agrária à industrialização
(em elaboração)
14. As consequências econômicas das constituições
     14.1. A interpretação econômica das constituições
     14.2. A estrutura constitucional do império liberal escravista
     14.3. A República aprofunda a intervenção do Estado na economia
     14.4. A União e os estados na repartição do bolo tributário
     14.5. O estatismo e o nacionalismo nascentes na Constituição de 1891
     14.6. O nacionalismo econômico é constitucionalizado a partir de 1930
     14.7. Intervencionismo econômico constitucionalmente assegurado em 1937

15. Evolução da política comercial brasileira no contexto internacional
     15.1. Uma política comercial persistentemente defensiva
     15.2. A herança do Império e as inovações da República
     15.3. Taxonomia tarifária e evolucionismo extrativo no plano fiscal
     15.4. Competição duvidosa na escalada tarifária
     15.5. Ajuste fiscal pela via das receitas alfandegárias
     15.6. Compensações e retaliações, em perfeita reciprocidade
     15.7. As barreiras se ampliam, mesmo com a retomada dos negócios
     15.8. Descida para o abismo protecionista: a guerra por outros meios

16. O comércio exterior brasileiro na era republicana: estrutura e características
16.1. Importância do comércio exterior no desenvolvimento econômico
16.2. O Brasil e o comércio internacional, da belle époque à Segunda Guerra
16.3. Desenvolvimento do comércio exterior brasileiro no Império
16.4. Os fluxos do comércio exterior na República
16.5. A Grande Guerra altera o panorama da economia mundial
16.6. Mudança de parceiros no comércio exterior brasileiro

17. Os acordos comerciais: da reciprocidade à cláusula de nação mais favorecida

18. Do Império à República, à sombra dos Rothschild
     17.1. Um acordo de mútua conveniência, para os Rothschild e para o Brasil
     17.2. Um stand-by avant la lettre: a carta de Rothschild a Campos Salles
     17.3. Na origem dos problemas, um buraco fiscal sempre crescente
     17.4. A República continua a agravar o círculo vicioso
     17.5. Financiadores de primeira instância: em libras e em francos, antes do dólar

19. Finanças: dos empréstimos às moratórias

20. Investimentos: das ferrovias inglesas às indústrias americanas

21. Mão-de-obra: da imigração subvencionada às restrições raciais

22. Regionalismo e multilateralismo: a construção da governança mundial

23. A primeira conferência americana em 1889-1890: um fracasso inesperado

24. A diplomacia do café: socializando os custos, e os prejuizos

25. A conferência econômica de Londres em 1933: um fracasso retumbante

26. Institucional: a ferramenta diplomática e os mecanismos de seleção

27. As relações econômicas internacionais do Brasil, de 1889 a 1944

Apêndices:
28. A historiografia brasileira das relações econômicas internacionais
29. Tabelas estatísticas e quadros analíticos consolidados
30. Fontes e Bibliografia

quarta-feira, 7 de março de 2012

A diplomacia economica dos companheiros chineses (nada a ver com a de outros companheiros)

Impecável! Eu até diria que precisaria circular mais...
Mas, como dizem, o pior cego é aquele que não quer ver.
Os companheiros chineses, mesmo tendo (alguns) aqueles olhos miúdos (mais os mongóis do que propriamente os chineses), mantêm os olhos bem abertos para os seus interesses.
Já outros companheiros...
Paulo Roberto de Almeida

O dragão recatado

29 de fevereiro de 2012 | 10h29
Muito mais notável que o diagnóstico – é preciso ajustar o modelo chinês – é o fato político. O governo da China, segunda maior economia do mundo, maior emergente e única potência industrial ainda sujeita a um regime de partido único, fez dobradinha com o Banco Mundial para estudar um roteiro econômico para os próximos 18 anos.
China 2030 é o título do relatório de 468 páginas preparado por economistas do banco e do Centro de Pesquisa de Desenvolvimento, órgão do Conselho de Estado da China. O prefácio é assinado pelo presidente do centro, Li Wei, e pelo presidente do Grupo do Banco Mundial, Robert Zoellick, esnobado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “sub do sub”. Nesse tempo, Zoellick chefiava a diplomacia comercial da potência número um, mas o presidente brasileiro parecia desconhecer ou menosprezar esse detalhe.
A concepção lulista das relações internacionais continua dominante em Brasília. Segundo essa concepção, o mundo é uma versão ampliada do ABC paulista e os países correspondem, na escala micro, a patrões e empregados. Por isso, a linguagem adequada para falar ao mundo é a das assembleias de Vila Euclides. Esse foi o critério seguido pelo presidente em todas as suas manifestações internacionais. Ainda é, com pequenas mudanças, o padrão da diplomacia econômica petista. A atuação do ex-presidente podia ser mais pitoresca, mas a mensagem se mantém.
Segundo esse discurso, os interesses dos emergentes são essencialmente iguais e se opõem, de modo geral, aos dos países capitalistas mais desenvolvidos. A tese vale, portanto, também para os componentes do Bric – Brasil, Rússia, Índia e China. A maior parte dos emergentes parece ter outra visão, porque esses países quase nunca apoiam as pretensões brasileiras (a um posto permanente no Conselho de Segurança da ONU, por exemplo) e, além disso, dão prioridade comercial aos parceiros mais desenvolvidos.
De acordo com o mesmo discurso, o Grupo dos 20 (G-20), formado pelas maiores economias desenvolvidas e em desenvolvimento, é o fórum econômico mais importante e suas decisões pautam as instituições multilaterais. Novamente os fatos negam a tese. Superada a pior fase da crise de 2008-2009, diminuiu a cooperação entre os membros do G-20, como assinalou já em 2010 Dominique Strauss-Kahn, então diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI). Nestes dois anos, a ação do grupo tem sido pouco relevante.
Além do mais, o Fundo, o Banco Mundial, o Banco de Compensações Internacionais (BIS) e o Conselho de Estabilidade Financeira sempre se anteciparam ao G-20 na identificação de problemas estruturais e na formulação de estudos e de propostas, até porque dispõem de equipes técnicas permanentes e de acesso regular às fontes de informação.
A crise não acabou, novos desafios surgiram e o efetivo ganho de relevância foi para as instituições multilaterais. O disco petista continua girando, no entanto, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prossegue em sua cruzada ruidosa para levar os emergentes e pobres ao poder no FMI e no Banco Mundial. As reformas no sistema de cotas e na gestão do Fundo prosseguem, como prosseguiriam sem esse barulho. Outros grandes emergentes fazem seu jogo com menos ruído e mais atenção aos interesses próprios. A parceria entre China e Banco Mundial, às vésperas de mudança no governo, é um exemplo de pragmatismo, um fator de fortalecimento da instituição e um aval político à estratégia chinesa.
Por uma notável coincidência, o economista-chefe e vice-presidente sênior do Banco, Justin Yifu Lin, é um ex-membro do Congresso do Povo da China e ex-integrante de vários comitês governamentais chineses. Nomeado em 2008, Justin Lin é o primeiro economista-chefe do Banco Mundial originário de um país emergente.
Também chinês é desde julho de 2011 um dos vice-diretores-gerentes do FMI, Min Zhu, ex-governador adjunto do Banco do Povo da China, o banco central. Como Justin Lin, ele também se formou em seu país, fez cursos de pós-graduação no exterior e é há vários anos uma figura respeitada e conhecida em fóruns internacionais, pouco frequentados por figuras brasileiras. Eles estão no Banco e no Fundo como funcionários selecionados profissionalmente e não como representantes de seu país, mas sua origem está longe de ser irrelevante. Um brasileiro, Murilo Portugal, já ocupou posição semelhante à de Min Zhu na cúpula do FMI, mas autoridades brasileiras parecem pensar em algo diferente, e mais ideológico, quando defendem a atribuição de mais postos, no Fundo e no Banco, a pessoas originárias do mundo em desenvolvimento. O governo chinês é mais discreto, pragmático e eficiente em relação a essas questões. Dragões podem ser mineiramente recatados.