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sábado, 14 de fevereiro de 2015

Ditaduras latino-americanas: um manifesto a favor das liberdades, e um teste historico...

Permito-me reproduzir abaixo um manifesto de apoio ao povo cubano escrito por intelectuais argentinos. Mas ele poderia ser aplicado, mutatis mutandis, ao povo venezuelano, nas mesmas circunstâncias. Assim diz o texto, no original, com cortes mínimos por conter informações desnecessárias: 

Ante la situación política de Cuba, un grupo de intelectuales argentinos dio a conocer una declaración, en la que expresa su apoyo moral al pueblo de ese país en su lucha para restablecer el imperio de la libertad y la justicia en la tierra de Martí. La declaración dice así:
Los escritores y artistas argentinos que subscriben (...) expresan su solidaridad con quienes, en otros pueblos de América, luchan por la liberación de sus respectivos países, sometidos a regímenes de fuerza. Desean manifestar especialmente su apoyo moral al pueblo cubano, que, tremendamente agraviado y despojado de las garantías elementales de la civilización política, sufre persecución, vejamen y tortura, y lucha con admirable decisión y valentía para abatir la dictadura y restablecer, en la tierra de Martí, el imperio de la libertad y la justicia, cimentados en la soberanía del pueblo y la vigencia del derecho.

Firmaram esse documento dezenas de nomes de intelectuais conhecidos na história artística e literária argentina, entre eles Adolfo Bioy Casares e Jorge Luis Borges. Pois bem, como ambos escritores, como se sabe, já não estão mais entre nós desde algum tempo, cabe fazer um esclarecimento a respeito e agregar um comentário pessoal sobre esse tipo de exercício, se eventualmente conduzido atualmente, e em direção da mesma Cuba, e da Venezuela, atualmente.

O texto, na verdade, não é atual, tendo sido publicado no diário El Mundo, de Buenos Aires, em 2 de março de 1958, e se referia, portanto, à luta dos democratas e revolucionários cubanos contra a ditadura de Fulgencio Batista
Os argentinos, então, saiam de uma outra ditadura, ainda que alguns a classificassem simplesmente de regime populista: o governo peronista, que tinha durando dez anos, desde o imediato pós-segunda guerra. Os intelectuais argentinos se orgulhavam, assim, de ter deixado para trás um triste período de sua história e se dispunham a ajudar outros povos da América Latina que também lutavam contra a ditadura em seus respectivos países, antecipando um pouco o que seria a chamada “doutrina Betancourt”, formulada depois de superada uma outra ditadura na Venezuela nesse mesmo ano de 1958 (e que levou inclusive o governo venezuelano a suspender relações diplomáticas com o Brasil, quando instalada aqui a ditadura militar de 1964).
Se me permito, agora, fazer um comentário atual, na verdade uma triste constatação, seria esta. Não creio que, atualmente, intelectuais brasileiros ou argentinos, ou de qualquer outro país latino-americano, se dispusessem a assinar um manifesto do mesmo teor – que poderia ter, inclusive, exatamente o mesmo texto – em favor do povo cubano ou do povo venezuelano, em luta pelo restabelecimento da democracia e do império da liberdade, da justiça e do direito naquela ilha e no grande país caribenho, a primeira desde cinqüenta anos dominada por um regime que prometeu acabar com uma ditadura opressiva, o segundo dominado por uma clique que na verdade obecede aos ditamos daquela ditadura caribenha.
Pode ser patético fazer tal tipo de constatação “regressiva”, mas ela nos revela o quanto recuaram os intelectuais latino-americanos na defesa da democracia e da liberdade em nossos países. Em nome de não se sabe qual ‘soberania popular’ e de não se sabe qual ameaça de ‘dominação imperialista’, intelectuais dos países latino-americanos se mostram muito mais dispostos, na verdade, a assinar, de forma totalmente servil e incompreensível, manifestos em favor da continuidade da ditadura na ilha caribenha. Se pretendesse citar nomes, eu poderia alinhar alguns acadêmicos brasileiros que cometeram a indignidade de apoiar o regime cubano quando este condenou à morte alguns balseros (boat-people) que tentavam fugir da ilha, em 2003. Triste constatação, sem dúvida, que talvez merecesse adjetivos mais fortes.
Da mesma forma, nenhum, não venho nenhum intelectual brasileiro, salvo dois ou três articulistas, se pronunciarem sobre o regime venezuelano.
 Tristes tempos...
Paulo Roberto de Almeida  
Hartford, 14 de fevereiro de 2015

sexta-feira, 21 de junho de 2013

21 de Junho: Dia do Intelectual (mas tem tambem os inteliquituais...)

Tomo conhecimento, sem que jamais tivesse ouvido falar disso antes, que o dia de hoje, 21 de junho, é o "Dia do Intelectual", assim mesmo.
Não sei de onde vem, qual foi o deputado, vereador, burocrata, comerciante, acadêmico, que propôs que fosse instituído um dia, que, para mim, é totalmente contraditório.
Não deveria existir tal coisa, pois isso vai contra o que significa exatamente um intelectual.
Na História, no mais das vezes, os intelectuais foram na verdade intelequituais, quando não subintelectuais, e, independentemente de generais, caudilhos, tiranos e outros ditadores que conseguiram matar, por iniciativa própria, milhões de pessoas ao longo do tempo, algumas dessas grandes tragédias humanas foram causadas justamente por intelequituais, seres preconceituosos, capazes de dividir sociedades inteiras entre "nós" e "eles", qualquer que fosse o motivo da divisão: racial, de classe, social, religiosa, de tamanho ou de orientação política ou economica.
Paul Johnson, o grande historiador britânico, tem um livro sobre Os Intelectuais, que deixa muitos deles, alegados, ou pretensos, em muito má postura.
Só no século 20 foram vários os que precipitaram matanças e discriminação. Em séculos passados, "intelequituais" precipitaram guerras de religião e outras hecatombes.
Por isso, se ouso expressar uma consigna, neste dia, seria apenas esta:

DESCONFIE DOS INTELECTUAIS, ELES PODEM SER PERIGOSOS...

Paulo Roberto de Almeida

PS: um trabalho, que escrevi algum tempo atrás, sobre a responsabilidade dos intelectuais:

2103. “Sobre a responsabilidade dos intelectuais: devemos cobrar-lhes os efeitos práticos de suas prescrições teóricas?”, Brasília, 19 janeiro 2010, 12 p. Argumentos de natureza política e histórica sobre a falência do marxismo aplicado, elaborado com base no trabalho 2039: “Um intercâmbio acadêmico sobre a responsabilidade do Intelectual”. Revisto em 3.02.2010. Espaço Acadêmico (vol. 9, n. 105, fevereiro 2010, p. 149-159; ISSN: 1519-6186; link: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/9275/5252). Relação de Publicados n 952.

  1. [PDF]

    Espaço Acadêmico - Paulo Roberto de Almeida

    www.pralmeida.org/.../EspacoAcademicoLista2011.pd...
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    Jun 23, 2011 – “Sobre a responsabilidade dos intelectuais: devemos cobrar-lhes os efeitos práticos de suas prescrições teóricas?”, Brasília, 19 janeiro 2010, ...