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segunda-feira, 18 de julho de 2022

Eleições 2022: quando o ridículo sobe à cabeça: sobre o festival de mentiras na exposição do Bozo a embaixadores

Embaixadores são alertados por seus países a não reforçar tese de Bolsonaro em reunião sobre urnas

Por Valdo Cruz
O Globo, 18/0z/2022 11h07  Atualizado há uma hora

Embaixadores convidados por Jair Bolsonaro para uma reunião nesta segunda-feira (18) foram alertados por seus países a não reforçar a tese do presidente sobre urnas eletrônicas. Bolsonaro tem alardeado que quer contar a eles "o que aconteceu no país em eleições passadas".

Segundo representantes de embaixadas em Brasília, os embaixadores vão à reunião com o objetivo de relatar a seus governos qual foi o tom da conversa.

Bolsonaro disse neste domingo (17) que cerca de 40 embaixadores confirmaram presença. Os Estados Unidos devem enviar o encarregado de negócios, Douglas Koneff. O Reino Unido também deve enviar representantes. Há um receio no Palácio do Planalto de que alguns países importantes deixem de enviar representantes.

Segundo o blog apurou, alguns países lembraram a seus embaixadores que já têm uma posição firmada de apoio ao sistema eleitoral brasileiro e não concordam com os ataques que o presidente Bolsonaro faz às urnas eletrônicas. Por isso, segundo um diplomata, o presidente vai acabar “pregando no deserto” e será ouvido apenas por aqueles que têm posições semelhantes à do brasileiro.

O receio de assessores de Bolsonaro é que o encontro possa acabar virando uma agenda negativa para o próprio presidente, a depender do que os embaixadores divulguem depois da conversa.

Bolsonaro decidiu fazer a reunião após o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin, fez uma reunião com embaixadores para falar sobre a eleição deste ano no Brasil. Ele reclamou do encontro e acabou pedindo à sua equipe para organizar um semelhante.

Em uma transmissão ao vivo no dia 7 de julho, o presidente disse que iria apresentar aos embaixadores um power point com dados sobre as eleições de 2014 e 2018, nas quais ele afirma terem ocorrido fraudes, mas nunca apresentou provas para confirmar suas suspeitas.

https://g1.globo.com/politica/blog/valdo-cruz/noticia/2022/07/18/embaixadores-sao-alertados-por-seus-paises-para-nao-reforcarem-tese-de-bolsonaro-em-reuniao-sobre-urnas.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1

 China e Argentina não receberam convite para reunião de Bolsonaro com embaixadores


São esperados entre 30 a 40 embaixadores; os embaixadores do Reino Unido e da Alemanha não estarão presentes

Por Eliane Oliveira — Brasília
O Globo, 18/07/2022 11h47  Atualizado há 39 minutos

Países importantes para a política externa brasileira, a Argentina e a China não deverão estar representadas na reunião desta segunda-feira, no Palácio da Alvorada, entre o presidente Jair Bolsonaro e embaixadores. Segundo interlocutores do governo, não foram enviados convites a várias embaixadas, inclusive para esses dois postos.

O encontro está previsto para acontecer às 16h, no Palácio da Alvorada. São esperados de 30 a 40 altos funcionários de governos estrangeiros, para ouvir o que Bolsonaro tem a dizer sobre o sistema eleitoral brasileiro. O presidente costuma questionar publicamente a eficácia das urnas eletrônicas sem apresentar provas, o que causa preocupação dentro e fora do Brasil.

China e Argentina estão sem embaixadores efetivos em Brasília, assim como outras representações, como a do Chile. Porém, a embaixada dos Estados Unidos está na mesma situação, mas recebeu convite do cerimonial do Palácio do Planalto e o encarregado de negócios Douglas Koneff estará na reunião.

De acordo com uma fonte do governo ligada à área internacional, o critério para o envio de convites é o “bom senso”. Outro interlocutor disse que outro critério é o nível de interesse do país sobre a eleição no Brasil.

De férias na Europa, os embaixadores do Reino Unido e da Alemanha, Melanie Hopkins e Heiko Thoms, não estarão presentes. Os de Portugal, (Luís Faro Ramos), da Rússia (Alexey Labetskiy), da França (Brigitte Collet), do Uruguai (Guillermo Valles Galmés), entre outros, disseram que vão comparecer.

O embaixador da Espanha, Fernando García Casas, foi convidado, mas ainda não há informação se ele irá ou não ao Alvorada. Alegando compromissos em São Paulo, o embaixador do Japão, Teiji Hayashi, não deve comparecer à reunião.

https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2022/07/china-e-argentina-nao-receberam-convite-para-reuniao-de-bolsonaro-com-embaixadores.ghtml


Bolsonaro fracassou na reunião dos embaixadores antes do encontro

Por Míriam Leitão
O Globo, 18/07/2022 • 09:04

A insólita tentativa do presidente da República de difamar o processo eleitoral brasileiro, convocando os embaixadores para uma reunião sobre supostas fraudes eleitorais, já fracassou. Primeiro, ele queria levar um grande número de embaixadores, falou em 50, depois mandou convite para todos e agora fala em 40 confirmados, sendo que algumas das principais representações não vão. Segundo, ele imaginou uma manobra para constranger o Judiciário, especialmente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele diria as mentiras que sempre diz na presença do presidente do TSE, e o ministro Luis Fachin teria que ouvir.

O que ele esperava era que, como convite de presidente da República em geral não se recusa, o ministro fosse comparecer. Fachin recusou com uma excelente resposta. Lembrou que como presidente da Corte não pode ir a atos de campanha. Preservou-se de estar nesse teatro de absurdos e ainda deixou claro que tipo de evento é. Bolsonaro fracassou também porque as urnas eletrônicas brasileiras têm um alto grau de confiabilidade e ele nunca apresentou provas do que acusa. O presidente do STF também não vai.

De qualquer maneira, é uma derrota para a democracia brasileira ter um presidente que tenta desqualificar o processo eleitoral diante de representantes de outros países. O Brasil viu tantos absurdos neste governo que foi se acostumando. É de novo inaceitável esse comportamento do presidente da República.

Bolsonaro demonstrou que ficou irritado porque Fachin já tinha chamado os embaixadores para falar da integridade das urnas. Mas esse papel o TSE faz bem de fazer, até porque observadores internacionais sempre houve em qualquer eleição brasileira, e são bem-vindos. Bolsonaro disse que quem faz política externa é o presidente da República. Sim, ninguém discute isso. Essa reunião, além de ser um absurdo institucional, é ridícula.

https://blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/post/bolsonaro-fracassou-na-reuniao-dos-embaixadores-antes-do-encontro.html

sábado, 16 de julho de 2022

Demagogia eleitoral para diplomatas estrangeiros: mentiras ao mundo - Paulo Roberto de Almeida

 Demagogia eleitoral para diplomatas estrangeiros: mentiras ao mundo 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Comentários sobre o convite formulado pelo presidente para contar mentiras aos diplomatas estrangeiros sobre o processo eleitoral brasileiro.

  

O que pretende o presidente brasileiro ao convidar diplomatas estrangeiros ao formular um convite, via Itamaraty, para uma apresentação em Power Point na residência presidencial? Previsivelmente efetuar pura demagogia do mais baixo nível diplomático, pois ele pretende continuar sua campanha de mentiras contra o processo eleitoral brasileiro, um dos mais fiáveis do mundo, tanto pela extensa base do corpo eleitoral, quanto pelas modalidades aplicadas ao processo de votação. O presidente atual é um virtual pária internacional e sabe disso; também sabe que vai perder as eleições, e está criando um ambiente de tensão no Brasil, para um possível golpe político, e para isso quer construir uma espécie de legitimidade ao tentar desacreditar o processo eleitoral. Esse convite, praticamente uma convocação, aos embaixadores acreditados em Brasília, é uma completa fraude, uma mentira pré-fabricada, pois que pretende transmitir uma imagem de irregularidade no processo eleitoral quando não existe nenhuma. Essa motivação não passará despercebida aos diplomatas residentes em Brasília, pois que eles acompanham a política brasileira, e sabem que o presidente brasileiro é um mentiroso contumaz.

Cada um dos embaixadores, ou os representantes diplomáticos que comparecerem, por mera cortesia, ao convite do presidente, farão, depois do evento, um relato às suas respectivas chancelarias basicamente dividido em duas partes. Em primeiro lugar, a descrição objetiva das palavras do presidente, seguida, numa segunda parte, de uma avaliação pessoal ou institucional da atual situação pré-eleitoral no Brasil, um cenário quase surrealista, pois todos os responsáveis pelo processo eleitoral já deram todas as provas da fiabilidade das eleições conduzidas de modo eletrônico, em face – e este é o aspecto esquizofrênico – das alegações absolutamente mentirosas do presidente quanto às supostas “falhas” inventadas por ele para retirar credibilidade ao pleito que o derrotará em outubro. Em outros termos, cada um dos países que se fizeram presentes no evento de segunda-feira, 18/07, no Palácio do Planalto terão todas as condições que confirmar sua total confiança nas eleições brasileiras.

As alegações mentirosas do presidente certamente se colocarão contra recentes declarações do ministro Fachin, atual presidente do TSE, sobre o processo eleitoral. Mas elas sobretudo estarão em contradição com a realidade do processo de votação, a começar pelo fato que o ex-deputado foi eleito muitas vezes por esse mesmo sistema e que também o agora presidente venceu o pleito do 2018 no mesmo sistema que ele agora pretende deslegitimar. Nenhum diplomata experiente é ingênuo para contradizer, em direção de suas respectivas capitais, as abundantes provas de fiabilidade do processo de votação e de apuração existente no Brasil. Posso até arriscar que poucos diplomatas presentes ao encontro ousarão formular perguntas ou tentar sugerir ao presidente que apresente provas de suas alegações comprovadamente mentirosas. Eles ouvirão, tomarão notas, e sairão sem que tenham sequer vontade de dialogar com um mentiroso reconhecido.

O encontro promovido pelo presidente terá sido uma de suas últimas fraudes, ou apenas mais uma mentira num oceano de mentiras, nos últimos quatro anos (como aliás foi o caso de seu ídolo Trump, a quem ele sempre foi submisso). Ele não terá NENHUM efeito no processo eleitoral brasileiro, a não ser diminuir ainda mais a já baixíssima credibilidade do personagem.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4197: 15 julho 2022, 2 p.