Demagogia eleitoral para diplomatas estrangeiros: mentiras ao mundo
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, professor
(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)
Comentários sobre o convite formulado pelo presidente para contar mentiras aos diplomatas estrangeiros sobre o processo eleitoral brasileiro.
O que pretende o presidente brasileiro ao convidar diplomatas estrangeiros ao formular um convite, via Itamaraty, para uma apresentação em Power Point na residência presidencial? Previsivelmente efetuar pura demagogia do mais baixo nível diplomático, pois ele pretende continuar sua campanha de mentiras contra o processo eleitoral brasileiro, um dos mais fiáveis do mundo, tanto pela extensa base do corpo eleitoral, quanto pelas modalidades aplicadas ao processo de votação. O presidente atual é um virtual pária internacional e sabe disso; também sabe que vai perder as eleições, e está criando um ambiente de tensão no Brasil, para um possível golpe político, e para isso quer construir uma espécie de legitimidade ao tentar desacreditar o processo eleitoral. Esse convite, praticamente uma convocação, aos embaixadores acreditados em Brasília, é uma completa fraude, uma mentira pré-fabricada, pois que pretende transmitir uma imagem de irregularidade no processo eleitoral quando não existe nenhuma. Essa motivação não passará despercebida aos diplomatas residentes em Brasília, pois que eles acompanham a política brasileira, e sabem que o presidente brasileiro é um mentiroso contumaz.
Cada um dos embaixadores, ou os representantes diplomáticos que comparecerem, por mera cortesia, ao convite do presidente, farão, depois do evento, um relato às suas respectivas chancelarias basicamente dividido em duas partes. Em primeiro lugar, a descrição objetiva das palavras do presidente, seguida, numa segunda parte, de uma avaliação pessoal ou institucional da atual situação pré-eleitoral no Brasil, um cenário quase surrealista, pois todos os responsáveis pelo processo eleitoral já deram todas as provas da fiabilidade das eleições conduzidas de modo eletrônico, em face – e este é o aspecto esquizofrênico – das alegações absolutamente mentirosas do presidente quanto às supostas “falhas” inventadas por ele para retirar credibilidade ao pleito que o derrotará em outubro. Em outros termos, cada um dos países que se fizeram presentes no evento de segunda-feira, 18/07, no Palácio do Planalto terão todas as condições que confirmar sua total confiança nas eleições brasileiras.
As alegações mentirosas do presidente certamente se colocarão contra recentes declarações do ministro Fachin, atual presidente do TSE, sobre o processo eleitoral. Mas elas sobretudo estarão em contradição com a realidade do processo de votação, a começar pelo fato que o ex-deputado foi eleito muitas vezes por esse mesmo sistema e que também o agora presidente venceu o pleito do 2018 no mesmo sistema que ele agora pretende deslegitimar. Nenhum diplomata experiente é ingênuo para contradizer, em direção de suas respectivas capitais, as abundantes provas de fiabilidade do processo de votação e de apuração existente no Brasil. Posso até arriscar que poucos diplomatas presentes ao encontro ousarão formular perguntas ou tentar sugerir ao presidente que apresente provas de suas alegações comprovadamente mentirosas. Eles ouvirão, tomarão notas, e sairão sem que tenham sequer vontade de dialogar com um mentiroso reconhecido.
O encontro promovido pelo presidente terá sido uma de suas últimas fraudes, ou apenas mais uma mentira num oceano de mentiras, nos últimos quatro anos (como aliás foi o caso de seu ídolo Trump, a quem ele sempre foi submisso). Ele não terá NENHUM efeito no processo eleitoral brasileiro, a não ser diminuir ainda mais a já baixíssima credibilidade do personagem.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4197: 15 julho 2022, 2 p.
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