Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Brasil aprofunda o Apartheid racial: racismo oficializado no servico publico
sexta-feira, 28 de março de 2014
Racismo em construcao: o Brasil se degrada ao votar a favor do Apartheid (cotas no servico publico)
O Brasil se degrada ao criar um instrumento racista para regular um concurso que deveria ser universal, baseado unicamente no mérito, ou seja, sem qualquer tipo de requerimento ou distinção, apenas fundado no concurso em si, sem qualquer tipo de papel, sequer um diploma de alfabetização.
A posição da Deputada Benedita, que se elegeu com o slogan de "preta, pobre e favelada" -- mas que hoje é só preta, e não poderia ser de outro modo -- é insustentável: se dá oportunidade a todos, mediante uma educação de qualidade. Ao premiar alguns com cotas, mesmo com mérito inferior ao de outra pessoa, se está premiando a baixa produtividade do setor público, o que atinge a todos, independentemente da cor da pele. Se trata não de oportunidade, mas de uma ofensa que se faz aos negros, aos lhes dizer: você não tem condições, mas eu vou lhe ajudar, dando alguns pontos a mais.
Aliás, se trata mais do que isso: se trata de uma reserva de mercado, pois um determinado número de cargos só poderá ser ocupado quem for classificado como negro, ou assemelhado. Isso não é racismo?
Não tenho nada a ver, tampouco, com o deputado Bolsonaro e lamento suas outras posições políticas e opiniões sociais. Mas acredito que ele tem razão ao acusar esse projeto de racista.
Aliás, não depende dele, nem de ninguém. Quando se pretende distinguir pessoas pela aparência, com base num critério autodeclarado de algum pertencimento racial -- que é extremamente difícil, embora existam pessoas brancas, negras, mestiças, de todos os matizes e misturas possíveis -- se está praticando racismo, uma coisa abominável em si.
Sinto vergonha pelo meu país, e o vejo caminhando para o racismo e o Apartheid...
Paulo Roberto de Almeida
Câmara aprova cotas para negros em concursos
POR CATARINE | Congresso em foco, 26/03/2014 21:23 CATEGORIA(S): NOTÍCIAS, OUTROS DESTAQUES |
domingo, 24 de novembro de 2013
O Brasil dividido, esquartejado em grupos separados - Percival Puggina
Percival Puggina, 24/11/2013
"Agora tem o Brasil das mulheres e o Brasil dos homens até nos discursos das autoridades, o Brasil dos negros, o Brasil dos brancos e o Brasil dos pardos, o Brasil dos héteros e o Brasil dos gays, o Brasil dos evangélicos e o Brasil dos católicos, Brasil com bolsa família e Brasil sem bolsa família e nem sei mais quantas categorias, tudo dividido direitinho e entremeado de animosidades, todo mundo agora dispõe de várias categorias para odiar! A depender do caso, o sujeito está mais para uma delas do que para essa conversa de Brasil, esquece esse negócio de Brasil, não tem mais nada disso!" João Ubaldo Ribeiro
O fato é que Cabral não tocou direto para as Índias. Tivesse seguido o riscado, o Brasil de hoje seria o paraíso tropical com que sonham alguns ambientalistas, antropólogos e militantes de qualquer tese que possa gerar encrenca. Os índios do mato continuariam disputando território a flechadas com os do litoral, que índio também gosta de praia, e os portugueses, sem quaisquer remorsos, comeriam seu bacalhau no Campo dos Cebolas. Mas os navegadores lusitanos (assim como os espanhóis) eram abelhudos e iniciaram seu turismo pelos sete mares. Os primeiros descobriram o Brasil e os segundos descobriram tudo ao redor do Brasil.
Bem feito, quem mandou? Agora temos que conviver com leituras da história que nos levaram à situação descrita por João Ubaldo Ribeiro. Segundo elas, até o século 15, o zoneamento era perfeito - brancos na Europa, negros na África, índios na América e amarelos na Ásia. Cada macaco no seu galho. No entanto, graças à bisbilhotice ibérica, estamos nós, herdeiros de Caramuru, com contas imensas a pagar porque os justiceiros da história adoram acertos e indenizações promovidos com os bens alheios. Entre elas, a conta dos índios. Como é fácil fazer justiça expropriando os outros!
O princípio segundo o qual o Brasil era dos índios e deles foi tomado pelos portugueses ganhou sensível impulso com os preceitos do artigo 231 da Constituição de 1988. Mas se o princípio estivesse correto e se quaisquer direitos originais de posse pudessem ser invocados, não sei se alguém, no mundo de hoje, ficaria onde está. Não me refiro sequer aos primeiros fluxos migratórios através dos milênios. Refiro-me às mais recentes e incontáveis invasões e guerras de conquista que marcam a história dos povos. E note-se que as guerras de conquista não geravam indenizações aos vencidos, mas espólios aos vencedores.
Faço estas observações diante do que está em curso em nosso país com os processos de demarcação de terras indígenas. É o próprio Estado brasileiro, através de suas agências, reclamando por extensões mais do que latifundiárias e jogando nas estradas e na miséria legiões de produtores e suas famílias. É o braço do Estado gerando novas hostilidades no ambiente rural do país (como se já não bastassem as estripulias do MST). Índios e não índios merecem ser tratados com igual dignidade. Mas não se pode fazer justiça criando injustiça, nem se pode cuidar do país entregando o país. Não existem outras "nações" dentro da nação brasileira. E é exatamente isso que está em curso, sob pressão de uma difusa mas ativa conspiração internacional, conjugada com o CIMI e a FUNAI, que quer o Brasil e os brasileiros longe da Amazônia, por exemplo.
Índio não é bicho para ser preservado na idade da pedra lascada, como cobaia de antropólogos, num apartheid que desrespeita o natural processo evolutivo. Ou armazenado, como garrafa de vinho, numerado e rotulado, com designação de origem controlada.
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* Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.
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terça-feira, 16 de outubro de 2012
Populacao "negra" aumenta exponencialmente
O fato é que o racismo vem sendo estimulado oficialmente no Brasil pelo governo -- obviamente, já que é política oficial -- e o país está deixando de ser uma cultura uniforme, eventualmente com distinções específicas, baseadas em critérios culturais ou regionais, e passando a se classificar ao longo de linhas raciais, ou racialistas (já que envolvendo algum grau de elaboração militante, e totalmente ideológica).
Essa herança negativa vai pesar como um fardo no futuro do Brasil, assim como um sem número de outras políticas estatizantes, assistencialistas, distributivistas, que vão confirmar o Brasil num itinerário de crescimento medíocre, insuficiente para garantir um futuro satisfatório para a geração atual e para as que se seguirão.
Esse, infelizmente, vai ser o resultado das políticas equivocadas da atual administração, que prolonga, e aprofunda, o que vinha sendo feito anteriormente, e que antecipa o que (de pior) pode ainda vir por aí.
Depois não digam que não avisei. A mediocridade econômica e a indigência intelectual ameaçam o futuro do Brasil.
Paulo Roberto de Almeida
Lei de cotas nas universidades federais é regulamentada
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Addendum:
Editorial FSP, 16/10/2012
Editorial: Cota de populismo
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Racismo no Brasil: cotas devem subir para 53% (ou mais)
Estudantes protestam na UFRGS pelo aumento da cota para alunos de escolas públicas e negros
Em manifestação no saguão da reitoria da universidade, eles cobram um aumento de 30% para 40% na reserva de cotasPois eu acho que eles pedem pouco: segundo o último PNAD, que pesquisou as "raças" na sociedade brasileira, 53% dos consultados, por autodeclaração, afirmaram ser afrodescendentes.
Pois este deveria ser o percentual aplicado nas cotas, não é verdade?
Mas eu aposto como no próximo PNAD, esse percentual vai aumentar para, pelo menos, 57% da população; até "moreninhos claros" vão se declarar afrodescendentes, o que é absolutamente lógico.
Afinal de contas, o Brasil é um país afrodescendente, não é mesmo.
Nada mais lógico, assim, que cotas para todos eles...
Paulo Roberto de Almeida
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Ministros decidem pelo Apartheid e pela desigualdade racial
Segundo detecto pelos ares do tempo, os ministros vão decidir pela legalidade do racismo institucional, aceitando cotas para negros nas universidades como sendo perfeitamente legais e legítimas.
Mas atenção: são cotas para negros, não para mulatos claros, quase brancos, mesmo que sejam afrodescendentes.
A UnB já tem um tribunal racial que decide quem é negro e quem é branco.
E os negros, e os mulatos escuros, militantes da causa, estão contentes.
Quanto aos mulatos muito claros, quase brancos, ainda que afrodescendentes, bem, eles vão precisar de um esforço extra para ingressar na universidade.
Este é o Brasil dos companheiros...
Paulo Roberto de Almeida
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (…)”
“A verdadeira igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais”.
Embora a Constituição seja explícita AO ESPECIFICAR que união civil é aquela celebrada entre homem e mulher — e, salvo engano, homem é homem, e mulher e mulher, pouco importando a destinação que deem àquilo que Britto chamou o “seu regalo” —, o que fez o Supremo (e por unanimidade)? Apelou ao Artigo 5º da Constituição e determinou que o fundamento da igualdade obrigava a reconhecer a união civil também entre homossexuais. E o próprio Britto foi entusiasta dessa tese.
Em abril de 2008, 113 pessoas enviaram um manifesto aos ministros do Supremo Tribunal Federal. Sou um dos signatários. O título é este: “Cento e treze cidadãos antirracistas contra as leis raciais”. Abaixo, transcrevo alguns trechos. A íntegra está aqui. Que fique claro: não tenho a menor esperança de que se vá fazer a coisa certa. Essa é uma das questões que integram o rol das ações politicamente corretas. Ter a ousadia de debatê-la já arma espíritos. É a “democracia” segundo o entendimento de alguns… Bem, não será assim aqui, como vocês sabem muito bem. Seguem trechos do manifesto.
Nós, intelectuais da sociedade civil, sindicalistas, empresários e ativistas dos movimentos negros e outros movimentos sociais, dirigimo-nos respeitosamente aos Juízes da corte mais alta, que recebeu do povo constituinte a prerrogativa de guardiã da Constituição, para oferecer argumentos contrários à admissão de cotas raciais na ordem política e jurídica da República.
(…)
Apresentadas como maneira de reduzir as desigualdades sociais, as cotas raciais não contribuem para isso, ocultam uma realidade trágica e desviam as atenções dos desafios imensos e das urgências, sociais e educacionais, com os quais se defronta a nação. E, contudo, mesmo no universo menor dos jovens que têm a oportunidade de almejar o ensino superior de qualidade, as cotas raciais não promovem a igualdade, mas apenas acentuam desigualdades prévias ou produzem novas desigualdades:
(…)
Raças humanas não existem. A genética comprovou que as diferenças icônicas das chamadas “raças” humanas são características físicas superficiais, que dependem de parcela ínfima dos 25 mil genes estimados do genoma humano. A cor da pele, uma adaptação evolutiva aos níveis de radiação ultravioleta vigentes em diferentes áreas do mundo, é expressa em menos de 10 genes! Nas palavras do geneticista Sérgio Pena: “O fato assim cientificamente comprovado da inexistência das ‘raças’ deve ser absorvido pela sociedade e incorporado às suas convicções e atitudes morais Uma postura coerente e desejável seria a construção de uma sociedade desracializada, na qual a singularidade do indivíduo seja valorizada e celebrada. Temos de assimilar a noção de que a única divisão biologicamente coerente da espécie humana é em bilhões de indivíduos, e não em um punhado de ‘raças’.” (”Receita para uma humanidade desracializada”, Ciência Hoje Online, setembro de 2006).
(…)
A meta nacional deveria ser proporcionar a todos um ensino básico de qualidade e oportunidades verdadeiras de acesso à universidade. Mas há iniciativas a serem adotadas, imediatamente, em favor de jovens de baixa renda de todas as cores que chegam aos umbrais do ensino superior, como a oferta de cursos preparatórios gratuitos e a eliminação das taxas de inscrição nos exames vestibulares das universidades públicas. Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), o Programa de Cursinhos Pré-Vestibulares Gratuitos, destinado a alunos egressos de escolas públicas, atendeu em 2007 a 3.714 jovens, dos quais 1.050 foram aprovados em concursos vestibulares, sendo 707 em universidades públicas. Medidas como essa, que não distinguem os indivíduos segundo critérios raciais abomináveis, têm endereço social certo e contribuem efetivamente para a amenização das desigualdades.
(…)
A propaganda cerrada em favor das cotas raciais assegura-nos que os estudantes universitários cotistas exibem desempenho similar ao dos demais. Os dados concernentes ao tema são esparsos, contraditórios e pouco confiáveis. Mas isso é essencialmente irrelevante, pois a crítica informada dos sistemas de cotas nunca afirmou que estudantes cotistas seriam incapazes de acompanhar os cursos superiores ou que sua presença provocaria queda na qualidade das universidades. As cotas raciais não são um distúrbio no ensino superior, mas a face mais visível de uma racialização oficial das relações sociais que ameaça a coesão nacional.
*
Eis alguns dos 113 signatários da carta:
Aguinaldo Silva, Alba Zaluar, Antonio Cícero, Bolivar Lamounier, Caetano Veloso, Demétrio Magnoli, Edmar Lisboa Bacha, Eduardo Giannetti, Eduardo Pizarro Carnelós, Eunice Durham, Ferreira Gullar, Gerald Thomas, Gilberto Velho, João Ubaldo Ribeiro, José Augusto Guilhon Albuquerque, José de Souza Martins, Lourdes Sola, Luciana Villas-Boas, Lya Luft, Maria Sylvia Carvalho Franco, Nelson Motta, Reinaldo Azevedo, Roberto Romano da Silva, Ruth Correa Leite Cardoso, Wanderley Guilherme dos Santos e Yvonne Maggie.
sábado, 30 de abril de 2011
Brancos e pretos no Brasil, estes em aumento: detesto hipocrisias
Brancos são menos da metade da população pela primeira vez no Brasil
Thiago Varella
UOL Notícias, 29/04/2011
No total, 91.051.646 habitantes se declararam brancos no Censo, enquanto outros 99.697.545 disseram ser pretos, pardos, amarelos ou indígenas.
Os brancos ainda são a maioria (47,33%) da população, mas a quantidade de pessoas que se declaram assim caiu em relação ao Censo 2000, quando foi de 53,74%. Em números absolutos, foi também a única raça que diminuiu de tamanho. No Censo 2000, 91.298.042 habitantes se consideravam brancos.
O número de pessoas que se declaram pretas, pardas, amarelas ou indígenas superou o de brancos no Brasil, de acordo com os resultados preliminares do Censo 2010, divulgados nesta sexta-feira (29), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É a primeira vez que isso acontece desde que o Censo passou a ser organizado pelo IBGE, em 1940.
O BRASIL EM NÚMEROS
Brasileiro ficou mais velho e menos branco; população teve menor crescimento da série histórica
População brasileira cresce 21 milhões em uma década com menor ritmo da história
Por outro lado, em dez anos, a porcentagem de habitantes que se classificam como pardos cresceu de 38,45% (65,3 milhões) para 43,13% (82,2 milhões). Já os pretos subiram de 6,21 % (10,5 milhões) para 7,61% (14,5 milhões) da população brasileira.
O Brasil também tem mais moradores que se consideram amarelos (1,09% ou 2,1 milhões). No Censo 2000, apenas 0,45% (761,5 mil) se classificavam assim. Em dez anos, o número de amarelos superou o de indígenas, que subiu de 734,1 mil para 817,9 mil.
A região Norte é a que tem, proporcionalmente, o maior número de pardos no país, com 66,88% de habitantes que se consideram assim. Nas regiões Nordeste e Centro- Oeste o número de pardos supera o de brancos.
Já a região Sul é a com a maior porcentagem de brancos do Brasil, com 78,47% que se classificam como sendo desta raça. No Sudeste, o número de brancos também supera o de pardos.
A Bahia é o Estado que tem a maior população que se declara como preta no Brasil, com 3,11 milhões de pessoas. Já o Amazonas tem o maior número de habitantes que se classificam como indígena (168,6 mil). Proporcionalmente, Roraima tem a maior população indígena do Brasil (11%).
São Paulo, que tem a maior população do Brasil, tem o maior número de brancos (26,3 milhões) e de pardos (12 milhões). No entanto, proporcionalmente Santa Catarina (83,97% da população) tem mais brancos e o Pará (69,51%) tem mais pardos dos que os outros Estados do país.
No Censo 2000, 1,2 milhão de pessoas não declararam raça. Já no Censo do ano passado, o número foi de 315,1 mil. Pela primeira vez, perguntas sobre cor e raça fizeram parte do questionário básico, respondido por todos os habitantes do país.
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Comento (PRA):
Alguém, em sã consciência, acredita mesmo que o Brasil mudou com a mudança dos números?
Não, absolutamente nada. As pessoas continuam a ser o que sempre foram: algumas mais, outras menos tolerantes em matéria de preconceitos raciais. Ele está diminuindo, provavelmente, mas mais pelo efeito da ascensão social de pretos e pardos, no conjunto da população, do que por efeito de qualquer grande mudança "mental" dos brasileiros.
E como se explica, então, que os brancos atualmente sejam minoria, quando seus números tendiam a crescer no passado, com a concomitante redução da população totalmente "preta" e uma evolução errática no número de pardos, mestiços, mulatos, seja lá como vocês queiram chamar aqueles que são provenientes da mistura de raças (que é um fato biológico, cultural e social no Brasil).
Por que agora os "pretos", ou os "pardos" são a maioria da população?
Eu diria, sem qualquer concessão à hipocrisia, que é porque todos esses assim classificados esperam um dia poder se beneficiar de algum política de favor que o Estado faça por elas: como são afrodescendentes, pretos pobres ou seja lá o que for, nós, brasileiros em seu conjunto (todos, aqui incluídos pretos, pardos, brancos, amarelos, etc.), teríamos uma dívida moral a reparar, por causa do tráfico, da escravidão, dos séculos de opressão, das décadas de indiferença educacional e de todas as mazelas que provocamos ou toleramos contra esses brasileiros mais pobres.
Então resulta que precisamos de cotas, de reservas, de apoios e auxílios, que serão RACIALMENTE determinados. Apenas os pretos, pardos e assemelhados, ou seja, os afrodescendentes, irão se beneficiar das políticas de favor.
Se isso não é hipocrisia, eu não sei o que é.
Apenas isso explica o crescimento dos não brancos neste país.
Acho que estamos a caminho da decadência ética, moral, intelectual.
Esse é o estado a que chegamos...
Paulo Roberto de Almeida