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terça-feira, 28 de maio de 2013

Queimando dentistas, ou: o Brasil está ficando um país de barbaros...

Ninguém pode ficar indiferente a esses crimes bárbaros, que revelam, antes de tudo, a desumanidade dos bandidos e a sensação de que eles perderam qualquer temor de punição, deixando, justamente, seus mais bárbaros instintos fluírem livremente, na certeza da impunidade.
O Brasil está virando, ou já se converteu, num país sem lei, sem qualquer justiça...
Paulo Roberto de Almeida

Ladrões ateiam fogo em dentista em São José dos Campos

Crime ocorre um mês após a dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza ter morrido queimada em assalto em São Bernardo do Campo

28 de maio de 2013 | 7h 51
Bárbara Ferreria Santos e Breno Pires - O Estado de S. Paulo
Banheiro queimado dentro do consultório. No chão, havia uma garrafa de álcool e um isqueiro - Reprodução TV Globo/AE
Reprodução TV Globo/AE
Banheiro queimado dentro do consultório. No chão, havia uma garrafa de álcool e um isqueiro
SÃO PAULO - O dentista Alexandre Peçanha Gaddy, de 41 anos, teve seu corpo queimado durante um assalto em seu consultório, em São José dos Campos, no interior de São Paulo, na noite dessa segunda-feira, 27. Ele foi socorrido pela polícia ainda com o corpo em chamas, e foi levado ao pronto-socorro do Hospital Municipal Dr. José de Carvalho Florence. Seu estado é grave.
O crime foi cometido um mês e dois dias após a também dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza ter morrido queimada por ladrões dentro de seu consultório, em São Bernardo do Campo-SP. Quatro acusados do crime estão presos. O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo cobrou, em nota, "atitudes urgentes e rigorosas por parte do governo e das autoridades de segurança pública". A entidade terá uma reunião nesta quarta-feira, 29, com o secretário para discutir o tema.
De acordo com a Polícia Civil, Gaddy foi resgatado consciente e informou que sofreu tentativa de roubo de dois homens encapuzados, que atearam fogo em seu corpo. Ele foi internado com 60% do corpo queimado, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, e seria transferido para o setor de queimados da Santa Casa da cidade, especializada nesse tipo de caso.
Uma testemunha ajudou a salvar Alexandre. Mauro Lopes Duarte fez o alerta, a tempo de ser feito o resgate. Ele estava passando perto do consultório, na Rua dos Periquitos, 923, na Vila Tatetuba, dentro da Vila Industrial de São José dos Campos.
Há ao menos uma câmera de segurança na frente do consultório. Ainda não se sabe se imagens foram registradas. O crime foi registrado no 1º DP de São José dos Campos, mas a investigação será feita pelo 5º DP.
O delegado seccional de São José dos Campos, León Nascimento Ribeiro, disse que, aparentemente, nada foi levado do consultório. Ele afirmou ainda que bens foram separados pelos bandidos, mas acabaram não sendo levados. Segundo Ribeiro, o dentista afirmou que estava trabalhando no consultório sozinho, em tarefas internas, quando foi abordado pelos criminosos. Gaddy contou que tinha parado os atendimentos ao público às 18h e que o crime aconteceu às 20h58 (veja fotos de como ficou o consultório). "Não temos testemunhas, apenas o relato da vítima", disse o delegado.
Nota. O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo cobrou, em nota, o governo do Estado após mais um caso de violência envolvendo dentistas. "Duas tragédias semelhantes no espaço de um mês exigem atitudes urgentes e rigorosas por parte do governo e das autoridades de segurança pública", diz o texto. "As autoridades devem agir com presteza, criando um cinturão de segurança para os profissionais de odontologia, antes que o modus operandi vire prática comum aos criminosos."Nas redes sociais,leitores lamentaram mais um caso de violência hedionda e dentistas demonstraram preocupação com a recorrência dos roubos a consultórios.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Decadencia universitaria chega ás catolicas: mediocrizacao assegurada...

Qual é o exato equivalente, em Português, de dereliction? Pois é, estamos em face dessa coisa no caso das universidades em geral, antes restrito às públicas, federais ou estaduais, agora também atingindo privadas, no caso, as Católicas, estas geralmente mal administradas, já que se escolhem mais os aderentes ao poder concedente do que à excelência de gestão.
Sempre achei que escolas e hospitais, entre outros entes públicos de interesse coletivo, deveriam ser geridos não pelos mais simpáticos ou pelos membros da própria corporação, mas por gestores selecionados pela sua competência e comprometidos com um plano de gestão rigoroso.
Sou, por exemplo, a favor de se abrir a seleção de reitores ao público externo, publicando anúncios de canditatura em jornais, e depois recebendo os planos de gestão dos candidatos, por uma banca de membros e não membros do ente em questão.
O democratismo e o assembleísmo, o militantismo e o sectarismo são péssimos indícios do que venho detectando há muito tempo: a erosão progressiva de nossas universidades, seu afundamento na mediocridade e na irrelevância.
Merecemos, talvez...
Paulo Roberto de Almeida

Horda de bárbaros impede posse de nova reitora da PUC-SP, que é legal e legítima
Reinaldo Azevedo, 1/12/202

Uma horda de bárbaros, composta de alguns alunos, professores e funcionários, impediu ontem a posse de Anna Maria Marques Cintra, 73, a reitora legítima e legal da PUC-SP, nomeada para o cargo por quem tem poder de fazê-lo: o cardeal dom Odilo Scherer. A universidade realiza uma consulta direta à chamada “comunidade acadêmica”, e uma lista tríplice é apresentada ao cardeal. Ele não tem obrigação de nomear o mais votado. Assim fosse, lista pra quê? O atual reitor, Dirceu de Mello — que tem um pé no populismo e o outro também — ficou em primeiro lugar, e os manifestantes exigem a sua nomeação.

Santo Deus! A PUC nem mesmo é uma universidade pública — onde eleições diretas já são um despropósito. Não adianta! Não será o Brasil a inventar a pólvora nessa área. Não há uma única instituição dessa natureza, pública ou privada, em que o reitor seja indicado pela vontade de alunos, professores e funcionários. No Brasil, no entanto, sob a inspiração intelectualmente chulé do petismo, começou essa bobagem de “eleição direta”, como se, num ente voltado para o ensino e para a pesquisa, fosse possível substituir o mérito pelo “direito de voto” ou “pela igualdade”. A universidade não é não deve ser a sociedade. Esta tem de ser democrática; aquela, meritocrática.

A PUC-SP vive há muitos anos uma lenta e contínua decadência. Perdeu relevância  acadêmica, e isso se deve, em boa parte, ao ambiente de vale-tudo que viceja por lá. A excelência cedeu espaço ao democratismo, e minorias barulhentas são confundidas com a maioria, e a falsa maioria é tomada como critério de verdade. É mais um das más heranças da chamada “igreja progressista”, agora no campo acadêmico. Já lhes contei do dia em que tive de ir ao campus da rua Monte Alegre, em Perdizes, isso já tem alguns anos. Cheguei à conclusão de que, por ali, só não se podia fumar tabaco… A PUC, mais do que qualquer outra universidade pública de São Paulo, vive a ilusão de um mundo paralelo, regido por leis próprias.

É claro que se cria um ciclo vicioso. O ambiente de uma suposta “ordem alternativa”, que nada tem a ver, reitero, com excelência acadêmica, acaba atraindo uma clientela interessada naqueles procedimentos e naquelas práticas. Algo análogo acaba acontecendo, com o tempo, com o corpo docente: os professores que têm informação começam a desertar e a ser substituídos pelos que concentram altos teores de opinião engajada. No fim dessa trajetória, está o desastre.

Dom Odilo pode ser a última chance que tem a PUC-SP de recuperar ao menos parte do prestígio que já teve um dia. Espero que não recue da sua decisão e da determinação de fazer a universidade produzir mais ensino, mais pesquisa e menos proselitismo oco.

Leio na Folha que os críticos da nova reitora afirmam que “ela foi nomeada para que a Igreja e os valores católicos tenham mais presença na PUC”. Provavelmente, é só uma das mentiras em que são viciados os militantes de esquerda. Mas digamos que fosse verdade… Por extenso, o nome da PUC é “Pontifícia Universidade… Católica”!!!

Ninguém é obrigado a dar aula lá.
Ninguém é obrigado a estudar lá.
Ninguém é obrigado a trabalhar lá.

Torço para que a PUC-SP seja, sim, uma fonte de difusão dos “valores católicos”. Até porque eles são bons. Ruins são os valores dos que se impõem pelo grito e pela truculência.

Eis um caso em que os estudantes que querem estudar têm de sair da toca. Ou defendem seus direitos, ou as esquerdas lhes roubam conhecimento, tempo e dinheiro.

domingo, 20 de maio de 2012

A frase da semana (e o texto que a contem) - Reinaldo Azevedo

Já escrevi alguma coisa sobre as mesmas coisas, sobretudo sobre o marxismo e o socialismo, em torno dos quais construí meu livro: Velhos e Novos Manifestos: o socialismo na era da globalização (1999).
Por isso mesmo retive uma frase que eu devo ter expresso sob outras formas, mas que condensa uma realidade tão patente, que eu me pergunto ainda como tantos acadêmicos alienados conseguem levar a sério propostas que pareciam razoáveis um século atrás, mas que se tornaram sandices sem tamanho em nossos tempos.
Minha frase da semana é esta aqui:


O velho marxismo morreu de falência múltipla dos órgãos. A sua realização prática eram as economias planificadas, que não resistiram à globalização — descrita ou antevista, como queiram, pelo próprio Marx no “Manifesto Comunista”.
Reinaldo Azevedo.


Creio, contudo, que vale a pena ler o texto original de onde ela foi retirada. Figura abaixo a íntegra do texto.
Paulo Roberto de Almeida 



Reinaldo Azevedo, 
20/05/2012 12:09:25

Leiam este texto. Volto depois.
*
O marxismo é uma variante da preguiça. Se você acredita que a base material condiciona mudanças na cultura, na forma de pensar e nas relações intersubjetivas, basta fazer como os romanos do poema “À Espera dos Bárbaros”, de Kafávis: sentar na calçada e esperar a banda passar. E há os que resolveram acelerar a história para que o inexorável chegasse antes: Lênin, Stálin, Mao, Pol Pot. O resultado se mede em crânios.
O truque da chamada Escola de Frankfurt — de que Habermas é caudatário, embora infinitamente mais chato porque escreve mal — já é mais divertido do que o marxismo clássico. O que em um é consequência vira, no outro, causa, e a cultura é vista como o motor das mudanças materiais. É uma bobagem que alimenta intelectuais cuja profissão é contestar o regime — que lhes garante a liberdade de contestação. Mas muito influente.
O velho marxismo morreu de falência múltipla dos órgãos. A sua realização prática eram as economias planificadas, que não resistiram à globalização — descrita ou antevista, como queiram, pelo próprio Marx no “Manifesto Comunista”. Já ali se podia supor que o socialismo buscava represar o mar. O neomarxismo pretendeu fazer a crítica à ortodoxia esquerdista sem ceder à razão burguesa. Deu em quê?
Da maçaroca de esquerdismos não-dogmáticos nasceu uma vulgata virulenta: o pensamento politicamente correto. Tanto se dedicaram os intelectuais da dita nova esquerda à desconstrução do suposto eixo autoritário das democracias burguesas que a política militante degenerou, nos países ricos, no que Robert Hughes chama de “cultura da reclamação” e, nos pobres, de “excluídos militantes”, que rejeitam os valores universais da igualdade e o Estado de Direito. Querem que suas demandas particularistas sejam tratadas como reparação histórica.
Negros, feministas, homossexuais, índios, sem-terra, sem-teto, sem eira nem beira… Todos anseiam que a História seja vivida como culpa, e a desculpa se traduz na concessão de algum privilégio. Isso que já é uma ética coletiva supõe que todos são vítimas de alguém ou de alguma coisa. De quem ou do quê? Ninguém sabe. “Da sociedade” talvez. A hipótese é interessante. Poderíamos zerar a História, dissolver os contratos e voltar ao estado da natureza. O Brasil já tem um novo “negro” ou um novo “índio”: é o macho branco, pobre, heterossexual e católico. É um pobre coitado, um discriminado, um sem-ONG. Nem os padres querem saber dele.
As “minorias” se profissionalizam, e a luta sempre continua. Não temos uma política pública digna desse nome que se ocupe, por exemplo, da qualidade do ensino fundamental e médio, mas se faz, com cotas e ProUni, suposta justiça social na universidade, onde o único critério cabível de seleção é o saber — que mascararia as diferenças de classe e traria consigo um contencioso de injustiças históricas. Eis o desastre: competência e justiça, nesse raciocínio perturbado, passam a se opor, viram uma disjuntiva. Nas TVs, e até nos cadernos de cultura dos jornais, “manos” do rap e “MCs” fazem-se porta-vozes de uma nova metafísica, oposta àquele saber universal, formalista e reacionário. Padre Pinto é o santo padroeiro dessa guerra à ortodoxia.
Igualdade? Justiça? Reparação? Nada disso. Consolida-se é o divórcio entre os partidários desse igualitarismo — que, de fato, é um particularismo que corrói as bases do Estado de Direito — e os da universalidade. O “novo homem” do antigo marxismo — que era, sim, uma utopia liberticida e homicida — foi substituído pelos bárbaros, cujo mundo ideal é aquele disputado por hordas, tribos, bandos, de que entidades do “terceiro setor” são proxenetas bem remuneradas.
Os tais mercados não dão a menor bola para isso. A plateia que vi mais incomodada e, até certo ponto, indignada com a crítica severa que faço ao PT e a seu viés totalitário era composta de pessoas ligadas ao mercado financeiro. A democracia, como a defendiam os antigos liberais, é a eles irrelevante. Trata-se de dinheiro novo. Assistimos ao casamento entre os hunos e essa gente muito prática. As bodas bárbaras.
*
Voltei
Esse meu texto saiu publicado no dia 3 de junho de 2006 no jornal “O Globo”, de que eu era colunista antes de meu blog se hospedar na VEJA. Está no livro “O País dos Petralhas”, que eu estava folheando nesta madrugada. Na segunda, conto por quê. É provável que muitos dos novos leitores não o conheçam. Poderia ter sido escrito há alguns minutos, não?