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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Educacao: a universidade inutil do Brasil - Olavo de Carvalho

Um texto de 2001, mas ainda válido, aliás até mais. Totalmente pertinente.
Grato ao Eduardo Rodrigues que me enviou.
Paulo Roberto de Almeida 


Entrevista de Olavo de Carvalho
à Revista Digital

Participando de um ciclo de palestras promovido pela ACLAME (Associação da Classe Média do RS) em universidades do interior do estado - em cidades como Cruz Alta, Ijuí, Santa Cruz do Sul, Erechim, entre outras – intitulado Universidade Para Quê?–, o polêmico filósofo e jornalista Olavo de Carvalho fala de assuntos na pauta dos gaúchos: o papel da universidades e a Uergs, o governo Olívio Dutra e os guerrilheiros colombianos, Fórum Social x Fórum da Liberdade, a ascensão do PT ao poder, segurança pública, e muito mais! Leia e discuta essa entrevista exclusiva para a Revista Digital.
Professor, o senhor está visitando o Estado a convite da Aclame (Associação da Classe Média do Rio Grande do Sul), para um ciclo de palestras intitulado Universidade pra quê?. Qual é a função da universidade, na opinião do senhor? O senhor acredita que a universidade brasileira perdeu sua função original?
— A universidade pode ter inúmeras funções diferentes. Porém, a característica que a define é a de constituir o maior centro de busca e preservação do conhecimento. É uma grande ilusão pensar que a universidade se destinasse a formar a classe dominante. Na Idade Média, havia esta consciência do benefício incalculável que o conhecimento representa, pela sua simples posse. Não se pensava na hipótese de usar isto para outra coisa, ao contrário, isto era o supremo benefício.
Com o tempo, a universidade vai adquirindo finalidades secundárias. Em primeiro lugar, na Renascença, começou a disputa entre os reis e o papado pelo domínio da universidade. O declínio da intelectualidade católica dominante da época é terrível - se você compara os intelectuais dos séculos XII e XIII com aqueles idiotas do Concílio de Trento, é algo absolutamente deplorável. Há uma queda do nível das universidades ocasionada pela sua politização, por culpa dos papas e dos reis. Com a restauração na Alemanha, a universidade conserva uma imensa autonomia, possibilitando o surgimento do movimento notabilíssimo que foi o romantismo e o idealismo alemão. Filho direto da liberdade, da não interferência dos poderes externos na universidade.
No entanto, a partir daí, esta intervenção é cada vez maior, sobretudo e em primeiro lugar no sentido comercial. A universidade vai se transformando em uma instituição para a formação profissional, e, logo em seguida, como efeito quase imediato, vem a politização da universidade. Não que essas finalidades econômicas e políticas não devam ser atendidas, mas para elas há outros instrumentos.
O senhor acha então que dever-se-ia separar essa questão do conhecimento instrumental, voltado para fins técnicos e para a formação profissional?
— A universidade pode abranger tudo isso, mas sem abrir mão da consciência do valor do conhecimento objetivo. Nesse sentido, ela poderia se tornar o árbitro das disputas sociais e políticas, realmente dando uma ajuda na esfera econômica. Mas, se ela perder a sua função própria e se prostituir a fins comerciais ou políticos, ela perde a autoridade e se transforma em um órgão auxiliar, ela é subjugada. É o que acontece hoje.
A maioria dos políticos usa a universidade sem nenhum respeito ao conhecimento objetivo. Os partidos, sobretudo o famoso PT e esse pessoal comunista todo, quer instituir a sua doutrina partidária como programa de universidade, vetando inclusive o conhecimento de doutrinas antagônicas. Isto é o máximo da prostituição que se pode conceber na universidade. E no Brasil isto acontece em todas as universidades, sem exceção.
O senhor traçou uma origem bastante antiga para esse processo de intervenção política. E no Brasil, quando é que isso começou?
— O Brasil não tem tradição universitária. Ele tem, ao contrário, uma tradição das faculdades isoladas, que, por não poderem exercer esta função mais elevada, acabavam virando centros de agitação política. O tempo que os estudantes perderam fazendo passeatas e revoluções foi tempo roubado à formação da elite intelectual nacional. A desvantagem que o Brasil leva no cenário internacional ocorre simplesmente pelo despreparo e pela burrice da sua elite política. Em vez de estudar, ficavam fazendo passeata. Hoje, temos como resultado esse Congresso de analfabetos. Em outros países, é uma tradição os políticos de primeiro plano serem homens que dominam a arte da palavra. Na França, um político não se incomodará de ser acusado de corrupção, mas o desafiará para um duelo se você disser que ele cometeu um erro de gramática. Nos Estados Unidos, um dos políticos mais populistas, como Theodore Roosevelt, era autor de ensaios literários de valor extraordinário. Abraham Lincoln era um dos maiores estilistas da língua inglesa. E isso é uma tradição, que há em quase todos os países.
E o Brasil também tinha esta tradição intelectual, até as décadas de 40 e 50. O tempo da ditadura ainda conservou um pouco, mas, pelo simples fato de ser uma ditadura, por não se ter uma circulação normal das idéias e dos debates políticos, rompe-se a tradição. E, na constituinte, se elegeram pessoas que não sabem conjugar um verbo, completar uma frase, não têm domínio do idioma. Você tem o exemplo grotesco do Lula, da Benedita, pessoas que oferecem a desculpa da sua origem pobre, mas a origem deles não é mais pobre que a de Machado de Assis, ou mais pobre do que a minha. Machado de Assis era filho de lavadeira, eu sou neto de lavadeira.
Qual tem sido a reação das comunidades acadêmicas visitadas pelo senhor neste ciclo de palestras?
— Em geral, eles gostam. Quando não gostam, não respondem nada. Ficam quietinhos [risos].
Existe alguma perspectiva de mudança deste quadro? E, se existe, qual o papel do governo nisto, ele ajuda ou atrapalha?
— O governo só atrapalha! Ele é o culpado direto disso aí. Não só este governo, mas todos os governos! Todos os governos sempre tentaram usar a universidade como instrumento de ação política.
E isto independentemente de partidos?
— E sobretudo criando esta ilusão de que a universidade deve prestar serviço público. A existência da universidade já é o serviço público! A finalidade da universidade se esgota na busca e na transmissão do conhecimento. Se você disser que a universidade tem que planejar a reforma social, então qual é a diferença entre a universidade e um ministério? Ou um partido político? Aí se cria uma confusão, perdendo-se a noção da função específica das várias instituições.
O senhor tem acompanhado a experiência do Rio Grande do Sul na área da educação, onde se discute a questão da criação da universidade estadual, a Uergs?
— Sim. Isso é uma palhaçada, mais uma palhaçada. Primeiro, você já tem um montão de universidades. Essa vai ser mais um cabide de empregos. Imagine, vai ser uma universidade feita pelo PT, vai ser uma universidade petista. E é apenas isso o que eles querem: mais um megafone para fazer propaganda. Aliás, a única coisa que esse governador daqui sabe fazer é propaganda, alardeia obras que ele não fez, até obras dos seus adversários.
O senhor fez duras críticas ao governador Olívio Dutra em seu artigo O direito de duvidar, publicado em Zero Hora de 11/03/2001. O senhor vê mesmo uma relação entre a guerrilha colombiana, o narcotráfico e a ascensão da esquerda ao poder no Brasil?
— Mas essa relação não sou eu que vejo, são eles mesmos que afirmam! Eles dizem isso! Eles se irmanam na luta pelo socialismo na América Latina, eles declaram isso. Não é uma interpretação que eu estou fazendo. Então, é evidente que, se o PT ganha votos aqui, isso é bom para a guerrilha colombiana lá. Se o colombiano ganha mais meio metro quadrado de terra, isto é bom para o PT aqui.  Agora, se o dr. Olívio Dutra não tem interesses ligados a isso, ele que condene as violências da guerrilha. Eu o desafio em público a fazer isso! Essa guerrilha todo mundo viu na televisão: os guerrilheiros amarraram uma bomba na cabeça de uma prisioneira e a mulher explodiu. Essa é a maior organização criminosa que já existiu no continente. Se o dr. Olívio Dutra for sincero, que condene esses crimes. Ele que chame o representante da guerrilha de criminoso, se ele tiver coragem. Esse é o tratamento que o governador tem obrigação de dar a essa gente. É esse o tratamento que ele está dando? Não, ele está tratando esses sujeitos como hóspedes normais! Você recebe o Al Capone na sua casa e o trata como se fosse um homem honrado e, sobretudo, empresta um megafone nacional para o sujeito falar, para fazer propaganda? O que fez o Fórum Social Mundial se não dar a esse pessoal da guerrilha instrumentos de propaganda? Ora, dar instrumento de propaganda não é cumplicidade? É o caso de facilitar meios para a apologia do crime. E essa guerrilha é criminosa.
O senhor tem alguma avaliação de por que este processo de ascensão do PT ao poder começou no Rio Grande do Sul?
— Em parte é porque você tem uma tradição de estatismo forte, muito arraigada. Mas é curioso que justamente o gaúcho tenha essa mania, porque ele não precisa disso, o gaúcho é um tipo independente, que sempre teve iniciativa própria. Se fosse um povo fracote, incapaz, que precisa de um governo forte que o proteja, eu admitiria isso. Mas o gaúcho realmente não precisa disso, esta é uma situação irônica, uma excrescência. Isso ficou assim por falta de repertório cultural. Sobretudo, quando não há outras idéias em circulação, você adere às idéias que estão aí. Por exemplo, a tradição liberal é todinha ignorada aqui neste país. Você fala de liberalismo, as pessoas não sabem a que autores você está se referindo, não têm as fontes, nunca leram nada a respeito, você não vê os livros liberais nas livrarias. Você encontra, no máximo, um ou outro best seller sobre globalização, livros de terceira ou quarta categoria. Você não encontra os livros do von Mises, do Hayek, do Rothbard. Tudo o que há de mais significativo do pensamento liberal não chega aqui.
Falando nisso, o senhor vai ter uma participação no Fórum da Liberdade, que está em sua 14ª edição. Como o sr. vê a sua participação nesse fórum e mesmo a existência deste tipo de iniciativa, que já está consagrada no estado?
— Ah, isso vai ser muito divertido! Em primeiro lugar, porque eu tive um debate pela imprensa com o deputado José Dirceu, e eu vou encontrá-lo lá, eu quero que ele me diga, cara a cara, que ele não é um técnico em inteligência militar formado em Cuba. Ele diz que o PT só investiga nas fontes oficiais, o que é uma impossibilidade pura e simples porque, em certas CPIs, o PT aparecia sabendo até o número da cédula que foi dada em propina para um sujeito. O que mostra que existe espionagem. E o deputado José Dirceu nega isso aí. Ameçou até me processar. Agora, ele deve explicar como é que se deu essa estranha mutação na cabeça dele que, de agente secreto, se transformou em jurista. Esse é um dos motivos pelos quais eu estou ansiosíssimo para chegar lá, eu quero que ele me conte essa história.
Como é que o senhor contrasta uma iniciativa como o Fórum da Liberdade com o Fórum Social, por exemplo? No Fórum da Liberdade a gente vê que existe contraste de opiniões, o que não parece ser o caso do Fórum Social.
— O Fórum Social, que pretendeu ser um contraponto ao Fórum de Davos, verdade foi apenas uma caricatura do Fórum da Liberdade, uma macaquice muito mal feita, porque ali não tem Fórum nenhum, aquilo é um coro, o Coro Social Mundial. O conceito de debate deles é o do centralismo democrático leninista. É o debate interno dos comunistas. Nesse sentido, não digo nem que eles sejam contra a liberdade: eles são a favor da liberdade, só que da liberdade para eles! Quem não é da curriola deles não precisa de liberdade. Esse Fórum Social Mundial foi duplamente fraudulento: não só por se apresentar como Fórum, o que não verdade não foi, mas também por posar como o grande inimigo da Nova Ordem Mundial, que o financiou e o paparicou, passou a mão na cabeça dele e o carregou no colo. Toda a constelação dos grão-senhores da Nova Ordem Mundial apoiou essa porcaria e esses meninos ficam fazendo o papel de enfants terribles: “Nós somos os revoltadinhos.” São nada, são uns vendidos!
O senhor também atribuiu aos intelectuais de esquerda um papel de formadores de guerrilheiros, durante os anos em que estes intelectuais estiveram encarcerados com ladrões comuns, durante a época da ditadura no Brasil.
— Isso é um longo processo. A utilização do banditismo para a revolução é uma tradição. Começa na Revolução Francesa, Lênin aperfeiçoou a coisa e ela segue sendo usada, de maneira que não há novidade alguma nisso aí.
O senhor deve ter visto os movimentos de pequenos agricultores invadindo a Secretaria da Agricultura do Estado. Será que isso aí é o feitiço se voltando contra o feiticeiro, ou é pura tática de desinformação?
— Eu não creio que isso configure um caso de o feitiço virar contra o feiticeiro em escala maior. Essas coisas não são muito difíceis de controlar e são percalços no caminho de uma estratégia revolucionária. Isso acontece mesmo. Agora, no caso dos bandidos, é mais difícil governá-los. Mas nem por isso foi impossível fazer uma rebelião simultânea de 29 presídios em São Paulo, preparada desde a década de 70 por intelectuais esquerdistas presos, que ensinaram a essa gente as técnicas de guerrilha e de organização política. Esses mesmos intelectuais e líderes esquerdistas aparecem na televisão, falando das causas do banditismo como se fossem autoridades neutras e superiores no assunto. Ora, as causas são eles mesmos! Nosso banditismo não tem a ver com problemas sociais, miséria, principalmente porque os grandes centros produtores de violência não são as regiões mais pobres. Para falar em causas sociais do banditismo, você precisaria de causas sociais para transformar o sujeito pobre em um traficante em grande escala, e isso é impossível. Mas a idéia de que o banditismo tem causas sociais acaba funcionando como um pretexto legitimador do banditismo. Para o bandido, essa é uma retórica agradável aos ouvidos dele: o sujeito investe contra a sociedade e a sociedade é que é culpada. Para o bandido isso é uma delícia.
Do ponto de vista da segurança pública, o sr. deve ter acompanhado os protestos de cidades do interior do RS, nas quais a Brigada Militar está sendo retirada, concentrando suas operações em uns poucos municípios. Como é que o senhor vê esse processo?
— Isso tem uma lógica. Por um lado, você fomenta a formação de organizações revolucionárias, como o MST. Você paparica e dá apoio publicitário à guerrilha. E, por outro lado, você desmonta o aparato policial civil e militar. Você está agindo com muita lógica. Você está preparando uma revolução. Mas, como as pessoas hoje em dia não estudam mais estratégia leninista, só os que a praticam ainda a estudam, elas vêem esse fatos e os consideram coisas isoladas, quando tudo isso é de uma lógica absolutamente implacável. A Brigada Militar é um centro de resistência ao processo revolucionário, logo, temos de desmontá-la, é óbvio!
O senhor acha que isso é apenas a ponta do iceberg?
— Nem ponta de iceberg: o processo é visível! Não se pode nem mesmo dizer que é uma conspiração, porque o processo está acontecendo na nossa cara! Por exemplo, toda essa campanha pela ética, inventada em 1990, com a finalidade de atribuir à esquerda o monopólio da autoridade moral e de jogar as demais tendências umas contra as outras, está sendo feita na nossa cara, e, depois de doze anos de experiência, as pessoas ainda não se deram conta disso. A incapacidade de aprender com a experiência assinala uma grave deficiência mental. Um país que ainda não aprendeu a unidade desse processo está em um estado de torpor mental absolutamente patético!
O senhor chegou mesmo a comentar que a briga recente do ACM com o FHC era resultado desse processo.
— Esse foi um resultado maravilhoso! Prova que a coisa está funcionando. Eles estão arrebentando com todas as lideranças que possam se opor no caminho deles, desmontando o país com base em acusações de corrupção, com uma ressalva: eles próprios nunca são investigados, porque antes tiveram o bom senso de penetrar na Polícia Federal, no Ministério Público, e sobretudo na mídia. Se o petista que está no Ministério Público quer investigar um sujeito, o que ele faz? Ele solta aquilo para a imprensa, a imprensa noticia e aí ele usa o noticiário da imprensa como motivo para iniciar a investigação. Na hora que se inicia a investigação, o sujeito já está queimado, com indisponibilidade de bens, já se abre seu sigilo bancário. A reputação do sujeito está acabada. No fim, se ele for inocentado pela Justiça, a reputação dele será restaurada? Não, a reputação do juiz é que estará acabada! Se o sujeito é inocentado, isso não é prova de que ele é inocente, mas é prova de que o juiz é culpado. E as pessoas ainda não são capazes de ver aí a unidade de uma estratégia revolucionária, a qual os próprios revolucionários já confessaram.
E o senhor acha que há a possibilidade de mudança? Ou o processo de aprendizado vai ser muito longo?
— Bom, tudo depende de as pessoas se tornarem um pouco inteligentes. O Gilberto Amado dizia que tinha um orgasmo quando ele encontrava um brasileiro capaz de juntar causa e efeito. Aqui, para que isso aconteça, a gente precisa de uma sucessão formidável de orgasmos! Eu não sei se é possível ainda – mas, se as pessoas tomarem consciência, essa porcaria acaba em uma semana. A única força que esse pessoal tem é a ignorância e o torpor da opinião pública, sobretudo da elite, em especial a elite empresarial. As pessoas estão afundando, vão ser mortas daqui a pouco e estão brincando com essa coisa, dando dinheiro para financiar a sua própria liquidação. A primeira coisa a fazer é fechar a torneira do dinheiro. Aí a brincadeira esquerdista acaba em dois dias. Porque poder efetivo eles não têm, o poder deles é a ilusão que eles cultivam na cabeça dos outros. A ilusão, a cegueira, o poder das trevas.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Canadofilos francofonos: aproveitai


Le Département de science politique de l’Université de Montréal sollicite des candidatures pour occuper un poste de professeure ou de professeur, à temps plein, au rang d’adjoint, dans le domaine de la politique internationale.
Entrée en fonction: 1er juin 2013.
Les personnes intéressées sont priées de consulter la description détaillée de ce poste sur la page Web du Département de science politique à l’adresse suivante : 
Éric Montpetit, directeur
----
The Department of Political Science at the Université de Montréal invites applications for a full-time tenure-track position as Assistant Professor in international politics. 
Starting Date: June 1st 2013.
Interested parties should consult the detailed description of this position on the Department of Political Science Web site at: 
Éric Montpetit, chair

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Brasil: um pais a caminho do apartheid (literalmente)

Já escrevi muito sobre o apartheid em processo de construção no Brasil, e vou continuar insistindo no tema. Os aprendizes de feiticeiro que continuam a insistir na tese das cotas raciais estão prestando um desserviço enorme ao país e à sociedade brasileira, ao continuar a apoiar políticas de corte claramente racialista (eu até diria racista).
Não estou me referindo, obviamente, aos militantes da causa negra, pois estes já são racistas intencionais e declarados, e pretendem continuar mobilizados para criar o novo apartheid no Brasil.
Eu me refiro aos muitos professores universitários, reitores demagogos e outros inocentes inúteis que insistem em apoiar a causa racialista. São equivocados, talvez, mas em todo caso também devem ser considerados responsáveis pelo avanço do Apartheid no Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

País tem 148 instituições públicas de ensino superior com sistema de cotas
Mariana Mandelli
O Estado de S.Paulo, 17/07/2010

Estudo da Educafro mostra que a maioria das ações é socioeconômica, mas há também as raciais, especialmente para negros. Enquanto projeto sobre o tema tramita no Congresso, as universidades têm autonomia para criar seus próprios modelos.

São 148 as instituições públicas de ensino superior do País que adotam algum tipo de cota em seus processos seletivos. A maioria das políticas de reserva de vagas identificadas é socioeconômica, mas uma parte é de cotas raciais - especialmente para negros. O levantamento, obtido com exclusividade pelo Estado, foi feito pela entidade Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro).

Enquanto o projeto que prevê 50% das vagas para alunos de escolas públicas e para negros tramita no Congresso, as universidades têm autonomia para criar seus próprios sistemas de cotas. Entre os vários tipos de ações há reserva de vagas para negros, quilombolas, indígenas, ex-alunos de escola pública, pessoas com deficiência, filhos de policiais mortos em serviço, estudantes com baixa renda familiar, professores da rede pública e residentes da cidade onde se localiza a instituição. O aumento de nota nas provas de seleção para determinados grupos também é considerado em grande parte das universidades públicas.

O estudo mapeou ações afirmativas no Distrito Federal e nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Amazonas, Roraima, Pará, Acre, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe, Ceará, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Defensores das cotas comemoraram a adesão das universidades. "A mobilização dos negros para o debate das cotas está movimentando outros setores", diz frei David Raimundo dos Santos, da Educafro. Para ele, o principal desafio está nas grandes universidades, como a Universidade de São Paulo, que oferece, por meio do Programa de Inclusão Social da USP, o acréscimo na nota do vestibular para candidatos do ensino médio público.

Para Rafael Ferreira Silva, professor e pesquisador de ações afirmativas, as cotas são necessárias para suprir as desigualdades socioeconômicas do País. "Temos de resgatar as consequências de fatos históricos como a escravidão e a abolição. As diferenças são extremas", diz.

Para Valter Silvério, da Universidade Federal de São Carlos, a adesão das instituições se deve também ao respaldo popular que as ações afirmativas apresentam. "Os diferentes tipos de cotas refletem que as universidades estão discutindo seus próprios perfis."

Preconceito. A advogada Allyne Andrade, de 24 anos, que ingressou na Universidade do Estado do Rio de Janeiro pelo sistema de cotas, diz que ainda existe preconceito no ambiente acadêmico. "Muitos professores achavam que a qualidade do ensino ia cair. A sociedade é racista."

Apesar de ser cotista, Maria de Lourdes Aguiar, de 24 anos, estudante de Medina da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, critica o sistema. "Eu apoio até um certo limite, porque isso pode acabar tampando o sol com a peneira", opina.

José Carlos Miranda, do Movimento Negro Socialista, concorda. "Isso mostra a incompetência do Estado, que não oferece educação básica de qualidade", diz. "Cotas só são boas para quem usufrui delas. Elas não acabam com o racismo nem melhoram a mobilidade social. Motivo para comemorar é quando um estudante pobre entra na universidade pública sem cota."

Ações afirmativas
Cotas raciais
Consistem em reservar parte das vagas da instituição de ensino superior para candidatos que sejam afrodescendentes ou indígenas, por exemplo.

Cotas sociais
São a reserva de vagas do vestibular para alunos formados em escolas públicas, pessoas com algum tipo de deficiência, estudantes com baixa renda familiar ou professores da rede pública, entre outros.

Bônus
É o acréscimo de pontos, por meio de valores fixos ou de porcentagens, na nota do vestibular de candidatos de determinadas condições sociais

terça-feira, 11 de maio de 2010

Da minha serie: A Academia vai para o brejo...

Recebo um anuncio sobre uma "conferência internacional" (enfim, Bahia, SP, RS e Alemanha), de um grupo de estudo das religiões, em uma universidade católica de prestígio (não revelo o local para não constranger os organizadores ou participantes; quem quiser achar, vai achar facilmente).
Dentre os vários temas e mesas altamente relevantes para o estudo das religiões, num mundo tão globalizado e cruel, encontro dois que eu definiria como exemplares:

- Conferencia: ‘Grupos e movimentos cristãos contra a globalização capitalista Autoritária’, Fulano de Tal – (Alemanha)

14h30min – Debate e interação (PRA: a interação é fundamental, já que o tema é espinhoso)

16h – Conferencia: ‘As chances da religião libertadora – teologia da libertação e as utopias político-religiosas dos excluídos’ - Sicrano - Argentina

Juro que eu torço para a universidade ir para o brejo rapidamente. Quem sabe, algo melhor pode resultar daí?
Bem, pelo menos, a partir de agora, quando eu me referir à "globalização capitalista" já sei que devo acrescentar: "autoritária".
Sempre aprendendo algo novo...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

2097) MEC podera rebaixar universidades federais

Já devia ter feito isso há muito tempo...
Paulo Roberto de Almeida

MEC PODERÁ "REBAIXAR" UNIVERSIDADES FEDERAIS
Antonio Gois
Folha de São Paulo, 26/04/2010

Proposta que será votada em maio, com o apoio do ministério, prevê que instituições sejam avaliadas pela primeira vez. Para se manter universidade, o que dá maior autonomia, instituição tem de investir em pesquisa; hoje, 15% das federais estão fora da regra.

As universidades federais, pela primeira vez, terão que cumprir metas de qualidade para manterem o título ou poderão ser rebaixadas a centros universitários e ter menor autonomia para abrir cursos, por exemplo. O título de universidade dá liberdade para a instituição se expandir, mas exige dela investimentos em pesquisa como contrapartida. As mudanças constam de resolução que será votada em maio pelo Conselho Nacional de Educação. Há consenso sobre a inclusão das federais no sistema de credenciamento e a exigência, para as atuais universidades, de manterem ao menos três programas de mestrado e um de doutorado. No setor privado, muitas universidades ostentam esse título sem cumprir exigências em vigor, como ter 1/3 dos docentes atuando em dedicação exclusiva -45% desrespeitam essa exigência, segundo o Censo da Educação Superior 2008 (último disponível). O MEC diz que começou a cobrar essas instituições e que pode puni-las.

No caso das novas exigências da resolução que será votada pelo CNE, estudo feito pelo conselheiro Edson Nunes com base em dados da Capes (órgão do MEC) mostra que 59% das particulares e 15% das federais não se enquadrariam hoje na regra de ter ao menos um doutorado e três mestrados. Já em relação às federais, a nova resolução quer limitar a prática de criar instituições e chamá-las de universidades sem que estejam preparadas para isso. A prática foi utilizada por vários governos. No de Lula, das 13 universidades criadas, seis hoje não cumprem a determinação de ter ao menos um doutorado e três mestrados. A resolução faz uma diferenciação entre as universidades já existentes e as que ainda buscam obter este título. Para as novas, a exigência inicial será maior: dois doutorados e quatro mestrados. Entre as já existentes, será dado um prazo, ainda não estipulado, para se adequar a todas as normas.

As novas regras deixarão de fora as universidades estaduais, que respondem a conselhos estaduais de educação, e não ao nacional. Metade delas, segundo Nunes, hoje não estaria adequada às exigências de um doutorado e três mestrados. Mesmo com a resolução, ainda segundo o conselheiro, continuará havendo discrepância entre as universidades no país, sem haver diferenciação das instituições intensivas em pesquisa daquelas cuja prioridade é o ensino de graduação. IRREGULARES: 59% - das universidades particulares não têm mínimo exigido de um doutorado e três mestrados. 15% - é o percentual com esse mesmo tipo de irregularidade entre as instituições federais.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

2016) A universidade brasileira e eu: uma relacao conflituosa

Um Anônimo, desses que preferem continuar no armário, mesmo depois de eu ter confirmado que não preteno morder ninguém, me escreveu novamente, em defesa das políticas sociais e educacionais do governo atual, e me criticando por eu ser tao negativo em relacao à universidade brasileira, em geral, e as públicas em especial.
Escreveu ele (aliás sempre no post errado, mas enfim, vamos relevar isso):

Quarta-feira, Abril 14, 2010 3:12:00
Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "2100) Reforma tributaria - Roberto Campos":


Não acho, Sr. Paulo Roberto de Almeida, que o governo Lula vem fazendo favor a ninguém.
Ele apenas vem tentando recuperar o que o governo anterior simplesmente tentou fazer: liquidar a Universidade Pública no Brasil. Governo anterior este que era imbuído de um pensamento ultraliberal no campo da política econômica principalmente no primeiro governo quando PUC-Rio reinou na equipe econômica

Só que parece que há pessoas que ao ouvirem a palavra Estado sentem-se profundamente inquietas.

Por que é tão ruim investir na Universidade?
Por que é ruim abrir mais concursos nas universidades?
Por que é ruim abrir mais vagas?
E por fim: Por que o Senhor só coloca notícias NEGATIVAS a respeito da Universidade brasileira?

Volto a reiterar: a esquerda extremista é minoritária na Universidade Brasileira.
Quem mais partilha das ideias marxistas e de suas derivações nos cursos de ciências humanas (pelo menos no campo dos alunos- que eu posso falar pois terminei há pouco tempo a graduação) são os alunos que tem a melhor renda. A grande maioria está na universidade para estudar e tentar um futuro melhor.

O que não dá é ficar só espalhando notícias negativas sobre o atual quadro da educação no Brasil. Isso deixa-me muito irritado porque parece má fé.

Admito que desrespeitei o Senhor. Mas espero que seja honesto (e também não desrespeite) quando escreve e denigre a Universidade brasileira.

Postado por Anônimo no blog Diplomatizzando...

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Voltei para comentar (como diria um jornalista conhecido, e odiado por esse mesmo pessoal):

1) [O governo Lula] "...apenas vem tentando recuperar o que o governo anterior simplesmente tentou fazer: liquidar a Universidade Pública no Brasil."
PRA: Mentira, mentira, mentira. Seria até estúpido eu responder uma bobagem desse tamanho, mas é o tipo de mentira fraudulenta que gente sem argumentos continua espalhando por ai.
Posso apenas dizer que isso é moralmente abjeto e nem vou responder quanto ao conteúdo.

2) [O] "Governo anterior este que era imbuído de um pensamento ultraliberal no campo da política econômica...
PRA: Mais uma bobagem sem tamanho. Convido esse Anônimo leitor a ler um trabalho meu sobre o pretenso neoliberalismo no Brasil. Pode achar no meu site.

3) "...há pessoas que ao ouvirem a palavra Estado sentem-se profundamente inquietas."
PRA: Quanta bobagem. Estados existem, alguns mais eficientes do que outros. Se o Anônimo me provar que o Estado brasileiro é um modelo de eficiência ganha tres livros meus, ou à sua escolha.
Apenas acrescento o seguinte, se ele não sabe, ou não desconfia: Estados não criam um quilo, um grama, um centimetro, um milésimo de riqueza, apenas retira dos cidadãos os recursos de que necessita para seu trabalho supostamente em benefício da coletividade. Se o Anônimo tivesse consciência cidadã ele constataria que esse Estado balofo que está ai arranca cada vez mais recursos da sociedade com um investimento produtivo mínimo, e com serviços miseráveis. Ele certamente não sabe o que é carga fiscal e não tem ideia comparativa do que isso representa para o setor produtivo. O Brasil é um país inviabilizado pelo peso do Estado, apenas isto.

4) "Por que é tão ruim investir na Universidade? Por que é ruim abrir mais concursos nas universidades? Por que é ruim abrir mais vagas? E por fim: Por que o Senhor só coloca notícias NEGATIVAS a respeito da Universidade brasileira?"
PRA: A universidade brasileira não merece o dinheiro que ganha da sociedade. Não vou me estender em todas as disfunções e deformações da universidade pública -- e sequer toco na ruindade da maior parte das privadas, mas elas supostamente vivem de suas mensalidades, e alguns benefícios fiscais, e não do orçamento público, que todos pagam, mesmo os que não frequentam universidades -- mas é preciso ficar claro que, sob qualquer critério, a produtividade dessas universidades é baixíssima e de qualidade medíocre, quando vista em comparações internacionais. Nada tenho contra abrir mais vagas. Alias, professores que supostamente são de dedicação exclusiva e tempo integral deveriam dar mais aulas, e não levar a vida de ócio que vejo nas IFES. A dedicação exclusiva é uma fraude, como sabem todos os que frequentam as IFES.
Eu só coloco notícias negativas porque não há sentido em ficar elogiando uma coisa ruim, e de toda forma se pretende melhorar o que estar errado, nao elogiar o que está certo, ou é apenas correto (fazer pesquisa, dar aulas, etc, isso é obrigação, não favor, pelo que se paga, e todos pagam).
Repito, a universidade não merece o que ganha.
E digo muito claramente: universidade não deveria ser gratuita, isso é antidemocrático. Deveria ser paga, e contar com bolsas para os que não podem pagar.

Voilà, Anônimo, acho que fui bastante claro.
Paulo Roberto de Almeida
15.04.2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

1775) A universidade publica brasileira a caminho da decadencia...

Eis apenas um pequeno exemplo de como a universidade pública caminha para a decadência (acho que quanto mais rápido melhor).
Da newsletter diária do jornalista gaúcho Políbio Braga (10.03.2010)

A Ufrgs transforma-se no mais moderno Parque dos Dinossauros

A questão da criação do Parque Tecnológico da Ufrgs está só ampliando uma guerra política entre a vanguarda e os grupos neoprimitivistas ligados às areas acadêmicas mais atrasadas, todas elas subordinadas ao reitor Carlos Alexandre Neto, o mais novo neoluddista da praça.

. Parques Tecnológicos já foram criados nas melhores universidades gaúchas, como PUC e Unisinos. O editor visitou vários deles na China, na Índia, no Japão, na Alemanha e nos EUA. Eles colocaram estes Países na liderança tecnológica, portanto da economia global (ler o livro “O Mundo é Plano)

. É inacreditável que o reitor e os professores da Ufrgs, aceitem este tipo de debate reacionário, típico da revolução industrial do século XIX. A volta do protagonismo ideológico jurássico ao comando da universidade, explica porque a Ufrgs transforma-se no refúgio do que existe de pior no RS.

. Nesta quinta-feira, serão criados, no mesmo horário, dois Fóruns:

1) Fórum Chapa Branco, formado por MST, Via Campesina, Levante Popular da Juventude, PSOL, PSTU e outras entidades de extrema esquerda. Este evento foi uma concessão covarde da reitoria, que concordou em criar seu próprio soviete.

2) Fórum em Defesa do Parque Tecnológico da UFRGS, organizado pelo DCE, para o qual foram convidados os centros acadêmicos da Ufrgs, mais Farsul, Federasul, Fecomércio, Fiergs, IL, IEE, Sebra. Este fórum forma o contraditório ao evento chapa branca do reitor.

. O DCE pretende, através do Fórum em Defesa do Parque Tecnológico da UFRGS, mobilizar estudantes e a sociedade civil para a aprovação do Projeto, além de realizar uma grande manifestação em defesa da criação do Parque Tecnológico, na próxima reunião do Consyn, 4 de abril..

. Na última reunião do Conselho Universitário, quinta-feira, ativistas de extrema-esquerda invadiram o saguão da reitoria e impediram a realização da reunião em que seria aprovado o Projeto.

. Os grupos neoprimitivstas de extrema-esquerda não querem o Parque Tecnológico por duas razões:

1) O parque promoverá interação com as empresas privadas, contaminando o virginal ambiente universitário, o que criaria problemas futuros para seus líderes, todos ligados ao lumpesinato e ao setor público.

2) Pesquisas que representem avanços científicos e tecnológicos, no caso do RS, incentivam o agronegócio, em detrimento da produção familiar e orgânica, incapaz de atender sequer 10% da demanda mundial por alimentos – mesmo no seu apogeu.