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quinta-feira, 11 de março de 2010

1775) A universidade publica brasileira a caminho da decadencia...

Eis apenas um pequeno exemplo de como a universidade pública caminha para a decadência (acho que quanto mais rápido melhor).
Da newsletter diária do jornalista gaúcho Políbio Braga (10.03.2010)

A Ufrgs transforma-se no mais moderno Parque dos Dinossauros

A questão da criação do Parque Tecnológico da Ufrgs está só ampliando uma guerra política entre a vanguarda e os grupos neoprimitivistas ligados às areas acadêmicas mais atrasadas, todas elas subordinadas ao reitor Carlos Alexandre Neto, o mais novo neoluddista da praça.

. Parques Tecnológicos já foram criados nas melhores universidades gaúchas, como PUC e Unisinos. O editor visitou vários deles na China, na Índia, no Japão, na Alemanha e nos EUA. Eles colocaram estes Países na liderança tecnológica, portanto da economia global (ler o livro “O Mundo é Plano)

. É inacreditável que o reitor e os professores da Ufrgs, aceitem este tipo de debate reacionário, típico da revolução industrial do século XIX. A volta do protagonismo ideológico jurássico ao comando da universidade, explica porque a Ufrgs transforma-se no refúgio do que existe de pior no RS.

. Nesta quinta-feira, serão criados, no mesmo horário, dois Fóruns:

1) Fórum Chapa Branco, formado por MST, Via Campesina, Levante Popular da Juventude, PSOL, PSTU e outras entidades de extrema esquerda. Este evento foi uma concessão covarde da reitoria, que concordou em criar seu próprio soviete.

2) Fórum em Defesa do Parque Tecnológico da UFRGS, organizado pelo DCE, para o qual foram convidados os centros acadêmicos da Ufrgs, mais Farsul, Federasul, Fecomércio, Fiergs, IL, IEE, Sebra. Este fórum forma o contraditório ao evento chapa branca do reitor.

. O DCE pretende, através do Fórum em Defesa do Parque Tecnológico da UFRGS, mobilizar estudantes e a sociedade civil para a aprovação do Projeto, além de realizar uma grande manifestação em defesa da criação do Parque Tecnológico, na próxima reunião do Consyn, 4 de abril..

. Na última reunião do Conselho Universitário, quinta-feira, ativistas de extrema-esquerda invadiram o saguão da reitoria e impediram a realização da reunião em que seria aprovado o Projeto.

. Os grupos neoprimitivstas de extrema-esquerda não querem o Parque Tecnológico por duas razões:

1) O parque promoverá interação com as empresas privadas, contaminando o virginal ambiente universitário, o que criaria problemas futuros para seus líderes, todos ligados ao lumpesinato e ao setor público.

2) Pesquisas que representem avanços científicos e tecnológicos, no caso do RS, incentivam o agronegócio, em detrimento da produção familiar e orgânica, incapaz de atender sequer 10% da demanda mundial por alimentos – mesmo no seu apogeu.

10 comentários:

Rozenbaum disse...

Como diria meu já falecido avô: "Se tolisse matasse!!"
BH está construindo um parque tecnológico de primeira. o BH-TEc ainda contará com a maior sala limpa da américa latina.
http://www.bhtec.org.br/
Só espero que esse projeto torne realidade.
Entrevista do Diretor do BH-TEC
http://www.ufmg.br/boletim/bol1680/5.shtml
Abraços
Rozenbaum
obs: Por que quanto mais rápido melhor?

Paulo Roberto de Almeida disse...

Rozembaum,
O fato é que a universidade brasileira está em processo de mediocrização. Quanto mais rápido ela entrar em decadência, melhor será, pois pois mais rápida será a recuperação. Acredito que processos agônicos não duram muito...

Vinícius Portella disse...

Paulo,

O reitor Carlos Alexandre Netto não é o mais "novo neoluddista da praça". Ao menos, nada observei que sustentasse esta afirmação, tampouco Políbio Braga apresenta razões para aceitá-la como necessária.

C.A. Netto aparenta estar empenhado na aprovação do projeto do Parque Tecnológico, embora tenha cedido aos fogos com que fora alvejado por ora. Por sua vez, os estudantes que protestaram - nem todos de extrema-esquerda - reclamavam pelo fato de ter havido tentativa de votação do projeto quando do recesso escolar e agora, sem que a comunidade acadêmica tivesse oportunidade de analisá-lo. Em sua maioria, veem como o pecado original da iniciativa a associação da universidade à iniciativa privada, tomando-o como privatização da instituição que é pública. Ademais, sentiram-se excluídos do processo deliberativo a respeito dessa matéria.

Em verdade, o projeto e a implantação do Pq Tec estão sendo pouco debatidos em bases técnicas, tanto daqueles que lhe são contrários, como daqueles que lhe são favoráveis. Em última instância, a maior parte das manifestações que versam sobre isso se dão com base em crenças - como disse, a favor ou contra - porém, poucos são os que de fato têm condições de avaliar o projeto, sob seus aspectos administrativo, de eficiência, etc e propor aprimoramentos calcados em categorias analíticas objetivas. Tal situação é favorecida pelo fato de as universidades - sobretudo as públicas - serem um reduto de mobilização e cooptação partidárias (assim o digo sem distinção de matizes). Um anacronismo do tempo em que a arena política estava fechada e o movimento estudantil fora utilizado como ponta de lança dos partidos. A estes se somam os movimentos sociais que, de maneira análoga, têm no ambiente acadêmico como multiplicar seus meios de exercer pressão política. Tal realidade faz com que o debate desenvolvido na universidade seja carente de argumentos racionais e objetivos, reduzindo-se a um bate-boca apriorístico com baixo grau de análise concreta e empírica dos fatos.

P.S: E como se vê, a imprensa também reverbera esse debate pobre, pois o jornalista PB sequer faz considerações sobre o projeto. Se soma àqueles que tomam o Pq Tec necessariamente como bom a criticar aqueles que o tomam como necessariamente ruim. A velha escolástica da jabuticaba.

Segue o projeto: http://gtup.files.wordpress.com/2010/02/projeto-final-do-parque-tecnologico.pdf
O blog do DCE-UFRGS: http://dceufrgs.wordpress.com/

E as palavras de um manifestante contrário:

Mas porque nos opomos de forma tão veemente a este projeto? Porque pensamos que a lógica do conhecimento produzido na Universidade Pública é inversa. O projeto do Parque defendido por todos estes setores que expusemos acima visa colocar o conhecimento produzido na UFRGS à serviço da iniciativa privada. Nosso projeto visa que o conhecimento produzido na UFRGS deve estar a serviço das necessidades da classe trabalhadora e do povo pobre. Por exemplo, ao invés de fazer uma pesquisa para ampliarmos o lucro da bilionária família Gerdau, a produção do conhecimento deve estar preocupada em como vamos resolver os problemas dos afetados pelas enchentes no RS, como vamos lutar contra o avanço da dengue, enfim, de como vamos enfrentar os graves problemas sociais de nosso país.

..........

Abraços!

Paulo Roberto de Almeida disse...

Qualquer que seja a validade relativa desse parque para o "desenvolvimento" do povo pobre do Brasil, a posicao desse estudante é patética:

""as palavras de um manifestante contrário:

Mas porque nos opomos de forma tão veemente a este projeto? Porque pensamos que a lógica do conhecimento produzido na Universidade Pública é inversa. O projeto do Parque defendido por todos estes setores que expusemos acima visa colocar o conhecimento produzido na UFRGS à serviço da iniciativa privada. Nosso projeto visa que o conhecimento produzido na UFRGS deve estar a serviço das necessidades da classe trabalhadora e do povo pobre.(...)"

A "lógica" desse estudante é a pior possível. É um reacionário e um atrasado, sem que isso seja redundância, apenas ele é os dois, ao mesmo tempo e duplicado.
Esse pessoal seria capaz de enterrar o Brasil rapidamente com suas teorias sobre o povo pobre.
A Universidade pública vive para entretar e reproduzir o "povo rico" e recolhe dinheiro de todos os pobres.
Atraso monumental...

Vinícius Portella disse...

Credito isto, sobretudo, a uma escola básica muito deficiente e a uma incompreensão dos mecanismos que regem os mercados, assim como dos investimentos necessários ao fomento da inovação, no tangente à garantia da manutenção de um ambiente flexível e convidativo a empresas desse tipo por exemplo.

Mário Machado disse...

E todo esse futuro do pretérito sustentado pelos impostos brasileiros dignos do Tony Soprano.

Vinícius Portella disse...

Paulo,

Apenas gostaria de acrescentar dois endereços para aqueles interessados em saber o que os estudantes empenhados em barrar o Pq Tec em seu atual projeto andam pensando e como estão se organizando. Há inclusive imagens feitas por eles.

+ Atentar para:
a. a menção dos movimentos sociais representando TODA a sociedade e não PARCELA desta.
b. a falta de considerações sobre o projeto por meio de seu estudo detalhado.
c. etc (certamente há muito mais o que se observar...)

1. OBSERVATORIO DO PARQUE http://observatoriodoparque.blogspot.com/

2. GRUPO DE TRABALHO UNIVERSIDADE POPULAR http://gtup.wordpress.com/

...

Um grande abraço!

Vinícius Portella disse...

Entrevista de Simon Scwartzman à Veja. Defesa da integração de universidades e de empresas e do investimento em centros de excelência.

Convém lê-la.

Abraços.

Lucy, Sarah, Beta disse...

O pior não é não ter conhecimento, é não ter vontade de buscá-lo! Quando parte desse pessoal contrário (antigo DCE) foi procurado para falar sobre o Parque Tecnológico eles não levantaram isso para a comunidade acadêmica nem para toda a sociedade. Reclamam de "tentativa de aprovação em recesso escolar", mas se isso ocorreu foi por pedido de vistas de uma representante deles (com todo direito). A Universidade não pára só pq os alunos não estão estudando!
Eles não querem um Parque Tecnológico, eles querem um Parque Sócio-cultural. O que não acho errado, mas que não atrapalhem os que defendem sim o desenvolvimento científico-tecnológico. E apresentem eles um projeto para um parque que desejam.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Lucy, Sarah, Beta (tres em uma?),
DCEs, em geral, sao um feudo do PCdoB, a coisa mais anacronica que a gente possa pensar em termos de politica: ainda tem saudades do vovô Stalin e do titio Mao.
Claro, vivem de dinheiro público, criando pela riqueza do capitalismo, e ainda reclamam do capitalismo.
Paulo Roberto de Almeida