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terça-feira, 6 de março de 2012

Politica Externa da Nova Classe - Matias Spektor


Política externa da nova classe
Matias Spektor
Folha de São Paulo, 05/03/2012 - 07h00


A nova classe trabalhadora brasileira transformou a vida pública no país. Responsável pelo dinamismo da economia, atraiu para sua órbita os interesses do capital industrial e financeiro. Maioria absoluta da população, passou a ditar os termos da competição eleitoral.
A trajetória ascendente dessa nova classe pressiona todas as políticas públicas, e a política externa não é uma exceção.
Por isso, a diplomacia precisa adaptar-se à nova tendência. No passado, ela serviu a banqueiros e grandes exportadores da Primeira República; ao projeto de modernização conservadora do Estado Novo; à industrialização nos anos cinquentas; ao autoritarismo anticomunista nos sessentas; à marcha forçada do nacional-desenvolvimentismo nos setentas; e, nos oitentas, à gestão do endividamento externo e da abertura política.
Com Fernando Henrique e Lula, normalizou as relações com o mundo, assegurou a sobrevida do Plano Real, pôs o país no mapa geopolítico e começou a internacionalizar o capitalismo brasileiro.
Agora, a política externa é pressionada para atender a um novo imperativo --os interesses da massa de cidadãos recém incorporada ao espaço da política e do mercado.
O que pode fazer a diplomacia por operadores de telemarketing, maquinistas, feirantes, empregadas domésticas, motoristas ou pequenos produtores rurais país afora?
Muito. Trata-se de debelar os obstáculos externos que dificultam o pertencimento desses brasileiros a uma nova classe social em expansão. A lista de exemplos é vasta. Inclui medidas como a adoção de práticas comerciais para o benefício do consumidor de baixa renda. A proteção consular a quem deixa o país temporariamente em busca de oportunidades. A redução de empecilhos para o jovem que, munido de Bolsa Família e ProUni, sonha em estudar no estrangeiro pelo Ciências Sem Fronteiras.
Nenhuma dessas áreas exige a reinvenção da roda e há indícios de que a política externa já pende nessa direção há algum tempo. Basta lembrar de como a universalização do acesso a remédios virou emblema nacional, levando nossos agentes diplomáticos a uma batalha global pelo licenciamento compulsório de patentes da indústria farmacêutica. Exemplos como esse serão cada vez mais comuns.
Hoje, contudo, as iniciativas existentes ainda são poucas e não estão unificadas sob um conceito estratégico comum. Ainda não constituem um projeto.
O governo que fizer os ajustes necessários poderá atuar à frente de seu tempo, inaugurando pela primeira vez uma estratégia internacional a serviço daqueles que batalham por uma vida mais digna e são maioria no país.
Uma política externa assim orientada buscará acelerar o processo de redução de assimetrias entre ricos e pobres, nossa mais perversa característica. A desigualdade, com toda sua injustiça e violência, é hoje o fator que mais limita nosso poder, prestígio e influência no mundo.
Organizar a política externa nesses termos não será fácil nem livre de conflitos. Não é necessário ser marxista para entender que o crescimento de uma classe colide com os interesses de outra. Ou para ver que o preconceito de classe ainda impregna as instituições, o debate público e até mesmo aquilo que nossa imaginação considera possível.
Mas a nova tendência está dada e veio para ficar. Maior e melhor desafio diplomático não há.
Matias Spektor
Matias Spektor ensina relações internacionais na FGV. É autor de "Kissinger e o Brasil e de Azeredo da Silveira: um depoimento". Trabalhou para as Nações Unidas antes de completar seu doutorado na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Foi pesquisador visitante no Council on Foreign Relations (Estados Unidos) e assina uma coluna no "International Herald Tribune".

Meus comentários ao artigo de Matias Spektor (PRA): 

Creio que ele se ajusta ao mood atual brasileiro, quase lulo-petista, já que o ex-presidente desfruta, ao que parece, de 80% de aprovacao (a confirmar, por pesquisas independentes) e, se não fosse por problemas de saúde, seria eleito novamente no primeiro turno.
O artigo vem, pois, confortar os que acham que está tudo muito bem no Brasil, com essa ascensão do que foi chamado de "nova classe trabalhadora".
Meu rigor analitico sociologico, entretanto, me induziriam a formular as seguintes observações.
O que é uma "classe trabalhadora" e o que seria a "nova classe"?
Isso o artigo não diz e deixa no leitor a impressão que essa nova classe trabalhadora é aquela que ascendeu a partir da posse de Lula.
Não creio, porém, que se poderia confundir os trabalhadores em geral -- que tenho muita dificuldade em classificar como classe, em virtude da extrema diversidade de composição, com um peso maior nos setores desorganizados do terciario, justamente -- com aqueles que, ligados ao sistema sindical ascenderam, sim, com Lula a cargos de responsabilidade no novo esquema de poder.
Quem seria a "nova classe"?: os integrados ao mercado de trabalho, uma massa variada de milhões de pessoas, ou os companheiros que estão em cargos de poder, algumas centenas, talvez alguns milhares, juntando todos aqueles que não estão diretamente na máquina pública mas que vivem de transferências governamentais?
Para mim essa é uma diferenca crucial, e já que se quer falar de politicas públicas, e de politica externa em particular, creio que a diferença ai seria mais propriamente entre massa e "nomenklatura", a nova classe, mas a de Djilas.
Dizer que "a política externa é pressionada para atender a um novo imperativo", ou seja, alegadamente, os interesses da massa de cidadãos recém incorporada ao espaço da política e do mercado, representaria dizer que a diplomacia do governo atual atua em favor dos interesses da massa de cidadãos.
Creio que essa é também uma afirmação arriscada, pois ela teria de ser comprovada por testes empíricos, que exigiriam correlacionar cada uma das iniciativas de politica externa com esses interesses especificamente.
Este seria o maior exercício prático a ser feito, não num artigo de jornal, mas num artigo sério. Peguemos, portanto, todas as grandes iniciativas diplomaticas de Lula, no plano regional e no internacional, e vejamos se elas atendem os interesses -- nao de uma nova classe, conceito impreciso -- mas da grande massa, ou seja, os setores incorporados ao consumo, que esta é sim uma realidade tangível, aqueles estratos de classe E e D, que ascenderam para a C e comecaram a comprar produtos duraveis na base do crediario e dos "10 vezes sem juros". Creio que Spektor está se referindo a estas pessoas, certo?
Entao vejamos: IBAS, BRICs, Unasul, relacoes Sul-Sul, diplomacia da generosidade na América Latina, enfim, relacionemos todas essas iniciativas e vejamos o que elas teriam para a "nova classe".
Este é o desafio a ser feito.
Alguns indicios no artigo: 
"Trata-se de debelar os obstáculos externos que dificultam o pertencimento desses brasileiros a uma nova classe social em expansão."
Pois bem, caberia identificar esses obstáculos externos: protecionismo agricola europeu? Dificuldades de transferencia de tecnologia? Protecionismo externo em geral? Concorrência desleal, dumping chines, guerra cambial, quais seriam esses obstaculos?
O protecionismo brasileiro atual ajuda a nova classe?
O artigo menciona o exemplo dos genericos: "universalização do acesso a remédios virou emblema nacional, levando nossos agentes diplomáticos a uma batalha global pelo licenciamento compulsório de patentes da indústria farmacêutica."
O licenciamento compulsório de tecnologia proprietária (ou seja, de produtos que ainda nao perderam a patente, já que a imensa maiorias dos genéricos é composta de patentes expiradas) ajudaria a massa dos cidadãos de fato?
Spketor diz que a desiguldade (interna, suponho) é o principal obstaculo ao aumento do prestígio do Brasil no mundo, com o que concordo apenas em parte (pois China e India, que estão crescendo em influencia mundial, tem enormes taxas de desiguldade, no caso da China crescente), mas eu me pergunto o que a diplomacia teria a fazer para reduzir a desiguladade interna?
Estas sao minhas observações a este artigo provocador, que deve despertar interesse no Itamaraty, pois ele se ajusta, como disse, ao mood atual.
Paulo Roberto de Almeida 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Revisionismo diplomatico: em curso, a qual velocidade, mesmo?

A julgar pela matéria abaixo, parece que nos anos Lula a diplomacia brasileira viveu uma fase de "desaproximação" com os EUA -- ou afastamento, se vocês desejarem algo mais tangível -- e de apoio aos violadores dos direitos humanos, vocês sabem, esses ditadores anacrônicos, esses déspotas pouco esclarecidos, esses caudilhos histriônicos e outros candidatos ao lado ridículo da história.
Bem, não sou em quem está dizendo. Eu apenas deduzo do que leio...
Paulo Roberto de Almeida

Política externa: reaproximação com os EUA e direitos humanos

DESTAQUES EM BRASIL

RIO - Especialistas na política externa têm uma visão diferente do atual momento brasileiro. Acham que mudanças significativas na política externa brasileira já aconteceram no ano passado. Citam o evidente processo de reaproximação com os Estados Unidos e um foco maior na defesa dos direitos humanos como marcas nítidas das diferenças de atuação no cenário externo dos governos Dilma e Lula.- O caso do Irã é emblemático - observa o diplomata Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e ex-secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).
Temas dominantes no segundo mandato de Lula, a busca de um papel mais ativo no Oriente Médio e a tentativa de liderar um acordo internacional sobre a questão nuclear iraniana foram abandonadas pelo Itamaraty do ministro Patriota.
Tudo isso foi equacionado de forma sensata na administração de Dilma Rousseff. O governo atual procurou mostrar que o Irã tem graves problemas em direitos humanos e deixou de falar do país como parceiro estratégico - diz Ricupero, lembrando que a nova postura levou à exclusão de Brasília numa recente viagem à América Latina do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Welber Barral, consultor e ex-secretário de Comércio Exterior do governo Lula, também destacou a mudança de postura do Brasil nas votações sobre a Síria.
- O governo Dilma já não mais vota contra ou se abstém em relação a países acusados de abusos contra os direitos humanos - disse Barral.
Já ao analisar a relação entre Brasil e Estados Unidos, o ex-ministro Ricupero ressalta que o governo se posicionou com jeito e habilidade para não brigar com sua clientela - o PT e a esquerda. Mas o que houve, de fato, foi a reaproximação com os Estados Unidos e o afastamento de países problemáticos.
Para o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília Virgílio Arraes, os próximos movimentos do governo Dilma deverão se pautar pela busca de novos mercados de forma pragmática. No campo político, a área externa estará especialmente atenta às eleições presidenciais americanas, no segundo semestre deste ano.
- O Brasil deve continuar a diversificar a pauta comercial, porque os europeus estão em crise, e o mundo árabe, de certa forma, vive um momento de instabilidade que não é positivo - analisa Arraes. - Mas o país deve se voltar para si mesmo e melhorar sua imagem, pois em 2014 e 2016 estaremos expostos aos olhos do mundo, com a Copa e as Olimpíadas. A melhor propaganda não é na política externa, e sim na política interna.

Idiotice politicamente correta faz grandes progressos no Brasil

Juizes, procuradores, desembargadores, rabulas, adevogados de porta de cadeia, consciência moral do País, uní-vos, neste santo combate contra o impoliticamente incorreto, as frases capciosas, os conceitos deletérios, a nega de cabelo duro, o samba do crioulo doido, e todos esses pretos de alma branca, ou brancos de alma preta, que insistem em usar frases perniciosas para nossa correta moral e bons costumes.
Adiante idiotas do politicamente correto, limpai as estantes de livros de Monteiro Lobato, de Lima Barreto, enfim, qualquer coisa que contiver um pingo, um grama, um centímetro dessas coisas que ofendem nossas almas sensíveis e nossos cérebros desertos...
O Brasil é mesmo um país que vai para a frente: a toda velocidade para a mediocridade, para a imbecilização, as loucuras mais idiotas que se possa pensar, graças aos guardiões do ridículo e do irrelevante...
Paulo Roberto de Almeida 



Por Nathalia Goulart, na VEJA Online, 5/03/2012

O dicionário Houaiss vai resistir ao assédio das patrulhas ideológicas. Isso é o que garante Mauro Villar, diretor do Instuto Antônio Houaiss, que edita a obra. Na prática isso significa que o IAH pretende recorrer de eventual decisão judicial que o obrigue a apagar do volume acepções pejorativas de verbetes como cigano. Pode parecer absurdo. Mas, de fato, na semana passada, o Ministério Público Federal (MPF) em Minas Gerais entrou com uma ação na Justiça pedindo que sejam recolhidos os exemplares do dicionário porque o tal verbete explica que a palavra cigano pode assumir significados - insultuosos, bem destaca a obra - como “trapaceiro, velhaco, burlador”. Isso, na visão embaralhada do MPF, ajuda a disseminar o preconceito contra os ciganos e a intolerância étnica. “Nos solidarizamos com todos os grupos que se sentem vítima de preconceito e discriminação, mas entendo que os dicionários não são palco para lutas dessa natureza”, diz Villar. “Caso ela (a juíza que analisa o caso) decida acatar o pedido do MPF, acionaremos nossos advogados a iremos defender nossa posição na Justiça.” Leia a seguir a entrevista que ele concedeu a VEJA.
Qual a posição do IAH diante da ação do MPF em Minas Gerais?
Em 2010, recebemos uma notificação por intermédio da Editora Objetiva, que publica nosso dicionário. Analisamos a situação e enviamos à editora uma resposta formal, explicando nossa posição de manter o verbete cigano exatamente como está.
O que pesou na decisão?
Não vemos razão para qualquer tipo de supressão. Nos solidarizamos com todos os grupos que se sentem vítimas de preconceito e discriminação, mas entendo que os dicionários não são palco para lutas dessa natureza. Dicionários são um espelho da sociedade. Tudo o que existe de bom e de ruim deve estar registrado ali. Nada pode ir para debaixo do tapete. Tudo o que é pejorativo ou mesmo agressivo precisa estar ali, devidamente esclarecido. É como fazem os dicionários modernos em todo o mundo.
Os verbetes cigano e negro foram retirados da versão on-line do Houaiss. Essa decisão partiu do senhor?
Não. Foi uma decisão tomada dentro do Instituto enquanto eu estava fora do país, na semana passada. Assim que retornei, solicitei que fossem inseridos novamente os verbetes. Não vejo sentido nenhum nessa retirada.
O IAH, em parceira com a Objetiva, já prepara uma nova edição do dicionário. Ela trará mudanças?
Era uma mudança já prevista. Não haverá alterações nas acepções. No entanto, haverá uma observação nos usos pejorativos, com explicações mais aprofundadas e o objetivo de contextualizar determinados usos.
E quanto ao andamento do processo na Justiça?
A notícia que tenho é que a juíza da Justiça Federal de Uberlândia está analisando a ação. Caso ela decida acatar o pedido do MPF, acionaremos nossos advogados a iremos defender nossa posição na Justiça. 

Ditadores: grudai no poder (e nao largai, mas alguem pode derrubar...)

A revista Economist é sempre muito precisa quanto aos números, mas de uma metodologia toda inglesa. A Venezuela, por exemplo, trocou muito até 1999; se dependesse do Chávez, agora, ele ficaria até 2030. Não é por vontade própria que ele ficará menos...
Paulo Roberto de Almeida 
Daily chart

Staying power

Mar 5th 2012, 17:12 by The Economist online
How long leaders stay in office in different countries
OMAN’s name is thought to derive from a word meaning “a man residing permanently in the homeland"—but "presiding” might be more apt. Since 1945, the starting point for our analysis, the sultanate has only had two rulers, making it the country with the lowest turnover of leaders in the world. Countries in the Middle East tend to hold on to their leaders longer than anywhere else (a little over eight years on average). Africa comes next at more than seven years. Latin America, cursed for decades by coups, has in a more democratic era maintained its tendency to swap rulers every four years or so. Europeans tire of their leaders quicker than any other region, in part due to a general predominance of prime ministers over presidents, but also to power-sharing arrangements in countries like Switzerland. Our methodology, however, looks at individuals rather than terms, so does not fully account for the variations of revolving-door presidencies like that of Russia under Vladimir Putin.

Dilma determina mudança na política externa do Brasil - Agencia Globo


Dilma determina mudança na política externa do Brasil

- Houve fortes mudanças no mundo no último ano. Por isso, vamos redefinir um projeto de diversificação do Brasil no mundo - resume o assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia.
Desde o início do ano, um seleto grupo de ministros e assessores especiais da área externa está discutindo formas de o Brasil aproveitar o entusiasmo com o país para amplificar a sua voz nos grandes temas da atualidade. A equipe é comandada pelos ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, da Fazenda, Guido Mantega, e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Cada um na sua área, eles mapearão as oportunidades para reforçar a presença brasileira na agenda mundial.
- Relações internacionais não são uma ciência exata. Tentamos buscar caminhos através de uma postura de coerência que dê credibilidade ao país - explica Patriota.
Numa linguagem mais simples, diplomatas menos estrelados contam que já estão sentindo o gostinho de participar das grandes decisões do mundo, e são muitos os indícios de que o Brasil está entrando para o grupo dos países dominantes.
- É esta experiência que precisamos sistematizar e transformar em política - diz um embaixador.
Segundo Patriota, o governo manterá o que chamou de "âncora regional" em sua política externa, focada na preservação da paz e da democracia na América do Sul. Na vertente econômica, o chanceler diz que as perspectivas para os países da região são as mais promissoras das últimas décadas.
- Isso permite que nos concentremos em uma agenda positiva e em um engajamento pleno nas grandes questões internacionais - observa o ministro.
Marco Aurélio concorda, mas acredita que os países da região necessitam de mais atenção do Brasil:
- Os vizinhos reclamam nossa atenção. Estão carentes.
Tanto ele como Patriota destacam que o mundo agora é multipolar, o que permite um número maior de protagonistas. Ambos citam a China como exemplo e ressaltaram as divergências de opiniões surgidas no Conselho de Segurança da ONU em relação à Síria: chineses e russos de um lado e americanos de outro.
- Parece a volta da Guerra Fria - diz Marco Aurélio
- O Brasil se mantém firme em suas posições e leva muito em conta a opinião dos países da região - enfatiza Patriota.
Encontro para discutir crise
Os dois, no entanto, rejeitam a ideia de que o Brasil está menos falante desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a faixa para Dilma. A presidente, dizem todos, gosta de fazer política externa, conhece o assunto e dedica ao tema o mesmo interesse que seu antecessor. Claro que cada um com seu estilo: Dilma lê para se informar, Lula era intuitivo.
Na semana passada, a presidente fez críticas aos países ricos, ao dizer que a Europa provocou um "tsunami monetário" com suas medidas adotadas para enfrentar a crise. Hoje, Dilma deverá tratar do tema com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. A presidente chegou na noite de ontem a Hannover, por volta das 20h30m, duas horas após o previsto. Uma escala técnica no Porto, em Portugal, provocou o atraso. O encontro com Merkel será hoje, na abertura da maior feira de tecnologia do mundo, a CeBit.
- Lula sempre se moveu a partir de suas intuições. As reuniões de cúpula da América do Sul com os países árabes e com a África, assim como a tentativa de mediação de um acordo com o Irã, foram ideias dele. Agora, o momento é de colher frutos, olhar de forma mais minuciosa as mudanças que houve no mundo - diz Marco Aurélio, assessor internacional da Presidência desde o primeiro mandato de Lula.
Ao ser perguntado, em Hannover, sobre a conversa que Dilma terá com a chanceler da Alemanha, Marco Aurélio diz que a presidente vai repetir em público e na reunião privada com a chanceler alemã a crítica que fez aos países ricos.

domingo, 4 de março de 2012

Cuba se prepara para el poschavismo - Carlos Alberto Montaner


Cuba se prepara para el poschavismo

Infolatam
Miami, 4 marzo 2012
Por CARLOS ALBERTO MONTANER
El gobierno cubano da por descontado que Chávez se morirá a corto plazo. Me lo dijo un diplomático acreditado en Cuba recitando unos conocidos versos de Martí: “El palacio está de luto y en el trono llora el rey/ el hijo del rey se ha muerto/ se le ha muerto el hijo al rey”.
Todavía no ha ocurrido. El hijo del rey todavía está vivo, aunque muy averiado, pero Raúl y un desconsoladoFidel dan su muerte como un hecho inevitable. Para Fidel es una catástrofe política. Chávez era su heredero en la tarea de luchar contra el imperialismo yanqui y crear un glorioso mundillo colectivista y autoritario como el que se hundió tras la “traición” de Gorbachov hace ya más de 20 años. Raúl no servía para nada de eso. Carecía de la facultad de soñar que puebla la sesera incendiaria de los revolucionarios. Raúl era demasiado pragmático, demasiado apegado a la realidad, esa cosa extraña y despreciable.
Fidel ha vuelto al estado anímico del prechavismo. En los noventa del siglo pasado languidecía melancólicamente convencido de que todo había sido inútil, cuando, súbitamente, apareció Chávez en el panorama con una cartera repleta de petrodólares y la furia del cruzado en la mirada. Fidel se volvió a ilusionar. Rápido, ensíllenme de nuevo a Rocinante. Ése era el hombre. Ése era su discípulo amado, el hijo de sus entrañas ideológicas, y ahora parece que se le muere en la flor de la vida política, a los 57 añitos.
¿Quién es el heredero? Dentro de Venezuela, nadie. Fuera de Venezuela, menos todavía. En el chavismo hay media docena que quisieran ocupar la poltrona presidencial –Cabello, Maduro, Jaua, Rangel Silva, Adam Chávez, José Vicente Rangel–, pero ninguno posee esa descocada vocación mesiánica que se necesita para salir a conquistar el planeta. Potencialmente, cualquiera de ellos puede administrar a palo y tentetieso el manicomio local, pero no es eso lo que Fidel tenía en su atormentada cabeza cuando ungió a Chávez como sucesor de su trono revolucionario.
Raúl Castro, que es un tipo previsor y metódico, ya está haciendo sus planes de contingencia. Para la dictadura son fundamentales los 110 000 barriles de petróleo  que Venezuela aporta diariamente. Esa notable cantidad de crudo puede ser sustituida por las extracciones que Repsol intenta realizar en aguas cubanas, pero según los cálculos de la empresa española, sólo hay un 17% de posibilidades de hallar ese petróleo y el bolsón de combustible quizás es una cuarta parte de lo que La Habana calcula.
En cualquier caso, si lo encuentran, ese petróleo tardará unos dos años en llegar a las termoeléctricas cubanas para generar electricidad –su principal destino– y a los mercados internacionales para adquirir dólares, para lo cual ya se ha creado una comisión destinada a administrar esos hipotéticos fondos. Raúl, pues, necesita prolongar al menos por dos años el ordeño de la generosa vaca venezolana.
¿Cómo intenta lograrlo? Primero, formando parte, muy cuidadosamente, aunque de forma poco visible, del mecanismo de trasmisión de la autoridad que escogerá al sucesor de Chávez. Segundo, acercándose discretamente a Henrique Capriles, el popular candidato de la oposición democrática, quien tiene una altísima probabilidad de ganar las elecciones del 7 de octubre.
Según el análisis de “los cubanos” (así les llaman a los interventores castristas), cualquiera que compita contraCapriles va a perder, y ni siquiera tendrá la oportunidad de hacer trampas sin provocar un golpe militar por la derecha que sería catastrófico para La Habana.
De manera que la fórmula más conveniente para Cuba es disolver pacíficamente el matrimonio contra natura entre los dos países, pero dándose el plazo de dos años que Raúl Castro cree necesitar para que la economía de la Isla no experimente la misma contracción que padeció tras el fin del subsidio soviético. Entonces, la ya miserable capacidad de consumo de los cubanos sufrió una merma del 50% y hubo miles de casos de desnutrición que provocaron la ceguera a muchas personas (ninguna de ellas, por cierto, perteneciente a la clase dominante).
¿Tendrán éxito las maniobras de Raúl? No lo creo. Generalmente, esos planes nunca funcionan. Las cosas ocurren de otro modo porque están sujetas a decisiones y sucesos imprevisibles que cambian el panorama en un instante. Es lo que los analistas llaman “los factores imponderables”.  ¿Quién hubiera pensado que el fin del chavismo se generaría a destiempo en la oscura humedad de un colon impertinente?. Esa es la extraña belleza de la historia.

Carlos Alberto Montaner nació en La Habana en 1943. Es escritor y periodista. Ha sido profesor universitario y conferenciante en varias instituciones de América Latina y Estados Unidos. Es autor de unos quince títulos, entre los que se destacan sus libros de ensayos Doscientos años de gringos, La agonía de América, Libertad, la clave de la prosperidad, No perdamos también el siglo XXI y Viaje al corazón de Cuba. Es coautor de "Manual del perfecto idiota latinoamericano" y de "Fabricantes de miseria". Como narrador, ha publicado las novelas "Trama" y "Perromundo". Ha sido traducido al inglés, el italiano, el portugués y el ruso. Semanalmente varias docenas de diarios de América Latina, España y Estados Unidos reproducen su columna periodística. Vive en Madrid desde 1970. Es vicepresidente de la Internacional Liberal.