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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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terça-feira, 27 de maio de 2014

Enorme crescimento do PIB no Brasil, a Producao Interna de Bobagens

Mais do que bobagens, se trata de uma imbecilidade notória. Claro que não vai ser aprovado, mas só sua apresentação garante ao projeto a suprema distinção de receber o Prêmio Idiotice do Ano. Só um retardado mental poderia pensar numa estupidez desse tipo.
Paulo Roberto de Almeida 

Projeto proíbe órgãos públicos de comprar publicações estrangeiras

Alexandra Martins
Vicentinho
Vicentinho: incentivo a produtos nacionais.
A Câmara analisa o Projeto de Lei 7299/14, do deputado Vicentinho (PT-SP), que proíbe os órgãos públicos federais estaduais e municipais de adquirirem publicações gráficas estrangeiras.

“O poder público não deve favorecer o mercado externo em detrimento das produções nacionais”, argumenta o deputado. Pelo texto, os órgãos públicos poderão adquirir apenas as publicações “de natureza especial sem similaridade com produtos fabricados no País”.
“A necessidade de crescimento da economia nacional obriga-nos a voltar as atenções aos produtos produzidos internamente”, complementa Vicentinho.

Tramitação

De caráter conclusivo, a proposta será analisada pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta:

sábado, 16 de novembro de 2013

O Brasil se "imbecilizou", ou os estupidos estao tomando conta do pais? - L. F. Ponde, Orlando Tambosi

Apenas dois exemplos do estado de indigência mental em que mergulhou o país, depois de anos, décadas de doutrinação idiota, que ensina que ser capitalista é uma coisa perversa e negativa para o país.
Conheço os meios universitários, e posso assegurar que, na minha tribo, mais da metade corresponde exatamente ao perfil desenhado nestas matérias.
A nota contra a formação de empresas juniores na UFSC é um primor da estupidez consumada, o suprasumo da idiotice coletiva que pode atingir um grupo dominado por uma minoria militante; ela é absolutamente representativa de uma pequena minoria, mas que consegue prejudicar um coletivo de milhares de passivos.
Nem tudo está perdido, porém. Um punhado de abnegados dentre o pessoal discente, os "Estudantes Pela Liberdade", resiste bravamente à essa onda de imbecilização e de estupidez concentrada que se manifesta através dos "batalhadores contra o capital".
Vai ser preciso muito mais, e vai durar mais tempo, mas em algum momento as pessoas vão ficar razoáveis e proclamar que os bizarros da luta de classes pertencem mais ao museu das antiguidades do que aos cenáculos acadêmicos normais...
Paulo Roberto de Almeida

Eu acuso
Luis Felipe Pondé
Folha de S.Paulo, 04/11/2013
Muitos alunos de universidade e ensino médio estão sendo acuados em sala de aula por recusarem a pregação marxista. São reprovados em trabalhos ou taxados de egoístas e insensíveis. No Enem, questões ideológicas obrigam esses jovens a "fingirem" que são marxistas para não terem resultados ruins.
Estamos entrando numa época de trevas no país. O bullying ideológico com os mais jovens é apenas o efeito, a causa é maior. Vejamos.
No cenário geral, desde a maldita ditadura, colou no país a imagem de que a esquerda é amante da liberdade. Mentira. Só analfabeto em história pensa isso. Também colou a imagem de que ela foi vítima da ditadura. Claro, muitas pessoas o foram, sofreram terríveis torturas e isso deve ser apurado. Mas, refiro-me ao projeto político da esquerda. Este se saiu muito bem porque conseguiu vender a imagem de que a esquerda é amante da liberdade, quando na realidade é extremamente autoritária.
Nas universidades, tomaram as ciências humanas, principalmente as sociais, a ponto de fazerem da universidade púlpito de pregação. No ensino médio, assumem que a única coisa que os alunos devem conhecer como "estudo do meio" é a realidade do MST, como se o mundo fosse feito apenas por seus parceiros políticos. Demonizam a atividade empresarial como se esta fosse feita por criminosos usurários. Se pudessem, sacrificariam um Shylock por dia.
Estamos entrando num período de trevas. Nos partidos políticos, a seita tomou o espectro ideológico na sua quase totalidade. Só há partidos de esquerda, centro-esquerda, esquerda corrupta (o que é normalíssimo) e do "pântano". Não há outra opção.
A camada média dos agentes da mídia também é bastante tomada por crentes. A própria magistratura não escapa da influência do credo em questão. Artistas brincam de amantes dos "black blocs" e se esquecem que tudo que têm vem do mercado de bens culturais. Mas o fato é que brincar de simpatizante de mascarado vende disco.
Em vez do debate de ideias, passam à violência difamatória, intimidação e recusam o jogo democrático em nome de uma suposta santidade política e moral que a história do século 20 na sua totalidade desmente. Usam táticas do fascismo mais antigo: eliminar o descrente antes de tudo pela redução dele ao silêncio, apostando no medo.
Mesmos os institutos culturais financiados por bancos despejam rios de dinheiro na formação de jovens intelectuais contra a sociedade de mercado, contra a liberdade de expressão e a favor do flerte com a violência "revolucionária".
Além da opção dos bancos por investirem em intelectuais da seita marxista (e suas similares), como a maioria esmagadora dos departamentos de ciências humanas estão fechados aos não crentes, dezenas de jovens não crentes na seita marxista soçobram no vazio profissional.
Logo quase não haverá resistência ao ataque à democracia entre nós. A ameaça da ditadura volta, não carregada por um golpe, mas erguida por um lento processo de aniquilamento de qualquer pensamento possível contra a seita.
E aí voltamos aos alunos. Além de sofrerem nas mãos de professores (claro que não se trata da totalidade da categoria) que acuam os não crentes, acusando-os de antiéticos porque não comungam com a crença "cubana", muitos desses jovens veem seu dia a dia confiscado pelo autoritarismo de colegas que se arvoram em representantes dos alunos ou das instituições de ensino, criando impasses cotidianos como invasão de reitorias e greves votadas por uma minoria que sequestra a liberdade da maioria de viver sua vida em paz.
Muitos desses movimentos são autoritários, inclusive porque trabalham também com a intimidação e difamação dos colegas não crentes. Pura truculência ideológica.
Como estes não crentes não formam um grupo, não são articulados nem têm tempo para sê-lo, a truculência dos autoritários faz um estrago diante da inexistência de uma resistência organizada.
Recebo muitos e-mails desses jovens. Um deles, especificamente, já desistiu de dois cursos de humanas por não aceitar a pregação. Uma vergonha para nós.


Luiz Felipe Pondé, pernambucano, filósofo, escritor e ensaísta, doutor pela USP, pós-doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv, professor da PUC-SP e da Faap, discute temas como comportamento contemporâneo, religião, niilismo, ciência. Autor de vários títulos, entre eles, "Contra um mundo melhor" (Ed. LeYa). Escreve às segundas na versão impressa de "Ilustrada".
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Orlando Tambosi, 15/11/2013

No Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC (CFH), onde impera o discurso ideológico, não há lugar para empreendedores. O Centro, ao qual pertence a atual reitora, proíbe que os estudantes se relacionem com o mercado, isto é, criem empresas juniores. Para uma universidade que mantém um entreposto bolivariano, o tal de Iela, a proibição não chega a surpreender. Capitalismo, liberalismo e livre-mercado são expressões condenadas no vocabulário do campus. Viva o marxismo!

Cito a nota divulgada no site do CFH:

Com 553 pessoas credenciadas, entre estudantes técnicos/as e professores/as, e o saguão e galerias do prédio de salas de aula totalmente lotados, a assembleia geral que reuniu nesta quarta, 13 de novembro, a comunidade do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC, deliberou, por 329 votos a 160, por não autorizar a criação de empresas juniores no Centro. O voto majoritário foi: “O entendimento desta assembleia geral do CFH é de que as empresas juniores não são coerentes pedagogicamente com o papel da universidade pública. Portanto, a posição desta assembleia é de que não se credencie/autorize a criação de empresas juniores neste centro.”

A assembleia foi o desfecho de um processo de várias semanas de debates chamados pelo Conselho de Unidade e por diversos setores do Centro. Após uma rodada de 

trinta inscrições, em que posições contrárias e favoráveis à criação de EJs no Centro foram defendidas, procedeu-se à votação por meio dos cartões cor-de-rosa recebidos no credenciamento.
Havia um grande número de estudantes de outros centros presentes, o que evidencia a importância da discussão feita no Centro, inédita na UFSC, e da decisão tomada.
O resultado da assembleia, convocada em caráter consultivo pelo Conselho do CFH, será apreciada por este ainda no mês de novembro.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Idiotice politicamente correta faz grandes progressos no Brasil

Juizes, procuradores, desembargadores, rabulas, adevogados de porta de cadeia, consciência moral do País, uní-vos, neste santo combate contra o impoliticamente incorreto, as frases capciosas, os conceitos deletérios, a nega de cabelo duro, o samba do crioulo doido, e todos esses pretos de alma branca, ou brancos de alma preta, que insistem em usar frases perniciosas para nossa correta moral e bons costumes.
Adiante idiotas do politicamente correto, limpai as estantes de livros de Monteiro Lobato, de Lima Barreto, enfim, qualquer coisa que contiver um pingo, um grama, um centímetro dessas coisas que ofendem nossas almas sensíveis e nossos cérebros desertos...
O Brasil é mesmo um país que vai para a frente: a toda velocidade para a mediocridade, para a imbecilização, as loucuras mais idiotas que se possa pensar, graças aos guardiões do ridículo e do irrelevante...
Paulo Roberto de Almeida 



Por Nathalia Goulart, na VEJA Online, 5/03/2012

O dicionário Houaiss vai resistir ao assédio das patrulhas ideológicas. Isso é o que garante Mauro Villar, diretor do Instuto Antônio Houaiss, que edita a obra. Na prática isso significa que o IAH pretende recorrer de eventual decisão judicial que o obrigue a apagar do volume acepções pejorativas de verbetes como cigano. Pode parecer absurdo. Mas, de fato, na semana passada, o Ministério Público Federal (MPF) em Minas Gerais entrou com uma ação na Justiça pedindo que sejam recolhidos os exemplares do dicionário porque o tal verbete explica que a palavra cigano pode assumir significados - insultuosos, bem destaca a obra - como “trapaceiro, velhaco, burlador”. Isso, na visão embaralhada do MPF, ajuda a disseminar o preconceito contra os ciganos e a intolerância étnica. “Nos solidarizamos com todos os grupos que se sentem vítima de preconceito e discriminação, mas entendo que os dicionários não são palco para lutas dessa natureza”, diz Villar. “Caso ela (a juíza que analisa o caso) decida acatar o pedido do MPF, acionaremos nossos advogados a iremos defender nossa posição na Justiça.” Leia a seguir a entrevista que ele concedeu a VEJA.
Qual a posição do IAH diante da ação do MPF em Minas Gerais?
Em 2010, recebemos uma notificação por intermédio da Editora Objetiva, que publica nosso dicionário. Analisamos a situação e enviamos à editora uma resposta formal, explicando nossa posição de manter o verbete cigano exatamente como está.
O que pesou na decisão?
Não vemos razão para qualquer tipo de supressão. Nos solidarizamos com todos os grupos que se sentem vítimas de preconceito e discriminação, mas entendo que os dicionários não são palco para lutas dessa natureza. Dicionários são um espelho da sociedade. Tudo o que existe de bom e de ruim deve estar registrado ali. Nada pode ir para debaixo do tapete. Tudo o que é pejorativo ou mesmo agressivo precisa estar ali, devidamente esclarecido. É como fazem os dicionários modernos em todo o mundo.
Os verbetes cigano e negro foram retirados da versão on-line do Houaiss. Essa decisão partiu do senhor?
Não. Foi uma decisão tomada dentro do Instituto enquanto eu estava fora do país, na semana passada. Assim que retornei, solicitei que fossem inseridos novamente os verbetes. Não vejo sentido nenhum nessa retirada.
O IAH, em parceira com a Objetiva, já prepara uma nova edição do dicionário. Ela trará mudanças?
Era uma mudança já prevista. Não haverá alterações nas acepções. No entanto, haverá uma observação nos usos pejorativos, com explicações mais aprofundadas e o objetivo de contextualizar determinados usos.
E quanto ao andamento do processo na Justiça?
A notícia que tenho é que a juíza da Justiça Federal de Uberlândia está analisando a ação. Caso ela decida acatar o pedido do MPF, acionaremos nossos advogados a iremos defender nossa posição na Justiça. 

domingo, 13 de novembro de 2011

A Aliança pela Liberdade e os estudantes da UnB - Paulo Roberto de Almeida


A Aliança pela Liberdade e os estudantes da UnB

Paulo Roberto de Almeida

A UnB possui, ao que parece com status de ciência, um curso de Astrologia. Aliás, mais do que isso: trata-se de um Núcleo inteiro de estudos, o de Fenômenos Paranormais, que promove, ao que se informa, pesquisas e cursos em quatro áreas: astrologia, ufologia, conscienciologia e terapias integrativas.
Bem, eu aposto que nenhum dos especialistas trabalhando nessas áreas, ou mesmo qualquer outro ser pensante, operando com “chutes” a partir de dados empíricos da realidade, poderia prever que, num campus universitário tão bizarro quanto esse que responde pelo nome de UnB, o corpo discente acabaria colocando na direção do Diretório Central do Estudantes, a chapa vencedora que responde pelo singelo nome de “Aliança pela Liberdade”. Aposto, justamente, que colocando as eleições para o DCE no quadro de apostas daqueles bookmakers ingleses (que são capazes de apostar até qual é o número exato de gays da família real britânica), a vitória da chapa chamada de “conservadora” pelos sete outras concorrentes não faria mais do que 25 por 1, quem sabe até mais do que isso. Confesso que eu também, conhecendo a UnB, seus fantásticos alunos e seus professores maravilhosos, não apostaria muito dinheiro no sucesso dessa chapa.
Mas, por incrível que isso possa parecer, neste glorioso mês de outubro de 2011, venceu a sensatez, a racionalidade, o desejável, o simples bom senso. Em face de um vasto leque de chapas concorrentes (oito no total), todas com alguma coisa agressiva no nome – tipo “Ação Direta”, “Mobiliza”, ou mesmo aquela poeticamente intitulada “Canto Maior” –, de todas essas que prometiam, menos uma, continuar a luta de classes por outros meios, ganhou a única que declarava sua intenção de ocupar-se prioritariamente dos assuntos estudantis, da melhoria das condições de estudo, numa UnB passavelmente caótica e entregue a grupelhos políticos e seitas ideológicas que remetem não ao século XXI da globalização, mas ao século XIX dos movimentos anticapitalistas.
A esquerda delirante, subitamente acometida de alguns laivos de razão, atribui sua derrota à tradicional divisão entre essas tribos exóticas, que, de outro modo, teriam vencido pelo total de votos (4.004 votos, contra os 1.280 da chapa vencedora, ou 22% do total). As chapas de esquerda lutavam por coisas estranhas como: “Fortalecer o trote solidário”, “Combater o Plano Nacional de Educação” (e a UNE, por extensão), “Realização do Congresso Estatuinte”, ou ainda aumentar a assistência estudantil e as prestações de muitas coisas, sem quaisquer contrapartidas. A chapa vencedora, por sua vez, prometia objetivos compreensivelmente pragmáticos, do tipo: “Implantar parlamento de estudantes, onde cada Centro Acadêmico terá uma cadeira; Apoiar as fundações como forma de financiamento; Criação de Parque Tecnológico e término das obras da UnB-Ceilândia; Fortalecer as empresas juniores e o intercâmbio com instituições estrangeiras; Reivindicar por novas concessões de lanchonetes, reprografias, livrarias e restaurantes nos campi.”
Parece que, por uma vez, os estudantes da UnB resolveram deixar de lado a luta de classes e assumir a luta pela melhoria das condições de ensino e de estudo no campus.  Ainda assim, cabe registrar, como o fez o presidente da chapa eleita, que 25 mil alunos não votaram nas eleições, seja por cansaço natural, isto é, descrença nas possibilidades de ações pragmáticas, seja por desinteresse puro e simples pelo ativismo político. O fato é que o “caos natural” que afeta a UnB não é diferente dos problemas de muitas outras universidades públicas, federais ou estaduais, nas quais o corporativismo de professores e funcionários se mistura ao militantismo de correntes minoritárias para criar um ambiente de baixa produtividade, a ineficiência geral dos serviços de apoio e uma tolerância mediocrizante com os baixos padrões educacionais exibidos pela maior parte delas.
Eu encerro meu comentário, extremamente rápido, sobre as eleições na UnB com estas simples palavras, que pretendo reveladoras do meu pensamento e dos temores que mantenho – como provavelmente dezenas ou centenas de outros estudantes que simplesmente desejam estudar – em relação a um processo de degradação dos padrões educacionais no Brasil atual (e na vida pública em geral).

Considero que o Brasil enveredou, desde muito tempo – ou seja, todo esse cenário de corrupção agravada e de mediocrização crescente da vida pública vem de muito antes que energúmenos tenham conquistado o poder no Brasil – por uma via que só pode levá-lo à decadência gradual e constante. Trata-se de um processo já conhecido em outras experiências internacionais de retrocessos sociais, econômicos e políticos, como podemos constatar pela Argentina atual (que ainda não parou de decair), pela Grã-Bretanha pré-Tatcher (quero dizer, nos primeiros oitenta anos do século XX) e pela China pré-anos 1990 (mas que ainda não se enquadrou em padrões civilizatórios mais elevados no plano da estrutura política), ou seja, todo o processo de decadência chinesa, que leva de meados da dinastia Qing (talvez desde o século XVII), até a superação do maoísmo delirante, já sob o comando de novos mandarins esclarecidos (mas igualmente despóticos).
Esse retrocesso, no caso do Brasil, se traduz em sindicalismo mafioso (muito parecido com o processo argentino), em introversão econômica (e aqui temos muitos países que seguem a receita do avestruz), e em aumento da corrupção generalizada (pela chegada de amorais e de imorais no comando do Estado). Mais importante, porém, do que todos os atrasos e retrocessos materiais que possam ocorrer em decorrência dos fenômenos e processos apontados acima, o que é mais revelador do retrocesso brasileiro é o atraso mental em que vivem dezenas, centenas, milhares de pessoas detentoras de algum poder em escala social – militantes de partidos, dirigentes políticos, empresários e simples cidadãos – e que partilham das mesmas ideias imbecilizantes que as manifestadas em quase todas as chapas derrotadas nas eleições do DCE-UnB.
Os estudantes-militantes que defendem aquelas posições são perfeitamente representativos do que existe de pior na sociedade brasileira atualmente, e esse pior está perfeitamente instalado no poder. Sou, sim, pessimista quanto ao futuro do Brasil, ao vê-lo dominado pelas mesmas ideias – ou seus equivalentes funcionais – que levaram outros países à decadência e à irrelevância. De vez em quando, muito acidentalmente, pessoas sensatas resolvem dar uma virada, como ocorreu agora na UnB, mas na maior parte das vezes o quadro é desolador.
Espero que o exemplo da UnB frutifique e se multiplique, embora eu tenha muitas dúvidas sobre se, quanto, e quando isso vai acontecer em outros lugares e instituições. Espero estar errado em meu pessimismo pessimista – desculpem, mas a redundância me pareceu necessária – mas o que vejo pelo Brasil afora me deixa muito preocupado. Acredito que vamos empreender uma longa travessia do deserto, por paragens perfeitamente medíocres, com educação em retrocesso, com instituições dilapidadas pelos novos bárbaros que estão ai assaltando e dominando o Estado.
Espero estar errado, mas é o que penso atualmente.

Paulo Roberto de Almeida 
(Brasília, novembro de 2011)

Addendum em 17/11/2011:

Este texto foi postado num blog de alunos da UnB que se intitula
Como eles se definem?
Sinteticamente por estas palavras: 

Brasília, Brazil
Somos jovens universitários nadando contra a maré vermelha dentro da UnB. Temos valores. Temos princípios. Sim, somos conservadores. ;)

Fiz o seguinte comentário ao post, mais dirigido ao princípio do que ao post: 



Agradeço a transcrição desse post do meu blog Diplomatizzando neste blog de estudantes da UnB. Eu apenas o fiz porque se tratava realmente de algo excepcional, ou seja, de reação de estudantes a um quadro de deterioração visível das condições "mentais" de trabalho e estudo na UnB, ainda que as condições materiais possam melhorar gradativamente (o progresso é uma fatalidade, como diria Mário de Andrade).
Apenas uma observação, quanto ao fundo, e ela toca na própria designação do blog e do grupo de estudantes que o sustenta e agita.
"Conservador" é, por definição, o indivíduo que pretende conservar o que existe. Mas, e se o que existe é manifestamente mau, perverso, inadequado, anacrônico?
Sei que vocês querem conservar os bons valores, os princípios corretos e as diretrizes mais adequadas ao progresso da UnB e do Brasil, tal como espelhadas e representadas pelos personagens que vocês colocaram em destaque, todos intelectuais de destaque, e eu até diria progressistas, no contexto de suas respectivas épocas.
Se existe uma coisa de que o Brasil, e a UnB mais ainda, necessita são de reformas, reformas em todas as áreas e setores.
Então, eu diria que o que deveria distingui-los e guia-los nessa luta contra os novos bárbaros seria o sentido de REFORMA, não de conservação.
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida 

Idiotas da educaçao superior (superior?) contribuem para a imbecilizaçao da universidade brasileira

Eu nunca vou deixar de me surpreender com a capacidade que exibem certos professores do terceiro ciclo -- melhor essa designação do que "educação superior", que anda muito inferior no Brasil -- de manifestarem toda a sua idiotice assim à luz do dia, ofendendo a inteligência alheia e achando que todos são idiotas para concordar com o que estupidamente escrevem.
Assim, já não tão surpreendido com a absurda ocupação da USP por um bando de neobolcheviques anacrônicos, sou, sim, surpreendido nesta minha vida de retinas fatigadas (como diria o poeta) com a leitura de comentários perfeitamente idiotas em artigo em que três professores (professores?) da USP (Fefelech e Direito, onde se concentram grande número de idiotas, atualmente) se manifestam contra a presença de PMs no campus.
Leiam o que eles escreveram, aqui selecionado, eu comento em seguida. Eles acham que para a USP funcionar direito no plano das ideias, liberdade é fundamental, e que por isso mesmo a presença de PMs no campus é não só inaceitável, como potencialmente perigosa:

"A presença constante de qualquer agente com potencialidade repressiva, e que possa ser acionado por um poder central, certamente é elemento inibidor da gestação de ideias e, por consequência, da força motriz da universidade e de sua relevância para a sociedade."
PRA: Uau, os professores acham que PMs passeando pelas ruas da Cidade Universitária os impedem de pensar. Que bonitinho! Eles pensam melhor com maconheiros passeando pelos mesmos espaços...

"A reitoria pode, sob alegação de suposto interesse público, de ofício, acionar os meios repressivos."
PRA: Uau 2, eles estão preocupados com a livre manifestação das suas ideias (ideias?), mas o seu alvo é obviamente o reitor, que pode, quem sabe?, acionar os PMs cada vez que eles, diligentemente, propuserem aos seus encantados alunos alguma nova ideia sobre como PMs, ao contrário de maconheiros,  são nefastos à livre manifestação de ideias subversivas em plena sala de aula. Assim, "polícia do pensamento", como deve existir na Cuba querida e na maravilhosa Coreia do Norte...

"...mantendo-se no local um corpo militar, há a presença física que sempre se coloca, não somente de forma simbólica, à disposição para eventual repressão de atos ligados à livre expressão de ideias."
PRA: Uau3, triplamente qualificado. O reitor, perverso obviamente, pode decidir, ao ser delatado que qualquer um dos três professores idiotas que escrevem essas idiotices anda expressando ideias magnificas sobre como a liberdade de pensamento exige a exclusão de PMs -- mas a inclusão de jovens maconheiros -- nos espaços daquela magnífica obra do pensamento progressista que é a USP -- e a Fefelech e o largo de S.Francisco em particular -- esse perverso reitor, escrevia eu, pode decidir mandar os PMs, arautos de outro tipo de pensamento, baixar o cacete no cocoruto dos libertários professores cheios de ideias maravilhosas.

Por essas e outras que eu acho que também a nossa suposta maravilhosa universidade de São Paulo -- não merece mais um U maiúsculo -- e a Fefelech onde comecei estudos ideologicos (ops, sociais) algumas décadas atrás, abandonando, porém, em meio do caminho, que esse magnífico bastião do pensamento progressista há muito deixou de ser uma universidade, na acepção plena do termo, e também se converteu, no seu setor de Humanidades, num reduto das fortalezas imbecilizantes que contaminam a educação brasileira.

Em tempo: os professores que assinaram aquela extrovenga de artigo na FSP de 11/11/2011 (p. 3, Opinião), chamado "A Polícia Militar na USP", levam por nomes: Paulo Arantes, Marcos Orione Gonçalves Correia e Jorge Luiz Souto Maior. Trata-se, sem dúvida, de grandes nomes que contribuem para a mediocrização do terceiro ciclo da educação no Brasil (que já não merece o nome de superior) e que prometem continuar atuando para afundar ainda mais seus padrões.
Não se enganem: o processo de imbecilização vai continuar...
Paulo Roberto de Almeida

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Os delinquentes da lingua e os responsaveis do atraso

Eu ja disse aqui, e em varias outras ocasiões, em qualquer lugar aliás, que sou moderadamente pessimista quanto aos rumos da economia brasileira -- acho que continuaremos no crescimento medíocre e com aumentos contínuos na carga fiscal -- mas que sou ABSOLUTAMENTE pessimista quanto aos rumos da educação no Brasil: acredito que caminhamos direto para o brejo, e para a deterioração completa de nossas instituições de ensino.
Isso graças às pedagogas freireanas do MEC, as novas saúvas do Brasil, e aos delinquentes da língua, como os estupores que defendem a versão popular da inculta e bela (hoje feia) como igualmente válida e devendo ser não só respeitada como legitimada.
Como não tenho tempo para escrever a respeito, transcrevo o post de um jornalista conhecido para expressar algumas ideias simples sobre esse debate em si mesmo estapafúrdio, e revelador de quão baixo o Brasil chegou em matéria de educação.

A tropa de choque da “gramática diferenciada” pode botar o burro na sombra; não me assusto com a gritaria dos jihadistas lingüísticos deste aiatolá
Reinaldo Azevedo, 18/05/2011

Marcos Bagno (foto): ele fez fama e fortuna afirmando que aquilo que seus leitores ignoravam não tinha mesmo a menor importância e era só autoritarismo...

Que burrice a tropa de choque dos amigos do professor Marcos Bagno tentar me intimidar na base do “sabe com quem está falando?” Desde quando eu dou bola pra isso? Fico ainda mais animado. Eu adoro chutar o traseiro de especialistas arrogantes, especialmente quando convertem ideologia vagabunda em ciência não menos. Marcos Bagno? Quem é esse há de se perguntar o leitor desavisado.

Às 17h55 desta segunda, escrevi o texto que segue no pé deste post, apontando a responsabilidade intelectual de Bagno nessa história de vale-tudo da língua portuguesa. Eu sabia bem o que estava fazendo. Seria mais grave do que chutar a santa. Bagno é um notório depredador da norma culta da língua e da gramática e transformou isso numa profissão rentável. Está para a lingüística como Gabriel Chalita está para a filosofia. E é quase tão prolífico quanto, mas com um agravante: Chalita é desprezado no mundo acadêmico; fazem chacota dele em qualquer circulo universitário com alguma seriedade. Seus livros, com aquela ignorância palavrosa cut-cut, dão motivos de sobra pra isso.

Já o tal Bagno, o “lingüista”, é visto como um verdadeiro aiatolá da língua alternativa. É também autor de livros infanto-juvenis, adorado pelos professores — em particular por aqueles que são incapazes de entender um manual de gramática. Bagno lhes dá a sensação de que sua ignorância é irrelevante ou é uma inteligência alternativa, e eles acabam achando que não ensinam gramática aos alunos ou porque não querem ou porque seria inútil. O fato é que não sabem.

Bagno é aquele tipo perigoso que, dada a constatação de que níveis de linguagem reproduzem, por óbvio, desigualdades sociais, logo conclui que a língua é causa da desigualdade, não uma conseqüência dela. Então ele tenta mudar a sociedade mudando, ora vejam!, a língua! Fez-se um teórico supostamente refinado do assunto e convence os ignorantes e os incautos com as suas facilidades. Uma coisa é constatar, e todos estamos de acordo, que, no geral, as aulas de gramática têm um nível sofrível; outra é decretar a sua inutilidade.

Segundo os dados do Programa Internacional de Avaliação dos Alunos 2009 (Pisa), da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil ainda ocupa o 53º lugar no ranking geral, num total de 65 países que fizeram o exame. Uma vergonha! Os alunos brasileiros ficaram em 53º em ciências e leitura — superando Argentina, Panamá e Peru na América Latina, mas atrás de Chile, Uruguai, México e Colômbia — e em 57º em matemática. No ranking geral dos países avaliados na América Latina, o Brasil fica à frente de Argentina e Colômbia, mas aparece 19 pontos atrás do México (49º), 26 pontos do Uruguai (47º) e 38 do Chile (45º). Foram avaliados os processos educativos em 65 países, 34 deles da OCDE. Vinte mil estudantes brasileiros nascidos em 1993 responderam às provas de leitura, matemática e ciências.

Ora, é vergonhoso que uma economia do porte da brasileira — que, atenção!, investe, sim, relativamente bastante em educação — apresente um resultado miserável como esse. Como se dará o salto necessário? Com a professora Heloísa Ramos, ancorada nas teses de Bagno, a fazer a apologia da ignorância em nome do fim do preconceito lingüístico? Que língua será cobrada desses alunos na vida profissional?

Essa meninada não tem dificuldade nenhuma de se comunicar, por exemplo, na estranha língua das redes sociais, com seus códigos específicos. Ocorre que serão outros os textos que serão chamados a interpretar. A norma, a língua padrão, há de ser o eixo em torno do qual se organizam as demais experiências da linguagem. E ela não pode ser um código para iniciados, a que só alguns poucos têm acesso. É o padrão que nos unifica, já que a desejável diversidade nos separa. Não entender isso é não compreender coisa nenhuma e investir na bagunça. No caso de Bagno e desses professores que têm livros adotados pelo MEC, trata-se de uma bagunça muito rentável.

Pode-se ficar rico no Brasil fazendo profissão de fé na ignorância e ainda posar de democrata e libertador. Pra cima de mim? A turminha bocuda dos “especialistas bagnistas” pode pôr seu burro na sombra; aqui não se cria. A escola existe para tratar da norma. A vida se encarrega da diversidade, e ninguém precisa de professor para ensinar o erro. Uma das qualidades da democracia é permitir que cada um erre segundo a sua própria ignorância. Ninguém precisa de um Marcos Bagno e de Heloísa Ramos como organizadores da ignorância.

Segue o texto sobre Bagno que deixou a turma dele invocada. É assim que eu gosto. Quanto mais bravos ficam esses valentes, mais convicto estou de que foram pegos no pulo. Adoraria ver essa gente toda submetida a uma prova de gramática para testar seu conhecimento da língua. Há muitos malandros ocupados em referendar os erros dos alunos porque eles próprios não sabem o que é o acerto.

Se você já leu o que segue, vá para os comentários.

Este é o sacerdote do erro; é ele o burguês do socialismo na língua portuguesa; é ele quem faz de Lula uma teoria de resistência lingüística!

A professora Heloísa Ramos, a autora do tal livro que faz a apologia do erro, é, do ponto de vista intelectual, apenas uma noviça na área. O verdadeiro sacerdote dessa bobajada se chama Marcos Bagno, professor da Universidade de Brasília. É esse que vocês vêem acima.

O valente tem uma página na Internet. Ele é o propagador, nas escolas brasileiras, do conceito do “preconceito lingüístico”. Bagno denuncia o que não existe e propõe métodos profiláticos contra o mal que ele mesmo inventou. Professores de língua portuguesa, a maioria incapaz de entender e de ensinar gramática, apegam-se a seus textos como o náufrago busca uma bóia: “Ah, finalmente alguém diz que essa conversa de regra é bobagem!”. É batata, queridos! O sujeito radicalmente contrário a que se ensine o que é uma oração subordinada substantiva completiva nominal reduzida de infinitivo costuma não saber o que é uma oração subordinada substantiva completiva nominal reduzida de infinitivo. E ele sente, então, a necessidade de combater aquilo que ignora.

Resultado: professores de português se tornam “debatedores”. Essa praga está em todo lugar. Não pensem que floresce apenas em escolas públicas, em que não há critérios para medir o desempenho do professor. Textos do tal Bagno são debatidos também nas escolas privadas. Alguns tarados, sob o pretexto de “problematizar” o preconceito lingüístico, brincam mesmo é de luta de classes. A única função meritória de um professor de português é cuidar da harmonia de classes — da classe das palavras.

Na página de Bagno, encontro essas pérolas:
As pessoas que falam e escrevem sobre a língua na mídia em geral são jornalistas, advogados ou professores de português que não estão ligados à pesquisa, não participam do debate acadêmico, não estão em dia com as novas tendências da Lingüística - são os que eu chamo de gramatiqueiros”, critica Bagno. Para ele, esses “pseudo-especialistas”, ao tentar fazer as pessoas decorarem regras que ninguém mais usa, estariam vendendo “fósseis gramaticais”, fazendo da suposta dificuldade da língua portuguesa um produto de boa saída comercial.Outro “mito” tratado no livro Preconceito lingüístico: o que é, como se faz é a idéia, bastante difundida, de que a língua portuguesa é difícil. Bagno afirma que a dificuldade de se lidar com a língua é resultado de um ensino marcado pela obsessão normativa, terminológica, classificatória, excessivamente apegado à nomenclatura. Um ensino que parece ter como objetivo a formação de professores de português e não a de usuários competentes da língua. E que ainda por cima só poderia formar maus professores, já que estaria baseado numa gramática ultrapassada, que não daria conta da realidade atual da língua portuguesa no Brasil."

Viram? É mais um que ataca a norma culta, alegando, para isso, a sua condição de especialista. E todos os que discordam dele seriam meros “gramatiqueiros”. Bagno se tornou a referência culta dos militantes da ignorância. Bagno fez afama e, acho, fortuna afirmando essas coisas. Seus livros sobre preconceito lingüístico são um sucesso. Qualquer um que combata a gramática sem saber gramática é só um vigarista. Bagno é uma espécie de autor de auto-ajuda dos despossuídos da norma. Convenham: o ignorante fica feliz ao ler que aquilo que ignora não teria mesmo importância…

Não por acaso, quem apareceu ontem no jornal O Globo em defesa do tal livro adotado pelo MEC? Ele próprio. E encontrou uma saída típica dos petistas, acusando adivinhem quem… Sim, FHC!!! Leiam:
Não é coisa de petista. Já no governo Fernando Henrique, sob a gestão do ministro Paulo Renato, os livros didáticos de português avaliados pelo MEC começavam a abordar os fenômenos da variação lingüística, o caráter inevitavelmente heterogêneo de qualquer língua viva falada no mundo transforma qualquer idioma usado por uma comunidade humana.”

Oh, não me diga! Quem nega que a língua seja viva? Quem nega a existência de diferenças entre a norma culta e a fala? Quem nega a criatividade do falante no uso do próprio idioma? Uma coisa é descrever esses fenômenos, tentar entender a sua gênese, ver como podem servir ao ensino; outra, distinta, é negar as virtudes da norma. É a sua compreensão que permitirá ao aluno, é bom deixar claro, entender direito o que lê.

A ser como quer esse valentão todo cheio de si, muito cônscio da sua especialidade, os brasileiros se dividirão em grupos com determinado domínio da língua e viverão, como dizia aquela musiquinha, presos “a seu quadrado”. O especialista Bagno, tão “progressista”, é um notável exemplo de reacionarismo. A seguir seu modelo, em breve, a língua portuguesa será um arcano cujo domínio pertencerá à elite dirigente. O “povão”, este de que os petistas dizem gostar tanto, que se contente com o domínio precário do idioma. Por que ter mais? Para as universidades vagabundas do ProUni, tá bom demais!

Professor que usa as aulas para debater “preconceito lingüístico” está enganando. Ou joga fora o dinheiro público, se escola pública, ou o dos pais dos estudantes, se escola privada. É como se um professor de matemática ocupasse seu tempo provando a inutilidade da matemática. Muitos se espantam: “Mas por que os nossos alunos são, na média, incapazes de interpretar um texto”. Bagno diria que isso é mentira. É que deram ao jovens o texto errado… Eles precisa ler alguma coisa que seja própria de sua classe. ..

Bagno sai em defesa do petismo porque ele próprio floresce junto com o PT. É o “intelectual” símbolo da cultura disseminada pelos petistas, pouco importa se filiado ou não.

Para todos os efeitos, ele seria o amigo do “povão”, não os seus críticos. Questionado, imediatamente evoca a sua condição de “especialista”, o que não seria o caso dos adversários intelectuais. Propagando a ignorância, tornou-se um nababo da sua própria especialidade: depredar a norma culta da língua. Se alguém tem ainda alguma dúvida sobre qual é a dele, leiam este outro trecho de uma entrevista:
“Outro grande perpetuador da discriminação linguística são os meio de comunicação. Infelizmente, pois eles poderiam ser instrumentos maravilhosos para a democratização das relações linguísticas da sociedade. No Brasil, por serem estreitamente vinculados às classes dominantes e às oligarquias, assumiram o papel de defensores dessa língua portuguesa que supostamente estaria ameaçada. Não interessa se 190 milhões de brasileiros usam uma determinada forma linguística, eles estão todos errados e o que apregoam como certo é aquela forma que está consolidada há séculos. Isso ficou muito evidente durante todas as campanhas presidenciais de que Lula participou. Uma das principais acusações que seus adversários faziam era essa: como um operário sem curso superior, que não sabe falar, vai saber dirigir o país? Mesmo depois de eleito, não cessaram as acusações de que falava errado. A mídia se portava como a preservadora de um padrão linguístico ameaçado inclusive pelo presidente da República. Nessas sociedades e nessas culturas muito centradas na escrita, o padrão sempre se inspira na escrita literária. Falar como os grandes escritores escreveram é o objetivo místico que as culturas letradas propõem. Como ninguém fala como os grandes escritores escrevem, a população inteira em teoria fala errado, porque esse ideal é praticamente inalcançável.”

A pergunta que não quer calar: por que ele próprio se expressa segundo a norma culta? Mais: nessa entrevita, Bagno, agarrado à demagogia, diz que podemos, sim, cultivar e gostar da nossa língua, mas sem esquecer quantas pessoas sofreram para que ela se impusesse. Entendeu, leitor? A cada vez que você ler, sei lá, um verso de Camões, acenda uma vela para o grande cacique Touro Sentado…

Paranoias brasileiras (e sul-americanas): estrangeiros estao indo embora com nossas terras...

Bem, parece que não é possível fugir com as terras embaixo dos braços, não é mesmo, caro leitor?
Então qual a razão das pauras sul-americanas?
Que chineses e outros estrangeiros venham a produzir exclusivamente para a exportação?
Que tragédia não é caro leitor?
Que terrível destino, esse, de um país sendo usado e abusado por estrangeiros, para produzir aqui, exportar daqui, ganhar divisas aqui, ficar rico aqui, só para alimentar estrangeiros...
Deve ser um dilema terrível.
Pois então os paranoicos estão inteiramente certos: é preciso impedir esses estrangeiros de cometerem essas barbaridades contra os nossos interesses.
Imagina se a gente vai permitir que se produza para exportação: o que é nosso, é nosso, tem de ficar aqui.
Vamos lutar para que seja assim.
Aliás, podia começar proibindo as exportações de alimentos, e também de minérios e outras coisas. Afinal de contas, pode faltar por aqui.
Eu sempre me surpreendo comigo mesmo, como não consigo ter essas reações geniais.
Ainda bem que o governo está pensando em minha segurança alimentar e mineral, e vai impedir que esses perversos estrangeiros comprem muitas terras aqui.
Ufa, estamos salvos.
Viva a soberania alimentar, a mineral, a... sexual?
Paulo Roberto de Almeida

Enfim, o Mercosul protege suas terras
Marcela Valente*, da Envolverde-IPS
Outras Palavras, 17/05/2011

Depois do Brasil, também Argentina e Uruguai agem para frear vendas de enormes áreas rurais a estrangeiros. Mas medidas ainda são tímidas e insuficientes.

Buenos Aires, Argentina, 11/5/2011 – Os governos de Brasil, Argentina e Uruguai começam a propor leis para pôr fim à avidez estrangeira por suas cobiçadas e extensas terras aptas para a produção de alimentos. No geral, estas medidas são tímidas. Nenhum dos três sócios do Mercosul, juntamente com o Paraguai, propõe uma rejeição à aquisição de terras por parte de capitais privados e estatais estrangeiros, não fixam regulamentações sobre uso do solo, nem revisam o que já foi vendido. Na verdade, procuram pôr limites ao avanço sobre estas propriedades agropecuárias por parte de países que as cobiçam para facilitar o abastecimento de seus próprios mercados de alimentos ou como instrumento de investimento especulativo.O Brasil já limita a compra de terras por estrangeiros e empresas brasileiras com capital estrangeiro, enquanto na Argentina e no Uruguai estão em estudo projetos que seguem na mesma direção. Em todos os casos, o alerta foi dado pela crescente compra de terras registradas nestes países nos últimos anos devido ao aumento dos preços internacionais dos alimentos e da falta de alternativas de investimento financeiro.

Um estudo apresentado em 2008 pela organização não governamental internacional Grain, que trabalha a favor de camponeses e pequenos produtores rurais, já havia alertado para este processo e mostrado casos concretos. China, Egito, Japão, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Índia, Bahrein, Kuwait, Omã, Catar e Emirados Árabes Unidos estão adquirindo ou arrendando terras férteis em outros países onde nem sempre os alimentos abundam, afirma a ONG.

A investigação mostra que o Camboja, que recebe ajuda do Programa Mundial de Alimentos, arrenda campos de arroz no Catar e no Kuwait, enquanto Uganda cede campos de trigo e milho para o Egito, e às Filipinas chegam interessados da Arábia e dos Emirados. Este avanço não só procura garantir o fornecimento de alimentos. Também há compras de terras com fins especulativos por parte de bancos e financeiras no Brasil, Paraguai, Senegal, na Ucrânia, Nigéria e Rússia, afirma o documento.

Em entrevista à IPS, o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), José Pedro Stédile, disse que no Brasil foi percebida esta presença cada vez mais importante de capitais especulativos no setor. Compraram terras, usinas de álcool e represas, entre outros investimentos, afirmou. “O MST está preocupado porque isto coloca em risco a soberania e causa mais insegurança alimentar”, alertou. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) informou que há cerca de 4,5 milhões de hectares em mãos de estrangeiros, mas o governo admite que isto não reflete a realidade e que pode ser mais que o dobro.

Stédile aplaude a norma aprovada em setembro, que limita a compra ou o arrendamento de áreas acima de um tamanho mínimo a estrangeiros e fixa em 25% o limite da superfície de um mesmo município que podem adquirir. “A prioridade do uso da terra deve ser produzir alimentos para nosso povo e as empresas estrangeiras compram terras para especular, para proteger seus patrimônios, e plantam o que lhes dá mais lucro”, assegurou.

Na Argentina, o governo federal enviou ao parlamento, em abril, um projeto de lei fixando em 20% o limite para titularidade de estrangeiros em território nacional e não lhes permite comprar mais do que mil hectares em áreas produtivas. No entanto, não limita, como no Brasil, a participação de estrangeiros em fundos de investimento, nem tampouco revisa o que já está vendido.

As autoridades argentinas estimam que haja sete milhões de hectares em mãos estrangeiras, mas a Auditoria Geral da Nação fixou em 17 milhões essa propriedade, o que representa 10% do território ou mais da metade da área plantada. Apenas o magnata italiano Luciano Benetton possui quase um milhão de hectares de terras na região da Patagônia.

A iniciativa governamental reivindica a terra como recurso natural não renovável e baseia-se em uma análise do contexto global no qual se destaca o constante aumento da população mundial e a crescente deterioração das terras cultiváveis. A Federação Agrária Argentina, que reúne produtores em pequena escala, pedia uma norma desse tipo desde 2002, e por isso comemorou o projeto. No entanto, alerta que também é preciso uma lei de arrendamentos.

Nessa lei deveriam ser estabelecidos critérios sobre o que se produz em terras arrendadas. A objeção aponta, por exemplo, para uma polêmica surgida em Rio Negro, província da Patagônia. O governo rionegrense assinou convênio de cooperação com um grupo de empresas chinesas para arrendar 240 mil hectares destinados à produção de soja nos próximos 50 anos, com opção de renovação automática do contrato.

O engenheiro agrônomo argentino Walter Pengue, do Grupo de Ecologia da Paisagem e do Meio Ambiente, da estatal Universidade de Buenos Aires, disse à IPS que se a iniciativa não revisar o que já foi vendido nem regular o uso do solo terá sérias limitações. “O projeto é ótimo, mas me preocupa porque no mundo acadêmico internacional se discute a disponibilidade da terra, e para 2020 se prevê que haverá cerca de 15 países com terras produtivas, entre eles a Argentina”, afirmou. Pengue questiona o acordo do governo de Rio Negro. “Não vendem a terra, mas a arrendam e ali se produz o que o locatário deseja, então, a pegada ecológica de outros países fica para sempre em nosso território”, ressaltou.

No Uruguai, a tentativa do governo de Tabaré Vázquez (2005-2010) de aprovar uma lei que limite a estrangeirização não foi possível de se concretizar, mas a Frente Ampla espera concretizá-la este ano, graças à maioria absoluta que tem no parlamento em seu segundo governo, agora encabeçado por José Mujica. O censo de 2000 indicou que 17% da terra desse país estava em mãos de capitais externos, disse à IPS o geógrafo Marcel Ashkar, da Faculdade de Ciências. Porém, hoje se estima que já cobre entre 20% e 30% das terras aptas para a agricultura.

O Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca informou que, entre 2000 e 2009, foram comercializados mais de seis milhões de hectares e que mais da metade foi adquirida por estrangeiros, principalmente brasileiros e argentinos. O peso da soja, do arroz e do reflorestamento em grande escala atrai capital, além dos de seus dois vizinhos, também da Espanha, Finlândia e do Chile, que aumentam suas posses no Uruguai de mãos dadas com grandes complexos industriais de produção de celulose. Envolverde/IPS

* Colaboração de Fabiana Frayssinet (Rio de Janeiro) e Raúl Pierri (Montevidéu).

sábado, 29 de janeiro de 2011

A imbecilidade da semana (talvez do ano)

Sempre existe um imbecil completo, propenso a atribuir ao sistema capitalista aquilo que é da responsabilidade de políticos vagabundos e um pouco da natureza...

Claro, também existem idiotas capazes de concordar com um imbecil do gênero:

"Darwin ensinou que, na natureza, sobrevivem os mais aptos. E o sistema capitalista criou estruturas para promover a seleção social, de modo que os miseráveis encontrem a morte o quanto antes. É esse darwinismo social, que tanto favorece a acumulação de riqueza, que faz dos pobres vítimas do descaso do governo."

Frei Betto, sobre os desastres na região serrana do Rio de Janeiro

(Se existisse algo como a "central patronal do capitalismo", algo que os adeptos de uma teoria conspiratória do mundo são propensos a acreditar, o imbecil em questão, que só é frei no título autoatribuído, poderia ser processado por difamação.)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A graduacao universitaria ja foi para o brejo; o mestrado vai atras

Todos os dias, rigorosamente todos, tenho um motivo para ficar, não surpreendido, mas estarrecido, com a deterioração da universidade no Brasil. Mas tem coisas que também ultrapassam a universidade, e atingem, como diria?, toda a sociedade.
Reparem na pergunta e no pedido de ajuda, abaixo.
Já seria surpreendente que a pergunta, a esse nível de generalidade, me fosse feito por uma mestranda.
Mas, o mais surpreendente ainda é que a pergunta não tem a ver com a universidade, estrito senso. Tem a ver com a vida social, com o conhecimento de como são as instituições de Estado, como funciona um país.
Sinto muito, mas vou afirmar mais uma vez.
Não é só a universidade que caminha rapidamente para a mediocridade mais absoluta. É o Brasil que afunda literalmente no pântano da ignorância...
Paulo Roberto de Almeida

Mensagem recebida pelo formulário de contato do site www.pralmeida.org:

Nome: Axxxxx Fxxxxxx Cxxxxxxxxx
Cidade: Pxxx Bxxxxxx
Estado: XX
Email: xxxxxxxxxxx@gmail.com
Assunto: Sem assunto
Mensagem: Olá!

Estava pesquisando sobre política de Estado e descobri seu site. Pode me indicar algum autor que discuta política de estado? Sou mestranda e quero mudar, um pouco, o foco do meu trabalho... Se puder ajudar, agradeço.

Bem, depois dessa só me resta dormir, se eu puder...

Addendum (logo depois):

Bem, não consegui dormir, pois logo depois me entrou esta outra mensagem (que pelo menos é apenas de uma graduanda totalmente desorientada).

Cordiais Saudações Acadêmicas,
Novamente o motivo de meu contato é apenas saber sugestões de quem entende do assunto (Diplomacia) pretendo defender minha monografia sobre o assunto (Diplomacia X Secretário(a) Executivo), porém não tenho nada concretizado. Gostaria de algo inovador, diferente, talvez um paralelo nas duas profissões...
Sugere algo?
O Sr. é autor de vários livros, teria algum que poderia indicar? ou mesmo que não seja de sua autoria?
Não sendo incômodo, será um prazer manter contato com o Sr.


Confesso que não sei o que responder, aliás nem saberia antes de mais nada entender a pergunta: diplomacia versus secretário executivo???
Como diriam os franceses: ça me dépasse...

Sinceramente, acho que vou deixar, vou cessar completamente de me apresentar como professor universitário, pois do jeito que anda a universidade no Brasil, ser professor universitário agora passa a ser motivo de vergonha...
Sinceramente, não sei o que está acontencendo com o Brasil para descermos tão baixo no poço da ignorância e no abismo da mediocridade...
Paulo Roberto de Almeida

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Novo Addendum:
Antes de ser mal interpretado, gostaria de esclarecer que não culpo apenas os estudantes por essas perguntas estapafúrdias, sem sentido e sem respostas.
Eles levam 50pc da culpa, pois afinal de contas já são bem grandinhos (alguns no Mestrado), alfabetizados (ao que parece) e com alguma noção da vida, do mundo, da galáxia, enfim, dados elementares sobre os imponderáveis da existência. Eles são preguiçosos e não estudam, e acham que os professores tem obrigação de lhes dar tudo bem servido numa bandeja, e depois só cobrar na prova o conhecimento já digerido, pasteurizado, processado, elementar. Claro, o certificado de conclusão do curso é uma obrigação da Faculdade, não uma conquista do aluno.
Bem, outros 25pc da culpa estão com a família, outros preguiçosos, e talvez mais 25pc (os dados podem variar) ficam com os professores, muitos tão incompetentes quanto os alunos...
Acho que preciso parar de dar aulas: estou ficando crítico demais.
Alguns poderão dizer: mas você não pode cobrar muito, isso está acima da compreensão deles (o deles vale para todo mundo). Pode ser, mas se não cobrar, continuamos afundando na mediocridade...