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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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domingo, 13 de abril de 2014

Totalitarios do Brasil nao vao descansar enquanto nao censurarem a midia: PT e PCdoB

O projeto é apresentado como de "democratização da mídia", o que é uma tremenda falsidade para o que pretendem.
Estamos em pleno mundo de George Orwell, do Big Brother e da novilíngua.
Os companheiros totalitários ainda não conseguiram o que pretendem: monopolizar todos os poderes. Já estão fazendo com dois outros, de Estado, e querem agora amordaçar o quarto poder.
Paulo Roberto de Almeida


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Charge de Aliedo (Fonte: Reprodução)

COLUNA ESPLANADA

PT e PCdoB preparam lei para quebra de monopólio da mídia

Partidos preparam projeto de lei para a quebra do monopólio de grandes grupos de mídia no Brasil, a exemplo do que fez a presidente da Argentina

por Leandro Mazzini
fonte | A A A
Num consórcio contra o que chamam de mídia golpista, no bordão entre gabinetes, o PT e PCdoB preparam sem chamar a atenção projeto de lei para a quebra do monopólio de grandes grupos de mídia no Brasil, a exemplo do que fez a presidente argentina, Cristina Kirchner. A decisão passa pela regulamentação do Parágrafo 5º do Artigo 220 da Constituição, do Capítulo V que trata da Comunicação Social. Para comunistas e petistas que defendem a regulação da mídia, os grupos devem se desfazer de redes de rádio e jornais. ‘A Constituição terá de ser seguida’, diz a vice-presidente do PCdoB, deputada federal Luciana Santos (PE), uma das coordenadoras da ideia.
A brecha
O Parágrafo 5º cita que ‘os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio’. Falta detalhar, aí está a brecha.
Robin Hood
Acaba de sair da comissão especial e será protocolado projeto que tira dinheiro dos grupos e distribui verba publicitária do governo equitativa para mídias regionais.
Hum…
Para os caciques dos dois partidos, é preciso no País uma mídia mais independente e sem controle de grupos com interesses, segundo relatam, nem sempre claros.

Venezuela: Deputada Maria Corina Machado no Roda Viva: coragem e verdade

Enviado por um colega de lista. Reproduzo suas palavras:
Quem não viu, perdeu um verdadeiro show.
Mas pode assistir agora. Vale muito a pena ver como se pode fazer Política na américa-latina. Um enorme tapa em nossas caras. O sentimento, ao ver essa senhora falar, é de constrangimento, vergonha. Vergonha do que temos em nosso Congresso e na nossa política.
Façam uma boa ação para Vocês mesmos: assistam.
p.s.: você nem vai se irritar com o nível baixíssimo dos entrevistadores....

Retomo. A Venezuela, hoje, não é apenas uma vergonha no plano da democracia e dos direitos humanos, ao se ter uma ditadura comunista a mando do Partido Comunista Cubano massacrando o seu próprio povo, mas ao se ter, também, a atitude pusilânime, covarde, conivente, da OEA (maioria dos seus membros), de TODA a Unasul, e de diversos governos latino-americanos, com pouquíssimas exceções (Panamá, por exemplo), complacente, coniventes, cúmplices do massacre perpetrado.
Vergonha também por não se poder fazer praticamente nada, sequer impulsionar autoridades para assumir uma outra atitude.
São vergonhas que não passam impunes.
Dois anos atrás era o caso do Paraguai, com um ativismo jamais visto na altiva, ativa e soberana. Dois anos depois, é a letargia ao cubo, a negação de todos os valores pelos quais deveriam ser guiados nossos atos.
Paulo Roberto de Almeida 

Heranca maldita: a destruicao da Petrobras pelos companheiros

O procurador da entrevista abaixo pode ser muito bem intencionado e honesto, mas é completamente ingênuo, tanto politicamente quanto economicamente.
Ele não vê nenhuma intencionalidade no caso Pasadena ou nos constantes aumentos nos custos da refinaria Abreu e Lima. Ele não percebe que as coisas aconteceram assim PORQUE tinha de ser assim. O importante não são os fins, mas são os meios, os procedimentos, justamente, que permitem liberar vastas somas de dinheiro para outras, menos santas, finalidades. Para mim, isso é tão evidente quanto ao modo de proceder que eu nem me preocuparia, no começo, em saber quem adotou tal ou qual decisão. Eu me concentraria em investigar os fluxos de dinheiro, as transações bancárias, os responsáveis últimos pelas contas, e o que foi feito desse dinheiro depois dos pagamentos realizados.
A outra ingenuidade está em pretender ver a Petrobras atuando em favor do povo brasileiro no formato atual. Para isso, só privatizando, como a Vale, que hoje tem mais funcionários e recolhe mais recursos sob a forma de impostos do que jamais teve ou pagou dividendos sob controle público. Só existe uma solução: privatizar a Petrobras. 
Paulo Roberto de Almeida 

Entrevista - Marinus Marsico

'Se a Petrobras não fosse pública, já tinha quebrado'

Representante do Ministério Público no Tribunal de Contas da União afirma que a estatal de petróleo sofre com má gestão e ingerência política desde 2005

Laryssa Borges, de Brasília
Procurador do Ministério Público do Tribunal de Contas da União (TCU), Marinus Marsico
CAIXA-PRETA – O procurador do Ministério Público do Tribunal de Contas da União (TCU), Marinus Marsico: 'Se a empresa não fosse pública, já tinha quebrado' (Adauto Cruz/Correio Braziliense/D.A. Press)
Procurador do Ministério Público do Tribunal de Contas da União há quase duas décadas, Marinus Marsico já comprou briga com corruptos que aparelharam o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), enfrentou servidores que insistiam em receber supersalários no Congresso e participou do acordo com o Grupo OK, do senador cassado Luiz Estevão, para reaver 500 milhões de reais desviados do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. Há cerca de dois anos, revira cada detalhe da ruidosa compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela Petrobras, um dos mais malsucedidos negócios da história da petrolífera brasileira. Para ele, apesar de o caso Pasadena ser "indefensável", a Petrobras sofre com desmandos políticos desde o segundo mandato do ex-presidente Lula. “A Petrobras está afundando. Há uma mistura de má gestão com o fato de ter se tornado um braço político do governo. Se a empresa não fosse pública, já tinha quebrado”, disse em entrevista ao site de VEJA.

As denúncias envolvendo a Petrobras, incluindo irregularidades em contratos, não são exatamente uma novidade para o TCU. A Petrobras é uma caixa-preta? A Petrobras é uma empresa muito difícil de fiscalizar e, com certeza, se fosse mais transparente, se não se preocupasse tanto com essa questão de sigilo comercial, muitas vezes indevido, tenho certeza que esses contratos desastrosos, como o de Pasadena, não teriam ocorrido. Se há dez anos houvesse a possibilidade de a Petrobras ser fiscalizada como deve ser, hoje não teríamos esse tipo de situação. Ela se fecha em um falso argumento de que é uma empresa de mercado e com sigilos comerciais. Chama muito a atenção no caso da Petrobras a quantidade de irregularidades e a magnitude dessas irregularidades. Não falamos de milhões, mas de bilhões de reais.
Qual foi a influência do governo nas decisões tomadas pela Petrobras nos últimos anos? Esse mal de misturar o público com o privado é algo que sempre existiu, desde o surgimento dessa esdrúxula figura da sociedade de economia mista. Mas, ultimamente, essa situação aumentou muito, é só ver os escândalos. Problemas sempre existiram, mas agora são problemas em grau exponencial e se chegou a um ponto intolerável em que a empresa, se não fosse pública, quebraria. E isso tudo ocorreu no período de 2005 a 2010 [no governo Lula]. Esse foi o período mais sério para a Petrobras mesmo.
A gestão de José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras na época da compra da refinaria de Pasadena, era fechada? Havia muito mais resistência da Petrobras, resistência à fiscalização do tribunal como um todo, na gestão do Gabrielli. Agora está um pouco mais transparente, mas há um longo caminho a percorrer. Nas informações que pedi à Petrobras sobre Conselhos de Administração e Fiscais, os dados foram passados parcialmente. Sonegar informação ao Ministério Público causa uma ação de improbidade contra as pessoas que o fizeram. A tarefa da atual presidente da Petrobras, Graça Foster, é muito difícil porque cabe mudar uma empresa que ultimamente andou se descuidando muito de sua eficiência, realizando gastos desnecessários e, sobretudo, sem autonomia, sem condições de determinar pelas leis de mercado quais seriam suas fontes de receita.
Quando o senhor fala em falta de autonomia, quer dizer que existe ingerência política? Sim, há uma forte ingerência política na Petrobras. A presidente da Petrobras não consegue colocar o preço do seu produto principal, que é a gasolina, em um patamar compatível com uma empresa de mercado. Por isso, a Petrobras tem hoje o maior nível de endividamento entre as grandes petroleiras no mundo, três vezes maior do que o razoável para o resultado operacional dela. Isso é resultado dessa mão invisível do governo. Sempre tem um braço forte do governo.
A Petrobras está afundando? A Petrobras está afundando, sem sombra de dúvida. Por mais que se fale e se apresentem números, ou por mais que se coloquem recordes de produção petrolífera, vemos que ela está afundando. É isso que o mercado pensa sobre a empresa. Há uma mistura de má gestão com o fato de a empresa ter se tornado um braço político do governo. Não há nenhuma teoria conspiratória em relação a isso. E se o mercado precifica a empresa nesse sentido, é sinal de que ela não vai nada bem.
A compra da refinaria de Pasadena foi o pior negócio da Petrobras nos últimos anos? Não há defesa em Pasadena. A coisa foi tão abertamente um escândalo que não há a mínima possibilidade de se defender qualquer coisa na transação. Tudo ocorreu justamente na época em que a administração pública federal atravessava aquela euforia de que tudo era possível, tudo se podia, com índices políticos de popularidade muito altos. Criou-se aquela ilusória sensação de que o mundo pertence a nós. Por conta disso fizeram a transação sem o mínimo cuidado. Fiquei escandalizado com a questão da Petrobras em Pasadena e me senti até ofendido com o negócio porque, como órgão de fiscalização, ofendeu a minha inteligência o fato de se ter feito uma contratação sem o mínimo cuidado. Parece que a Petrobras considera que nós somos idiotas, que a gente não vai ver nada e que nunca vão descobrir nada.
Há críticas à refinaria Abreu e Lima? Abreu e Lima é pior nos valores — e o foco do TCU é economizar para o contribuinte. Mas, no lado simbólico, Pasadena é uma afronta. Na época do contrato, a Astra [empresa belga parceira que vendeu metade da refinaria para a Petrobras] colocava avisos aos acionistas afirmando ‘que maravilha, fizemos um grande negócio, muito maior do que qualquer expectativa razoável’.
O que o TCU pode fazer em relação a Pasadena? Na minha representação pedi que se apurassem responsabilidades na diretoria-executiva e eventualmente nos conselhos. Configurado o débito, tem-se o rol de responsáveis que são obrigados a devolver esses recursos. O tribunal também pode aplicar multas, que podem ser proporcionais ao débito ou decorrentes de atos de gestão temerários, ilegítimos, antieconômicos. O problema é que não é factível que se paguem as multas.
A área internacional da Petrobras, que foi comandada por Nestor Cerveró, é a mais problemática? A área internacional é a que tem mais irregularidades. É uma área problemática. O que quero é que a Petrobras passe a funcionar em prol da sociedade brasileira. É uma coisa decepcionante e triste porque a Petrobras é uma empresa que não precisava passar por essas vicissitudes. A gente vê muitos indícios de uso político da empresa. É uma tristeza ver tanto potencial desperdiçado. Veja o caso do parecer falho. O parecer era falho e isso foi descoberto depois e nada foi feito com quem fez o parecer? A pessoa continuou muito bem em uma subsidiária da Petrobras [Cerveró foi para a Diretoria Financeira da BR Distribuidora] e só agora, depois do escândalo, é que foi exonerada. Por que as medidas não foram adotadas antes? Tem que ser investigada se essa omissão no parecer é dolosa e, se for, isso é um crime. Se foi culposa, por incompetência ou falta de cuidado, essa pessoa não poderia mais continuar na empresa. Se em um banco um funcionário causasse um prejuízo de 1 bilhão de dólares para a instituição, certamente ele não continuaria com o trabalho e poderia até ir para a cadeia.
O que acha da CPI da Petrobras? Se a CPI for realmente um instrumento em que todos os seus integrantes tenham a vontade genuína de investigar e corrigir os problemas encontrados na Petrobras, ela é muito bem-vinda. A CPI tem instrumentos superiores aos do TCU para a investigação. Mas esse talvez seja um mundo utópico. Não ponho muitas esperanças no avanço dessas investigações, por mais respeito que eu tenha pelo Parlamento. A CPI é um instrumento da minoria. Se ela é sufocada pela maioria governista, não há investigação. Seria bom se houvesse uma evolução política, que os direitos da minoria fossem respeitados e que as investigações não fossem bloqueadas. Mas acho que isso é sonhar muito. 

Brasil introvertido - Marcos Troyjo

BUSINESS MAGAZINE, April 2014
Introverted Economy
Brazil needs a new trade and investment strategy, but so far the country seems to prioritise politics over economics.
Marcos Troyjo
Director of the BRICLab at Columbia University, where he teaches international affairs
Brazil’s strategy for growth over the past decade has favored more than just consumption over investment, and more than ad hoc fiscal incentives for companies and sectors blessed by the country’s ‘local content’ industrial policy. At its core, Brazil’s economic strategy is the expression of an approach that is mostly insular and which prioritizes its domestic market over a more incisive interaction with the global economy.
Description: mage.jpegFrom an international relations perspective, this approach reveals a great deal about Brazil’s lack of a sophisticated project in terms of both influence and prosperity. Present-day Brazil, where significant economic expansion has been kept at bay for more than three years, is the result of a political economy of ideological preferences, with a strong accent on political affinities and less attention to economic pragmatism.
Globally, Brazil’s political discourse has sounded much louder over the past decade than have its cross-border economic achievements. The country’s idea of its global reputation is intertwined primarily with bringing the United Nations system up to date: becoming a permanent member of the Security Council, strengthening ties among Latin American countries, and praising the benefits of South-South cooperation; in short, a foreign policy permeated by ‘good intentions’ and ‘balanced’ relations with the world’s top players.
But the fact is that recent attempts by Brazil to build strategic political partnerships that could bring economic benefits, such as with China or France, have been unilateral in most cases. Brazil’s bilateral trade with China has increased tenfold in the past decade. But that has been mostly driven by dramatic growth in China’s infrastructure and consumer market, and its consequent voracious appetite for the mineral and agricultural commodities in which Brazil has clear comparative advantages. The result? One ton of Brazilian exports to China is worth about $200. One ton of Chinese exports to Brazil is worth more than $2,000. That could hardly be called a partnership.
Brazil’s interests in Africa are overshadowed by the expanding outreach of Chinese corporations. UN reform is nowhere near the horizon. And the various geometries fostered by Brazil in Latin America, either using Mercosur, the Union of South American Nations, or the Community of Latin American and Caribbean States, yield plenty of speeches on how the world should be made more equitable – and few, if any, tangible economic results.
Brazil’s global agenda has prioritized its political objectives – modulated by the ideological preferences of the day – over economic initiatives that might have included more bilateral free-trade agreements. Since Mercosur was created in the early 1990s, Brazil has only concluded three FTAs (with Egypt, Israel and Palestine), while Mexico, since NAFTA, has put more than 40 FTAs in place. Brazil’s ideological biases over the past decade – coupled with the finest breed of protectionism-prone conservatives in the US – have helped put the idea of a Free Trade Area of the Americas to rest.
The low priority Brazil has put on its foreign economic goals has prevented a more aggressive stance in trade and investment promotion. Brazil should have strengthened and expanded its ambitious APEX – a trade and investment promotion agency founded during the Fernando Henrique Cardoso administration in the 1990s – which now consists of a few dozen officials based mostly in Brasília. Instead of setting up muscular business bureaus in the global cities of North America, Europe or Asia, Brazilian strategists believed themselves to be taking steps toward greater global stature by opening diplomatic posts in cities like Baku, Belmopan, Basse-Terre, Castries, Conakry, Cotonou, Khartoum, Gaborone, Malabo, Nouakchott, Roseau, St George’s, St John’s, and Ouagadougou.
Seemingly clueless of – or oblivious to – the forces driving the global economy, Brazil was recently surprised to learn that the United States and the European Union were working toward an FTA to come into force in 2015. As news of the plan came out, a high-ranking official in Brazil’s presidency told newspapers Brazil had been following ongoing negotiations “without the hastiness of a subordinate.”
Brazil should decide whether it wants trade to be a driver of its economic development. The country’s economic relations with its Latin American cousins, given their small scale as buying markets, represent a low ceiling. Meanwhile, the more dynamic economies of Latin America – Colombia, Peru, Chile and Mexico – are reconfiguring their strategies and joining forces in an FTA of their own, one that will entertain an open trade dialogue with the US.
As for further access to Europe’s markets, Brazil’s negotiating position is rendered less mobile by the limits imposed under its membership of Mercosur. The diametrically opposed views of the Mercosur and European Union countries – especially when it comes to agriculture – prevent negotiations from advancing to other areas. Were Brazil to make its local content requirements more flexible, particularly in areas related to infrastructure, transport and logistics, a new phase in Brazil’s economic relations with Europe could be launched. But that would be going against Brazil’s current industrial policy mantra.
When it comes to the BRICs, Brazil certainly revels in China’s demand for its low-value-added exports. But Brazilian industry lacks the stamina to face China’s hypercompetitiveness – so no FTA in sight here. Russia and India have great potential as trading partners, but they lack the complementarities in both geography and natural resources that are conducive to forming economic blocs.
The BRICS will coordinate common positions in economic and political forums. They will certainly trade more among themselves. They may even come up with preferential credit lines, or even a BRICS Bank, to help finance infrastructure projects. But given the scale of the issues in which their interests do not converge, the bloc will never form an FTA, much less a vertical, deeply integrated economic zone.
As a consequence, Brazil, especially in comparative terms, will keep a low profile in global economic statistics. The country’s share of international trade is only about one percent. The sum of all its imports and exports represents 18% of Brazil’s GDP. Its share of world GDP, at 2.9%, is unchanged since 2002. With the watershed event of the US-EU Transatlantic FTA now in the making, Brazil should get its act together and add some urgency to the idea of defining its place on the map of 21st century trade and investment.
If Brazil made the right choices now, it could no doubt use the productivity and competitiveness of its agro-energy sector to help foster a tech-intensive, globally connected economy. Otherwise, if it continues to shun interaction with the most important markets of the world, it will be rendered an ever less relevant, ‘bloc-less’ economic player.
 BUSINESS MAGAZINE, April 2014
Introverted Economy
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Brazil needs a new trade and investment strategy, but so far the country seems to prioritise politics over economics.
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Marcos Troyjo
Director of the BRICLab at Columbia University, where he teaches international affairs
Brazil’s strategy for growth over the past decade has favored more than just consumption over investment, and more than ad hoc fiscal incentives for companies and sectors blessed by the country’s ‘local content’ industrial policy. At its core, Brazil’s economic strategy is the expression of an approach that is mostly insular and which prioritizes its domestic market over a more incisive interaction with the global economy.
Description: mage.jpegFrom an international relations perspective, this approach reveals a great deal about Brazil’s lack of a sophisticated project in terms of both influence and prosperity. Present-day Brazil, where significant economic expansion has been kept at bay for more than three years, is the result of a political economy of ideological preferences, with a strong accent on political affinities and less attention to economic pragmatism.
Globally, Brazil’s political discourse has sounded much louder over the past decade than have its cross-border economic achievements. The country’s idea of its global reputation is intertwined primarily with bringing the United Nations system up to date: becoming a permanent member of the Security Council, strengthening ties among Latin American countries, and praising the benefits of South-South cooperation; in short, a foreign policy permeated by ‘good intentions’ and ‘balanced’ relations with the world’s top players.
But the fact is that recent attempts by Brazil to build strategic political partnerships that could bring economic benefits, such as with China or France, have been unilateral in most cases. Brazil’s bilateral trade with China has increased tenfold in the past decade. But that has been mostly driven by dramatic growth in China’s infrastructure and consumer market, and its consequent voracious appetite for the mineral and agricultural commodities in which Brazil has clear comparative advantages. The result? One ton of Brazilian exports to China is worth about $200. One ton of Chinese exports to Brazil is worth more than $2,000. That could hardly be called a partnership.
Brazil’s interests in Africa are overshadowed by the expanding outreach of Chinese corporations. UN reform is nowhere near the horizon. And the various geometries fostered by Brazil in Latin America, either using Mercosur, the Union of South American Nations, or the Community of Latin American and Caribbean States, yield plenty of speeches on how the world should be made more equitable – and few, if any, tangible economic results.
Brazil’s global agenda has prioritized its political objectives – modulated by the ideological preferences of the day – over economic initiatives that might have included more bilateral free-trade agreements. Since Mercosur was created in the early 1990s, Brazil has only concluded three FTAs (with Egypt, Israel and Palestine), while Mexico, since NAFTA, has put more than 40 FTAs in place. Brazil’s ideological biases over the past decade – coupled with the finest breed of protectionism-prone conservatives in the US – have helped put the idea of a Free Trade Area of the Americas to rest.
The low priority Brazil has put on its foreign economic goals has prevented a more aggressive stance in trade and investment promotion. Brazil should have strengthened and expanded its ambitious APEX – a trade and investment promotion agency founded during the Fernando Henrique Cardoso administration in the 1990s – which now consists of a few dozen officials based mostly in Brasília. Instead of setting up muscular business bureaus in the global cities of North America, Europe or Asia, Brazilian strategists believed themselves to be taking steps toward greater global stature by opening diplomatic posts in cities like Baku, Belmopan, Basse-Terre, Castries, Conakry, Cotonou, Khartoum, Gaborone, Malabo, Nouakchott, Roseau, St George’s, St John’s, and Ouagadougou.
Seemingly clueless of – or oblivious to – the forces driving the global economy, Brazil was recently surprised to learn that the United States and the European Union were working toward an FTA to come into force in 2015. As news of the plan came out, a high-ranking official in Brazil’s presidency told newspapers Brazil had been following ongoing negotiations “without the hastiness of a subordinate.”
Brazil should decide whether it wants trade to be a driver of its economic development. The country’s economic relations with its Latin American cousins, given their small scale as buying markets, represent a low ceiling. Meanwhile, the more dynamic economies of Latin America – Colombia, Peru, Chile and Mexico – are reconfiguring their strategies and joining forces in an FTA of their own, one that will entertain an open trade dialogue with the US.
As for further access to Europe’s markets, Brazil’s negotiating position is rendered less mobile by the limits imposed under its membership of Mercosur. The diametrically opposed views of the Mercosur and European Union countries – especially when it comes to agriculture – prevent negotiations from advancing to other areas. Were Brazil to make its local content requirements more flexible, particularly in areas related to infrastructure, transport and logistics, a new phase in Brazil’s economic relations with Europe could be launched. But that would be going against Brazil’s current industrial policy mantra.
When it comes to the BRICs, Brazil certainly revels in China’s demand for its low-value-added exports. But Brazilian industry lacks the stamina to face China’s hypercompetitiveness – so no FTA in sight here. Russia and India have great potential as trading partners, but they lack the complementarities in both geography and natural resources that are conducive to forming economic blocs.
The BRICS will coordinate common positions in economic and political forums. They will certainly trade more among themselves. They may even come up with preferential credit lines, or even a BRICS Bank, to help finance infrastructure projects. But given the scale of the issues in which their interests do not converge, the bloc will never form an FTA, much less a vertical, deeply integrated economic zone.
As a consequence, Brazil, especially in comparative terms, will keep a low profile in global economic statistics. The country’s share of international trade is only about one percent. The sum of all its imports and exports represents 18% of Brazil’s GDP. Its share of world GDP, at 2.9%, is unchanged since 2002. With the watershed event of the US-EU Transatlantic FTA now in the making, Brazil should get its act together and add some urgency to the idea of defining its place on the map of 21st century trade and investment.
image.jpegIf Brazil made the right choices now, it could no doubt use the productivity and competitiveness of its agro-energy sector to help foster a tech-intensive, globally connected economy. Otherwise, if it continues to shun interaction with the most important markets of the world, it will be rendered an ever less relevant, ‘bloc-less’ economic player.

sábado, 12 de abril de 2014

Partido dos totalitarios: ainda o modus operandi dos companheiros - Guilherme Fiuza

O doleiro dos oprimidos

Guilherme Fiuza

O Globo, 12/04/2014

O deputado André Vargas não fez nada de mais. Apenas cumpriu o primeiro mandamento para ascender no PT: siga o dinheiro. Ou, mais precisamente, siga e consiga o dinheiro. Sua intimidade com o doleiro Alberto Youssef, preso no centro de um esquema que teria movimentado 10 bilhões de reais, não deixa dúvidas: Vargas chegou lá. Quem não entendeu como o obscuro deputado curitibano saltou de secretário de comunicação do partido para vice-presidente da Câmara dos Deputados não entende nada de PT.

O despachante de André Vargas era o homem que operava o duto entre os cofres públicos e os políticos amigos do rei (rainha). Se alguém achar que isso se parece com a quadrilha do mensalão, esqueça. O ministro Luís Roberto Barroso já explicou que a quadrilha não existiu, e o STF assinou embaixo.

A parceria fértil entre o doleiro de Vargas e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, também preso, tem impressionante semelhança com a tabelinha entre Marcos Valério e o então diretor de abastecimento do PT no Banco do Brasil, Henrique Pizzolato — hoje embaixador da república mensaleira na Itália. Mas isso não é quadrilha, é estilo.

E pensar que antigamente o PT mandava Waldomiro Diniz pegar dinheiro com Carlinhos Cachoeira. Que coisa cafona. Mas isso foi uma década atrás, quando o partido ainda não tinha estudado direito a planta do Estado brasileiro.

Hoje está claro que a mensagem de André Vargas a Joaquim Barbosa, levantando o punho cerrado (símbolo da resistência mensaleira), era um aviso — como o de Raul Seixas sobre as moscas: se você mata uma, vem outra em seu lugar.

Os brasileiros, esses invejosos, já estão implicando com o Land Rover dado pelo doleiro ao diretor da Petrobras. Bobagem. Como ensinou Silvinho Pereira, o mais injustiçado e esquecido dos petistas, quem trabalha bem no setor petrolífero ganha Land Rover de graça. O Brasil está pensando pequeno.

Diante da dimensão dos negócios no seio do governo popular, as propinas na Petrobras são o troco do cafezinho — aquelas moedas que você joga na mão do pedinte pela janela do seu Land Rover. Se o garoto ainda fizer uma graça com bolinhas de tênis, você pode até dar a ele uma refinaria superfaturada. Esse bilhão não fará a menor diferença no balanço.

Algumas das maiores empresas brasileiras estão sendo destroçadas, ao vivo, para fabricar bondade tarifária e esconder inflação. Esse é o jogo multibilionário que o Brasil aceita chupando o dedo, louco para virar Argentina. São esses dividendos populistas que garantem um ambiente de negócios seguro para os doleiros oficiais, mensaleiros reencarnados e demais sócios do país de todos (eles).

Até o FMI já espalhou por aí que o governo brasileiro passou a maquiar suas contas, para gastar escondido com a indústria do populismo. E vem aí mais uma transfusão bilionária do Tesouro para o BNDES, que vai injetando nas estatais vampirizadas e envernizando a orgia fiscal.

É um complexo e fabuloso trabalho de pilhagem, com alcance de gerações — que naturalmente passou despercebido aos revolucionários da Primavera Burra. Nem a CPI da Petrobras mobilizou os engarrafadores de trânsito. Eles devem estar achando que pode ser um golpe neoliberal para tomar o que é nosso.

Com todo o seu profissionalismo, André Vargas sabe que não dá para contar a vida toda com a pasmaceira da opinião pública. Por isso, além de ter os amigos certos, ele também trabalhou com afinco no projeto petista que vale por mil doleiros espertos: o controle da informação.

O PT sonha com a desinibição da companheira Kirchner na coação da mídia e no adestramento das estatísticas. André Vargas também serve para isso: assim como se presta a fazer molecagem com Joaquim Barbosa, prega sem constrangimento o “controle social da mídia”. E o ensaio vai indo muito bem, do controle social do Tesouro ao controle social do Ipea.

O tradicional e respeitado Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ganhou de presente do governo popular uma estrelinha vermelha. Passou a ser dirigido por acadêmicos-militantes, uma espécie de transgênero com vocabulário técnico e alma ideológica.

Estrelas da coreografia estatística como Marcio Pochmann — que saiu de lá para ser candidato do PT a prefeito de Campinas —, capazes de fazer os números dançarem conforme a música, trouxeram o charme chavista que faltava ao Ipea. Quem acompanhou essa metamorfose revolucionária não acreditou um segundo na famosa pesquisa que transformou o Brasil num país de estupradores.

O mais alarmante, porém, não foi a pesquisa em si, pois já se sabe que, com o PT, a inépcia e a desonestidade intelectual são quase indistinguíveis. O impressionante foi o Brasil comprar de olhos fechados mais uma bandeira fabricada pelo império do oprimido. Dá até para ouvir o comentário de André Vargas: kkkkkk.

 

Guilherme Fiuza é jornalista.