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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Itamaraty: em tempos de "teoria Tiririca"? Pior do que esta' nao fica? Duvidoso...

Teoria nunca foi garantia de precisão ou de profecia: sempre pode ficar pior do que está.
E isso não é teoria, é apenas uma constatação óbvia.
Alguém acha, por exemplo, que a crise russa vai amainar e retroceder?
Alguém acha que a crise brasileira -- que já existe, pois crescimento zero e inflação alta já é crise -- vai ter solução fácil?
Alguém acha que o Itamaraty vai ter um orçamento maior, ou maior prestígio neste governo?
Tiritica: aqui vamos nós...
Paulo Roberto de Almeida

Governo

Situação no Itamaraty reflete crise na diplomacia brasileira

Falta de recursos é apenas um dos reflexos da ausência de espaço e de importância que os diplomatas têm no atual governo

Veja.com, 16/12/2014

Palácio do Itamaraty, Brasília
Palácio do Itamaraty, Brasília (Dida Sampaio/AE/VEJA)
Os corredores e salas cheios de obras de arte do Palácio do Itamaraty, em Brasília, andam à meia-luz. Reflexo do regime de contenção de despesas a que a diplomacia brasileira está submetida e também do ânimo dos servidores do ministério. De embaixadores a oficiais de chancelaria, ninguém consegue negar que as Relações Exteriores estão em crise, e nada indica que as luzes voltarão a brilhar com mais intensidade no início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
A falta de recursos é apenas um dos reflexos da ausência de espaço e de importância que os diplomatas têm no atual governo. O orçamento do ministério, hoje em torno de 1 bilhão de reais, representa 30% do que foi destinado há quatro anos - cerca de 3,3 bilhões de reais. O corte não tem reflexo apenas na meia-luz dos corredores, mas na própria atuação da pasta. As missões de promoção comercial do Itamaraty caíram de 180 no ano passado para 50 em 2014.
Missões empresariais não são tocadas por diplomatas há mais de dois anos - passaram para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Viagens foram reduzidas ao máximo dentro das possibilidades de um ministério cuja atividade principal está no exterior. Para evitar ficar de fora de encontros importantes, diplomatas passaram a aceitar passagens de órgãos internacionais, o que normalmente não era feito para evitar comprometimento. Um diplomata, que pediu anonimato, questiona o que fazer quando não se pode viajar, já que os encontros internacionais são uma das atribuições do ministério.
Um dos maiores cortes ocorreu na Agência Brasileira de Cooperação (ABC), sempre tratada como um dos braços mais fortes do "soft power" brasileiro. Os 50 milhões de reais de 2010 passaram para 20 milhões de reais neste ano. Acordos que se encerram não são renovados e novos termos não são iniciados. Diplomatas ouvidos pelo Estado reclamam que a situação da ABC é um dos maiores exemplos de que o espaço obtido em governos passados está sob risco.
Nos 16 anos dos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a atuação do Itamaraty era mais intensa e, consequentemente, o órgão se sentia mais prestigiado. Se o orçamento não era o adequado, pelos menos sobravam afagos, o que é supria a "carência" dos egos diplomáticos, como brincou um integrante de alto escalão do ministério. Com Dilma, os servidores do Itamaraty sentem falta de recursos, afagos e atenção.
Expansão - Há quem defenda que, apesar de ruim, é um período de ajuste depois de uma efervescência exagerada dos anos Lula, em que em apenas quatro anos foram admitidos 400 novos diplomatas e abertos mais de 100 novos postos no exterior. A expansão criou uma geração de servidores com pouca possibilidade de avanço rápido na carreira e embaixadas e consulados com dificuldade de manter pessoal.
O desânimo chegou a tal ponto que um grupo de diplomatas defende abrir mão do que até hoje era considerado um ganho: a escolha de um servidor de carreira para chefiar o Itamaraty. Há quem prefira um político, que tivesse a força de um partido, trânsito no Congresso e poder de negociação com a presidente. Comum entre os servidores da outra carreira de nível superior do ministério - os oficiais de chancelaria, que por terem menos peso político e salários menores são os mais atingidos pela falta de recursos -, essa visão chegou aos diplomatas.
A rebelião levou a cenas pouco comuns no Itamaraty, de servidores se dispondo a falar, ainda que reservadamente, contra a gestão do atual chanceler, Luiz Alberto Figueiredo. A defesa do ministro de alguns cortes que estão sendo feitos, que ele classificou de "boa gestão" e "economia de recursos públicos" revoltou diplomatas e outros servidores de todos os andares do Itamaraty.
Soluções - Figueiredo não reconhece que haja uma crise no ministério. Lembra, sempre, que está tentando encontrar soluções, como para o caso dos jovens diplomatas que têm poucas perspectivas de promoção, e que recentemente pediu a todos os servidores propostas para melhorar a situação na Casa. Segundo conta um servidor, esse fato foi bem visto internamente e muitos colegas dele se reuniram para elaborar propostas. Porém, a resposta de Figueiredo não os agradou.
O ministro agradeceu, disse que eram muitas ideias e que seriam analisadas, mas ainda não se sabe o que será feito delas. Para um oficial da chancelaria, há coisas simples que podem ser melhoradas para aperfeiçoar o relacionamento dentro do ministério, como uma corregedoria independente e fim da reserva de mercado de cargos de chefia para diplomatas. Apesar da crise interna e do desejo de vários de seus colegas de que o ministro não permaneça no cargo, por enquanto não há sinais de mudança. Pelo menos no próximo ano, Figueiredo deve continuar no posto.
(Com Estadão Conteúdo)

Modesto Carvalhosa: um pouco de lucidez no mar da corrupcao companheira (Roda Viva)

Roda Viva, 16/12/2014
Blog de Augusto Nunes, às 20:15 \ Vídeos: Entrevista

Modesto Carvalhosa no Roda Viva: uma aula sobre a corrupção que infesta o país


No Roda Viva desta segunda-feira, o advogado Modesto Carvalhosa valeu-se dos conhecimentos acumulados em 82 anos para ministrar um cursinho intensivo de 90 minutos sobre a praga da corrupção e o que fazer para combatê-la. O escândalo que devasta a Petrobras foi o assunto dominante nas perguntas formuladas pelo advogado criminal Eduardo Muylaert e pelos jornalistas Frederico Vasconcelos (Folha), Sonia Racy (Estadão), Zínia Baeta (Valor Econômico) e Rodolfo Borges (El País).
Com a segurança de quem lida desde a juventude com temas de alto teor explosivo, Carvalhosa contestou enfaticamente a ofensiva destinada a desqualificar a delação premiada. Sem esse instrumento legal, afirmou, seria muito mais complicado desmontar uma organização criminosa do porte da investigada pela Operação Lava Jato. Além de complexa, observou o entrevistado, a quadrilha é protegida pelo Planalto, que continua empenhado em desfigurar a Lei Anticorrupção para assegurar a impunidade de bandidos de estimação.
Para Carvalhosa, é ingenuidade qualificar de omisso o comportamento do governo frente ao maior escândalo político-policial da história republicana. Os donos do poder, advertiu no Roda Viva, não param de movimentar-se para livrar os culpados de qualquer castigo legal. “O homem da CGU é Hage, que só fala, não age”, exemplificou o professor de Direito inconformado com o palavrório alarmista do ministro Jorge Hage, chefe da Controladoria Geral da União. A ofensiva dos comparsas nada tem de surpreendente: como o Mensalão, o Petrolão é fruto do projeto concebido pelo PT para eternizar-se no poder.
O partido do governo e seus aliados vêm aparelhando há 12 anos todas as instituições e todas as ramificações da máquina administrativa. A Petrobras é o caso mais ousado ─ e de consequências mais desastrosas. Mas não é o primeiro e dificilmente será o último. Depois de ressalvar que, neste momento, um pedido de impeachment seria prematuro, o entrevistado constatou que muito mais precipitada, além de insolente, é a tentativa de estigmatizar como “golpe” a eventual abertura de um processo do gênero contra Dilma Rousseff. Qualquer governante que tenha cometido crime de responsabilidade tem de submeter-se às normas constitucionais, ensinou o professor de Direito.
“O país não vai parar por causa disso”, reiterou. “A corrupção é que prejudica a governabilidade”. Para Carvalhosa, essa espécie de argumento é só uma esperteza diversionista encampada pelo governo para proteger os quadrilheiros. “O Brasil também não vai parar se as empreiteiras que infringiram a lei forem declaradas inidôneas”, emendou. “Parado o país está há tempos, porque os contratos não são cumpridos e as obras não são entregues”.
Modesto Carvalhosa recomendou ao longo do programa a imediata adoção de medidas de combate à corrupção já testadas com êxito em outros países. “O essencial é a quebra da interlocução entre o poder contratante e a empreiteira que for contratada”, resumiu, localizando nesse acasalamento promíscuo a origem da praga que infesta o país. Confira o vídeo. Somados, os ensinamentos do entrevistado atestam que o caminho que leva para longe das cavernas é menos extenso do que parece. Mas é preciso começar a percorrê-lo agora.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Recomendacoes de leituras, para curiosos...


Algumas recomendações de leituras: lista seletiva

Paulo Roberto de Almeida

Sergio Florencio: Os Mexicanos (São Paulo: Contexto, 2014, 240 p.)
   
         Você sabia que os mexicanos têm uma lista dos mais amados (Benito Juarez e Pancho Villa, entre eles), mas também dos mais odiados (Cortez, obviamente, e também Porfírio Díaz) personagens da sua história? Sabia que somos parecidos com eles? Este livro, por quem foi embaixador no México, apresenta uma história diferente do país que é apresentado como competidor do Brasil; de fato é, mas não como esperado: buscam os dois a prosperidade, a partir de bases sociais e comportamentos econômicos similares. Uma análise exemplar, feita do ponto de vista de um brasileiro que é fino observador das qualidades e idiossincrasias de um povo dotado de uma rica história de realizações, mas também de frustrações. Os desafios parecem semelhantes; serão também as soluções? Descubra um México diferente num livro em que o Brasil está presente.


Paulo Estivallet de Mesquita: A Organização Mundial do Comércio (Brasília: Funag, 2013, 105 p.)
       
     Parece difícil resumir em menos de 100 pequenas páginas a teoria do comércio internacional, a evolução prática do próprio, o estabelecimento do sistema multilateral de comércio, desde o Gatt e seus caminhos tortuosos, até chegar na OMC e todos os seus acordos e funcionamento. Uma proeza realizada por este engenheiro agrônomo que se fez diplomata, e que aplica o rigor da sua ciência de origem à análise dos problemas das relações econômicas internacionais, com ênfase no comércio e nos seus conflitos. O sistema parece uma bicicleta: é preciso avançar, pois qualquer parada pode significar retrocesso, não estabilidade. A interrupção da Rodada Doha, o recuo no protecionismo em alguns grandes países (alguns até próximos) são desafios graves, mas os acordos de livre comércio não são a resposta ideal. Só faltou a bibliografia para uma obra perfeita.


Lauro Escorel: Introdução ao Pensamento Político de Maquiavel (3a. ed.; Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, FGV, 2014, 344 p.)
          
  Escrito em 1956, publicado pela primeira vez em 1958, novamente em 1979, este clássico da maquiavelística brasileira é agora apresentado por um acadêmico e complementado por uma conferência de 1980 do autor, que se tornou “maquiavélico” ao servir na capital italiana em meados dos anos 1950. Para Escorel, “as observações de Maquiavel sobre a política externa dos Estados continuam a apresentar... uma extraordinária atualidade”. O florentino foi o primeiro grande teórico da política do poder.  Mas no plano interno também, Escorel segue Maquiavel em que a política é um “regime de precário equilíbrio entre as forças do bem e as forças do mal, em que estas muitas vezes superam aquelas...”. Os dois colocam o “problema cruciante das relações da política com a moral”, que está no centro da obra do italiano.


Paulo Roberto de Almeida: Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Appris, 2014, 289 p.)
          
  Tudo o que você sempre quis saber sobre a diplomacia companheira e nunca teve a quem perguntar? Agora talvez já tenha, sobre quase tudo. Em todo caso, figura aqui uma avaliação do que representaram, para a política externa, os anos do lulo-petismo, com a independência de um acadêmico que também integra a diplomacia. Existem episódios que ainda vão requerer pesquisa em arquivos para saber como foram exatamente decididos, e provavelmente lacunas subsistirão, tendo em vista justamente as características especiais de uma diplomacia que não partiu essencialmente de sua casa de origem, mas andou combinada a outros estímulos, não arquivados. Parece que ela foi ativa, altiva e soberana, como nunca antes tinha acontecido. Outros traços emergirão num futuro balanço, ainda sem data. A História a absolverá? A ver...


Rogério de Souza Farias: A palavra do Brasil no sistema multilateral de comércio (1946-1994) (Brasília: Funag, 2013, 885 p.)
Uma coletânea, de alta qualidade, dos mais importantes pronunciamentos feitos por representantes brasileiros desde as negociações que precederam a constituição do Gatt (1946-47), passando pela Unctad (1964), até a criação da OMC (1994). O livro representa um repositório de grande relevância para todos os pesquisadores da história econômica brasileira, uma vez que compila documentos originais e outros materiais de referência (fotos, resumos biográficos dos negociadores brasileiros, etc.), mas constitui, igualmente, um instrumento de trabalho para os negociadores diplomáticos de nossos livros. O livro vem acompanhado por informações e fotos dos representantes e de notas de rodapé explicativas de cada contexto negociador. O denso prefácio e a longa introdução merecem leitura atenta; os temas abordados em cada capítulo constituem matéria prima indispensável para conhecer a história econômica e diplomática brasileira no plano do comércio internacional. Parece que pouco mudou...

Eugênio Vargas Garcia: Conselho de Segurança das Nações Unidas (Brasília: FUNAG, 2013, 133 p.)
         
   Tudo o que você sempre quis saber a respeito do CSNU e nunca teve a quem perguntar, ou onde ler. Agora já tem: neste pequeno grande livro de um historiador diplomata que já escreveu sobre o itinerário frustrado do Brasil na Liga das Nações e sobre as tentativas novamente frustradas para ser admitido no inner sanctum da sua sucessora. Mais que isso: a obra refaz não apenas a trajetória histórica desse órgão central da ONU, como percorre a geopolítica de sua atuação e funcionamento político (com algumas tinturas jurídicas), sempre focado nas reais alavancas de poder, isto é, o monopólio dos cinco membros permanentes (mas a China só ingressou em 1971). Uma síntese bem sucedida, uma bibliografia atualizada e uma reflexão sobre as realidades do poder atual, que reflete a posição brasileira em importantes questões da agenda da ONU e do seu desejado CS.



Carlos Márcio B. Cozendey: Instituições de Bretton Woods (Brasília: FUNAG, 2013, 181 p.)
       
     Cada linha da obra está impregnada de um triplo conhecimento: histórico, teórico e prático, sobre as origens, o desenvolvimento, nas décadas seguintes, e sobre o funcionamento atual dos dois irmãos de Bretton Woods, o Banco e o Fundo, que foram criados em 1944 na pequena cidade do New Hampshire para presidir à ordem econômica do pós-guerra. O autor é o secretário de Assuntos Internacionais da Fazenda, e como tal segue, no G20 e em outras instâncias, as negociações para a reforma do sistema monetário, que já passou por fases melhores do que a atual. Depois das paridades cambiais estáveis, o regime de flutuação não ajuda a manter a estabilidade mundial, mas o maior perigo advém dos desequilíbrios fiscais nacionais, um tema que todavia foge do escopo deste livro.



Harvey J. Kaye: The Fight for the Four Freedoms: What Made FDR and the Greatest Generation Truly Great (New York: Simon & Schuster, 2014, 292 p.).
O livro foi feito a partir dos papeis deixados por Franklin Delano Roosevelt em seus arquivos de Hyde Park: o eixo central é dado pelas quatro liberdades que Roosevelt proclamou no State of the Union de janeiro de 1941, logo após conquistar o seu terceiro mandato, antes, portanto, que os Estados Unidos fossem atacados e entrassem na guerra. Roosevelt, que já vinha procurando superar as resistências isolacionistas do Congresso, para converter os EUA no “Arsenal da Democracia”, insistiu na tecla de que seria ilusório tentar esconder-se atrás de muralhas defensivas. Os quatro grandes conceitos, em torno dos quais os americanos deveria estar unidos, não apenas para si mesmos, mas para todo o mundo, foram os seguintes: liberdade de expressão, de religião, da penúria e do medo. Esses princípios seriam inscritos na Carta do Atlântico, que Roosevelt assinou com Winston Churchill, em agosto de 1941, nas costas do Canadá, e foram consagrados no ano seguinte na Carta das Nações Unidas, uma espécie de “New Deal for the world”, que seria a base da Carta da ONU, assinada em San Francisco, em 1944.

Neill Lochery: Brazil: The Fortunes of War, World War II and the Making of Modern Brazil (New York: Basic Books, 2014, 314 p.)
O autor é um historiador britânico, professor de Mediterranean and Middle Eastern Studies do College University of London, e seu livro está dedicado ao envolvimento do Brasil na guerra, o que é feito de maneira minuciosa e competente. A introdução da obra já começa destacando o famoso documento-guia que Oswaldo Aranha preparou para as conversas de Vargas com Roosevelt, no encontro que ambos tiveram no Rio Grande do Norte, em janeiro de 1943, uma lista de objetivos de guerra que o Brasil declarava aos EUA, mas que também podem ser vistos como uma espécie de planejamento estratégico feito pelo grande chanceler para assegurar uma posição de realce para o Brasil na ordem internacional que estaria sendo desenhada pouco mais à frente para assegurar a paz e reconstruir o mundo. Oswaldo Aranha acreditava, pragmaticamente, que a política tradicional do Brasil, de apoiar os Estados Unidos no mundo, em troca do seu apoio na América do Sul, deveria ser mantida “até a vitória das armas americanas na guerra e até a vitória e a consolidação dos ideais americanos na paz.” Os Estados Unidos iriam liderar o mundo quando a paz fosse restaurada e seria um grave erro se o Brasil não estivesse do seu lado. Ambas nações eram “cósmicas e universais”, com características continentais e globais. Ele tinha plena consciência de que o Brasil era uma “nação economicamente e militarmente fraca”, mas o seu crescimento natural, ou as migrações do pós-guerra, lhe dariam o capital e a população que o fariam tornar-se, “inevitavelmente um dos grandes poderes políticos do mundo”. Pena que Oswaldo Aranha não se tornou presidente do Brasil.

Henry Kissinger: World Order (New York: Penguin Press, 2014, 433 p.)
Trata-se, provavelmente, do último livro, de tipo conceitual, de um dos mais destacados intelectuais americanos (de origem germânica), acadêmico de longa carreira, que também se destacou em atividades executivas, primeiro como conselheiro de segurança nacional, depois como Secretário de Estado, ator de primeiro plano das relações exteriores dos Estados Unidos e das próprias relações internacionais, consultor de quase todos os presidentes americanos desde os anos 1950 e de alguns governos estrangeiros também. Frustrante para os leitores de nossa região, o livro não devota nem mesmo um capítulo, sequer uma mísera seção, à América Latina ou ao Brasil, nas dez grandes unidades da obra, todas elas dedicadas aos grandes atores ou aos problemas percebidos como relevantes para o estabelecimento ou a preservação de uma ordem que de fato não existe. Após uma introdução de tratamento conceitual da questão título, ele dedica dois capítulos à ordem europeia surgida com a paz de Westfália e o sistema de balanço de poder daí resultante, um ao mundo islâmico e às desordens do Oriente Próximo, outro voltado exclusivamente para as relações entre os Estados Unidos e o Irã, dois outros sobre a Ásia (sua multiplicidade e a emergência de uma ordem “asiática”), dois capítulos inteiros sobre a diplomacia dos Estados Unidos (a ideia de uma ordem internacional na tradição wilsoniana e o seu papel atual como “superpotência ambivalente”) e, finalmente, dois capítulos finais voltados para questões tecnológicas e de informação e de proliferação, e sobre a evolução provável de uma ordem mundial ainda largamente indefinida. Para ser mais preciso, a América Latina não aparece sequer no índice remissivo do livro, embora nele exista a entrada western hemisphere. O Brasil só é mencionado duas vezes, ambas en passant e de maneira irrelevante: a primeira para falar sobre o impacto mundial das revoluções europeias de 1848, a segunda na companhia da Índia (que recebe tratamento mais amplo nos capítulos asiáticos da obra) como exemplo de nações emergentes. Fora isso, um grande livro.

Francis Fukuyama: The Origins of Political Order: From Prehuman Times to the French Revolution (New York: Farrar, Straus and Giroux, 2011, 620 p.) e Political Order and Political Decay: From the Industrial Revolution to the Globalization of Democracy (New York: Farrar, Straus and Giroux, 2014, 660 p.)
  
          Dois volumes que resumem o pensamento de um dos mais influentes cientistas políticos dos EUA, que retoma o trabalho seminal que tinha sido conduzido por um de seus mestres, o finado autor do “conflito de civilizações” (não um de seus melhores livros), Samuel Huntington, em seu clássico Political Order in Changing Societies (New Haven: Yale University Press, 1968), que tinha sido traduzido no Brasil por Heitor Ferreira Lima, um dos assessores do “guru” do regime militar no Brasil, Golbery do Couto e Silva em seus esforços de distensão e de transição política para uma ordem pós-autoritária durante a presidência Geisel. Os dois livros valem por um tratado de política, mas que praticamente confirmam um tese pré-concebida: o “fim da história”, se existir, se parece muito com o modelo político americano, que é a culminação das possibilidades democráticas nas sociedades liberais e avançadas de mercado. Mas o próprio Fukuyama reconhece que a democracia americana está sendo gradualmente conduzida a impasses institucionais pela rigidez do sistema bipartidário polarizado atualmente existente.


Bom proveito.
Paulo Roberto de Almeida 

Hartford, 2782: 16 dezembro 2014

Itamaraty vai 'a caca de chefes de Estado (no bom sentido da expressao...)

Tarefa difícil...

Plateia cheia

Biden: convidado por Dilma para a posse
Biden: convidado por Dilma para a posse
O Palácio do Planalto pediu empenho ao Itamaraty para que um número grande de chefes de estado venha para a posse de Dilma Rousseff.
Entre os países vizinhos, a vinda dos presidentes é mais provável, até por ser tradição na região.
Difícil será atrair algum governante de outro continente, principalmente considerando que se trata de uma reeleição – e mais ainda por se tratar do inglório dia 1º de janeiro, feriado mundial.
A propósito, Dilma convidou Joe Biden por telefone, quando ele ligou no começo do mês para parabenizá-la pela vitória.
Por Lauro Jardim
Presenças confirmadas

A propósito: além de Paraguai, até agora, só confirmaram presença na posse de Dilma Rousseff os presidentes de Uruguai, Chile, Guiné Bissau e Costa Rica. Se a lista de presença continuar baixa, será um mico, diante da expectativa do Palácio do Planalto em lotar a festa.

Por Lauro Jardim

Estatisticas de acesso: Itamaraty e corrupcao, os mais visitados (nada a ver um com outro...)

Apenas verificando as estatísticas de acesso dos últimos dias.
Parece que o Itamaraty tem interessado (ou preocupado) muita gente.
Da mesma forma como a corrupção.
Não que um tenha a ver com o outro; são apenas coincidências involuntárias, digamos assim.
Mas parece uma vizinhança infeliz...

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Parece que certas coisas não deveriam estar aqui, mas acabam aparecendo, mais do que deveriam.
 Paulo Roberto de Almeida

Petrobras e governo: a inacao irresponsavel no limiar do crime deirresponsabilidade - Reinaldo Azevedo

Parece que as pessoas que precisam decidir foram atacadas por paralisia senil.
A figura política é crime de responsabilidade, mas neste caso, a irresponsabilidade predomina.
Paulo Roberto de Almeida
A presidente Dilma Rousseff, abraçada a seus dois mandatos — o que ela já tem e o que ela ainda terá — vê a Petrobras virar pó e não consegue sair do lugar. É impressionante! Parece estar em transe. A situação não faz nada senão piorar, e a presidente que há e a que haverá se estreitam num abraço insano. Os papéis preferenciais da estatal (PN, sem direito a voto) caíram 9,20%, maior queda diária desde 27 de outubro deste ano, para R$ 9,18 reais. Os ordinários (ON, com direito a voto) recuaram 9,94%, a R$ 8,52, as menores cotações, respectivamente, desde 20 de julho de 2005 e 15 de setembro de 2004. O desempenho da empresa jogou o Bovespa para baixo, frechando em queda de 2,05%, aos 47.019.
A conjuntura internacional explica parte do desastre? Explica. O preço do barril do petróleo não é nada estimulante para a petroleira; a economia americana se recupera, o que provoca uma migração de papeis dos países emergentes para os EUA, parte do movimento de aversão ao risco etc. Assim, ainda que as ações da gigante brasileira estivessem nas nuvens, é justo inferir que teriam caído um pouco — quem sabe tivesse despencado.
O problema é que as ações já estavam no fundo do poço em razão de fatores que nada têm a ver com a economia mundial. O que conduziu a Petrobras à beira do colapso é a roubalheira. Juntam-se, assim, fatores que não dependem de escolhas feitas pelo governo brasileiro com outros que dependem, sim. Até quando Dilma pretende empurrar com a barriga a necessária substituição de toda a diretoria da empresa. A governanta tem alguma esperança de que Graça Foster, presidente da estatal, recupere a credibilidade? De que modo.
A mais recente notícia escabrosa saída daquele hospício de malfeitores informa que, ora vejam, a diretoria da estatal subscreveu um contrato em branco com a empresa holandesa SBM Offshore para a construção do navio-plataforma P-57. Isso aconteceu na sexta-feira, 1º de janeiro de 2008. O contrato de construção da P-57 (nº 0801.0000032.07.2), que chegou à CPMI da Petrobras, não contém “informação expressa sobre seu valor”, relataram os técnicos, por escrito, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Só para lembrar: mesmo assim, o relator, Marco Maia (PT-SP), não viu nada de errado.
Voltemos à Petrobras. Dilma está esperando o quê? A inação já beira o crime de responsabilidade, conforme o expresso na Alínea 3 do Artigo 9º: “não tornar efetiva a responsabilidade dos seus subordinados, quando manifesta em delitos funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição”. A melhor maneira que Dilma tem de cobrar a responsabilidade desses subordinados é substituído-os.

Os 50 melhores livros do seculo 20, reduzidos a... 12 apenas (de um ponto de vista universal)

Listas dos melhores livros elaborados por americanos são, eminentemente... americanas.

Os próprios editores da Intercollegiate Review têm consciência desse fato, tanto é que escrevem:
"To make the task more manageable, our lists include only nonfictionbooks originally published in English, and so certain giants of the century such as Alexander Solzhenitsyn will not be found here, on two counts."
Ou seja, apenas livros de autores americanos e de expressão inglêsa (o que inclui algumas modernas colônias americanas, como Reino Unido, essas coisas...).
Bem, além disso, tem alguns livros que se referem especificamente, e eu até diria exclusivamente, ao universo mental americano.
Quem quiser, pode consultar primeiro a lista completa, transcrita in fine.
Como me pediram uma opinião sobre a lista, ofereço abaixo uma seleção que eu mesmo faria, a partir da grande lista dos 50, e ela se resumiria a apenas 12 livros, que listo a seguir. Esclarecendo que, numa perspectiva universal, eu incluiria obviamente várias outras obras europeias de língua não inglesa e provavelmente uma ou outra de nossas paragens, também (embora não o faça agora, pois teria de refletir sobre o que é universal em nosso "universo). Fica, portanto, para uma outra ocasião.
Do John Keegan eu escolheria History of Warfare, e não o listado na grande lista do Intercollegiate Review. Do George Orwell, considerado na lista maior pelo seu Hommage to Catalonia (Lutando na Espanha), eu escolheria simplesmente o Animal Farm (A Revolução dos Bichos, ou A Fazenda dos Animais, segundo as traduções). O próprio Milton Friedman, que deve ser considerado em qualquer lista, ficou ultrapassado com o tempo no desenvolvimento das ideias, e seus argumentos principais, que continuam válidos, poderiam ser melhor apresentados, sem as referências empíricas já datadas, por algum discípulo autorizado. O livro do Paul Johnson é indispensável, mas eu também reteria seu "indiciamento" dos intelectuais como grandes profetas do desastre. Winston Churchill é um pouco autocongratulatório, mas ainda deve ser lido pelo que representa de autor-ator. Junto com Friedman, é provavelmente o único da lista que não teve influência apenas na academia (embora esta influencie os decisores políticos), mas pode ser considerado um history-maker de primeiro plano em qualquer avaliação que se faça da história do século 20, Churchill como estadista de grandes conflitos globais, Friedman como um "estadista" das políticas econômicas.
No momento aqui vai a minha short list, mas sem qualquer ordem especial, apenas seguindo a grande lista:
Hannah Arendt, The Origins of Totalitarianism (1951)
Herbert Butterfield, The Whig Interpretation of History (1931)
Winston Churchill, The Second World War (1948–53)
Christopher Dawson, Religion and the Rise of Western Culture (1950)
Frederick Copleston, S.J., A History of Philosophy (1946–53)
 
Milton Friedman, Capitalism and Freedom (1962)  
Frederick von Hayek, The Constitution of Liberty (1960)
Paul Johnson, Modern Times (1983)
John Keegan, The Face of Battle (1976) 
Arthur Lovejoy, The Great Chain of Being (1936)
Leo Strauss, Natural Right and History (1953)
Eric Voegelin, The New Science of Politics (1952)

Os interessados devem encontrar todos esses livros na rede Abebooks, mas alguns não estarão a 3 dólares...
Paulo Roberto de Almeida

The 50 Best Books of the 20th Century 
The Editors
Intercollegiate Review, July 13, 2014

On the eve of the new millennium, the Intercollegiate Review published a list of the 50 worst and fifty best books of the 20th century.  Although now approaching fifteen years since publication, this list tells us much about our recent historical inheritance, and provides a valuable reminder of the vitality of conservatism and the errors of liberalism.

Today, we lead with the 50 best books of the 20th century.
This list was edited by Mark C. Henrie, Winfield J. C. Myers, and Jeffrey O. Nelson.
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The turn of the century is a time to take stock of the path we have followed, the better to discern where we ought to be going. Historical discernment requires coming to judgment about what has been noble, good, and beneficial in our time, but also about what has been base, bad, and harmful. In the life of the mind, what has our century produced that deserves admiration? What has it produced that deserves only contempt?

Earlier this year, the Modern Library published a list styled The Hundred Best Nonfiction Books of the Twentieth Century. A list of significant books can make a compelling statement about how we are to understand an age. In judging the quality of a book, one necessarily judges the perception and the profundity which the book displays, as well as the character of the book’s influence.

Yet many were dissatisfied with the several “Best” lists published in the past year, finding them biased, too contemporary, or simply careless. So the Intercollegiate Review (IR) set out to assemble its own critically serious roster of the Best—and the Worst—Books of the Century. To assist us in this task, we relied on the advice of a group of exceptional academics from a variety of disciplines.

To make the task more manageable, our lists include only nonfictionbooks originally published in English, and so certain giants of the century such as Alexander Solzhenitsyn will not be found here, on two counts. We left the definition of “Best” up to our consultants, but we defined “Worst” for them as books which were widely celebrated in their day but which upon reflection can be seen as foolish, wrong-headed, or even pernicious.

There was broad agreement about a majority of titles, but there were also fierce disagreements. Several titles appeared on both “Best” and “Worst” lists. We have tried to be faithful to the contributions of our consultants, but the responsibility for final composition of the list lay with the editors of the IR.

What, then, do these lists reveal about the character of the Twentieth Century?

Our “Worst” list reveals a remarkable number of volumes of sham social science of every kind. The attempt to understand human action as an epiphenomenon of “hidden” and purportedly “deeper” motives such as sex, economics, or the Laws of History is a powerful yet hardly salutary trend in our century. The presumed “breakthrough” insight that professes to reveal the shape of some inevitable future has time and again proven to be profoundly misguided. And with human life reduced in these theories to a matter for technological manipulation, our century also reveals a persistent attraction to a dehumanizing statist administration of society.

Prominent on the “Best” list, on the other hand, are many volumes of extraordinary reflection and creativity in a traditional form, which heartens us with the knowledge that fine writing and clear-mindedness are perennially possible.

1. Henry Adams, The Education of Henry Adams (1907)
Pessimism and nostalgia at the bright dawn of the twentieth century must have seemed bizarre to contemporaries. After a century of war, mass murder, and fanaticism, we know that Adams’s insight was keen indeed.

2. C. S. Lewis, The Abolition of Man (1947)
Preferable to Lewis’s other remarkable books simply because of the title, which reveals the true intent of liberalism.

3. Whittaker Chambers, Witness (1952)
The haunting, lyrical testament to truth and humanity in a century of lies (and worse). Chambers achieves immortality recounting his spiritual journey from the dark side (Soviet Communism) to the—in his eyes—doomed West. One of the great autobiographies of the millennium.

4. T. S. Eliot, Selected Essays, 1917–1932 (1932, 1950)
Here, one of the century’s foremost literary innovators insists that innovation is only possible through an intense engagement of tradition. Every line of Eliot’s prose bristles with intelligence and extreme deliberation.

5. Arnold Toynbee, A Study of History (1934–61)
Made the possibility of a divine role in history respectable among serious historians. Though ignored by academic careerists, Toynbee is still read by those whose intellectual horizons extend beyond present fashions.

. . . and the rest of the best

Hannah Arendt, The Origins of Totalitarianism (1951)
A very big brain and not without flaws. Still, her account of the peculiarly modern phenomenon of “totalitarianism” forced many liberals to consider the sins of communism in the same category as those of fascism, and that is no small achievement.

Jacques Barzun, Teacher in America (1945)
Barzun fought a heroic struggle against the Germanization of the American university.

Walter Jackson Bate, Samuel Johnson (1975)
The most psychologically astute biography of one of the most psychologically astute writers who ever lived. In an age of debunking and trivializing biographies, Bate’s beautifully written book stands out as a happy exception.

Cleanth Brooks & Robert Penn Warren, Understanding Poetry (1938)
Interpreting literature in the style of the New Criticism was the vehicle by which a half century of Americans gained access to the intellectual life. This textbook by two of the brightest lights of the most important literary group in America this century—the Vanderbilt agrarians—has never been out of print.

Herbert Butterfield, The Whig Interpretation of History (1931)
Every day, in every way, things are getting better and better? No, and Butterfield provides the intellectually mature antidote to that premise of liberal historiography.

G. K. Chesterton, Orthodoxy (1908)
The master of paradox demonstrates that nothing is more “original” and “new” than Christian tradition.

Winston Churchill, The Second World War (1948–53)
A work comprehensive in scope and intimate in detail by a master of English prose whose talents as an historian have been vastly underrated. Indispensable for understanding the twentieth century.

Frederick Copleston, S.J., A History of Philosophy (1946–53)
The most comprehensive, accurate, and readable history of philosophy, written by a philosopher who believed that the purpose of philosophy is the search for Truth.

Christopher Dawson, Religion and the Rise of Western Culture (1950)
An essential work of European history that shows how the rise of Christianity altered civilization in the West. Credits the Roman Catholic Church with keeping civilization alive after the fall of Rome and during the barbarian invasions.

Eamon Duffy, The Stripping of the Altars (1992)
Revisionist history as it was meant to be written: as a correction to centuries of Whig historiography. Demonstrates that the brute force of the state can destroy even the most beloved institutions. What do you know . . . Belloc was right.

Shelby Foote, The Civil War: A Narrative (1958–74)
The American Iliad.

Douglas Southall Freeman, R. E. Lee (1934–35)
The tragic life of a great Southern traditionalist beautifully chronicled by a great Southern traditionalist.

Milton Friedman, Capitalism and Freedom (1962)
They are connected, after all—a great anti-communist book.

Eugene Genovese, Roll, Jordan, Roll (1972)
The finest analysis of slave life and culture, the complexities of the master-slave relation, and the impact of slavery on American history that we are likely ever to have.

Frederick von Hayek, The Constitution of Liberty (1960)
Thoughtful reflections on the conditions and limitations of liberty in the modern world, written by a deeply cultured Austrian who found his home in the Anglo-Saxon world. The Summa of classical political economy in our century.

Will Herberg, Protestant, Catholic, Jew (1955)
The first sociologist to take religion in America seriously.

Jane Jacobs, The Death and Life of Great American Cities (1961)
Jacobs was the first to see that modernist architects and urban planners were creating not simply ugly buildings but entire urban environments unsuited to human communities.

Paul Johnson, Modern Times (1983)
Somehow the most personal, yet the most objective, history of our time.

John Keegan, The Face of Battle (1976)
A tour de force of military history that often explains strategy and tactics in terms of culture.

Russell Kirk, The Conservative Mind (1953)
Did the impossible: showed a self-satisfied liberalism that conservatism in America could be intellectually respectable. A book that named a major political movement.

Arthur Lovejoy, The Great Chain of Being (1936)
The classic historical narrative of the coherent and complex worldview that lies at the foundation of the West.

Alasdair MacIntyre, After Virtue (1981)
Won a new hearing for virtue ethics after nearly two centuries of intellectual domination by Kantian morals. We live today in the time “After MacIntyre.”

Dumas Malone, Jefferson and His Time (1948–81)
A masterpiece of monumental historical biography. Malone’s prose, narrative, and analysis are wonderfully eighteenth-century in their balance and restraint.

H. L. Mencken, Prejudices (1919–27)
This century’s greatest exhibition of satire in nonfiction, demonstrating extraordinary aesthetic and literary taste. The author had street smarts too. Ah, the glory that was Mencken.

Thomas Merton, The Seven-Storey Mountain (1948)
A Catholic convert and Trappist monk, Merton’s natural gifts as a writer enabled him to introduce tens of thousands of readers to the spiritual fulfillment of contemplative life—a stunning achievement for an American.

Reinhold Niebuhr, The Nature and Destiny of Man (1941)
A biting critique of secular thought and a persuasive and inspiring exposition of man’s Christian destiny.

Robert Nisbet, The Quest for Community (1953)
Anticipated all the concerns of contemporary communitarians and did so with the sophistication of the century’s premier sociological imagination.

Flannery O’Connor, The Habit of Being (1978)
The beautiful letters of America’s most profound writer this century. The best imaginable bedtime reading.

George Orwell, Homage to Catalonia (1952)
The savagely incisive song of a great writer’s disillusionment with the bloody inhumanity of the Left.

Walker Percy, Lost in the Cosmos (1983)
True therapy for the therapeutic age. Percy shows that the best human life is being at home with our homelessness, not to mention that modern science, properly understood, need not have atheistic and materialist implications.

Richard Rhodes, The Making of the Atomic Bomb (1986)
This magisterial, balanced account of the world’s most ambitious scientific project serves as a vigorous retort to those who make much of American naiveté—or who would deny the American century.

Philip Rieff, The Triumph of the Therapeutic (1966)
A neglected classic. Rieff shows that the real danger to humanity in our time is not socialism but therapy.

George Santayana, Persons and Places: Fragments of Autobiography (1944)
Like everything else from the pen of George Santayana, Persons and Places is elegant, witty, perspicacious, and profound—a distinguished autobiography relating the tangled transatlantic life of one of the century’s most original minds.

Joseph Schumpeter, Capitalism, Socialism, and Democracy (1942)
A great economist presents a dark vision of politics in a book which is accurately reasoned and brilliantly written.

Leo Strauss, Natural Right and History (1953)
Strauss revealed the philosophical nerve of the Modern Project and retrieved the political dimension of classical philosophy.

William Strunk & E. B. White, The Elements of Style (1959)
An extraordinary little book that explains with clarity the use and misuse of the written word. In it the reader will not only learn the difference between such words as “while” and “although,” and “which” and “that,” but also find demonstrated beyond a doubt that language and civilization are inextricably intertwined.

Lionel Trilling, The Liberal Imagination (1950)
Trilling shows that literature is relevant to politics not because it affirms any political doctrine but because it provides a corrective to any political ideology whatsoever.

Frederick Jackson Turner, The Frontier in American History (1920)
Using as his primary sources beliefs that earlier had been felt rather than thought, Turner made those most American characteristics—optimism, grit, unflinching determination—central to the study of American history. One of the few truly original works of history this century.

Eric Voegelin, The New Science of Politics (1952)
Here, one of this century’s most learned political philosophers powerfully critiques the modern quest for secular salvation.

Booker T. Washington, Up from Slavery (1901)
A classic of Southern autobiography describing one man’s heroic and successful efforts to overcome the legacy of slavery.

James D. Watson, The Double Helix (1968)
An eminently readable book about the unraveling of DNA, one of the most important scientific discoveries of the century. The book also offers an interesting look at English society after the Second World War.

Edmund Wilson, Patriotic Gore (1962)
A careful reader of American literature works to restore our past.

Ludwig Wittgenstein, Philosophical Investigations (1953)
In a century littered with ill-considered arguments about the linguistic “construction of reality,” this landmark of the later Wittgenstein stands in a wholly different category. At once ingenious, humane, and humble, it puts philosophy on the right track after the sins of Nietzsche, Heidegger, and others.

Tom Wolfe, The Right Stuff (1979)
The dazzling story of the test pilots and Mercury astronauts is narrated by Wolfe as a compelling affirmation of the American spirit and traditional values.

Malcolm X (with the assistance of Alex Haley), The Autobiography of Malcolm X (1965)
The spiritual journey of a sensitive and intelligent man who had to wrestle with his own demons and contradictions while battling the condescension of paternalist liberals and the enervating effects of the welfare state on his people.

Editors: Mark C. Henrie, Winfield J.C. Myers, Jeffrey O. Nelson. Consultants: Brian Domitrovic, Harvard University; Victor Davis Hanson, California State University, Fresno; E. Christian Kopff, University of Colorado; Peter Augustine Lawler, Berry College; Leonard Liggio, Atlas Educational Foundation; Mark M. Malvasi, Randolph-Macon College; Harvey C. Mansfield, Jr., Harvard University; Wilfred McClay, University of Tennessee, Chattanooga; Mark Molesky, Harvard University; George H. Nash, author; George Panichas, Modern Age; John Willson, Hillsdale College.

1998 crisis and now: differences and similarities - Ye Xie (Bloomberg News)

Why 1998 Was Different, and Same, to Emerging-Market Crisis Now

Oil prices were tanking. Emerging-market currencies were in a freefall. Venezuela was mired in a financial crisis and Russia had sunk into a debt default and devaluation. 
The year was 1998.
Emerging markets today look a lot like they did back then. Yet there have been key changes that could help most of them escape full-blown crises. Here’s a look at the similarities and differences between now and then. 

Similarities

*Falling Oil Prices 
Crude has dropped 48 percent since June to about $55 a barrel, squeezing exporters from Venezuela to Russia and Nigeria. Credit default swaps show a 97 percent probability that Venezuela will default on its bonds within five years, according to data compiled by Bloomberg. The Russian economy, which is under sanctions by the U.S. and the European Union over the Ukraine conflict, will contract as much as 4.7 percent next year if oil remains at $60, the central bank said. 
*Currencies Sink 
A Bloomberg index tracking 20 of the most traded emerging-market currencies fell to the lowest since 2003 on Dec. 15. The ruble tumbled past 64 per dollar for the first time, Turkey’s lira fell to an all-time low while Indonesia’s rupiah retreated to levels last seen in 1998. 
During the Asian financial crisis in 1997 and 1998, countries from Thailand to Malaysia capitulated on defending their currency pegs, leading the Thai baht to lose half its value in six months. South Koreans lined up in the streets to donate gold jewelry to help the government refill their depleting foreign reserves amid the currency slump. 
*Fed Policy
The U.S. Federal Reserve is laying the ground for its first interest rate increase since 2006, threatening to drain capital from developing nations. The World Bank estimated last year that private capital inflows to developing nations could drop 50 percent should long-term U.S. bond yields rise one percentage point. 
Countries with large current account deficits, including Turkey, South Africa and Brazil, are vulnerable, according to Credit Agricole CIB. So are nations such as Malaysia, where foreign investors account for 30 percent of local government debt. A series of Fed rate increases in the mid-1990s helped trigger the run on Asian currencies that would in turn lead to Russia’s default. 
Differences
*Flexible Exchange Rates 
Developing countries have allowed their exchange rates to fluctuate, moving away from the fixed exchange-rate regimes prevailing during the crisis in the late 1990s. While weaker currencies fuel inflation, they can also stimulate economic growth by making exports cheaper. 
*Foreign Reserves 
Developing countries’ foreign reserves dwarf the amount they had in the late 1990s, which will help them weather the volatility in financial markets. As a group, emerging markets hold $8.1 trillion, compared with $659 billion in 1999, according to data compiled by the International Monetary Fund. 
*Debt
Instead of borrowing in dollars, the governments now mostly raise financing in local currencies, allowing them to pay back the debt without having to draw down foreign reserves. External debt amounted to 26 percent of developing nations’ gross domestic product last year, down from 40 percent in 1999, the IMF data show. 
One caveat is that companies have replaced governments as a source of concern on debt issuance. Corporations in developing countries sold about $375 billion of international debt between 2009 and 2012, more than double the amount in the four years before the 2008 financial crisis, the Bank for International Settlements said in September. 
*Interest Rates 
While rates are rising in some developing nations, they remain a fraction of the levels seen in 1998. Russia raised its benchmark rate 6.5 percentage points to 17 percent effective Dec. 16 at a late-night meeting. Some short-term rates soared over 100 percent back in 1998. In Brazil, policy makers have raised benchmark rates to 11.75 percent. That’s still less than half the rate levels from 1998. 
To contact the reporter on this story: Ye Xie in New York at yxie6@bloomberg.net
To contact the editors responsible for this story: Nikolaj Gammeltoft at ngammeltoft@bloomberg.net David Papadopoulos