O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Republica Mafiosa do Brasil: os metodos de certo partido...

Ou Republica Federativa da Corrupção...
Vocês escolhem o nome mais apropriado para designar o sistema único de corrupção sistêmica, generalizada, extensiva, abrangente, industrial, organizada, desavergonhada e persistente.
Eu teria muitas outras expressões para caracterizar o que representa hoje o sistema de governança absolutamente deletéria que impera no Brasil, em que criminosos estão organizados para assaltar de forma permanente os recursos públicos através do controle que exercem sobre mecanismos do poder.
Não tenho tempo, nem estômago aliás, para explorar todos os meandros, formas e ferramentas da corrupção geral e amplamente disseminada que tomou conta do Brasil.
Só posso me horrorizar, mas não deixo de pensar sobre como isso se tornou possível.
Acho que o texto abaixo, que transcrevo do blog de conhecido jornalista, ajuda a compreender como chegamos a esse estado lamentável de corrupção mafiosa na política brasileira.
Paulo Roberto de Almeida

Como o PT e Lula se tornaram os principais beneficiários de um dos regimes mais corruptos do mundo. Ou: É preciso cortar a cabeça da Górgona
Reinaldo Azevedo, 19/07/2011

Estão dispostos a encarar? Longo, mas, modéstia às favas, acho que bastante bom. Avaliem.
*
A corrupção no poder não é um problema exclusivamente brasileiro; aqui, no entanto, as coisas estão saindo do, vá lá, razoável. Sim, há certa razoabilidade até no mundo da bandalheira. Quem tem uma posição de mando está permanentemente ameaçado pela tentação de contemplar os próprios interesses. Resistir é uma questão de caráter. É preciso trabalhar com pessoas decentes, pois. Mas, nas democracias organizadas mundo afora, confia-se menos nos homens do que nas instituições; são estas que controlam aqueles, não o contrário. No que diz respeito à coisa pública, é preciso diminuir o espaço do arbítrio, da escolha pessoal, em benefício de um padrão que interessa à coletividade. No Brasil, estamos fazendo o contrário: a cada dia, diminui a margem de escolha dos indivíduos privados, e aumenta o arbítrio do estado. É o modo petista de governar. É claro que isso não daria em boa coisa. Convenham: nós, os ditos “conservadores” — “reacionários” para alguns —, estamos denunciando essa inversão de valores faz tempo.

A forma como o poder está organizado no Brasil facilita a ação dos larápios. Há um elemento de raiz nessa história. O regime saído da Constituição de 1988 foi desenhado para o parlamentarismo até a 24ª hora; na 25ª, pariu-se o presidencialismo, e veio à luz um regime híbrido, de modo que o chefe do Executivo fica de mãos atadas sem a maioria no Congresso, e o Congresso não existe sem a distribuição das prebendas gerenciadas pelo Executivo. Ai do presidente que perder a maioria no Parlamento! É claro que Fernando Collor, por exemplo, caiu por bons motivos, mas os motivos para a queda de Lula em 2005 eram maiores e melhores, e, no entanto, foi socorrido pelo Legislativo. O resto é história.

Isso que se convencionou chamar de “Presidencialismo de Coalizão” se mostra, já escrevi aqui, “Presidencialismo de Colisão com a Moralidade Pública”. Aquele que vence a eleição presidencial precisa começar a construir, no dia seguinte à vitória, a sua base de sustentação no Congresso. Não o faz com base num programa de governo. Sabemos como isso está desmoralizado, não? No máximo, há algumas palavras de ordem. Uma das idéias-força de Dilma Rousseff, por exemplo, era o ataque às privatizações… Agora, ela faz o diabo para tentar acelerá-las no caso dos aeroportos, por exemplo.

Ao buscar o apoio no varejo, o que tem o eleito a oferecer? Como se viu, nem mesmo um programa de governo. Resta negociar com o bem público: “Ô Valdemar, rola o apoio dos seus 40 deputados em troca do Ministério dos Transportes, de porteira fechada?” Claro que rola! Pensem bem: por que um partido quer tanto uma pasta como essa? Vocação natural dos valentes para servir? Expertise adquirida ao longo de sua história, de sua militância? Não! Está de olho na verba da pasta, no seu orçamento. Passam, então, a usar uma estrutura do estado e o dinheiro público com três propósitos:
a - fazer política clientelista com os aliados — distribuindo pontes, asfalto, melhorias aqui e ali segundo critérios partidários;
b - fortalecimento do partido por meio da “caixinha” cobrada de empreiteiros e prestadores de serviços;
c - enriquecimento pessoal.

O interesse público, a essa altura, foi para o diabo faz tempo. O PR sabe que jamais exercerá a hegemonia do processo político; sua principal virtude — ou melhor: a principal virtude do partido para seus próceres — é ter porte médio; é ser importante na composição da maioria, mas sem ter a responsabilidade de governar. Isso ele deixa para os dois ou três grandes aos quais pode se associar, sempre cobrando o ministério de porteira fechada. Torna-se, assim, um ente destinado a fazer negócios, não a implementar políticas públicas.

Fragmentação partidária
A fragmentação partidária, outra herança perversa da Constituinte de 1988, também está na raiz desse mal estrutural, que predispõe o sistema brasileiro à corrupção. Os tais movimentos sociais capitaneados pelo PT e pela igreja, os egressos do exílio, mesmo os liberais que combateram a ditadura militar, toda essa gente se juntou para defender a ampla liberdade de organização partidária, estabelecendo critérios muito frouxos e pouco exigentes para a criação de legendas, que foram se tornando ainda mais relaxados por legislação específica.

“Pra que tanto partido, meu Deus?”, pergunta o meu coração. Para assaltar os cofres públicos! Ou alguém identifica no, sei lá, PR, PP e PRB diferenças ideológicas de fundo, que realmente os diferenciem? Ou ainda: o que eles têm de incompatível com o PMDB, por exemplo, e este com o PSB ou com o PDT? A experiência mundo afora tem demonstrado que dois partidos bastam para fazer uma sólida democracia, eventualmente três. Os demais ou servem à vaidade de líderes regionais — na hipótese benigna e mais rara — ou ao assalto organizado ao caixa. Esses partidos não DÃO apoio a ninguém, mas o VENDEM. Os que não conseguem expressão eleitoral para reivindicar cargos públicos fazem negócios antes mesmo da eleição: negociam seu tempo na televisão.

Dá para ser otimista quanto a esse particular? Não! Os encarregados de fazer uma reforma partidária, por exemplo, são os principais beneficiários da fragmentação partidária. Isso não vai mudar.

Como o PT degradou o que já era ruim
Não! Eu não vou igualar o governo FHC ao camelódromo petista só para que me julguem isento. Até porque deixo a “isenção” para os que não têm independência para se dizer comprometidos com certas idéias e teses. Eu, felizmente, tenho. O tucano também governou segundo esse sistema chamado “presidencialismo de coalizão”, sim; denúncias e casos de corrupção também apareceram em seu governo, mas o fato é que a sua gestão tinha um propósito que, a juízo deste escriba, tirou o Brasil do fim do mundo e o fez um ator importante na ordem global: a modernização da economia, que se expressou por intermédio das privatizações, da abertura ao capital estrangeiro, da reorganização do sistema bancário, da disciplina nas contas públicas, da estruturação da assistência social. E tudo debaixo do porrete petista, é bom lembrar. FHC governou essencialmente com o PSDB e com o PFL, os dois partidos que venceram a eleição.

Os leitores mais jovens não têm como saber, mas eu lembro: quando FHC, então pré-candidato do PSDB à Presidência, anunciou a disposição de fazer uma composição com o PFL, a imprensa “progressista” ficou arrepiada. “Como? O intelectual que veio da esquerda se junta aos conservadores? Que horror!” Seu governo, depois, e isso todos sabem, foi chamado de “neoliberal” pelos intelectuais e jornalistas pilantras do PT. Adiante.

O PT entrou na disputa de 2002 prometendo duas coisas antitéticas — o que gloriosamente apontei na revista Primeira Leitura, que fechou as portas em 2006: “mudar tudo o que está aí” (era o discurso de sempre do petismo) e “preservar tudo o que está aí” — essência da tal “Carta ao Povo Brasileiro”, que Antonio Palocci e outros petistas redigiram na sede de um banco de investimentos. A síntese que fiz à época foi esta, e eu a considero, modéstia à parte, muito esperta até hoje: “O PT é a continuidade sem continuísmo, e Serra (então candidato tucano) é o continuísmo sem continuidade”. Minha síntese é boa, mas algo fica faltando.

Oferecer o quê?
O PT NÃO CONTINUOU FHC num particular: faltava-lhe um projeto de governo. Além da continuidade sem imaginação, levado pelos bons ventos da economia mundial, o que o partido tinha a oferecer? Certa resistência do ex-presidente tucano à feira livre dos cargos, aos lobbies organizados de corporações sindicais e empresariais, à demagogia do “faço-e-aconteço” — e essa era uma das virtudes republicanas de FHC — foram transformadas por Lula num grande defeito, numa evidencia do governante frio e tecnocrata. Ele, Lula, era diferente: abria as portas do Palácio a quem tivesser alguma reivindicação, ouvia todo mundo, atendia a todos os pleitos. O Apedeuta transformou o governo federal, em suma, numa espécie de pátrio dos milagres de quantos queisessem arrancar um dinheirinho dos cofres públicos em troca do apoio ao governo.

O PT JÁ TINHA SE DADO CONTA, ÀQUELA ALTURA, QUE A HEGEMONIA DO PROCESSO POLÍTICO, QUE ESTAVA EM SEU HORIZONTE DESDE A SUA CRIAÇÃO, EM 1980, SE DARIA NÃO COM A MUDANÇA DA CULTURA POLÍTICA, MAS COM A SUA MANUTENÇÃO.

Por isso Lula disparou certa feita a máxima de que governar é fácil. Ele se dava conta de que a simbiose entre Legislativo e Executivo, de que a fragmentação partidária e de que a gigantesca máquina federal concorriam para a construção e consolidação daquela pretendida hegemonia. E não, ele não precisava nem ter nem anunciar projeto nenhum! Bastava manter nas mãos do PT o núcleo duro do poder e distribuir cargos à mancheia. Teria o Congresso, como teve, na palma das mãos. Se a aliança estratégica que FHC fizera no passado com o PFL soou a muitos uma traição, a de Lula com a escória da política foi tida como evidência de uma pensamento estratégico e sinal de amadurecimento do PT.

O PT, FINALMENTE, SE TORNAVA O PRINCIPAL BENEFICIÁRIO DO MODELO CONTRA O QUAL, PARA TODOS OS EFEITOS, SE CONSTRUÍRA.

Um novo sentido moral para a corrupção
Vocês já devem ter lido que Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e espião oficial de Lula na gestão Dilma, tentou livrar a cara de Luiz Antonio Pagot. O Babalorixá de Banânia, embora diga o contrário, não aprova o desmanche da canalha que incrustada no Ministério dos Transportes. Ainda que Dilma seja, obviamente, beneficiária indireta do modo como Lula construiu o governo, tem lá algumas exigências incompatíveis com aquela máquina de ineficiência e corrupção em que se transformou a pasta. Para o demiurgo tornado o ogro da democracia brasileira, isso é absolutamente irrelevante.

Há muito, desde o antiqüíssimo Caso Lubeca — pesquisem a respeito —, o petismo tenta demonstrar que a corrupção praticada pelo partido e por seus aliados tem um sentido moral diferente daquela eventualmente protagonizada por seus adversários. As lambanças petistas seriam imposições da realidade e buscariam sempre o bem comum; no máximo, admite-se que o partido faz o que todos fazem; censurá-lo, pois, seria evidência de preconceito. Esse juízo chegou ao paroxismo durante o mensalão. Muito bem! O PR não inovou seus métodos nos seis meses de governo Dilma; apenas continuou a praticar o que fez nos oito anos de governo Lula. Não por acaso, Valdemar Costa Neto foi um dos protagonistas do escândalo do mensalão. E com tal evidência que renunciou para não ser cassado. Carvalho, em nome de Lula, tenta segurar Pagot porque entende que o PR é parte da construção da hegemonia partidária. Os petistas deram dignidade à escória da política brasileira.

Como se desarma isso?
Como se desarma isso? Não tenho a pretensão de ter uma resposta definitiva. E acho que não há “a” ação eficaz. A vigilância da imprensa, como provou VEJA, é certamente um elemento poderoso. Os partidos de oposição têm de ampliar sua articulação com a sociedade, que se expressa cada vez mais nas chamadas redes sociais. A cada um de nós cabe denunciar a corja de vigaristas que, sob o pretexto de “mudar o Brasil”, transforma o país no reino da impunidade.

E, definitivamente, é preciso denunciar a ação deletéria do sr. Luiz Inácio Lula da Silva. É preciso cortar a cabeça dessa Górgona barbuda sempre disposta a justificar as piores práticas políticas e a petrificar o juízo crítico. Ele se tornou hoje o símbolo do desastre moral que é a administração pública do Brasil. Não por acaso, enquanto o governo Dilma se quedava ontem entre a paralisia e a evidência da corrupção desbragada, lá estava ele ontem confraternizando com os “governistas” da Fiesp, hoje um dos aparelhos rendidos ao lulo-petismo. Comemorando o quê?

A condição de Lula de chefe de um dos regimes políticos mais corruptos do mundo. Isso, como vimos, não será denunciando pelos “comunistas” da UNE, um cartório do PC do B, sócio do poder. Também não será denunciando pelos supostos “capitalitas” da Fiesp, um cartório dos que estão de olho, ou já os têm, nos empréstimos do BNDES a juros subsidiados ou em alguma exceção fiscal.

É assim que se faz da corrupção um método e quase uma metafísica.

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E aqui o complemento lógica da República Mafiosa do Brasil:

A Górgona barbuda quer transformar a herança maldita em maldição
Reinaldo Azevedo,19/07/2011

Notem que, aos poucos, a agenda de Lula vai sendo incorporada ao noticiário como pauta obrigatória: aonde ele vai, com quem fala, o que disse, quem foi atacado, quem o elogiou, os títulos que recebe, quem ele visita, encontros em palácios com governadores, agenda com prefeitos, reuniões com o seu partido, conversinhas com representantes da base aliada, palestras…

Não passa mais dia sem que saibamos da buliçosa vida de Lula. E olhem que 2012 ainda nem começou. Será ele o grande comandante do PT na disputa pelas Prefeituras.

Está, em suma, reencarnando sem nem ter desencarnado. Acho de uma irrelevância danada saber se ele combinou ou não os movimentos com a presidente Dilma Rousseff. Isso não tem a menor importância. Como ela não vai mesmo romper com ele e com o PT — ou não governa mais —, essa é uma questão vencida.

O fato é que Lula prepara o retorno daquele que não foi. Ninguém acredita que Dilma chegue em condições ótimas para disputar a reeleição em 2014. Segundo gente que freqüenta o ambiente palaciano, nem ela própria. Assim, ele perdeu o pudor de tomar o lugar dela como principal referência da política.

A Górgona barbuda já está em campanha. Quer transformar a herança maldita numa maldição.

terça-feira, 19 de julho de 2011

A frase do ano: um monumento em honra da sinceridade...

Frase do deputado Paulo Wagner, do PV potiguar, em entrevista à Rádio Difusora de Mossoró, citada pelo sempre atento colunista Cláudio Humberto (www.claudiohumberto.com.br):

"Eu prometo ao povo do Rio Grande do Norte que vou me segurar para não meter a mão no dinheiro alheio".


Coletada na coluna diária do jornalista Carlos Brickmann, Quarta-Feira, 20 de julho

Tudo indica que este governo so age comandado pela imprensa...

Pois é, o Partido da Imprensa Golpista, como gostam de dizer certos energúmenos, conseguiu finalmente dar o seu golpe de mestre: mandar no governo.
Um governo inoperante, improvisado, sem capacidade de iniciativa (sequer para descobrir e punir as falcatruas que são cometidas no próprio governo), com muita gente medíocre (intelectualmente) e esperta (financeiramente) espalhada por seus muitos redutos quase indevassáveis, só acaba agindo, no último minuto, sob a pressão do Partido da Imprensa Golpista, o famigerado PIG de blogueiros subservientes (e possivelmente corruptos, também), a serviço de causas inconfessáveis (ambos os lados, se ouso dizer).
Estamos bem de governo: atuando em consonância com a imprensa, golpista ou não...
Paulo Roberto de Almeida

Dilma contraria grupo de Lula, reitera saída de Pagot e pede limpeza total
Por Tânia Monteiro, Leonencio Nossa e Júlio Castro
O Estado de S.Paulo, 19 de Julho de 2011

BRASÍLIA E FLORIANÓPOLIS - A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, foi encarregada na segunda-feira, 18, pela presidente Dilma Rousseff de anunciar que o diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, atualmente em férias, não retornará mais ao cargo.

Dilma orientou ainda o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, a concluir, se possível esta semana, a "limpeza" na pasta, com o afastamento do petista Hideraldo Luiz Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, e de Felipe Sanches, presidente interino da Valec, e outros supostos envolvidos num esquema de corrupção que abala o governo desde o início do mês.

Logo pela manhã, a presidente deu o primeiro recado. Numa reunião no Planalto, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tentou introduzir na conversa a necessidade da permanência de Pagot. Dilma afirmou que, se fosse para trazê-lo de volta, teria de fazer o mesmo com os outros seis que ela havia demitido, e isso não ocorrerá. Gilberto Carvalho, braço direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vocalizava, no atual governo, a defesa da permanência de Pagot.

A presidente observou ainda, na conversa com o petista, que Pagot tinha responsabilidade sobre a direção do órgão e, portanto, esse assunto é página virada.

Numa entrevista em Santa Catarina, a ministra Ideli Salvatti ratificou oficialmente a demissão de Pagot. "Tudo indica que sim, até pelas reiteradas vezes que ela (Dilma) tem se comportado dessa forma", afirmou. "Operacionalmente, com alguém de férias, você não pode tomar essa medida." Após a declaração, auxiliares diretos confirmaram que Dilma mantém a decisão de afastar o diretor do Dnit.

Mudanças. Em uma conversa, antes do almoço, com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, Dilma o avisou que Pagot, mesmo com as pressões e apoio dentro do governo de auxiliares muito próximos a Lula, é carta fora do baralho. Informou também que é preciso promover, o quanto antes, as mudanças necessárias em todos os órgãos da área de transportes.

Maquiavel agradece aos fieis leitores... e promete outros dois livros, este ano...

Depois do lançamento-debate de meu livro (publicado em 2010, enquanto eu estava na China), "O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado", realizado em 18 de maio em sessão animada por meus amigos Paulo Kramer (da UnB) e Murillo Aragão (da Arko Advice), eu ainda não tinha tido a oportunidade, o tempo e o lazer de agradecer pessoalmente aos muitos amigos, colegas, conhecidos ou simplesmente curiosos, que apareceram nessa simpática soirée, realizada na Casa Thomas Jefferson, em Brasilia:
Maquiavel e a política contemporânea

Pois bem, eu faço isto hoje, registrando simplesmente o nome dos muitos amigos consignados como gentis recipiendários dos livros disponíveis nessa ocasião. Pode ser, é até provável, que eu esqueça ou tenha perdido os nomes de alguns, mas gostaria de agradecer a todos, sobretudo pelas boas perguntas feitas nessa noite que homenageou sobretudo a inteligência do intelectual florentino (sendo que o mesmo não se pode exatamente dizer da política contemporânea, sobretudo em certos países que primam por chamar os eleitores de idiotas e pagadores passivos).

Juliano Cortinhas
Leandro Grôppo
Daniela Nobre
Bergue
Thiago
Isbel Santos Q. Teixeira
Einstein Lincoln Taquary
Eneida Taquary
Celso de Tarso Pereira
Gilberto Moura
Antonio Paulo e Isabel Maria
Ana Paula Andriolli
Pedro Paulo Assumpção
Luiz Paulo
Leandro Rocha de Araujo
Louize Helena
Eleanora Dutra
Miúra Silva Bettim
Luiz Eduardo Costa
Alice Vieira
William Paulino
Moira
Oscar e Elinor Lorenzo
Marcos Magalhães
Deborah Celentano
Luis Dantas
Carlos Ilha
Marcel Garcia
Gustavo
Rolemberg Estevão de Sousa
José Roberto
Carlos Eduardo Vidigal
Livia Sales

A todos eles, e a todos os demais passantes, navegantes, distraídos, incógnitos, não registrados, simples curiosos (mas que certamente se beneficiaram de uma noite de bons debates, e uma bebidinha ao final), meu muito obrigado, em toda sinceridade.

Aproveito para informar que dentro de dois ou três meses, no máximo, deverão adentrar na praça (isso existe?, apenas como figura de estilo), dois outros livros meus:

Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização (Lumen Juris)

Relações Internacionais e Política Externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização (LTC Editora)

Sumários, capa, outras informações na seção livros do autor do meu site:
www.pralmeida.org

Com o seu, com o meu, com o nosso dinheiro, caro leitor: Brasil se torna grande credor dos EUA

Brasil é o 5º maior credor da dívida dos EUA
Montante brasileiro investido em títulos norte-americanos aumentou 30,89% entre maio de 2010 e maio de 2011

Pois é, quem diria?
Que Carmen Miranda fosse capaz, um dia, de comprar Hollywood!?
Surpreso, leitor, que o Brasil seja um grande credor dos EUA?
Eu, nem um pouco.
Aliás, não tinha mesmo o que fazer com essa montanha de dólares acumulados pelo Brasil, supostamente como reserva de garantia para dias difíceis.
A única coisa aparentemente melhor eram mesmo os T-Bonds, os Treasury bonds do governo americano, que devem estar pagando mais ou menos 2,5% para os títulos de 5 anos (sem descontar a inflação).
Ou seja, se o Tesouro toma dinheiro emprestado do distinto público para comprar esses dólares tão desprezados pelo resto do mundo, e com isso paga juros internos de mais ou menos 12,5%, isso significa que o Brasil está PERDENDO, nessa operação, mais ou menos 10% de remuneração por ano, o que, por baixo, deve dar uns US$ 40 bilhões (atenção: eu disse QUARENTA BILHÕES DE DÓLARES).
É isso que custa essa política insana de pretender acumular divisas, usando para isso o seu, o meu, o nosso dinheiro.
Você acha que está certo, caro leitor?
Não acho, pois além dos US$ 40 bi de custo fiscal, tem ainda o chamado custo-oportunidade, ou seja, o que poderíamos fazer com esse dinheiro se ele simplesmente não se perdesse no ar, ou seja, se o Brasil pelo menos se endividasse para investir em escolas, estradas, hospitais, etc.
Eu sinceramente preferiria que as atuais Carmen Mirandas comprassem Hollywood. Pelo menos seria um investimento mais rentável, pois o mundo vai continuar vendo filmes, qualquer filme, de Hollywood. Não acho que o mundo vai continuar eternamente comprando T-bons. Isso é só para os trouxas, como nossos governantes...
Paulo Roberto de Almeida

The end of Civilization (as we know it...)

Será que um bando de irredentistas ludistas fundamentalistas saudosistas (nos EUA tem de tudo, inclusive alguma seita religiosa que certamente vai reagir a essa medida, dizendo que a palavra de Deus foi escrita à mão) não vai sair por aí quebrando computadores?
Grande dúvida: vamos esperar novos desenvolvimentos deste affair, que certamente vai despertar um debate tão inútil quanto enviesado nas próximas semanas, a ser superado por mais alguma medida inútil de alguma autoridade em qualquer coisa...
Paulo Roberto de Almeida

O fim do caderno de caligrafia?
Opinião e Notícia, 19/07/2011

Departamento de Educação do estado de Indiana recomenda que as escolas deixem de ensinar letra cursiva.

Vem provocando polêmica nos EUA nas últimas semanas uma recomendação do Departamento de Educação do estado de Indiana dizendo às escolas que deixem de ensinar as crianças a escreverem com letra cursiva, considerada ultrapassada, focando-se apenas na prática da letra de forma.

“As escolas devem decidir se pretendem ensinar letra cursiva, mas recomendamos que deixem de ensinar e se foquem em áreas mais importantes. Também seria desnecessário encomendar apostilas que ensinem letras cursiva”, diz um memorando do Departamento de Educação de Indiana.

Outros estados devem fazer o mesmo
O argumento é de que atualmente as crianças praticamente não precisam mais escrever com caneta ou lápis. Tendo em vista que quase toda a comunicação acontece hoje por meio de letras de forma nos celulares e computadores, seria mais importante elas aprenderem a digitar mais rapidamente.

Tornado facultativo, o ensino da letra cursiva deverá ser definitivamente banido de Indiana nos próximos anos, uma decisão que pode ser seguida por mais de 40 outros estados norte-americanos que também consideram esta forma de escrever ultrapassada.

Fonte: Veja - EUA passam a abolir ensino de letra de mão nas escolas

Surpresas politicas: Humala, o livre comercio e o neoliberalismo...

Certas pessoas, como este acadêmico queridinho dos altermundialistas, antiglobalizadores e outros alternativos, acham que pessoas de esquerda permanecem de esquerda a vida toda, mesmo quando chegam ao poder.
Creio que vão se decepcionar...


Derrota dos EUA: vitória de Humala desfaz Aliança do Pacífico
Immanuel Wallerstein
Carta Maior, 18/07/2011
Os EUA procuraram contrariar o programa do Brasil de construção de estruturas regionais como a Unasul e o Mercosul, criando a Aliança do Pacífico do México, da Colômbia, do Chile e do Peru, baseada em acordos de livre-comércio. Além disso, a Colômbia, o Peru, e o Chile promoveram um projecto de criação de uma bolsa de valores integrada. E as forças armadas do Peru ligaram-se ativamente ao Comando Sul do Exército dos EUA. Com a eleição de Humala, a contra-ofensiva geopolítica dos EUA, a Aliança do Pacífico, está desfeita.
(neste link)

Calderón y Humala impulsan relación comercial con el TLC Perú-México en ciernes
InfoLAtam Newsletter, 19/07/2011
El mandatario de México, Felipe Calderón, y el presidente electo de Perú, Ollanta Humala, se comprometieron hoy a impulsar su relación comercial en momentos en que el Senado mexicano discute la ratificación de un TLC que ambos países negociaron durante cinco años.
(neste link)

New Leftist Peru President to Keep Central Bank Chief
BY ROBERT KOZAK AND MATT MOFFETT
The Wall Street Journal, July 19. 2011
LIMA, Peru—Leftist President-elect Ollanta Humala said he would retain the government's current central bank president, who is known as a tough inflation fighter, a sign of continuity in economic policy that buoyed investors.
Keeping Brown University-educated Julio Velarde, the first appointee to be announced by the government that takes over July 28, alleviates some of the uncertainties about Mr. Humala's economic philosophy that have depressed financial markets and the broader economy for months, analysts said.
"Velarde's appointment is the first solid indication that Humala has moderated not only his discourse but potentially his ideology as well," said Luis F. Zapata, ...

Council on Foreign Relations, Report on Brazil (too optimistic?)

Pessoalmente considero que os membros da Task Force foram muito lenientes, compreensivos, positivos com relação ao Brasil.
Como eu sou um realista cético -- o que não quer dizer que sou pessimista, ou negativista -- eu faria um relatório diferente.
Mas, como a coordenadora é uma especialista em Cuba, na comparação o Brasil fica bem na foto...
E, considerando-se que a maior parte dos membro da Task Force - ver as minibiografias abaixo -- pretende realizar grandes coisas com o Brasil, no mundo dos negócios ou governamental, compreende-se que eles tenham sido positivos. Afinal de contas, é preciso dizer boas coisas para conseguir fazer negócios e receber convites de certas pessoas bem colocadas...
Paulo Roberto de Almeida

Global Brazil and U.S.-Brazil Relations
Task Force Report
Council on Foreign Relations

Chairs:
Samuel W. Bodman
James D. Wolfensohn, Chairman, Wolfensohn & Company, LLC
Director:
Julia E. Sweig, Nelson and David Rockefeller Senior Fellow for Latin America Studies and Director for Latin America Studies
Publisher: Council on Foreign Relations Press
Release Date: July 2011
128 pages
ISBN 978-0-87609-492-1
$15.00
Task Force Report No. 66

DOWNLOAD THE FULL TEXT OF THE REPORT HERE (2 MB PDF)
Appendix: U.S.-Brazil Bilateral Agreements (67K PDF)

Overview
July 12, 2011—Over the course of a generation, Brazil has emerged as both a driver of growth in South America and as an active force in world politics. A new Council on Foreign Relations (CFR)-sponsored Independent Task Force report asserts “that it is in the interest of the United States to understand Brazil as a complex international actor whose influence on the defining global issues of the day is only likely to increase.”
Brazil currently ranks as the world’s fifth-largest landmass, fifth-largest population, and expects to soon be ranked the fifth largest economy. The report, Global Brazil and U.S.-Brazil Relations, recommends that “U.S. policymakers recognize Brazil’s standing as a global actor, treat its emergence as an opportunity for the United States, and work with Brazil to develop complementary policies.”
The Task Force is chaired by former secretary of energy Samuel W. Bodman and former president of the World Bank James D. Wolfensohn, and directed by CFR Senior Fellow and Director for Latin America Studies, and Director of the Global Brazil Initiative Julia E. Sweig.
Recognizing Brazil’s global role, the report recommends that the Obama administration now fully endorse the country’s bid for a seat as a permanent member of the United Nations Security Council (UNSC). It argues that “a formal endorsement from the United States for Brazil would go far to overcome lingering suspicion within the Brazilian government that the U.S. commitment to a mature relationship between equals is largely rhetorical.”
Domestically, Brazil’s “inclusive growth has translated into a significant reduction of inequality, an expansion of the middle class, and a vibrant economy, all framed within a democratic context.” Consequently, Brazil has been able to use its economic bona fides to leverage a stronger position in the international, commercial, and diplomatic arena.
The report stresses the importance of regular communication between the presidents of both countries. “Cooperation between the United States and Brazil holds too much promise for miscommunication or inevitable disagreements to stand in the way of potential gains.” A mature, working relationship means that “the United States and Brazil can help each other advance mutual interests even without wholesale policy agreements between the two,” notes the report.

The Task Force further recommends that
- the U.S. Congress “include an elimination of the ethanol tariff in any bill regarding reform to the ethanol and biofuel tax credit regime.”
- the United States “take the first step to waive visa requirements for Brazilians by immediately reviewing Brazil’s criteria for participation in the Visa Waiver Program.”
- the U.S. State Department create an Office for Brazilian Affairs and the National Security Council (NSC) centralize its efforts under a NSC director for Brazil in order to better coordinate the current decentralized U.S. policy.

The bipartisan Task Force includes thirty distinguished experts on Brazil who represent a range of perspectives and backgrounds. The report includes a number of additional views by Task Force members, including one that notes, “We believe that a more gradual approach [regarding Brazil’s inclusion as a full UNSC member] would likely have more success in navigating the diplomatic complexities presented by U.S. support for Brazil.” Another view asserts, “If the United States supports, as the Obama administration has said it does, leadership structures in international institutions that are more reflective of international realities, it must support without qualifications Brazil’s candidacy [for the UNSC].”

Task Force Members
Jed N. Bailey is an expert in energy markets in developing countries and the founder of the Popo Agie Group, an incubator focused on products and services that promote learning at all ages. He was previously vice president for applied research consulting at IHS CERA, where he was responsible for IHS CERA’s global bespoke research and consulting practice. Bailey is the author of over seventy IHS CERA reports and directed IHS CERA multiclient studies that examined the energy futures of Brazil, China, Mexico, South America, and Southeast Asia. He has been widely quoted in publications ranging from the Economist and the Financial Times to the Iran Daily and has appeared on Bloomberg Television and CNN International. His current projects at the Popo Agie Group include developing Kaleidoshapes, a large-scale construction and dramatic play toy for young children; experimenting with the graphical presentation of complex data; and exploring the use of narrative in corporate strategy and communications. Bailey holds a BS from the University of Wyoming and an MS from the Massachusetts Institute of Technology.

Samuel W. Bodman served as U.S. secretary of energy from 2005 to 2009 and previously served as deputy secretary of the treasury and as deputy secretary of commerce. Bodman currently serves on the board of directors of the Hess Corporation, the AES Corporation, and Weatherford International. He is a trustee of the Massachusetts Institute of Technology (MIT), Cornell University, and the Carnegie Institution, as well as a lifetime trustee of the Isabella Stewart Gardner Museum. He is a member of the National Academy of Engineering and the American Academy of Arts and Sciences. He is also a chairman of the advisory board of the University of Texas Energy Institute and a member of the energy task force of the Hoover Institution at Stanford University. He serves on the international advisory council of the King Abdullah University of Science and Technology. Bodman earned a BS from Cornell University and a PhD from MIT, where he was also associate professor of chemical engineering. He began his work in the financial sector as technical director of the American Research and Development Corporation. In 1983 he became president and CEO of Fidelity Investments and a director of the Fidelity Group of Mutual Funds. In 1987, he joined Cabot Corporation, where he served as chairman, CEO, and director.

R. Nicholas Burns is professor of the practice of diplomacy and international politics at the Harvard Kennedy School and director of the future of diplomacy project and faculty chair for the programs on the Middle East and on India and South Asia. He serves on the board of directors of the school’s Belfer Center for Science and International Affairs and on the boards of several nonprofit organizations. Ambassador Burns served in the U.S. Foreign Service for twenty-seven years until his retirement in April 2008, serving variously as undersecretary of state for political affairs, U.S. ambassador to NATO and Greece, and State Department spokesman. He was senior director for Russia, Ukraine, and Eurasia affairs on the National Security Council and special assistant to President William J. Clinton and, before that, director for Soviet affairs in the George H.W. Bush administation. He also served at the U.S. consulate in Jerusalem and the U.S. embassies in Egypt and Mauritania. He has received the Secretary of State’s Distinguished Service Award, Johns Hopkins University’s Woodrow Wilson Award for Public Service, and Boston College’s Alumni Achievement Award. He has a BA from Boston College and an MA from the Johns Hopkins School of Advanced International Studies.

Louis E. Caldera is the vice president of programs with the Jack Kent Cooke Foundation, where he leads the foundation’s scholarship and grant programs and is responsible for the foundation’s communications, information systems, program development, and evaluation functions. Caldera has a distinguished public service career that includes service as an officer in the U.S. Army, as a California legislator, as secretary of the army in the Clinton administration, and as president of the University of New Mexico. He also served in the Clinton administration as managing director and chief operating officer of the Corporation for National and Community Service. Prior to joining the Jack Kent Cooke Foundation, Caldera was a senior fellow at the Center for American Progress, a progressive think tank, where he focused on higher education, immigration, and other public policy matters affecting poor and ethnically and racially diverse communities in the United States. He served on President Barack Obama’s Department of Defense transition team and was an assistant to the president and director of the White House Military Office in the early months of the Obama administration. Caldera is a graduate of the U.S. Military Academy at West Point and holds law and business degrees from Harvard University.

Eileen B. Claussen is the president of the Pew Center on Global Climate Change and Strategies for the Global Environment. Claussen is the former assistant secretary of state for oceans and international environmental and scientific affairs. Prior to joining the Department of State, Claussen served for three years as a special assistant to the president and senior director for global environmental affairs on the National Security Council. She has also served as chairman of the United Nations Multilateral Montreal Protocol Fund. Claussen was director of atmospheric programs at the U.S. Environmental Protection Agency (EPA), where she was responsible for activities related to the depletion of the ozone layer, Title IV of the Clean Air Act, and the EPA’s energy efficiency programs. Claussen is a member of the Council on Foreign Relations, the Ecomagination advisory board, the Harvard environmental economics program advisory panel, and the U.S. Commodity Future Trading Commission’s advisory committee. She is the recipient of the Department of State’s Career Achievement Award and the Distinguished Executive Award for Sustained Extraordinary Accomplishment. She also served as the Timothy Atkeson scholar in residence at Yale University.

Nelson W. Cunningham is managing partner and a cofounder of McLarty Associates. Under his leadership, McLarty Associates has developed into a firm with global reach and over four dozen employees and advisers stationed in Washington and around the world. Cunningham served as special adviser to President Clinton on Western Hemisphere affairs and as general counsel at the White House Office of Administration. He previously served as general counsel to Chairman Joseph R. Biden of the Senate Judiciary Committee, focusing on constitutional, judicial, and criminal justice matters. He also served as an assistant U.S. attorney in the southern district of New York from 1988 to 1994. Cunningham was a campaign adviser and member of the Obama-Biden transition team and was a foreign policy and trade adviser to John Kerry’s 2004 presidential campaign as well as to those of other Democratic candidates. He is an active member of the boards of the Institute of the Americas, the Business Council for International Understanding, the American Security Project, and the U.S.-India Business Council and is a member of the Yale president’s council on international activities, the Department of State’s advisory committee on international economic policy, the Export-Import Bank advisory committee, the Council of the Americas, and the Council on Foreign Relations. Cunningham is a graduate of Yale College and Stanford Law School.

Eli Whitney Debevoise II is a senior partner in the law firm of Arnold & Porter LLP, with particular involvement in international financial transactions, public policy, international arbitration, multijurisdictional litigation, banking, and international trade. The firm acts as legal counsel to Brazil on certain transactional and litigation matters. He rejoined Arnold & Porter LLP in 2010 after serving as U.S. executive director of the World Bank beginning in 2007. During his tenure at the bank, he had a leading role in capital increase and share realignment negotiations and participated in preparations for G8 and G20 summits. Debevoise has lectured at Harvard Law School, Yale Law School, the Tuck School of Business at Dartmouth, and the Hungarian Institute for the Training of Bankers. In 2010, he gave the Lauder leadership lecture at the Lauder Institute at the University of Pennsylvania. He has written articles on sovereign finance, international banking, international arbitration, securities regulation, World Trade Organization dispute resolution, U.S. export controls, and sovereign immunity. Debevoise graduated from Yale University and Harvard Law School. He holds an honorary doctorate in law from the Vermont Law School and is a recipient of the Order of Rio Branco.

Paula J. Dobriansky is the senior vice president and global head of government and regulatory affairs at Thomson Reuters. She is an adjunct senior fellow at Harvard University’s John F. Kennedy Belfer Center for Science and International Affairs and holds the distinguished national security chair at the U.S. Naval Academy. From May 2001 to January 2009, Ambassador Dobriansky served as undersecretary of state for democracy and global affairs; in February 2007, she was appointed the president’s special envoy on Northern Ireland. She served as senior vice president and director of the Washington office of the Council on Foreign Relations (CFR) and as CFR’s first George F. Kennan senior fellow for Russian and Eurasian studies. Her other government appointments include associate director for policy and programs at the United States Information Agency, deputy assistant secretary of state for human rights and humanitarian affairs, and director of European and Soviet affairs on the National Security Council. From 1997 to 2001, she served on the U.S. Advisory Commission on Public Diplomacy. Ambassador Dobriansky received a BSFS from Georgetown University’s School of Foreign Service and an MA and PhD from Harvard University. She is a recipient of various honors, including the secretary of state’s highest honor, the Distinguished Service Medal.

Shepard L. Forman is director emeritus and senior fellow of the Center on International Cooperation at New York University. Prior to founding the center, he directed the human rights and governance and international affairs programs at the Ford Foundation. He serves on the boards of the International Peace Institute, the Global Fairness Initiative, Peace Dividend Trust, and Scholars at Risk, among others. Forman received his PhD in anthropology from Columbia University and did postdoctoral studies in economic development at the Institute of Development Studies in Sussex, England. He served on the faculty at Indiana University, the University of Chicago, and the University of Michigan and conducted field research in Brazil and East Timor. He has authored two books on Brazil and numerous articles and policy papers on humanitarian assistance and postconflict reconstruction assistance and statebuilding. He is coeditor, with Stewart Patrick, of Good Intentions: Pledges of Aid to Countries Emerging from Conflict and Multilateralism and U.S. Foreign Policy: Ambivalent Engagement; with Romita Ghosh of Promoting Reproductive Health: Investing in Health for Development; and, with Bruce Jones and Richard Gowen, of Cooperating for Peace and Security. He also edited Diagnosing America: Anthropology and Public Policy, which examines the application of anthropological studies to social problems in the United States.

José A. Fourquet serves as a managing director of the DBS Financial Group, one of the largest financial advisory firms in the state of Florida. Prior to that, Fourquet worked for four years as a managing director and head of the Miami private investment management branch of Lehman Brothers, Inc. Before joining Lehman, President George W. Bush nominated Fourquet and the U.S. Senate unanimously confirmed him to serve as U.S. executive director of the Inter-American Development Bank from 2001 to 2004. Prior, Fourquet worked for five years as a vice president in the fixed income, currency, and commodities division of Goldman, Sachs & Co., in New York. Fourquet began his career as an operations officer in the Central Intelligence Agency and spent over six years posted abroad in Latin America and the Caribbean, where he collected, evaluated, and reported high-priority intelligence of interest to U.S. policymakers. Fourquet graduated from Georgetown University with a BA in government and a School of Foreign Service special certificate in Latin American studies. He also obtained an MBA in finance from Columbia Business School, where he was inducted into the Beta Gamma Sigma honor society.

Maria C. Freire is president of the Albert and Mary Lasker Foundation. Prior to this, she led the Global Alliance for TB Drug Development, transforming the organization into a world leader in tuberculosis drug development. An internationally recognized expert in technology commercialization, Freire directed the Office of Technology Transfer at the U.S. National Institutes of Health (NIH) and established the Office of Technology Development at the University of Maryland at Baltimore and in Baltimore County. Freire obtained her BS at Universidad Peruano Cayetano Heredia (Lima, Peru) and her PhD in biophysics from the University of Virginia. Active on the NIH advisory committee to the director, the international advisory steering committee of the Instituto Carlos Slim de la Salud (Mexico), the Association of American Medical Colleges advisory panel on research, and the international advisory panel to the Ministerial Working Group on Scaling up of Primary Health Systems, Freire was one of ten commissioners selected for the World Health Organization’s Commission on Intellectual Property Rights, Innovation and Public Health (CIPIH). A member of the Institute of Medicine of the National Academies of Science, she has received the Department of Health and Human Services Secretary’s Award for Distinguished Service, the Arthur S. Flemming Award, and the Bayh-Dole Award.

Stanley A. Gacek* is a labor lawyer with both U.S. and international experience. He is a recognized expert on Brazilian labor and social issues and is the author of a thorough comparative analysis of the Brazilian and U.S. labor law systems, Sistemas de Relacoes do Trabalho: Exame dos Modelos Brasil-Estados Unidos. Gacek is currently serving as international relations officer in the U.S. Department of Labor's Bureau of International Affairs and is responsible for policy and comparative labor law analysis and for representing the U.S. government in its bilateral discussions with counterpart labor ministries throughout the world. Prior to his current job with the Labor Department, Gacek served as special counsel for international labor law at the Solidarity Center/AFL-CIO and associate director of the AFL-CIO’s international department. He was the AFL-CIO’s international affairs assistant director (Americas Region) from 1997 to 2005. He served as the assistant director for international affairs at the United Food and Commercial Workers International Union (UFCW) from 1984 to 1997 and was the UFCW’s assistant general counsel from 1979 to 1984. Gacek received his BA in social studies from Harvard University and his JD from Harvard Law School. He was an adjunct professor at Harvard University in 2008 and has been an active member of the District of Columbia Bar Association.

Sergio J. Galvis is a partner at Sullivan & Cromwell LLP and heads the firm’s practice in Brazil and elsewhere in Latin America. For more than twenty-five years, Galvis has worked on hundreds of matters involving parties from more than twenty-five countries in Asia, Europe, and Latin America. His recent experience in Brazil includes the proposed combination of LAN Airlines and TAM S.A. In 2010, he received the Distinguished Global Citizen Award at the Global Kids annual benefit. He was named by the National Law Journal as one of the 50 Most Influential Minority Lawyers in America and by Hispanic Business magazine as one of the 100 Most Influential U.S. Hispanics in 2008. He is a three-time recipient of the Burton Award for Legal Achievement, most recently in 2011 for his article “Introducing Dodd-Frank,” published in Latin Lawyer. In 2002, Galvis was part of a group of eminent practitioners convened by a G10 working group to help develop collective action clauses for sovereign debt financings.

Kevin P. Green joined IBM in November 2004 and leads IBM’s Department of Defense (DoD) and Intelligence Community business, which includes the U.S. Navy and Marine Corps, the U.S. Army, the U.S. Air Force, Joint Commands and DoD agencies, and National Security Intelligence agencies. Prior to joining IBM, Admiral Green spent thirty-three years as a naval officer, completing his navy career as deputy chief of naval operations (DCNO) for operations, plans, and policy. As DCNO, he coordinated global naval operations, strategic planning, information operations, and naval policy development and managed service relationships with the Office of the Secretary of Defense, the Joint Staff, the National Security Council staff, the U.S. military services, other federal agencies, and allied navies. As a flag officer, he commanded Naval Forces U.S. Southern Command, the Abraham Lincoln carrier battle group, and the Naval Training Center, Great Lakes, Illinois. He served in the Office of the Secretary of Defense, Atlantic Fleet headquarters, and the Bureau of Naval Personnel and commanded a destroyer squadron and a guided missile frigate. He graduated from the U.S. Naval Academy and the National War College and received an MS from the Naval Postgraduate School.

Donna J. Hrinak is vice president for global public policy at PepsiCo, Inc. She has served as U.S. ambassador to four countries—Brazil, Venezuela, Bolivia, and the Dominican Republic—and as deputy assistant secretary of state for Mexico and the Caribbean. She also had assignments in Colombia, Honduras, Mexico, and Poland. Ambassador Hrinak’s honors include the U.S. government’s Distinguished Public Service Award and the State Department’s Career Achievement Award. In 2005, she was named international businesswoman of the year by the Miami chapter of the Organization of Women in International Trade. She serves on the board of directors of the Inter-American Dialogue and on the board of counselors of McLarty Associates. She is based in Purchase, NY.

Robert L. Hutchings is dean of the Lyndon B. Johnson School of Public Affairs at the University of Texas at Austin. Prior to this, Hutchings was diplomat in residence at the Woodrow Wilson School of Public and International Affairs at Princeton University. He was also faculty chair of the master in public policy program and served for five years as assistant dean. From 2003 to 2005, on public service leave from Princeton, he was chairman of the U.S. National Intelligence Council. He has also served as a fellow and director of international studies at the Woodrow Wilson International Center for Scholars, as the National Security Council’s director for European affairs, and as special adviser to the secretary of state, with the rank of ambassador. Ambassador Hutchings was deputy director of Radio Free Europe and on the faculty of the University of Virginia, and he has held adjunct appointments at the Johns Hopkins University School of Advanced International Studies and Georgetown University’s School of Foreign Service. He is a director of the Atlantic Council of the United States and the Foundation for a Civil Society and is a member of the Council on Foreign Relations, the British-North American Committee, and the executive committee of the Association of Professional Schools of International Affairs.

G. John Ikenberry is the Albert G. Milbank professor of politics and international affairs at Princeton University in the Woodrow Wilson School. He has also taught previously at Georgetown University and the University of Pennsylvania. He has held posts at the State Department, on the policy planning staff, and at the Carnegie Endowment for International Peace, as a senior associate. Ikenberry has also been a nonresident senior fellow at the Brookings Institution. During 2002–2004, he was a transatlantic fellow at the German Marshall Fund. In 1998–99, Ikenberry was a fellow at the Woodrow Wilson International Center for Scholars. In 1997–98, he was a CFR international affairs fellow in Japan, sponsored by Hitachi Ltd., and spent a year affiliated with the Institute for International Policy Studies in Tokyo. He has published in all the major academic journals of international relations and written widely in policy journals in addition to authoring several books. He is also the reviewer of books on political and legal affairs for Foreign Affairs. Ikenberry has just published a new book, Liberal Leviathan: The Origins, Crisis, and Transformation of the American World Order. He received his PhD from the University of Chicago.

Timothy M. Kingston is a partner and managing director at Goldman, Sachs & Co., and coheads the global power effort within the investment banking division. He joined Goldman Sachs in May 1988, and his career has spanned various geographies and functional areas, including ten years in the Latin American group, where he served ultimately as chief operating officer and concentrated on Brazil. Kingston serves on the advisory boards of the Latin American studies program at Princeton University and the North American board of INSEAD and is a director of the North American Chilean Chamber of Commerce. He was previously a director of Mercado Libre. Kingston is a graduate of Princeton University and holds an MBA from INSEAD.

Thomas E. Lovejoy was elected university professor at George Mason University in March 2010. He also holds the biodiversity chair at the Heinz Center for Science, Economics, and the Environment and was president from 2002 to 2008. Starting in the 1970s, he helped bring attention to the issue of tropical deforestation, and in 1980, he published the first estimate of global extinction rates. Lovejoy has worked on the interaction between climate change and biodiversity for more than twenty years, coining the term biological diversity and originating the concept of debt-for-nature swaps. He is the founder of the public television series Nature and has served as the senior adviser to the president of the United Nations Foundation, the World Bank’s chief biodiversity adviser and lead specialist for the environment for the Latin American region, the Smithsonian Institution’s assistant secretary for environmental and external affairs, and executive vice president of World Wildlife Fund-U.S. He has served on advisory councils in the Reagan, George H.W. Bush, and Clinton administrations. In 2009 he was appointed conservation fellow by the National Geographic Society. He chairs the scientific and technical panel for the Global Environment Facility. He received his BS and PhD from Yale University.

Jennifer L. McCoy is director of the Carter Center’s Americas program and has been professor of political science at Georgia State University since 1984. As part of her responsibilities overseeing the Americas program, she directs the Carter Center’s Friends of the Inter-American Democratic Charter group, and she previously managed the Carter Center’s project on mediation and monitoring in Venezuela from 2002 to 2004. She has directed election-monitoring missions for the Carter Center in Bolivia, Nicaragua, Panama, Mexico, Venezuela, Jamaica, and Peru and has participated in election delegations to Indonesia, Haiti, Suriname, and Guyana. McCoy’s academic career has included extensive fieldwork in Venezuela, Nicaragua, and Uruguay, where she conducted research as a Fulbright fellow in 1991 and 1992. A specialist on democratization, international collective protection and promotion of democracy, and Latin American politics, McCoy’s most recent book is International Mediation in Venezuela (with Francisco Diez). She is also editor and contributor to The Unraveling of Representative Democracy in Venezuela (with David Myers), Do Politicians Learn from Political Crises? and Venezuelan Democracy Under Stress.

Joy Olson is executive director of the Washington Office on Latin America (WOLA) and is a leading expert on human rights and U.S. policy toward Latin America. Under Olson’s direction, WOLA is pioneering new approaches to human rights advocacy, focusing on the underlying causes of injustice, inequality, and violence. The Washington Post has recognized WOLA as one of the best-managed nonprofits in the Washington area. Olson specializes in military and security policy, and she has been a longtime advocate for greater transparency of military programs in Latin America. She cofounded the Just the Facts project, which makes information about U.S. military policy in Latin America publicly accessible. For more than a decade, she has coauthored an annual study on trends in U.S. security assistance, including the recent report Waiting for Change. Prior to joining WOLA, Olson directed the Latin America Working Group, a coalition of sixty nongovernmental organizations working to promote peaceful and just U.S. foreign policy toward Latin America. Olson has testified before Congress on Latin America policy issues ranging from human rights in Mexico to drug policy to the problems of poverty and inequality in the region. She is a frequent commentator in the media, including on CNN, CNN Español, the BBC, PBS NewsHour, National Public Radio, and an array of national and international news outlets. Olson earned an MA from the National Autonomous University of Mexico, following two years’ work in community development in Honduras.

Brian D. O’Neill is vice chairman of Lazard International. His responsibilities include Latin America and Canada. O’Neill has extensive experience working with governments, local and multinational corporations, and financial institutions. He is a director of Signatura Lazard in Brazil and MBA Lazard in Central and South America and partner assigned to the firm’s strategic alliance Alfaro, Davila y Rios S.C. in Mexico. O’Neill served as deputy assistant secretary in the U.S. Treasury from 2007 to 2009. For a five-month period in 2008, he was acting U.S. director of the Inter-American Development Bank. Prior to that, he worked for JPMorgan Chase for over thirty years, where he held multiple leadership roles, including chairmcan of investment banking for Latin America and Canada from 2001 to 2006. He lived and worked in South America for twelve years in Santiago, Chile; Buenos Aires, Argentina; and São Paulo, Brazil. O’Neill is a director of the Council of the Americas, the Americas Society, and the Inter-American Dialogue. He is a member of the Council on Foreign Relations and a member of the advisory committee for the David Rockefeller Center for Latin America Studies at Harvard University.

Michelle Billig Patron is senior director of PIRA Energy Group. Prior to joining PIRA, Patron was an international affairs fellow at the Council on Foreign Relations and conducted energy research at Deutsche Bank. Earlier in her career, she served as an international policy adviser at the U.S. Department of Energy (DOE) under the Clinton and George W. Bush administrations. During that time, she advised the U.S. energy secretary and other senior U.S. officials on relations with major energy-producing and -consuming countries, including Venezuela, Mexico, Brazil, China, Nigeria, and the European Union. In 2001, Patron served as energy attaché at the U.S. Embassy in Beijing. Prior to the DOE, she worked at the International Energy Agency, the White House, UNICEF, and the Center for International Environmental Law. Patron holds a BA from Columbia University and an MA from the Johns Hopkins School of Advanced International Studies. She has served as a commentator to CNBC, BBC, NPR, the New York Times, and the Economist and has written for Foreign Affairs, the Financial Times, and the Los Angeles Times.

David Perez has served as a managing director with Palladium Equity Partners since 2003. Previously, he held senior private equity positions at General Atlantic Partners and Atlas Venture and also held positions at Chase Capital Partners and James D. Wolfensohn, Inc. Perez serves on the board of directors of Palladium’s privately held portfolio companies Aconcagua Holdings, Inc.; American Gilsonite Company; Capital Contractors, Inc.; DolEx Dollar Express, Inc.; Jordan Healthcare Holdings, Inc.; and Prince Minerals, Inc. Perez serves as the chair of the board of directors of the National Association of Investment Companies, is a member of the Council on Foreign Relations, and is the president of the board of directors of Ballet Hispánico. Perez earned a BS/MS degree from the Dresden University of Technology, an MEng degree in engineering management from Cornell University, and an MBA from Harvard Business School.

Riordan Roett is the Sarita and Don Johnston professor of political science and director of Western Hemisphere studies at the Johns Hopkins Paul H. Nitze School of Advanced International Studies (SAIS). In 2004, SAIS announced the establishment of the Riordan Roett chair in Latin American studies. From 1983 to 1995, Roett served as a consultant to the Chase Manhattan Bank in various capacities; in 1994–95 he was the senior political analyst in the emerging markets division of the bank’s international capital markets group. Roett is a member of the board of directors of several mutual funds at Legg Mason, Inc. He is a member of the Council on Foreign Relations and the Bretton Woods Committee and is a former national president of the Latin American Studies Association. He is author and editor of several books, including, most recently, The New Brazil. Roett received his BA, MA, and PhD from Columbia University.

David J. Rothkopf serves as president and chief executive of Garten Rothkopf. He is also a visiting scholar at the Carnegie Endowment for International Peace and chairs the Carnegie Economic Strategy Roundtable and the National Strategic Investment Dialogue. He is also the author of Running the World: The Inside Story of the National Security Council and Superclass: The Global Power Elite and the World They Are Making. His next book, Power, Inc.: The Epic Rivalry Between Big Business and Government—and the Reckoning that Lies Ahead will be published in 2012. He also writes a daily blog for ForeignPolicy.com. Prior to the establishment of Garten Rothkopf, he was chairman, CEO, and cofounder of Intellibridge Corporation, a leading provider of international analysis and open-source intelligence. Prior to that, he was managing director of Kissinger Associates, the international advisory firm founded and chaired by former U.S. secretary of state Henry A. Kissinger. Rothkopf served as acting U.S. undersecretary of commerce for international trade, directing the 2,400 employees of the International Trade Administration. He joined the Clinton administration in 1993 as deputy undersecretary of commerce for international trade policy development. Rothkopf was cofounder, chairman, and CEO of International Media Partners, Inc., publisher of CEO magazine and Emerging Markets and organizer of the CEO Institutes.

Andrew Small currently serves as the director of the committee that oversees relations between U.S. bishops and the Catholic Church in Latin America and the Caribbean. Father Small was the foreign policy adviser for the United States Conference of Catholic Bishops from 2004 to 2009. He has written extensively on the church’s role in the public square and has delivered testimony before the U.S. Congress on the impact of U.S. trade policy on developing countries.
Julia E. Sweig is the Nelson and David Rockefeller senior fellow for Latin America studies, director for Latin America studies, and director of the Global Brazil initiative at the Council on Foreign Relations (CFR). She is the author of Cuba: What Everyone Needs to Know and Friendly Fire: Losing Friends and Making Enemies in the Anti-American Century, as well as of numerous publications on Latin America and American foreign policy. She has directed several CFR reports on Latin America. Sweig’s Inside the Cuban Revolution: Fidel Castro and the Urban Underground received the American Historical Association’s Herbert Feis Award for best book of the year by an independent scholar.

Tanisha N. Tingle-Smith is the principal and founder of Verdade Consulting, a boutique Brazil-focused risk advisory and research consultancy. Her research specializes in Brazilian international relations, with particular focus on the geoeconomics of Brazil’s relations with the Global South. She has presented at and contributed to articles and book chapters for U.S. and international universities. In 2008–2009, she was a consultant at the United Nations Development Program on Brazil-Africa South-South development exchange. Earlier, she served as foreign policy analyst and adviser with the U.S. Central Intelligence Agency and the departments of State and Treasury. She received department recognition and awards for her analytic work. From 1995 to 2001, she was an analyst and assistant vice president for Latin America economic research with Salomon Smith Barney and Merrill Lynch. She is a term member of the Council on Foreign Relations. She holds an MIA from the School of International and Public Affairs at Columbia University.

James D. Wolfensohn is chairman of Wolfensohn & Company, LLC, chairman of Citigroup’s international advisory board, and adviser to Citigroup’s senior management on global strategy and on international matters. In 2006, he established the Wolfensohn Center for Development at the Brookings Institution. Wolfensohn was president of the World Bank Group from 1995 to 2005. He was special envoy for Gaza disengagement for the quartet of the Middle East; president and CEO of James D. Wolfensohn, Inc.; executive partner of Salomon Brothers, New York; executive deputy chairman and managing director of Schroders, London; president of J. Henry Schroders Banking Corporation, New York; and managing director of Darling & Co., Australia. He is chairman emeritus of the board of trustees of the John F. Kennedy Center for Performing Arts and of Carnegie Hall. In addition, he has been president of the International Federation of Multiple Sclerosis Societies, chairman of the board of the Institute for Advanced Study at Princeton University, director of the Business Council for Sustainable Development, chairman of the finance committee and a director of the Rockefeller Foundation and the Population Council, and a member of the board of Rockefeller University. He is an honorary trustee of the Brookings Institution, a member of the Council on Foreign Relations, and a member of the Century Association.

*Gacek participated in the Task Force under his previous affiliation with the American Federation of Labor and Congress of Industrial Organizations. As a current administration official, he has not been asked to join the Task Force consensus.

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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Marxistas que nao leram "O Capital", nao vos desespereis: um crash course no escurinho do cinema...

Não sei se é romântico para levar a primeira namorada, ó marxistas de primeiras barbas, mas talvez possa poupar a vocês noites e noites mal dormidas (e dias também), tentando entender essa catedral gótica que é O Capital (em quatro volumes, cabe lembrar).
Não sei se o namoro resistiria à "baixa tendencial da taxa de lucro", ao "aumento da composição orgânica do capital", à "realização da mais-valia" (enfim, essa acho que é mais fácil de combinar com o primeiro beijo), e a tantas teses abstrusas contidas nesses grossos cartapácios que nem os marxistas entenderam até hoje (e se entenderam, aplicaram mal, haja vista a experiência histórica desastrosa com TODOS os socialismos realmente existentes).
Não importa: se você não quer enfrentar o capital, digo O Capital, sem possuir o próprio (mas precisa ter dinheiro para o ônibus pelo menos), esta é a oportunidade para tentar apreender (sem garantia de sucesso) algumas das teses abstrusas do velho barbudo.
Enfim, tentem, talvez sem a namorada, pois não deve ter o charme indiscreto de Hollywood (que logo colocaria Marx num sok, pank, bung, contra hordas de capitalistas perversos).
Mas, sinceramente: para a crise de 2008, eu recomendaria um outro filme: Too Big To Fail.
Paulo Roberto de Almeida

A volta de Marx
Antonio Gonçalves Filho
O Estado de S.Paulo, 18 de julho de 2011

O cineasta alemão Alexander Kluge realiza o sonho de Eisenstein de filmar O Capital

Um maratona de nove horas e meia de duração começa amanhã, às 10 horas da manhã, e só termina às 22h30 (com intervalos para almoço e lanche) no Sesc Pinheiros: abrindo a mostra de filmes do cineasta alemão Alexander Kluge, será exibida a megaprodução Notícias de Antiguidades Ideológicas: Marx, Eisenstein, O Capital. Filmado em plena crise econômica de 2008, é o projeto mais radical de renovação do cinema, levado a cabo por um diretor associado à criação do Novo Cinema Alemão, nos anos 1960, e também um dos mais respeitados literatos de seu país, a ponto de ter em seu filme depoimentos de colegas como o poeta e ensaísta Hans Magnus Enzensberger, o filósofo Peter Sloterdijk e o cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard, modelo assumido de Kluge, conhecido principalmente por seu filme Artistas na Cúpula do Circo: Perplexos (1967), que integra a retrospectiva do diretor, a partir do dia 26, no Goethe-Institut.

Notícias de Antiguidades Ideológicas sai diretamente da tela para o DVD. A produtora e distribuidora Versátil Home Video lança simultaneamente à mostra uma caixa com três discos (R$ 69,90) contendo a versão integral do filme, adaptação dos conceitos contidos no livro O Capital, de Marx - além dos esboços que deram origem ao livro, ou seja, os Grundrisse, versão inicial da crítica de economia política do pensador alemão traduzida (pela primeira vez para o português) pela Boitempo Editorial.

Fazer um filme sobre O Capital é o mesmo que filmar a lista telefônica, com o agravante de que a última ainda permite certo tipo de representação que o ensaio econômico-filosófico de Marx não suporta. Kluge sabia disso desde o começo, ou seja, desde que decidiu concretizar um projeto nunca realizado pelo cineasta russo Serguei Eisenstein, diretor de clássicos como O Encouraçado Potemkin (1925) e Outubro, o filme mais caro bancado pelo governo revolucionário da ex-URSS. Ao terminar Outubro, em 1927, Eisenstein ficou dois anos com a ideia fixa de filmar O Capital seguindo a estrutura formal literária usada por James Joyce para escrever seu Ulisses. Em 1929, decidido a contar com sua colaboração, procurou o autor irlandês em Paris que, já cego, foi de pouca ajuda.

Não foi só de Joyce que Eisenstein recebeu um não. Do Comitê Central soviético aos estúdios hollywoodianos, passando pela Gaumont francesa, ninguém quis bancar seu projeto de filmar O Capital usando Ulisses. Se, no livro, Joyce adota o modelo épico homerístico para contar a odisseia de um homem (Leopold Bloom) durante um dia inteiro, Eisenstein, em O Capital, contaria a vida de duas pessoas igualmente perdidas (um casal) num mundo pós-industrial dominado pelo capital. Um dia basta para resumir toda a história da humanidade na vida de um homem, segundo a lógica de Joyce. Ou de duas, segundo Kluge, que parece não ter dúvidas sobre em que cenário esse casal viveria hoje: o do pós-bolha que abalou o crédito das bolsas e instituições bancárias. Enzensberger, a título de colaboração, sugere que Kluge filme as pessoas abandonando suas casas nos EUA por não poder mais pagar as prestações ao banco.

Kluge, assim como Enzensberger, são da escola de Habermas. Em outras palavras: marxista. Naturalmente discorda de quem acha que a modernidade já deu seu último suspiro. Vendo a China comunista avançar e potências capitalistas ocidentais agonizando na UTI, Kluge sente-se mais ou menos como Eisenstein se sentia em 1929 com o quebra da bolsa de Nova York. Mais do que fornecer respostas à crise econômica mundial, seu filme fala de gente que se vê como dinossauro mas que ainda acredita no projeto iluminista da Escola de Frankfurt, como o jovem marxista Fred Walhasch, que escreve para jornais estrangeiros e elabora dossiês. Walhasch diz no filme: "Vivo como o próprio Marx. Ninguém me quer".

Ninguém quer igualmente filmes de 9 horas e meia. Vivemos numa sociedade de espetáculo e filmar O Capital exige coragem e determinação para ir contra essa tendência e reconstruir a arte cinematográfica de autores como Eisenstein, Murnau, Lang e Bergman. Ao desenterrar o projeto do filme do russo, Kluge tinha em mente unir a filosofia de Kant, Adorno e Habermas - naturalmente atento às inovações sintáticas da literatura de Joyce e à montagem por associações do cinema de Eisenstein. Assim, Kluge recorre a versos escritos na prisão, em 1871, por Louise Michael, a poeta da Comuna de Paris, mostrados por meio de cartelas (como no cinema mudo), além de usar fragmentos de óperas de Luigi Nono (Al Gran Sole Carico D"Amore), Max Brand (Maquinista Hopkins) e Wagner (Tristão e Isolda, uma montagem dirigida por Werner Schroeter em que os marinheiros da obra de Wagner saem diretamente do Encouraçado Potemkin).

Kluge ainda se apropria, com apetite antropofágico, de um deslumbrante exercício visual do cineasta Tom Tykwer ( de Perfume e Corra, Lola, Corra) sobre o fetiche da mercadoria. O filme de Tykwe tem 12 minutos e chama-se O Homem na Coisa. O diretor acompanha os passos apressados de uma garota em Berlim e, no lugar de contar sua história, começa a divagar, acompanhando os movimentos da câmera, que focaliza as maçanetas das portas das casas, os interfones, a bolsa e os sapatos da mulher. O olho selvagem da câmera penetra na realidade do processo de produção, enquanto o narrador conta a história dos objetos e demonstra, como queria Marx, que uma mercadoria não tem nada de trivial, que ela está cheia de metafísica, de conteúdo teológico.

O filme de Kluge ainda recorre a fragmentos de uma ópera que estreou justamente em 1929, no auge da crise mundial: Maquinista Hopkins, do austríaco Max Brand, incluído na lista dos "entarted" (degenerados) pelos nazistas. Como em Metrópolis, de Lang, Brand fala de um mundo novo nada admirável que surge das máquinas e da depressão econômica. A ópera se passa nos galpões de uma fábrica e ilustra, no terceiro DVD, como Eisenstein teria incorporado a linguagem operística à sintaxe cinematográfica, além de filmes como Ninotchka, de Lubistch, e peças de Brecht. Kluge realiza o sonho do cineasta russo.

NOTÍCIAS DA ANTIGUIDADE IDEOLÓGICA
Sesc Pinheiros. Rua Paes Leme, 195, 3095-9402. Amanhã, 10h às 22h30 (com intervalos). Grátis.


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Cá entre nós: nove horas de Capital, do capital, de filme sobre o capital, deve ser tão chato quanto o próprio. Os marxistas religiosos não vão confessar, claro, que acharam chato, mas duvido que alguém goste de ficar nove horas assistindo a baboseiras sobre quão selvagem é o capitalismo e como é injusto o sistema de mercado. Para isso não me pegam. Já enfrentei o livro e fiz até um resumo do Capital. Não pretendo repetir a dose.
Fica para os true believers...
Paulo Roberto de Almeida

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Addendum:
Quem quer que tiver se submetido ao crash course on Capital, favor postar aqui suas impressões capitalistas...
Paulo Roberto de Almeida

A politizacao do futebol na Copa das Americas...

Enviado por Bruno Berlanda:

Semifinais: Mujica x Humala, Chávez x Lugo.
Eliminados: Santos, Cristina, Dilma e Piñera.

Eu acrescento (PRA):
O futebol é tão importante em nossos países, que os pênaltis deveriam ser batidos pelos presidentes (e presidentas)...

Google: mais capitalista em Ingles do que em Portugues...

Não é culpa do Google, obviamente, pois ele apenas reflete o que mais é demandado e clicado na internet, mas também reproduz o que é mais produzido sob os conceitos selecionados.

Uma pequena pesquisa sobre "falhas", de governo e/ou de mercado, revelou estes resultados:

Google Search:

Market failures: Aproximadamente 82.600.000 resultados (0,38 segundos)

Government failures: Aproximadamente 126.000.000 resultados (0,18 segundos)

Falhas de mercado: Aproximadamente 3.530.000 resultados (0,19 segundos)

Falhas de governo: Aproximadamente 3.650.000 resultados (0,16 segundos)

Ou seja, as falhas de governo, ou consideradas como tais, são muito mais numerosas em inglês, do que em Português.
Parece que em nosso país o governo erra menos, do que nesses países anglossaxões, que devem ser uma verdadeira bagunça, a crer nesses números...

Ainda bem: imaginem como a nossa vida seria um inferno se o governo aqui errasse mais.
Está bem assim, fiquemos com esse modéstia de resultados nas falhas de governo...

Paulo Roberto de Almeida

Tributando "ricos" e pobres: uma receita para a estagnacao

Este debate, mutatis mutandis, vale para o Brasil também, embora nosso vício em tributar demais, e tributar errado, seja muito mais grave do que nos EUA.
Paulo Roberto de Almeida

OPINION
Get Ready for a 70% Marginal Tax Rate
By MICHAEL J. BOSKIN
The Wall Street Journal, JULY 18, 2011

Some argue the U.S. economy can bear higher pre-Reagan tax rates. But those rates applied to a much smaller fraction of taxpayers than what we're headed for without spending cuts.

President Obama has been using the debt-ceiling debate and bipartisan calls for deficit reduction to demand higher taxes. With unemployment stuck at 9.2% and a vigorous economic "recovery" appearing more and more elusive, his timing couldn't be worse.

Two problems arise when marginal tax rates are raised. First, as college students learn in Econ 101, higher marginal rates cause real economic harm. The combined marginal rate from all taxes is a vital metric, since it heavily influences incentives in the economy—workers and employers, savers and investors base decisions on after-tax returns. Thus tax rates need to be kept as low as possible, on the broadest possible base, consistent with financing necessary government spending.

Second, as tax rates rise, the tax base shrinks and ultimately, as Art Laffer has long argued, tax rates can become so prohibitive that raising them further reduces revenue—not to mention damaging the economy. That is where U.S. tax rates are headed if we do not control spending soon.

The current top federal rate of 35% is scheduled to rise to 39.6% in 2013 (plus one-to-two points from the phase-out of itemized deductions for singles making above $200,000 and couples earning above $250,000). The payroll tax is 12.4% for Social Security (capped at $106,000), and 2.9% for Medicare (no income cap). While the payroll tax is theoretically split between employers and employees, the employers' share is ultimately shifted to workers in the form of lower wages.

But there are also state income taxes that need to be kept in mind. They contribute to the burden. The top state personal rate in California, for example, is now about 10.5%. Thus the marginal tax rate paid on wages combining all these taxes is 44.1%. (This is a net figure because state income taxes paid are deducted from federal income.)

So, for a family in high-cost California taxed at the top federal rate, the expiration of the Bush tax cuts in 2013, the 0.9% increase in payroll taxes to fund ObamaCare, and the president's proposal to eventually uncap Social Security payroll taxes would lift its combined marginal tax rate to a stunning 58.4%.

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Martin Kozlowski
But wait, things get worse. As Milton Friedman taught decades ago, the true burden on taxpayers today is government spending; government borrowing requires future interest payments out of future taxes. To cover the Congressional Budget Office projection of Mr. Obama's $841 billion deficit in 2016 requires a 31.7% increase in all income tax rates (and that's assuming the Social Security income cap is removed). This raises the top rate to 52.2% and brings the total combined marginal tax rate to 68.8%. Government, in short, would take over two-thirds of any incremental earnings.

Many Democrats demand no changes to Social Security and Medicare spending. But these programs are projected to run ever-growing deficits totaling tens of trillions of dollars in coming decades, primarily from rising real benefits per beneficiary. To cover these projected deficits would require continually higher income and payroll taxes for Social Security and Medicare on all taxpayers that would drive the combined marginal tax rate on labor income to more than 70% by 2035 and 80% by 2050. And that's before accounting for the Laffer effect, likely future interest costs, state deficits and the rising ratio of voters receiving government payments to those paying income taxes.

It would be a huge mistake to imagine that the cumulative, cascading burden of many tax rates on the same income will leave the middle class untouched. Take a teacher in California earning $60,000. A current federal rate of 25%, a 9.5% California rate, and 15.3% payroll tax yield a combined income tax rate of 45%. The income tax increases to cover the CBO's projected federal deficit in 2016 raises that to 52%. Covering future Social Security and Medicare deficits brings the combined marginal tax rate on that middle-income taxpayer to an astounding 71%. That teacher working a summer job would keep just 29% of her wages. At the margin, virtually everyone would be working primarily for the government, reduced to a minority partner in their own labor.

Nobody—rich, middle-income or poor—can afford to have the economy so burdened. Higher tax rates are the major reason why European per-capita income, according to the Organization for Economic Cooperation and Development, is about 30% lower than in the United States—a permanent difference many times the temporary decline in the recent recession and anemic recovery.

Some argue the U.S. economy can easily bear higher pre-Reagan tax rates. They point to the 1930s-1950s, when top marginal rates were between 79% and 94%, or the Carter-era 1970s, when the top rate was about 70%. But those rates applied to a much smaller fraction of taxpayers and kicked in at much higher income levels relative to today.

There were also greater opportunities for sheltering income from the income tax. The lower marginal tax rates in the 1980s led to the best quarter-century of economic performance in American history. Large increases in tax rates are a recipe for economic stagnation, socioeconomic ossification, and the loss of American global competitiveness and leadership.

There is only one solution to this growth-destroying, confiscatory tax-rate future: Control spending growth, especially of entitlements. Meaningful tax reform—not with higher rates as Mr. Obama proposes, but with lower rates on a broader base of economic activity and people—can be an especially effective complement to spending control. But without increased spending discipline, even the best tax reforms are doomed to be undone.

Mr. Boskin is a professor of economics at Stanford University and a senior fellow at the Hoover Institution. He chaired the Council of Economic Advisers under President George H.W. Bush.

domingo, 17 de julho de 2011

Wikileaks-Brasil: todos os documentos estao disponiveis (Publica)

WIKILEAKS: TODOS OS DOCUMENTOS ESTÃO NO AR
A Pública, 15/07/2011

Coroando o final da Semana WikiLeaks na Pública, todos os documentos provenientes do Brasil – da embaixada em Brasília e dos consulados em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife – foram publicados no site do WikiLeaks.

São quase 3 mil documentos escritos pela diplomacia americana. Entre eles, 63 despachos do Departamento do Estado para os diplomatas no Brasil e 2919 telegramas enviados a Washington entre 2002 e 2010 (1947 provenientes da embaixada em Brasília e 909 dos consulados de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife).

Entre esses documentos, apenas cerca de 1/5 são classificados – 468 são confidenciais e 73, secretos.

Agora, todos os documentos podem ser lidos pelo público brasileiro diretamente no site do WikiLeaks. Basta clicar no local de origem dos despachos, ou buscar por data. Outra possibilidade é usar o Cablesearch, um site que permite pesquisar os relatos diplomáticos por palavras-chave.

Esses documentos são muito relevantes – contam a história de todo o governo Lula a partir de olhos americanos, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos começavam a perder peso no cenário mundial e enfrentar uma pesada recessão que dura até hoje.

É por isso que a Pública tem orgulho de ter colaborado com a sua divulgação.

Vamos publicar ainda algumas reportagens já produzidas pelo nosso time de repórteres independentes durante a Semana Wikileaks, e vamos prosseguir olhando e escrevendo sobre esse rico material durante os próximos meses – e não apenas do Brasil.

A novidade é que, agora, todos os internautas podem fazer o mesmo.

Wikileaks-Brasil: the inside story - Natalia Viana (Publica)

Como conheci Julian Assange – e como os documentos do WikiLeaks vieram parar no Brasil
Por Natalia Viana, da Pública (15/07/2011)
Tudo começou com um telefonema mais do que inesperado e misterioso, em novembro do ano passado; menos de duas semanas depois, o Brasil seria o primeiro país a ter acesso aos documentos diplomáticos da embaixada americana, além dos cinco jornais da Europa e dos EUA.

Só às vezes o meu celular pegava. Eu estava em um bangalô à beira do Rio Tapajós, no Pará, onde ia morar por um mês para fazer uma reportagem. O telefone, portanto, não tocou. Ouvi o recado horas depois. Em inglês britânico: “Alô Natalia, aqui é a Hale, trabalhamos juntas em Londres. Agora estou com uma organização muito influente, queria te passar um trabalho…”

Era 14 de novembro de 2010, quinze dias antes do estrondoso lançamento dos 250 mil telegramas das embaixadas americanas pelo WikiLeaks, e no silêncio da floresta o convite soou longínquo, mal explicado. Decidi entrar em contato com meu ex-chefe, Gavin MacFadyen, diretor do Cento de Jornalismo Investigativo de Londres, onde trabalhara com a tal inglesa, para pedir mais detalhes.

Gavin é um dos mais incríveis jornalistas que eu conheço. Adora as reportagens arriscadas, saboreia os resultados, ri sem parar quando lembra que algum ricaço corrupto foi pego com a boca na botija. E sempre me dá as melhores dicas. Pouco depois do contato, ela volta a me escrever, por email.

“Estamos trabalhando em um grande projeto, extremamente empolgante, que vai ter enorme repercussão no mundo todo. Não é seguro escrever os detalhes, mas tenho certeza que qualquer jornalista gostaria de estar envolvido”, explicava a inglesa. “Todos os meus telefones estão grampeados, mas posso te ligar”.

Ao telefone, a proposta, afinal: que eu estivesse em Londres nos próximos dias, num local indicado. Não saberia o que nem para quem. Numa rápida ligação, Gavin deu uma só dica, preciosa: o trabalho envolveria uma pessoa “recentemente famosa”. Como grande parte dos jornalistas investigativos, eu já conhecia a trajetória de Julian Assange e me entusiasmava pela sua cruzada por documentos secretos. Achei que era ele: “Estou dentro”.

Ora, de Santarém para Belém e de lá para o aeroporto de Cumbica, em São Paulo. Mil pequenos receios tomam conta quando tomei o táxi para o aeroporto, afinal. Medos prosaicos: de ser tudo mentira; de perder os parcos 4 mil reais que gastara com as passagens; de ser barrada no aeroporto de Londres como tantos brasileiros da minha idade, sem trabalho fixo nem uma boa explicação para dar. Caprichei no ar blasé quando falei com o oficial da imigração: “estou apenas de férias, vou aproveitar para fazer compras”. Deu certo.

Em Londres, devia ir a um endereço – era toda a indicação que eu tinha. Mas quando cheguei ao Frontline Club, em Paddington, um clube aconchegante que promove o jornalismo independente com debates, exibição de filmes e quartos mais em conta para repórteres e documentaristas que vivem de orçamento apertado – ninguém.

Hora e meia depois ela chega, esbaforida. Loira, rabo de cavalo e roupa mal ajambrada que pouco disfarçava a beleza de olhos azuis, boca carnuda e jeito de menina. Hale desabafou: “Sinto muitíssimo, querida, mas você viu o que aconteceu hoje né?”. Eu, não. “Emitiram um mandado de prisão contra ele”.

Ele, como eu imaginara, era Julian Assange, uma das figuras mais controversas do jornalismo mundial – acusado, inclusive, de não ser jornalista. Àquela altura, o WikiLeaks já era conhecido no mundo todo, e já incomodava muita gente. Em julho, havia publicado 75 mil diários sobre a guerra do Afeganistão que provaram assassinatos indiscriminados de civis; em outubro, mais 400 mil relatos secretos sobre o Iraque, provando tortura contra prisioneiros.

Hale parecia mais aborrecida com o atraso nos planos que com a acusação em si. Trava-se de uma queixa na Suécia, feita por duas mulheres, de crimes sexuais. “É uma armação, isso vai embora com o tempo. Mas precisamos ter cuidado”. Muito cuidado, explicou. Meses antes, o Pentágono havia emitido uma ameaça clara: o WikiLeaks deveria devolver todos os documentos secretos e apagá-los do seu site, ou então os EUA “buscariam alternativas de obrigá-los a fazer a coisa certa”. Não tínhamos nem ideia do que podia acontecer.

***

A poucas quadras dali, no andar superior de uma casinha insuspeita em uma alameda de paralelepípedos, estavam meus companheiros de viagem. Agora, era só guardarmos as malas e partirmos, disse Hale, sem explicar aonde. Foi assim que vi pela primeira vez o Julian Assange, com seu rosto fino e nariz marcante, pálido, loiríssimo. Falou pouco, mas sua voz forte chamou a atenção, talvez um pouco menos que a vodka que ele ofereceu assim que sentei à mesa. Islandesa, supreendentemente boa.

Do outro lado, o islandês Kristin Hraffnson sorria. Bonitão, grisalho (teria uns 50 anos?) e com seu ar sério, elogiou o produto de sua terra, enquanto ao meu lado outro rapaz, de óculos, também bebia sem culpa. “Não vou dirigir”. Era um rapaz jovem, magricelo, com um aprumado topete e um ar irônico que só os melhores ingleses conseguem ter (embora seja, na verdade, de uma ex-colônia africana). Seguiu-se então uma discussão, que me pareceu infinita, sobre quem afinal seria o motorista – a escolha era entre um islandês meio bêbado, um africano meio cego e uma inglesa que não dirigia há anos. “Como você pode ver, somos uma organização muito eficiente”, brincou Hale, ao se dar por vencida e assumir a direção.

Pouco antes de sair, Julian me chamou para perto. Me entregou um pedaço de papel rabiscado: “Não fale nada”. Lia-se, na sua letra miúda, 250.000 telegramas de embaixadas americanas de 1966 a 2010. 1/10 não valem nada, 1/50 importantes, 1/250 muito importantes.

Na saída, aproveitei para fumar um cigarro. Kristinn se aproximou: “Você está bem?”. “Estou. Queria poder fazer perguntas”. “Quando estivermos na estrada”, respondeu.

Hale pediu meu casaco, uma espalhafatosa peça de lã azul marinho salpicada de bolinhas verdes. Subiu correndo e desceu rindo uma gargalhada gostosa, que tentava abafar com as mãos. “Eu juro que não vou conseguir dirigir se ele vier vestido assim”. Quando Julian finalmente desceu, todos caímos na risada. Vestia um lenço estampado de cetim sobre a cabeça, meu casaco acinturado, óculos e enchimento nos peitos e nas costas, simulando uma bizarra corcova. Fizemos uma breve sessão de fotos, até ser interrompidos por ele: “vamos, vamos!”

***

Enfim pudemos conversar quando chegamos a um posto de beira de estrada. Enquanto os demais foram comprar comida, Julian ficou no carro por segurança.

Por que queriam uma brasileira?

- Porque o Brasil é um grande país, independente, assim como a Austrália. Não pode ser visto como América Latina, e também tem uma língua própria…

Ele abriu seu pequeno laptop, onde reluzia um gigantesco arquivo de texto, verde e preto. Digitou “Brazil”: 3 mil documentos. “Você vai ter muito trabalho”, disse.

A principal tarefa seria escrever matérias em português (“temos muitos apoiadores no Brasil”) e conseguir parceiros confiáveis na mídia brasileira. “Ah, uma coisa”, ele acrescentou. “Vamos lançar os documentos no dia 28”.

Trabalhar com o WikiLeaks, percebi, é quase sempre tentar realizar o impossível. Ler e processar milhares de documentos era humanamente impossível.

Mas ser do WikiLeaks é isso: idealistas, apaixonados, todos desdobram-se em cinco para concretizar as empreitadas inventadas por Julian ou pelo grupo que o rodeia a toda hora, todo instante. “Em tempos de mentira universal, dizer a verdade é um ato revolucionário”, diz o site da organização.

Uma organização que usa essa frase no seu site é ingênua, ou revolucionária. Ou os dois.

***

Voltando para a estrada, recebemos ordens de desligar computadores e celulares. Ordens mesmo. Entendi rápido que o WikiLeak não é Julian Assange: qualquer decisão será contestada, discutida e rediscutida por todos à sua volta, num exercício de possibilidades e impossibilidades que só vai terminar com o melhor argumento – ou a estratégia mais ousada. Mas, quando se trata de segurança digital, Julian manda, ponto final. No dia seguinte, ele iria pessoalmente “blindar” todo o equipamento.

Já larga madrugada, a rodovia deu lugar a estradinhas tortuosas, rodeadas por plantações rasteiras e grandes casarões, antigas casas de duques e duquesas. Do lado de fora o campado acolhia as plantações e criações: faisão, patos, pombos brancos. Estávamos em Norfolk, na fazenda de Vaughan Smith, o mesmo dono do Frontline Club.

A mansão dos Smith tem nome próprio, Ellingham Hall. E merece. O estilo é georgiano; e tudo parecia mesmo datar da época de um rei longínquo. Até o odor, e o ranger do piso de madeira, de madrugada.

O casarão guarda histórias de gerações e gerações, que Vaughan e a sua esposa Pramvera, uma inteligentíssima mulher do Kosovo, iam nos contando ao redor da enorme mesa de jantar diante da lareira. Nas paredes, retratos a óleo dos antepassados nos seus melhores trajes –para não ser esquecidos no tempo. Vaughan apontava: “essa era minha tia avó”, “esse meu tataravô era capitão de infantaria”, “meu pai era mensageiro real”. Todos haviam morado naquela casa.

Ellingham Hall tem 10 quartos, quatro andares ligados por uma escada em caracol. Eu dormia com uma advogada mexicana que chegaria dias depois para dividir comigo uma impressão, digamos, mais latina sobre aquilo tudo. No quarto, confidenciávamos estar com medo de chegar a polícia, o serviço secreto britânico, ou a CIA. “Qualquer coisa, somos apenas empregadas!”, brincava ela.

***

No dia seguinte, Julian já se debruçava sobre os nossos laptops. A coisa se mostrou um tanto complicada; a internet funcionava mal e lentamente. Somente à noite conseguimos fazer uma reunião para, finalmente, programar o trabalho.

Para nossa segurança, ficaríamos fechados em Ellingham Hall, evitando chamar a atenção. O local era seguro, isolado de qualquer estrada, e cravado no meio de um enorme terreno de 650 acres – muito difícil, portanto, de ter escutas. Teríamos jornalistas indo e vindo, de muitos países, para escrever sobre os telegramas. As viagens à cidade deveriam ser raras, feitas em pequenos grupos. E só quando muito necessário.

A conversa chegou enfim ao processo sueco, que despertava minha curiosidade e a ansiedade de todos. Tudo indicava que a Interpol iria emitir um mandado de prisão internacional, e Julian não iria mais poder viajar. Ele jamais pensara em se tornar um fugitivo. Mas fato é que se a ordem fosse dada, se tornaria do dia para a noite um homem procurado.

“Me arrependo muito de não ter feito o WikiLeaks como uma empresa” disse, abatido. “Se fôssemos uma empresa que desse lucro, podíamos vender conteúdo sobre os documentos, pronto, todo mundo nos respeitaria”. Raciocínio típico de Julian Assange, perspicaz, original e inesperado; e típico do WikiLeaks, contestado com vigor de manhã cedo até o jantar. Ora essa, uma empresa.

No dia seguinte, recebi enfim os documentos. Quem colocou tudo em tabelas de Excell foi um inglesinho de cerca de 25 anos, de olhos azuis e pouco queixo. James Ball, formado em Oxford, é um jovem jornalista excelente com tabelas, números, documentos, com um tremendo raciocínio lógico – e conservador. Sensato, talvez um pouco demais para o WikiLeaks, sempre batia de frente com Julian ao defender a imprensa britânica. Mas sim, era delicioso assistir ao eterno embate entre o jovem britânico e o hacker (quase) quarentão com tendências a esgarçar limites.

Meses depois, James integrou-se ao time investigativo do Guardian. Deu, em troca, horas de depoimentos sobre o WikiLeaks, recheando o livro sobre Julian que o jornal publicou a toque de caixa e que, meses depois, seria comprado por Steven Spielberg para um filme de Hollywood. Com seu estilo careta, o jovenzinho reclamaria do estilo “errático” da organização, das mudanças de ideia de Julian, e das poucas horas de sono. “Era um grupo de jovens ativistas sem qualquer treinamento profissional”, diria.

E são assim contadas as histórias que ficam.

***

Trabalhávamos na sala contígua à de jantar, diante da lareira; nos três sofás, cinco, seis pessoas mergulhadas nos seus laptops enquanto a arrumadeira trazia lenha para manter o fogo aceso de hora em hora, com um café bem aguado. Dormíamos mal, pouco, trocávamos o dia pela noite.

Assim que recebi as duas tabelas de Excell – uma, com os 1947 telegramas de Brasília, outra com 909 dos consulados – fiquei cinco dias sem pregar os olhos. Estava ali um relato inédito da nossa história recente, preciso, datado, delicioso. Afinal, era a conta de todos os anos do governo Lula aos olhos do governo americano, primeiro com Bush e depois Obama. A história de um império em decadência, e de uma nação que desponta. Com seus meandros e suas sacanagens, e seus deliciosos flagrantes.

Eram documentos com valor histórico, e não só noticioso. Através deles, aprenderíamos como se dá na prática a política externa: nomes, datas, detalhes. Organizá-los bem e elaborar uma boa estratégia de divulgação era, portanto, essencial. Queríamos que fossem lidos, repercutidos, abraçados pela mídia e pelos sem-mídia.

Nos telegramas desfilavam Serras, Lulas, FHCs, Amorins, Jobins. Aos poucos os furos iam se revelando e eu, pacientemente, os ia classificando, elencando segundo a urgência e importância. Assombrei-me com a colaboração entre a inteligência brasileira e os americanos nas operações anti-terror; com a ajuda do governo para liberar na justiça os pilotos acusados do acidente da Gol; com a transferência dos agentes da DEA expulsos da Bolívia por espionagem para o Brasil, em silêncio, na surdina – e com o apoio do Minsitério da Justiça e do govenro boliviano. Me surpreendi ao ver que o ministro da defesa, Nelson Jobim, era o “homem mais confiável” para o embaixador, enquanto falava mal do Itamaraty.

- Meu deus! – lembro de ter gritado. Jobim fofocou que Evo tinha um tumor! Que traição!

Silêncio na sala. A verdade é que ninguém entendia os vaivéns da nossa política regional e cabia a mim, avaliar o que era bombástico, o que não. Percebi logo que muitos documentos teriam mais impacto se lançados ainda em dezembro: que o governo de Lula ia acabar. Mas, para isso, o Julian teria que comprar uma enorme briga.

Todos concordávamos que deixar apenas cinco jornais – de países centrais, ocidentais – decidir o que é e o que não é notícia era injusto. Mas o acordo rezava que Guardian, New York Times, Le Monde, El Pais e Der Spiegel teriam exclusividade sobre todos os documentos até janeiro. O problema então era expandir a parceria sem irritá-los.

A solução foi uma verdadeira gambiarra. Eu enviaria à imprensa brasileira, todo dia, as matérias que iria publicar no dia seguinte no site do WikiLeaks. Faltava só achar um parceiro, um grande jornal. E, mais importante, um jornalista confiável.

Fernando Rodrigues, da Folha de São Paulo, tinha uma enorme vantagem: ele conhecia o Gavin, sabia que eu trabalhava com ele, e portanto iria levar a sério o único breve telefonema que eu podia dar com segurança, do isolamento do nosso casarão. Consegui contato afinal através do Facebook. “Fernando, preciso falar com vc urgente. Vc pode me dar seu celular?”, digitei.

Ao telefone, podia falar muito pouco. O WikiLeaks queria um parceiro brasileiro, pois tinha em mãos muitos documentos, inclusive do Brasil. A repercussão seria enorme, a Folha com certeza podia dar destaque. Mas eu só poderia abrir o conteúdo no domingo, dia 28 de novembro, pela manhã. Sem mais detalhes.

Claro que não seria fácil segurar um jornal do porte da Folha com a promessa de um enorme furo que não se sabe direito o que é. Fernando seguiu o faro, e fez muito bem; mas é claro que enviava dezenas de emails checando e rechecando a data, perguntando mais sobre o conteúdo. Consegui acalmá-lo, afinal.

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Na Inglaterra, em pleno novembro, é quase sempre noite. Em volta do casarão, tudo cobriu-se de neve. A rotina seguia intensa. Alívio eram os jantares, com bom papo e bom vinho do porto, tradição que seguíamos todas as noites. Chegaram colaboradores de toda parte – franceses, suecos, israelenses, americanos, ingleses.

Na mesa, evitávamos os temas mais pesados. Ali não estávamos fazendo nada diferente do que as equipes do Guardian, Le Monde, El Pais, faziam nas suas redações. E, no entanto, sob forte ameaça do Pentágono, éramos somente nós que tínhamos o que temer. “Mas esses documentos valem muito mais do que a minha vida. Ou a vida de qualquer um nesta mesa”, disse Julian uma noite. Seguiu-se, claro, um silêncio sepulcral.

A seriedade da situação não impediu que ele, a poucos dias do lançamento, teimasse em ir a Londres para o casamento do Gavin. Isso mesmo: Gavin, beirando os 70, iria se casar com a namorada, e fizera questão de escolhê-lo como padrinho. Mas, àquela altura, com um mandato de prisão iminente, seu paradeiro já gerava especulações em toda a imprensa. Hale o apoiava: “É muito mais romântico!”. Eu argumentava: seria o primeiro lugar onde o procurariam se houvesse um mandado de prisão repentino, ou um processo secreto nos EUA.

Além disso, discutíamos no jantar o meu tópico principal: o nome do lançamento. Julian rejeitava a ideia de algo burocrático como “telegramas das embaixadas”.

Também não cabia – e nisso todos concordávamos – nada como “despachos do império”, que cheirasse a slogan de esquerda. Uma manhã mal dormida, Julian apareceu na sala radiante. “Achei um nome: Cablegate”. A maioria não gostou.

Mas ninguém achou nada melhor.

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Dias depois a notícia do próximo vazamento do WikiLeaks se espalhou na imprensa, embora ninguém soubesse o que íamos publicar. O New York Times procurara o governo americano, e nos dias seguintes Hillary Clinton passou a ligar para governos do mundo todo, pedindo desculpas por antecipação. O Departamento de Estado nos chamava de irresponsáveis: “o material colocará vidas em risco”, anunciou o porta-voz. De nada adiantou a carta, enviada por um emissário em Londres, pedindo que Washington indicasse quais nomes deveriam ser retirados. Não houve resposta.

A internet trazia notícias em quase todas as línguas sobre o que estávamos fazendo ali, naquela sala fria. Julian e Hale já não falavam com ninguém: tudo era terminar os detalhes. Elaboraram um engenhoso esquema que obrigava cada veículo a efetivamente ler os documentos antes de publicá-los. Garantiam, assim, que todos os nomes sensíveis seriam retirados, sob responsabilidade concorrente de todos os parceiros.

Ela passava horas conversando com os programadores geeks, rapazes da minha idade, ingleses, franceses. Dava gritinhos de alegria: “eu te amo, você é fabuloso, você é uma lenda”.

No sábado, 27, o casamento do Gavin transcorreu sem maiores percalços. Dois jornalistas do grupo foram até Londres; o padrinho, embora ausente, foi assunto principal e ganhou um brinde dos noivos, com direito a longo discurso do entusiasmado jornalista setentão. A noiva, uma alegre senhora americana, não se importou.

Quanto a nós, em Ellinghan Hall, tínhamos que conter a tensão dos cinco jornais, que começavam a desconfiar um do outro. Quem levaria o “furo do século” ? Será que dava para confiar que segurariam suas reportagens para publicarem todos juntos?

Segurar o embargo para a publicação – domingo, às 21 horas, já parecia impossível. Hale, Julian e Kristinn falavam no chat com um, dois, três jornais ao mesmo tempo. Ninguém deveria furar, e todos torcíamos ferozmente para isso, porque, afinal, o site do WikiLeaks estava longe de ficar pronto.

Mas, no sábado à tarde, o Der Spiegel furou. Publicou, por alguns minutos, uma reportagem que mostrava em detalhes no que consistia o vazamento: 251,287 documentos das embaixadas dos EUA no mundo todo: 15, 652 secretos, 101,748 confidenciais. A redação alegou “erro” e retirou a matéria do ar pouco depois, mas a historia já havia sido reproduzida, pra desespero dos demais jornais.

Para nós, a verdade é que a tensão era boa. Pouco importava quem furaria quem – essa é uma lógica própria das empresas jornalísticas. Para o WikiLeaks, o que importa é espalhar. Que os documentos sejam mais lidos, mais visitados, mais reproduzidos, mais discutidos, que alimentem jornais, TVs, revistas, acadêmicos, ativistas, políticos, cidadãos, sejam de direita, esquerda, de centro, de onde for.

Assim que, quando finalmente liguei para o Fernando na manhã do dia 28, ele mal escondeu a decepção: “Mas é só isso? Não tem nada mais forte?”.

Eu abriria a série com uma matéria sobre operações de contra terrorismo no Brasil, dentro da estratégia de priorizar temas internacionais. A Folha receberia esta matéria, e trechos de telegramas.

Para o jornal, a história – que já havia ventilado pela imprensa – não era um “furo”. Fui firme. “É isso por hoje”. A Folha concordou.

E assim as histórias que eu havia colhido nas noites diante da lareira foram criando vida, repercutindo, pautando a mídia nacional: jornais, rádio, TVs. Enquanto comentaristas apostavam o que mais haveria no balaio do WikiLeaks, era só eu, jornalista independente – sem veículo, sem patrão – quem tinha a resposta.

Sinal do tempo em que vivemos, definitivo e sem volta.

Às 6 horas do domingo, três horas antes do previsto, não deu mais pra segurar. Hale digitava furiosamente no seu laptop: “O Guardian vai furar”, “O El País quer publicar”. Finalmente o El País soltou a notícia, seguida pelos demais como uma verdadeira enxurrada. Enfim: o maior vazamento da história do jornalismo.

Na cozinha, Pramvera acompanhava pelo twitter a frenesi mundial. As linhas subiam histericamente, centenas de entradas por segundo, “impossível de ler”, gritava ela.

Eu olhava para o campo lá fora: já não tinha a menor idéia do que seria da minha vida. Em algumas horas, meu nome estaria no site do WikiLeaks, duas palavrinhas que iam mudar tudo.

Já comia a madrugada quando conseguimos estourar a gigantesca champagne, dessas de cinco litros. Brindamos alto: “Ao WikiLeaks!”.

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Depois do lançamento fiquei apenas três dias na mansão.

Os documentos, claro, trouxe comigo para o Brasil. Improvisei, com apoio da diligente Maria Luisa: enfiei o pendrive dentro de uma meia usada, na mochila de roupas sujas. A despedida foi rápida e intensa. “Vamos ficar com saudade”, disse Hale.

Parti, de trem, agarrada à mochila. Foram horas longas, contornadas pela neve que me seguiu até a capital. Em Londres, causou um caos enorme: os trens não saíam das estações, os ônibus fugiam da rota usual. Consegui um ônibus até o bairro periférico onde passaria a noite, mas ele me deixou a meia hora do meu destino final. Fui andando, arrastando a mala sobre os bocados de gelo que se formavam na calçada. A rua estava deserta. Então voltou a nevar, e o caminho me pareceu infinito. E belo.
* Alguns nomes foram trocados a pedido dos personagens.