Leiam esta deliciosa crônica de Loyola Brandão, que aprendeu um pouco de francês na escola.
Paulo Roberto de Almeida
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
Catherine Belton e Isabel Gorst
Valor Econômico (Financial Times), 04/11/2011
Quando o responsável pelas negociações comerciais da Rússia anunciou, na noite de quarta-feira, que Moscou tinha fechado um acordo com a Geórgia, eliminando o último obstáculo para aderir à Organização Mundial do Comércio (OMC), prevaleceu a descrença.
"Houve tantas decepções nos últimos sete anos [na tentativa de ingresso], que só se pode dizer mesmo que a Rússia entrou quando ela assinar sobre a linha pontilhada, em dezembro", afirmou Dmitry Trenin, sócio-sênior do Carnegie Moscow Center.
Agora que a Rússia alcançou uma solução de compromisso com a Geórgia, parecem permanecer somente questões técnicas, após quase duas décadas de negociações intermitentes sobre a adesão de Moscou ao principal acordo de comércio mundial, dizem os especialistas.
A Geórgia, uma ex-república soviética, foi a última barreira na entidade comercial que reúne 153 países, devido ao ódio gerado por sua guerra de 2008 com a Rússia. Moscou reúne agora todas as condições para receber um convite formal para ingressar no órgão de comércio mundial durante sua reunião ministerial marcada para dezembro, acrescentam esses especialistas.
O país ainda tem pela frente uma rodada final de negociações multilaterais, em 10 de novembro, com os parceiros comerciais, entre os quais a União Europeia (UE) e os Estados Unidos, que já aprovaram acordos bilaterais, para que o pleito de ingresso seja formalizado, disse Maxim Medvedkov, o encarregado de negociar o acesso da Rússia à OMC.
"Há pressões políticas de todos os lados para tirar essa questão do caminho", disse Andrew Somers, diretor da Câmara Americana de Comércio em Moscou e um participante de longa data da negociação de adesão da Rússia.
As autoridades russas estão apostando no acesso para estimular os investimentos externos e impulsionar o crescimento, atualmente de cerca de 4% ao ano e dependente da receita do petróleo. Se o governo cumprir outras promessas de aprimorar o clima de investimentos, o acesso poderá ajudar a Rússia a incrementar o crescimento do seu PIB em pelo menos um ponto percentual ao ano, no curto prazo, e de onze pontos percentuais no mais longo prazo, dizem economistas do Banco Mundial.
Embora a adesão não deva desencadear uma escalada dos investimentos da noite para o dia, analistas preveem um aumento gradual do interesse pela Rússia, uma vez que a filiação à OMC ajuda a aliviar as preocupações relativas ao Estado de Direito no país.
"Há uma série de empresas americanas que poderiam desempenhar um papel significativo na modernização da infraestrutura da Rússia, mas que têm medo da Rússia", disse Somers. "Neste momento, para elas o país é um buraco negro. Mas, quando a Rússia ficar mais legalizada, por meio do acesso à OMC, essas empresas.... começarão a olhar para a Rússia... Começarão a vir gradualmente e a aumentar seus investimentos."
O ingresso na OMC "nunca foi uma varinha de condão que transformasse totalmente a situação. Mas os países que estão na OMC estão dizendo explicitamente que estão abertos para os negócios, que querem os investimentos externos e que querem que suas empresas tenham acesso aos mercados externos também", disse Chris Weafer, estrategista-chefe do banco de investimento estatal Troika Dialog.
"A OMC te faz entrar no jogo, e, depois disso, tudo dependerá de o governo realizar novas reformas para aprimorar o clima de investimentos", afirmou ele.
Em outros tempos, a Rússia temia que a entrada na OMC pudesse destruir a indústria doméstica, mas, desde que Vladimir Putin assumiu a Presidência, há onze anos, e reanimou o desejo de entrar na instituição, o setor industrial ficou bem mais protegido, segundo analistas.
Putin, atual primeiro-ministro do país, mas que deve voltar à Presidência em 2012, assegurou que os setores mais vulneráveis à concorrência, como o agrícola e o automotivo, estão protegidos. A Rússia conseguiu oferecer redução nas tarifas médias de importação de 14% para 8%, enquanto muitos outros ingressantes tiveram de encolhê-las muito mais, de acordo com o economista David Tarr, do Banco Mundial.
Alguns setores terão períodos de transição antes da redução das tarifas de importação. As montadoras domésticas Avtovaz e GAZ já enfrentam dificuldades diante da concorrência externa. As tarifas de importação sobre carros estrangeiros não serão reduzidas de 25% a 15% antes de sete anos, segundo Alexis Portnansky, da Escola de Economia Avançada, de Moscou.
A Rússia ainda espera manter subsídios de US$ 9 bilhões por ano para o seu setor agrícola, o que ainda precisa ser aceito nas negociações multilaterais. O país já concordou em levantar os limites de participação estrangeira nos bancos russos de 15% para 50%.
As empresas químicas e metalúrgicas deverão ser beneficiadas com a entrada à OMC porque não enfrentarão mais impostos antidumping sobre suas exportações.
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