Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sábado, 21 de abril de 2012
Um retrato da universidade brasileira (2): mais um exemplo da excelencia universitaria
Como no exemplo anterior, apresentado brevemente neste post:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2012/04/um-retrato-da-universidade-brasileira.html
seleciono aqui apenas uns trechos de um desses trabalhos feitos por doutores ou mestres da área de humanidades, que foi selecionado para um seminário em realização neste momento.
Não preciso comentar, não é mesmo?
Paulo Roberto de Almeida
[Título]
[Autores: Mestre, Doutorando, professores universitários]
[trechos]
Para falarmos sobre as políticas de ações afirmativas no Brasil, faz-se necessário fazer uma breve análise de lutas históricas dos grandes ativistas que sempre lutaram para um mundo mais justo e igualitário.
Não é novidade e, está presente no discurso dos grandes pesquisadores que a “história” do descobrimento do Brasil se confunde com o início da escravidão no Brasil, ou seja, a colonização e a construção deram-se por meio do trabalho escravo. O Brasil foi o último país do ocidente a abolir o “trabalho escravo” e os primeiros a pregar a igualdade de oportunidade para todos, independente da cor.
(...)
Com o advento da República, em 1889, sendo promulgada a primeira Constituição Republicana em 1891, cujo artigo 72°, parágrafo 2º estabelecia: “Todos são iguais perante a lei”. De lá para cá esse preceito está praticamente em todas as Cartas Magnas brasileiras, mesmo nos períodos autoritários, como por exemplo, na Constituição de 1934, que no artigo 113°, capítulo dos Direitos e das Garantias Individuais assegura no parágrafo 1º. “Todos são iguais perante a lei. Deixando claro que não haveria privilégios, nem distinções, por motivo de nascimento, sexo, raça, “profissões próprias” ou dos pais, classe social, riqueza, crenças religiosas ou ideias políticas”.
Nesse contexto, ou seja, em busca da prometida “igualdade”, há cerca de 124 anos de “liberdade” o negro luta pela sua integração no mundo dos brancos. Tema abordado por Florestan Fernandes na obra A Integração do Negro na Sociedade Classes de 1965, uma das análises está relacionada aos impasses vivenciados por negros e mulatos e do esforço dos mesmos vislumbrando uma inserção na nova ordem social, construído pelo novo regime de relações de produção. Tendo como cenário a cidade de São Paulo.
Quando se coloca em pauta a inserção do negro no mercado de trabalho, vários percalços são elencados no sentido entender a falta de oportunidade, o primeiro é a escravidão, que perduram mais de três séculos a simples lei solucionou os problemas enfrentados pelos africanos e seus descendentes. Se ao lutarem pela liberdade dos negros, os ativistas mais aguerridos não pensaram na falta de estrutura e planejamento para, e por consequência os libertos foram lançados à própria sorte.
(...)
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PRA: Pronto, acho que basta. Independentemente dos argumentos, eu me pergunto em que escola esses professores aprenderam portugueis...
Venezuela: a maneira cubana de fazer filas...
Creio que vão precisar...
Paulo Roberto de Almeida
Itamaraty: machista e misogino? A culpa seria de quem?
Os exames são sexistas, racistas, discriminatórios?
Essa versão politicamente correta, que busca responsáveis por nossas deficiências e "vias rápidas" para corrigir o que se entende seja uma "deformação do sistema" -- quem sabe até uma das muitas perversidades da sociedade capitalista, elitista, e outros vícios mais -- e que pretende sanar os problemas pela "inclusão dos excluídos", sempre me pareceu uma tremenda demagogia, e um atentado notório ao princípio da igualdade e do mérito. Todas as pessoas, a partir de uma certa idade, têm condições de se preparar para um exame reconhecidamente difícil como o do Itamaraty.
Ainda que se reconheça que certas pessoas -- pelo background familiar, pela frequentação das péssimas escolas públicas, por uma série de outros fatores desfavoráveis -- enfrentam dificuldades adicionais nesse tipo de exame extremamente rigoroso, a única recomendação que se poderia fazer seria que as universidades, o próprio Itamaraty, entidades supostamente comprometidas com a "igualdade racial" e a "inclusão social" mantenham cursos preparatórios gratuitos, abertos preferencialmente aos que não dispõem de renda, sob declaração de honra, para pagar os cursos comerciais.
Bolsas para afrodescendentes são inerentemente discriminatórias e racistas, e não deveriam existir nessa forma, com base na cor.
Mas a voz dos "excluídos" é bem mais forte quando enrolada na bandeira da cor, e da suposta desigualdade da antiga escravidão.
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata é homenageada no Itamaraty
A (nao) frase da semana: defesa da industria e protecionismo
A China, que obviamente não é absolutamente mencionada nesse tipo de declaração -- que se dirige, supostamente, aos países ricos, autores de um fantasmagórico "tsunami monetário" que estaria, de forma deliberada, prejudicando o Brasil -- poderia até ser acusada desse tipo de prática, mas ela não desvaloriza a moeda; ao contrário, o yuan estava teoricamente ancorado no dólar, agora se valorizando progressivamente.
Quais seriam os métodos pouco éticos que alguns escolhem para exportar? Por acaso obrigam os consumidores a escolher seus produtos? Seria a subvaloração? Mas um exportador, ou fabricante faz isso contra seus lucros ou tem condições de oferecer mais barato?
Quando é que o governo, em lugar de buscar bodes expiatórios no estrangeiro -- e nos lugares errados, além de tudo -- vai se ocupar das causas verdadeiras da desindustrialização brasileira?
A frase da semana: politica externa e politica interna
É natural que a política interna influencie a política externa, mas não a ponto de distorcê-la. Quando isso ocorre, a política externa desvincula-se do Estado para transformar-se em mero instrumento de Governo e perde toda a sua congruência.
In: BARRIO, César de Oliveira Lima:
A Missão Paranhos ao Prata (1864-1865): diplomacia e política na eclosão da Guerra do Paraguai
Brasília: FUNAG, 2010, p. 143
tratando da exoneração do Visconde de Rio Branco quando ainda estava em missão diplomática no Prata, por pura desavença política no gabinete.
Resenha do livro por Tomaz Espósito Neto,
em Meridiano 47, Vol. 13, No 130 (2012): Março-Abril,p. 50-52
link: http://seer.bce.unb.br/index.php/MED/article/view/6312/5487
sexta-feira, 20 de abril de 2012
O protecionismo, servido sob diversos molhos...
Paulo Roberto de Almeida
Posted: 17 Apr 2012 06:54 AM PDT
A Receita Federal deflagrou dia 19/03 a maior operação contra fraudes no comercio exterior da história. A Operação Maré Vermelha anunciada pelo secretário Carlos Alberto Barreto no porto do Rio de Janeiro vai aumentar o rigor nas operações de comércio exterior em razão do do volume crescente de importações e o consequente aumento do crescimento do comércio desleal, que inclui a prática de fraudes como o subfaturamento, a triangulação e a utilização de falsa classificação fiscal que resultam em situações predatórias ao setor produtivo nacional. Para Barreto “a Operação Maré Vermelha é dinâmica e poderá incorporar outros setores da administração pública.”
Para viabilizar o maior controle aduaneiro a Receita anunciou a inclusão de novos parâmetros para as operações de importação de mercadorias e setores considerados de interesse para a economia nacional, em especial, bens de consumo não duráveis, tais como vestuário, calçados, brinquedos, eletroeletrônicos, bolsas, artigos de plástico, artigos de toucador, dentre outros.
De acordo com a Receita os resultados esperados com a operação são o aumento da presença fiscal e da percepção de risco para os fraudadores, assim como o aumento de retenções e apreensões de mercadorias, o aumento do recolhimento de tributos e multas e a redução das operações danosas ao setor produtivo nacional.
Cerad - Durante o anúncio da operação o secretário Carlos Alberto Barreto comunicou a inauguração do Centro Nacional de Gerenciamento de Risco – Cerad, unidade especial da Receita situada na cidade do Rio de Janeiro, que coordenará os processos de inteligência e análise de risco operacional das atividades de fiscalização aduaneira em todo o país. Para o secretário “o Cerad tem estrutura pequena mas contará com alta tecnologia e trabalho em rede com todo o país.”
Direito Aduaneiro e Comércio Exterior - BLOG E-mail: rogerio@chebabi.net Skype: rzchebabi Msn: rogerio@chebabi.net
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Seminario do Barao: convite feito: estou inclinado a aceitar
Como se trata do Barão, estou considerando aceitar...
Não sei se vou conseguir participar de ao menos quatro sessões, para ganhar um certificado, mas quem sabe eu fique?
Paulo Roberto de Almeida
Embaixador Gilberto Vergne Saboia
Presidente
Fundação Alexandre de Gusmão |
Professor Arno Wehling
Presidente
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro |
No aniversario do Barao, mais um pouco de suas memorias...
Excelente saúde talvez não tivesse para assoprar 167 velinhas, mas poderíamos fazer apenas três, com os três algarismos. Ainda assim, ele teria de se esforçar um pouco.
Mas, comemorando à minha maneira, ou seja, sempre com escritos, permito-me oferecer aqui mais um trecho de suas memórias, que estou decifrando -- êta letrinha ruim, a do Barão -- e tentando colocar numa versão mais clara, para os leitores de hoje.
Viva o Barão!
Eu acho que sei o que ele estaria pensando sobre a política externa atual. Mas isso fica para outro dia...
Paulo Roberto de Almeida
Seminario Rio Branco no Rio: 8 a 10 de maio
Seminário Internacional "Barão do Rio Branco – 100 anos de memória" |
Como parte da celebração do centenário de falecimento do Barão do Rio Branco, a Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e seu Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), em parceria com o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), organizarão o Seminário Internacional "Barão do Rio Branco – 100 anos de memória", a ser realizado no Rio de Janeiro nos dias 8, 9 e 10 de maio de 2012, no Palácio Itamaraty (8 e 10) e na sede do IHGB (9).
O Seminário, que será aberto pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Antonio de Aguiar Patriota, consistirá de uma série de palestras de reflexão sobre a vida e a obra do patrono da diplomacia brasileira.
José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, foi Ministro das Relações Exteriores do Brasil entre 3 de dezembro de 1902 e 10 de fevereiro de 1912, quando faleceu em seu gabinete no Palácio Itamaraty. Entre os legados deixados pelo Barão à diplomacia brasileira, destacam-se a consolidação pacífica das fronteiras do Brasil com os países vizinhos, pelas vias diplomática e arbitral; o pragmatismo da atuação internacional do Brasil; a defesa da soberania nacional; o respeito ao princípio da não intervenção; a solução pacífica de controvérsias; a busca da estabilidade da América do Sul e a aproximação com os Estados Unidos da América.
Faça sua inscrição, garanta já sua vaga, são apenas 200 vagas por painel.
Baixe a programação completa, clique aqui
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Onde os russos honestos colocam o seu dinheiro (o deles, mas pode ser o seu tambem...)
Não preciso dizer que também encontrei muitos brasileiros, especialmente mulheres, comprando nas butiques e lojas de Lugano: eu só passava, pois a única coisa que comprei foram dois livros do Herman Hesse...
Politica economica no Brasil: o desmantelamento do tripe estabelecido em 1999
Poucos países tiveram ritmos de inflação que se medem em números astronômicos, ou geológicos: bilhões, no caso do Brasil mais exatamente quatrilhões, ou zilhões de % de aumento de custo de vida, e corte de não sei quantos zeros desde a substituição do mil-réis pelo cruzeiro.
Chegamos, finalmente, com o Plano Real a uma estabilização ainda precária, pois que o presidente de então não quis assumir o ônus de um forte ajuste fiscal, e assim tivemos que basear o plano numa ancoragem cambial (sempre precária e perigosa), num forte aumento de juros e num ainda mais vigoroso aumento de impostos.
Pois bem, isso veio a termo nos desequilíbrios acumulados ao longo da segunda metade dos anos 1990, considerando-se ainda a forte contração financeira externa com as crises financeiras iniciando-se pelo México, prolongando-se nas turbulências asiáticas e culminando na moratória russa.
A solução foi adotar um novo modelo de estabilização, não mais baseado na ancoragem cambial, mas na flutuação cambial (1999), nas metas de inflação (1999) e na responsabilidade fiscal (LRF, de 2000), com a continuidade do ajuste iniciado em 1998 com a cooperação do FMI e a realização de superavits fiscais compatíveis com o controle do endividamento público.
Tudo isso ameaça desmoronar agora, com a continuidade da gastança pública, absolutamente irresponsável, e os ataques ao regime cambial em vigor e o total desprezo pelo controle inflacionário. Os responsáveis econômicos não se sentem constrangidos em jogar o ônus nas costas do povo brasileiro, e parece que vão perseverar nesse caminho.
Recebo o seguinte comentário a propósito de minha postagem sobre a redução da taxa de juros pelo Copom-BC (mais abaixo):
Bom dia Paulo! O BACEN já descartou o sistema de metas de inflação. A cada dia fica mais óbvio que tal sistema inexiste no país. Ainda nesta semana, o BACEN atuou fortemente no mercado cambial. A atuação do BACEN deixou evidente seu propósito: desvalorizar o real. Isto é, o BACEN também está tentando bicar para escanteio a taxa de câmbio flutuante. Isto é, dos três pilares macroeconômicos que sustentaram a economia brasileira nos últimos 10 anos (taxa de câmbio flutuante, sistema de metas de inflação, e responsabilidade fiscal), o BACEN está prestes a destruir dois deles. Do lado fiscal, o governo tem feito sua parte para desequilibrar ainda mais a situação das contas públicas. Em resumo: em menos de 1 ano e meio o governo Dilma já descartou a fórmula que garantiu a precária estabilidade brasileira nos últimos anos. A taxa Selic alta atrai investidores, diminuindo este fluxo, como o governo vai financiar o pagamento (só de juros 250 bi $) da divida publica? Ou empréstimo ou em Brasil chega aos juros "normais" do capitalismo: demorou...
Pois é, parece que tudo vai para o brejo.
Depois não poderão dizer que não foram avisados...
Paulo Roberto de Almeida
Herman Hesse: em suas pegadas no Ticino suico...
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Brasil chega aos juros "normais" do capitalismo: demorou...
Agora são os países capitalistas "normais" que não exibem juros normais, ou seja, de mercado. Estão anormalmente baixos, o que é uma punição ao poupador e um prêmio (indevido) ao devedor, ainda que sirva ao investidor.
Parabéns ao Banco Central, e a Alexandre Tombini em particular, por este desempenho, mas muitos acreditam, a começar por certos comentaristas internacionais que isso foi alcançado mais por razões políticas do que por real condição econômica.
Em todo caso, cabe esperar que se mantenham nesse nível.
O trabalho a ser feito, agora, está com o resto do governo, especialmente na área fiscal e de ambiente macro e microeconômico para o crescimento.
Paulo Roberto de Almeida