O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 21 de abril de 2012

Um retrato da universidade brasileira (2): mais um exemplo da excelencia universitaria

Continuando meu hábito de ler trabalhos universitários apresentados em seminários acadêmicos -- um exercício que faço sempre que posso, para me informar sobre o estado da pesquisa nas áreas que me interessam -- deparei com mais um exemplo de como anda a universidade brasileira.
Como no exemplo anterior, apresentado brevemente neste post:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2012/04/um-retrato-da-universidade-brasileira.html
seleciono aqui apenas uns trechos de um desses trabalhos feitos por doutores ou mestres da área de humanidades, que foi selecionado para um seminário em realização neste momento.
Não preciso comentar, não é mesmo?
Paulo Roberto de Almeida 


[Título]
[Autores: Mestre, Doutorando, professores universitários]
[trechos]

Para falarmos sobre as políticas de ações afirmativas no Brasil, faz-se necessário fazer uma breve análise de lutas históricas dos grandes ativistas que sempre lutaram para um mundo mais justo e igualitário.
  Não é novidade e, está presente no discurso dos grandes pesquisadores que a “história” do descobrimento do Brasil se confunde com o início da escravidão no Brasil, ou seja, a colonização e a construção deram-se por meio do trabalho escravo. O Brasil foi o último país do ocidente a abolir o “trabalho escravo” e os primeiros a  pregar a igualdade de oportunidade para todos, independente da cor.
(...)

Com o advento da República, em 1889, sendo promulgada a primeira Constituição Republicana em 1891, cujo artigo 72°, parágrafo 2º estabelecia: “Todos são iguais perante a lei”.  De lá para cá esse preceito está  praticamente em todas as Cartas Magnas brasileiras, mesmo nos períodos autoritários, como por exemplo, na Constituição de 1934, que no artigo 113°, capítulo dos Direitos e das Garantias Individuais assegura no parágrafo 1º. “Todos são iguais perante a lei. Deixando claro que não  haveria privilégios, nem distinções, por motivo de nascimento, sexo, raça, “profissões próprias” ou dos pais, classe social, riqueza, crenças religiosas ou ideias políticas”.

Nesse contexto, ou seja, em busca da prometida “igualdade”,  há cerca de 124 anos de “liberdade”  o negro luta pela sua integração no mundo dos brancos. Tema abordado por Florestan Fernandes na obra A Integração do Negro na Sociedade Classes de 1965, uma das análises está relacionada aos impasses vivenciados por  negros e mulatos  e do esforço dos mesmos vislumbrando uma inserção na nova ordem social, construído pelo novo regime de relações de produção. Tendo como cenário a cidade de São Paulo.

Quando se coloca em pauta a inserção do negro no mercado de trabalho, vários percalços são elencados no sentido entender a falta de oportunidade, o primeiro é a escravidão, que perduram mais de três séculos a simples lei solucionou os problemas enfrentados pelos africanos e seus descendentes. Se ao lutarem pela liberdade dos negros, os ativistas mais aguerridos não pensaram na falta de estrutura e planejamento para, e por consequência os libertos foram lançados à própria sorte.
(...)
=========
PRA: Pronto, acho que basta. Independentemente dos argumentos, eu me pergunto em que escola esses professores aprenderam portugueis...

Venezuela: a maneira cubana de fazer filas...

Já que o coronel está construindo o "socialismo do século XXI", com a ajuda dos cubanos, que tal solicitar aos cubanos o know-how para organizar filas, algo que os cubanos aprenderam com o seu próprio "socialismo do século XX", inteiramente baseado na falta de produtos básicos e na escassez permanente dos itens mais comezinhos do consumo corrente?
Creio que vão precisar...
Paulo Roberto de Almeida 

With Venezuelan Food Shortages, Some Blame Price Controls
Meridith Kohut for The New York Times, April 20, 2012

Customers lined up at 6:30 a.m. outside a government-subsidized store in the Santa Rosalía neighborhood for a chance to get whatever groceries were available.

CARACAS, Venezuela — By 6:30 a.m., a full hour and a half before the store would open, about two dozen people were already in line. They waited patiently, not for the latest iPhone, but for something far more basic: groceries.

“Whatever I can get,” said Katherine Huga, 23, a mother of two, describing her shopping list. She gave a shrug of resignation. “You buy what they have.”
Venezuela is one of the world’s top oil producers at a time of soaring energy prices, yet shortages of staples like milk, meat and toilet paper are a chronic part of life here, often turning grocery shopping into a hit or miss proposition.
Some residents arrange their calendars around the once-a-week deliveries made to government-subsidized stores like this one, lining up before dawn to buy a single frozen chicken before the stock runs out. Or a couple of bags of flour. Or a bottle of cooking oil.
The shortages affect both the poor and the well-off, in surprising ways. A supermarket in the upscale La Castellana neighborhood recently had plenty of chicken and cheese — even quail eggs — but not a single roll of toilet paper. Only a few bags of coffee remained on a bottom shelf.
Asked where a shopper could get milk on a day when that, too, was out of stock, a manager said with sarcasm, “At Chávez’s house.”
At the heart of the debate is President Hugo Chávez’s socialist-inspired government, which imposes strict price controls that are intended to make a range of foods and other goods more affordable for the poor. They are often the very products that are the hardest to find.
“Venezuela is too rich a country to have this,” Nery Reyes, 55, a restaurant worker, said outside a government-subsidized store in the working-class Santa Rosalía neighborhood. “I’m wasting my day here standing in line to buy one chicken and some rice.”
Venezuela was long one of the most prosperous countries in the region, with sophisticated manufacturing, vibrant agriculture and strong businesses, making it hard for many residents to accept such widespread scarcities. But amid the prosperity, the gap between rich and poor was extreme, a problem that Mr. Chávez and his ministers say they are trying to eliminate.
They blame unfettered capitalism for the country’s economic ills and argue that controls are needed to keep prices in check in a country where inflation rose to 27.6 percent last year, one of the highest rates in the world. They say companies cause shortages on purpose, holding products off the market to push up prices. This month, the government required price cuts on fruit juice, toothpaste, disposable diapers and more than a dozen other products.
“We are not asking them to lose money, just that they make money in a rational way, that they don’t rob the people,” Mr. Chávez said recently.
But many economists call it a classic case of a government causing a problem rather than solving it. Prices are set so low, they say, that companies and producers cannot make a profit. So farmers grow less food, manufacturers cut back production and retailers stock less inventory. Moreover, some of the shortages are in industries, like dairy and coffee, where the government has seized private companies and is now running them, saying it is in the national interest.
In January, according to a scarcity index compiled by the Central Bank of Venezuela, the difficulty of finding basic goods on store shelves was at its worst level since 2008. While that measure has eased considerably, many products can still be hard to come by.
Datanálisis, a polling firm that regularly tracks scarcities, said that powdered milk, a staple here, could not be found in 42 percent of the stores its researchers visited in early March. Liquid milk can be even harder to find.
Other products in short supply last month, according to Datanálisis, included beef, chicken, vegetable oil and sugar. The polling firm also says that the problem is most extreme in the government-subsidized stores that were created to provide affordable food to the poor.
But with inflation so crippling, many shoppers at those stores said the inconvenience was worth it.
“It’s an enormous help,” said Ana Lozano, 62, a retiree who takes in ironing to supplement her pension, who was waiting outside the Santa Rosalía grocery. “That’s why there’s such a long line.”
The government appears keenly aware of the twin threats of shortages and inflation as it prepares for the October election in which Mr. Chávez is seeking a new six-year term. The price controls have been defended in government advertisements and accompanied by repeated threats from Mr. Chávez to nationalize any company that cannot keep its products on the market.
Vice President Elías Jaua has warned of a media campaign to frighten Venezuelans into hoarding, which would provoke artificial shortages. Government advertisements urge consumers not to succumb to panic buying, using a proverbial admonition: Bread for today is hunger for tomorrow.
Francisco Rodríguez, an economist with Bank of America Merrill Lynch who studies the Venezuelan economy, said the government might score some political points with the new round of price controls. But over time, he argued, they will spell trouble for the economy.
“In the medium to long term, this is going to be a disaster,” Mr. Rodriguez said.
The price controls also mean that products missing from store shelves usually show up on the black market at much higher prices, a source of outrage for many. For government supporters, that is proof of speculation. Others say it is the consequence of a misguided policy.
Emilio Ortiz, 52, a shop owner, said he could buy sugar and powdered milk from his distributors only once last year. He gets cooking oil once a month, but only about half of what he requests. He also said that profits were so low on controlled products that he must raise other prices to compensate.
One of his customers asked if the store had Harina Pan, which is considered the quintessential local brand of flour to use in making arepas, the signature corn cakes that are a staple of the Venezuelan diet.
“There isn’t any,” Mr. Ortiz said. It would be like an American store not having any Coca-Cola.
The customer asked if other stores nearby carried it.
“You can’t find it,” Mr. Ortiz said glumly.
If there is one product that Venezuela should be able to produce in abundance it is coffee, a major crop here for centuries. Until 2009, Venezuela was a coffee exporter, but it began importing large amounts of it three years ago to make up for a decline in production.
Farmers and coffee roasters say the problem is simple: retail price controls keep profits close to or below what it costs farmers to grow and harvest the coffee. As a result, many do not invest in new plantings or fertilizer, or they cut back on the amount of land used to grow coffee. Making matters worse, the recent harvest was poor in many areas.
A group representing small- to medium-size roasters said last month that there was no domestic coffee left on the wholesale market — the earliest time of year that industry leaders could remember such supplies running out. The group announced a deal with the government to buy imported beans to keep coffee on store shelves.
Similar problems have played out with other agricultural products under price controls, like lags in production and rising imports for beef, milk and corn.
Waiting in line to buy chicken and other staples, Jenny Montero, 30, recalled how she could not find cooking oil last fall and had to switch from the fried food she prefers to soups and stews.
“It was good for me,” she said drily, pushing her 14-month-old daughter in a stroller. “I lost several pounds.”

María Eugenia Díaz contributed reporting.

A version of this article appeared in print on April 21, 2012, on page A1 of the New York edition with the headline: Price Controls Keep Venezuela Cupboards Bare.

Itamaraty: machista e misogino? A culpa seria de quem?

Curiosas essas constatações que o Itamaraty é majoritariamente branco e masculino. A culpa é da instituição, de alguém em particular?
Os exames são sexistas, racistas, discriminatórios?
Essa versão politicamente correta, que busca responsáveis por nossas deficiências e "vias rápidas" para corrigir o que se entende seja uma "deformação do sistema" -- quem sabe até uma das muitas perversidades da sociedade capitalista, elitista, e outros vícios mais -- e que pretende sanar os problemas pela "inclusão dos excluídos", sempre me pareceu uma tremenda demagogia, e um atentado notório ao princípio da igualdade e do mérito. Todas as pessoas, a partir de uma certa idade, têm condições de se preparar para um exame reconhecidamente difícil como o do Itamaraty. 
Ainda que se reconheça que certas pessoas -- pelo background familiar, pela frequentação das péssimas escolas públicas, por uma série de outros fatores desfavoráveis -- enfrentam dificuldades adicionais nesse tipo de exame extremamente rigoroso, a única recomendação que se poderia fazer seria que as universidades, o próprio Itamaraty, entidades supostamente comprometidas com a "igualdade racial" e a "inclusão social" mantenham cursos preparatórios gratuitos, abertos preferencialmente aos que não dispõem de renda, sob declaração de honra, para pagar os cursos comerciais. 
Bolsas para afrodescendentes são inerentemente discriminatórias e racistas, e não deveriam existir nessa forma, com base na cor.
Mas a voz dos "excluídos" é bem mais forte quando enrolada na bandeira da cor, e da suposta desigualdade da antiga escravidão.
Paulo Roberto de Almeida 

Diplomata é homenageada no Itamaraty

Aos novos diplomatas, Dilma ensinou que o Brasil só vai ser uma grande potência se tiver educação de qualidade e profissionais qualificados. O foco da política externa, disse, deve ser ciência, tecnologia e inovação.
- Hoje percebemos que o grande motor para mudar é ciência, tecnologia e inovação. Este é o século do conhecimento, da capacidade de se dominar tecnologia, de inventar, de criar, que permitirá que aquele país que tem na sua força de trabalho a sua maior riqueza seja o país mais bem colocado internacionalmente - discursou a presidente.
Dilma arrancou risadas da plateia, formada por amigos e familiares dos diplomatas graduados ao relatar que perguntou ao ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, quantos engenheiros havia entre os formandos. Segundo ela, o mundo está num momento em que o conhecimento é cada vez mais exigido e ensinou aos novos membros do corpo diplomático brasileiro que eles terão de ser generalistas e especialistas.
Oradora da turma de formandos, a diplomata Maria Eugênia Pulino disse em seu discurso que falta diversidade na diplomacia brasileira, majoritariamente branca e de sexo masculino.
- Faltam mulheres, negros, índios e deficientes. Ainda somos um Ministério majoritariamente branco e masculino. Nós mulheres somos um quarto do quadro e apenas 15% dos ministros de primeira classe - apontou a formanda.

A (nao) frase da semana: defesa da industria e protecionismo


É esse país que não vai deixar a sua indústria, que é uma indústria razoavelmente complexa, ser sucateada por nenhum processo de desvalorização de moedas nem por guerras comerciais que utilizam métodos, eu diria assim, não muito éticos.
Pronunciada pela presidente da República, no dia do diplomata (20/04/2012), no Itamaraty.
PRA:
Se ouso comentar seria no seguinte sentido.
A indústria relativamente complexa do Brasil vem sendo prejudicada, desde muitos anos aliás, não pela desvalorização de moedas estrangeiras, nem por guerras comerciais. Não vejo nenhum país desenvolvido ou em desenvolvimento empenhado em uma guerra comercial contra o Brasil; não existe irrupção monstruosa de produtos de países desenvolvidos no Brasil. Existe um surto de importações que vem de outro lugar, um aliado do famoso Brics, sempre poupado de qualquer culpa no cartório.
A China, que obviamente não é absolutamente mencionada nesse tipo de declaração -- que se dirige, supostamente, aos países ricos, autores de um fantasmagórico "tsunami monetário" que estaria, de forma deliberada, prejudicando o Brasil -- poderia até ser acusada desse tipo de prática, mas ela não desvaloriza a moeda; ao contrário, o yuan estava teoricamente ancorado no dólar, agora se valorizando progressivamente.
Não os países, mas suas empresas, simplesmente, exportam para quem compra, as simple as that. Não é culpa dessas empresas que importadores brasileiros QUEIRAM importar delas, por razões de qualidade e preço (e lucro para os importadores, evidentemente). Ninguém importa por caridade, para prejudicar alguém, ou como tática conspiratória para desindustrializar um país.
Quais seriam os métodos pouco éticos que alguns escolhem para exportar? Por acaso obrigam os consumidores a escolher seus produtos? Seria a subvaloração? Mas um exportador, ou fabricante faz isso contra seus lucros ou tem condições de oferecer mais barato?
Agora, se existe um inimigo da indústria brasileira, esse inimigo se chama Estado brasileiro, pela carga fiscal, pelo custo do capital, pela falta de infraestrutura, pelos preços cartelizados, enfim, pelo "conjunto da obra", que costuma responder pelo nome de "custo Brasil", um slogan que esconde vários elementos estruturais e muitos outros de tipo político, ou seja, escolhas do governo e da sociedade.
Refletindo, portanto, ou simplesmente constatando, chegamos ¡a conclusão, cristalina, de que todos os problemas da indústria brasileira são, inequivocamente, made in Brazil.
Quando é que o governo, em lugar de buscar bodes expiatórios no estrangeiro -- e nos lugares errados, além de tudo -- vai se ocupar das causas verdadeiras da desindustrialização brasileira?
Paulo Roberto de Almeida 

A frase da semana: politica externa e politica interna


É natural que a política interna influencie a política externa, mas não a ponto de distorcê-la. Quando isso ocorre, a política externa desvincula-se do Estado para transformar-se em mero instrumento de Governo e perde toda a sua congruência.


In: BARRIO, César de Oliveira Lima:
A Missão Paranhos ao Prata (1864-1865): diplomacia e política na eclosão da Guerra do Paraguai
Brasília: FUNAG, 2010, p. 143


tratando da exoneração do Visconde de Rio Branco quando ainda estava em missão diplomática no Prata, por pura desavença política no gabinete.


Resenha do livro por Tomaz Espósito Neto, 
em Meridiano 47Vol. 13, No 130 (2012): Março-Abril,p. 50-52
link: http://seer.bce.unb.br/index.php/MED/article/view/6312/5487

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O protecionismo, servido sob diversos molhos...

Isto também é protecionismo, disfarçado, claro...
Paulo Roberto de Almeida 



Posted: 17 Apr 2012 06:54 AM PDT

A Receita Federal deflagrou dia 19/03 a maior operação contra fraudes no comercio exterior da história. A Operação Maré Vermelha anunciada pelo secretário Carlos Alberto Barreto no porto do Rio de Janeiro vai aumentar o rigor nas operações de comércio exterior em razão do do volume crescente de importações e o consequente aumento do crescimento do comércio desleal, que inclui a prática de fraudes como o subfaturamento, a triangulação e a utilização de falsa classificação fiscal que resultam em situações predatórias ao setor produtivo nacional. Para Barreto “a Operação Maré Vermelha é dinâmica e poderá incorporar outros setores da administração pública.”

Para viabilizar o maior controle aduaneiro a Receita anunciou a inclusão de novos parâmetros para as operações de importação de mercadorias e setores considerados de interesse para a economia nacional, em especial, bens de consumo não duráveis, tais como vestuário, calçados, brinquedos, eletroeletrônicos, bolsas, artigos de plástico, artigos de toucador, dentre outros.

De acordo com a Receita os resultados esperados com a operação são o aumento da presença fiscal e da percepção de risco para os fraudadores, assim como o aumento de retenções e apreensões de mercadorias, o aumento do recolhimento de tributos e multas e a redução das operações danosas ao setor produtivo nacional.

Cerad - Durante o anúncio da operação o secretário Carlos Alberto Barreto comunicou a inauguração do Centro Nacional de Gerenciamento de Risco – Cerad, unidade especial da Receita situada na cidade do Rio de Janeiro, que coordenará os processos de inteligência e análise de risco operacional das atividades de fiscalização aduaneira em todo o país. Para o secretário “o Cerad tem estrutura pequena mas contará com alta tecnologia e trabalho em rede com todo o país.”
Direito Aduaneiro e Comércio Exterior - BLOG E-mail: rogerio@chebabi.net Skype: rzchebabi Msn: rogerio@chebabi.net

Seminario do Barao: convite feito: estou inclinado a aceitar

A FUNAG e o IHGB me convidam para o seminário do Barão.
Como se trata do Barão, estou considerando aceitar...
Não sei se vou conseguir participar de ao menos quatro sessões, para ganhar um certificado, mas quem sabe eu fique?
Paulo Roberto de Almeida 



Brasília, 20 de abril de 2012.

Prezado(a) Senhor(a), 
A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e seu Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), em parceria com o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB),  têm a honra de convidar Vossa Senhoria para participar do Seminário Internacional "Barão do Rio Branco – 100 anos de memória", a ser realizado nos dias 8 e 10 de maio de 2012, no Palácio Itamaraty Rio de Janeiro (Avenida Marechal Floriano, 196, Centro) e no dia 9 de maio, na sede do IHGB (Avenida Augusto Severo, 8, 12º andar, Glória, Rio de Janeiro).
2. O Seminário é parte da celebração do centenário de falecimento do Barão do Rio Branco e consistirá de uma série de palestras de reflexão sobre a vida e a obra do patrono da diplomacia brasileira. A abertura será feita pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Antonio de Aguiar Patriota.
3. As inscrições deverão ser feitas em separado para cada uma das seis sessões do Seminário pelo site da FUNAG (http://www.funag.gov.br), com a possível brevidade e não após 30 de abril de 2012.
4. Serão emitidos certificados para aqueles que participarem de pelo menos quatro sessões.

Cordialmente,

Embaixador Gilberto Vergne Saboia
Presidente
Fundação Alexandre de Gusmão
Professor Arno Wehling
Presidente
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
 

No aniversario do Barao, mais um pouco de suas memorias...

Vejamos: se o Barão estivesse hoje conosco, estaria comemorando seu aniversario de número 167. 
Excelente saúde talvez não tivesse para assoprar 167 velinhas, mas poderíamos fazer apenas três, com os três algarismos. Ainda assim, ele teria de se esforçar um pouco.
Mas, comemorando à minha maneira, ou seja, sempre com escritos, permito-me oferecer aqui mais um trecho de suas memórias, que estou decifrando -- êta letrinha ruim, a do Barão -- e tentando colocar numa versão mais clara, para os leitores de hoje.
Viva o Barão!
Eu acho que sei o que ele estaria pensando sobre a política externa atual. Mas isso fica para outro dia...
Paulo Roberto de Almeida 



Memórias do Barão do Rio Branco
Los hermanos, siempre tan hermosos...

Transcrição e modernização da ortografia  destas “memórias” por Paulo Roberto de Almeida, a partir de manuscritos encontrados nos papéis deixados pelo próprio.

Rio de Janeiro, 2 de maio de 1910

Pronto! Acabo de confirmar ao Senhor Presidente, que me havia interrogado a esse respeito, que o Brasil participará das comemorações do assim chamado “centenário da independência argentina” (com aspas, comme il faut), neste próximo 10 de maio, com uma delegação normal, isto é, por meio do nosso próprio ministro em Buenos Aires, e não com alguma embaixada especial ou enviado extraordinário. A decisão, é bom que se diga, foi só minha, e a considero plenamente justificada, como expliquei ao Senhor Presidente. Meus auxiliares, todavia, me dizem, desde já algum tempo atrás, quando, refletidamente, tomei tal decisão, que se trata de um erro monumental. Alguns deles, inclusive, parecem ter ficado abalados com o que chamam de descortesia gratuita de minha parte, enfim, mais uma demonstração de birra pouco diplomática vis-à-vis nuestros hermanos...
Curiosa essa menção a erro, porque isto me lembra de uma frase à propos, que já ouvi há muito tempo, de um desses nuestros hermanos justamente, mas já não sei dizer de quem, de onde ou quando: He cometido un error fatal! Y el peor es que no sé cual...
Talvez eu também tenha cometido algum erro fatal, mas não sei dizer exatamente qual, embora minha impressão sincera é a de que o equívoco está com eles, não comigo. O erro, terrível, no dizer de meus auxiliares – que se desesperam com esta minha decisão – teria sido representado pelo fato de não termos enviado nenhuma delegação especial, representando a nação brasileira, às comemorações oficiais do centésimo aniversário do 10 de maio argentino, quando tantos países o fizeram. Muitos outros países, justamente, designaram plenipotenciários especiais, alguns a nível de ministros de relações exteriores, uns poucos até com o deslocamento de seus chefes de governo, o que me parece um pouco exagerado, mais laissons cela à leur critère. Chacun est maître de ses décisions...
Descarto qualquer erro de minha parte, mas como não posso externar minha opinião au grand large, o faço aqui para a posteridade (e a devida fidelidade a esta musa sempre tão conspurcada que atende pelo nome de História). A sinceridade é uma dessas virtudes que, infelizmente, poucos homens públicos podem externar em todas as circunstâncias.
Qual erro cometi, afinal, já que não vejo nenhum em minha decisão de não ver nesse dia nada de realmente extraordinário? Seria o 10 de maio uma efeméride suscetível de mudar dramaticamente o curso da História, na mesma categoria dessas de que me ocupei largamente no passado? (É bem verdade que me ocupei também, nas efemérides, de fatos corriqueiros, mas isso foi mais por distração do que por verdadeiro culto a essa musa, que no entanto respeito e venero, como uma das minhas preferidas, ao lado daquela que comanda aos prazeres da mesa, se por acaso existir uma tão gourmande quanto eu...)
Os argentinos estão festejando, com orgulho indevido em minha opinião, o 10 de maio de 1810, que é quando nossos vizinhos acreditam que “conquistaram” a sua independência da Espanha (ou de Napoleão, sejamos mais claros). O fato, absolutamente verdadeiro, é que no 10 de maio de 1810, não foi proclamada nenhuma independência argentina. Nada aconteceu nesse dia, a não ser o reconhecimento, pelo cabildo de Buenos Aires, de algo absolutamente fáctico, tão evidente que sequer havia necessidade de qualquer proclamação em torno disso: o trono de Espanha, o legítimo, tornou-se obviamente vacante – mas não foi nesse dia – em função da “destituição”, de seu real cargo, de um desses Bourbons que os próprios franceses tinham se esforçado para colocar no trono de Espanha um século antes. Mais uma querela dos Pirineus...
 Eles, os argentinos, que nisso são equivocadamente seguidos por meus auxiliares, acreditam que sua independência começou nesse dia – eles comemoram, na verdade, duas ou três datas, dependendo da utilidade – quando ela só se firmou, de verdade, muito tempo depois, mais até do que seu orgulho nacional o permitiria. Ela de fato só ocorreu, e mesmo assim de maneira passavelmente confusa, depois que San Martin andou fazendo valer o que de fato vale na vida das nações: a crítica das armas, não as armas da crítica. Estas, como grande parte do palavrório dos diplomatas, se traduzem muitas vezes em declarações chorosas, que falam da “opressão dos invasores”, ou da “usurpação do trono”, enfim, essas frases ocas, em que comprazem nossos colegas de carreira.
Todas essas construções intencionais, de uma pré-ciência de “momentos históricos”, de fato delineados a posteriori, servem apenas para alimentar os mitos nacionais, quando a realidade é que a soberania e a independência de uma nação só se garantem na ponta dos sabres, como afirmava o velho Bismarck, ou numa eventual carga de cavalaria, como parecia preferir seu colega de conquistas, o general Moltke. Seja como for, esses nuestros hermanos, siempre tan hermosos, inventaram o mito do 10 de maio apenas para ter precedência sobre nossa própria independência, e querem que acreditemos nisso. Sinto muito, mas não caio nessa peta!
Se me permito aqui parafrasear o general Roca, nosso amigo sincero – dos poucos que temos naquele país de arrogantes gaúchos que se creem ingleses dos pampas – eu diria que muitas coisas nos unem, mas algumas nos separam (mas isso eu não posso afirmar de público). Já não me refiro ao esporte bretão, que parece começar a empolgar multidões dos dois lados do Prata, mas sim a interesses concretos, com destaque para o equilíbrio de nossas forças navais, cruciais na nova conformação dos fatores de guerra que teve início pela construção dos primeiros dreadnoughts pela Royal Navy. Não acredito que possamos levar muito longe essa insana competição por encouraçados cada vez maiores e poderosos, inclusive porque o nosso pobre orçamento não o suportaria (e esta é uma das poucas razões pelas quais apoio esse difícil pacto ABC, quando preferia ter apenas o Chile como aliado constante e fiel, junto a nosso grande irmão do norte, um pouco inconstante, este).
Os argentinos são, sem sombra de dúvida, muito mais ricos do que nós; aliás, mais até do que vários europeus (e, ouvi dizer, até mais do que os franceses, que cunharam a frase, muito frequente em suas operetas, de riche comme un argentin...). Nossos vizinhos podem, portanto, se permitir essas loucuras com seus orçamentos militares, ainda que a quebra do Barings – quando eu começava a me ocupar, justamente, do nosso conflito em torno de Palmas – comprove que, mesmo assim, nem tudo é possível de se fazer com o dinheiro alheio. Os pobres venezuelanos, aliás, sabem muito bem disso, ao terem tido de suportar o peso de canhoneiras estrangeiras, porque um desses coronéis malucos que frequentemente se apossam do poder naquele confuso país andino e caribenho se recusou a cumprir com suas obrigações financeiras, algo que nosso Império, sempre tão endividado, jamais chegou a cogitar. Se tivemos de negociar nosso último funding loan em termos que não foram certamente os mais flâteurs para nossa dignidade nacional, foi porque um bando de bárbaros do sertão nos obrigou a levar uma guerra frustrante, em quatro sucessivas expedições, que consumiu nossos parcos recursos do café, como antes já tinha ocorrido com a maldita guerra contra o ditador Solano Lopez.

Pois bem, voltando às “comemorações do 10 de maio”, imagino que um dos meus críticos argentinos – me refiro ao inacreditável Estanislao Zeballos – possa estar agora falando de mim: “Maldito barón” – com b minúsculo, para me diminuir um pouco mais – “siempre depreciando a nuestra patria, como si Brasil no fuera una porqueria, un cambalache, yá lo sé...”. Foi ele mesmo que nos levou a esta situação absurda de competição naval, com sua agressividade militarista tão desproporcional quanto às supostas ameaças do Brasil e do Chile, que o próprio presidente José Figueroa Alcorta teve de demiti-lo em meio ao seu mandato. Zeballos nunca engoliu o que continua a chamar de “desmembración” do território argentino, mas que foi apenas um laudo impecável do presidente americano, em face de meus argumentos absolutamente fundamentados na história – e na nossa boa cartografia lusitana – em defesa do nosso pedaço das Missões. O mesmo belicoso Zeballos, quando ministro, queria controlar nossas aquisições de fragatas na Europa, e até “dividi-las” com eles (o absurdo!), mas nunca hesitou em exigir de seu próprio presidente aumentos fabulosos das compras militares argentinas, como tampouco se eximiu de propor a preparação de suas forças navais para eventualmente ocupar o Rio de Janeiro pela força.
Como querem, agora, que eu conceda em enviar uma delegação de alto nível a um país que falseia sua história, que mantém sonhos ridículos de grande potência e que, além do mais, reincide num protecionismo renitente, que prejudica nossas legítimas exportações de açúcar e de algodão? Como querem meus auxiliares que eu me disponha a assinar um acordo de comércio preferencial com nossos vizinhos – concedendo-lhes as mesmas vantagens que eu concedi às farinhas americanas – se eles continuam a comprar quantidades ínfimas do nosso precioso café? Não! No que depender de mim, não haverá acordo comercial de nenhum tipo com os argentinos, até que eles nos reconheçam como uma nação tão merecedora de consideração como aquela que eles estão sempre tão dispostos a conceder à velha Albion, que eles, também ridiculamente, estimam ser o seu modelo a imitar, ainda que não exibam toda a pompa e circunstância da Corte de St. James.
Sei que o dileto amigo Julio Roca sempre propugnou por uma estreita união dos dois países, afirmando, ao nosso Campos Salles que, ao desenvolver “laços da mais íntima amizade”, Brasil e Argentina, juntos, seriam “ricos, fortes, poderosos e livres”. Pode ser que, um dia, de fato cheguemos a essa situação, de sólidos vínculos entre nossas duas economias, mas não antes que nuestros hermanos abandonem sua ideia de preeminência militar, mesmo que continuem mais ricos do que nós por certo tempo ainda. Atualmente, eles quase se igualam à riqueza americana, mas essa situação pode não perdurar, e o Brasil chegará a ser também, um dia, rico e poderoso, se para tal lhe ajudarem o descortino e a capacidade intelectual de nossos líderes, hoje, infelizmente, tão carentes de educação econômica e tão pouco propensos a educar o povo, como preconizou para a Argentina, tão justamente, o genial Sarmiento. Quando teremos um intelectual como ele, entre nós?
Esse dia chegará, estou seguro, mas certamente não será do meu tempo; talvez dos meus netos, mas sobre isso falarei um outro dia...
Rio de Janeiro, 2 de Maio de 1910

Seminario Rio Branco no Rio: 8 a 10 de maio


Seminário Internacional "Barão do Rio Branco – 100 anos de memória"
Como parte da celebração do centenário de falecimento do Barão do Rio Branco, a Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e seu Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), em parceria com o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), organizarão o Seminário Internacional "Barão do Rio Branco – 100 anos de memória", a ser realizado no Rio de Janeiro nos dias 8, 9 e 10 de maio de 2012, no Palácio Itamaraty (8 e 10) e na sede do IHGB (9).
O Seminário, que será aberto pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Antonio de Aguiar Patriota, consistirá de uma série de palestras de reflexão sobre a vida e a obra do patrono da diplomacia brasileira.
José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, foi Ministro das Relações Exteriores do Brasil entre 3 de dezembro de 1902 e 10 de fevereiro de 1912, quando faleceu em seu gabinete no Palácio Itamaraty. Entre os legados deixados pelo Barão à diplomacia brasileira, destacam-se a consolidação pacífica das fronteiras do Brasil com os países vizinhos, pelas vias diplomática e arbitral; o pragmatismo da atuação internacional do Brasil; a defesa da soberania nacional; o respeito ao princípio da não intervenção; a solução pacífica de controvérsias; a busca da estabilidade da América do Sul e a aproximação com os Estados Unidos da América.


Faça sua inscrição, garanta já sua vaga, são apenas 200 vagas por painel.
Baixe a programação completa, clique aqui

Onde os russos honestos colocam o seu dinheiro (o deles, mas pode ser o seu tambem...)

Passeando por Lugano, na aprazível região suíça do Ticino, com um lago maravilhoso, restaurantes apetitosos, museus convidativos, paisagem esplendorosa (etc., etc., etc.), encontrei este cartaz, escrito em russo, presumivelmente dedicado a atrair esses fabulosos capitalistas russos, que ficaram milionários -- êpa!, isso não vale mais nada: BILIONÁRIOS, quero dizer -- trabalhando duramente e construindo aquele maravilhoso capitalismo putinesco e que precisam investir todo esse dinheiro honesto em coisas sólidas, como um condomínio de luxo na Suíça.
Não preciso dizer que também encontrei muitos brasileiros, especialmente mulheres, comprando nas butiques e lojas de Lugano: eu só passava, pois a única coisa que comprei foram dois livros do Herman Hesse...

Politica economica no Brasil: o desmantelamento do tripe estabelecido em 1999

O Brasil tem uma longa trajetória de luta pela estabilização de sua economia, uma história pouco exemplar que passa por seis moedas, REPITO: SEIS MOEDAS, no último meio século ou pouco mais.
Poucos países tiveram ritmos de inflação que se medem em números astronômicos, ou geológicos: bilhões, no caso do Brasil mais exatamente quatrilhões, ou zilhões de % de aumento de custo de vida, e corte de não sei quantos zeros desde a substituição do mil-réis pelo cruzeiro.
Chegamos, finalmente, com o Plano Real a uma estabilização ainda precária, pois que o presidente de então não quis assumir o ônus de um forte ajuste fiscal, e assim tivemos que basear o plano numa ancoragem cambial (sempre precária e perigosa), num forte aumento de juros e num ainda mais vigoroso aumento de impostos.
Pois bem, isso veio a termo nos desequilíbrios acumulados ao longo da segunda metade dos anos 1990, considerando-se ainda a forte contração financeira externa com as crises financeiras iniciando-se pelo México, prolongando-se nas turbulências asiáticas e culminando na moratória russa. 
A solução foi adotar um novo modelo de estabilização, não mais baseado na ancoragem cambial, mas na flutuação cambial (1999), nas metas de inflação (1999) e na responsabilidade fiscal (LRF, de 2000), com a continuidade do ajuste iniciado em 1998 com a cooperação do FMI e a realização de superavits fiscais compatíveis com o controle do endividamento público.


Tudo isso ameaça desmoronar agora, com a continuidade da gastança pública, absolutamente irresponsável, e os ataques ao regime cambial em vigor e o total desprezo pelo controle inflacionário. Os responsáveis econômicos não se sentem constrangidos em jogar o ônus nas costas do povo brasileiro, e parece que vão perseverar nesse caminho.
Recebo o seguinte comentário a propósito de minha postagem sobre a redução da taxa de juros pelo Copom-BC (mais abaixo): 


Bom dia Paulo! O BACEN já descartou o sistema de metas de inflação. A cada dia fica mais óbvio que tal sistema inexiste no país. Ainda nesta semana, o BACEN atuou fortemente no mercado cambial. A atuação do BACEN deixou evidente seu propósito: desvalorizar o real. Isto é, o BACEN também está tentando bicar para escanteio a taxa de câmbio flutuante. Isto é, dos três pilares macroeconômicos que sustentaram a economia brasileira nos últimos 10 anos (taxa de câmbio flutuante, sistema de metas de inflação, e responsabilidade fiscal), o BACEN está prestes a destruir dois deles. Do lado fiscal, o governo tem feito sua parte para desequilibrar ainda mais a situação das contas públicas. Em resumo: em menos de 1 ano e meio o governo Dilma já descartou a fórmula que garantiu a precária estabilidade brasileira nos últimos anos. A taxa Selic alta atrai investidores, diminuindo este fluxo, como o governo vai financiar o pagamento (só de juros 250 bi $) da divida publica? Ou empréstimo ou em Brasil chega aos juros "normais" do capitalismo: demorou...


Pois é, parece que tudo vai para o brejo.
Depois não poderão dizer que não foram avisados...
Paulo Roberto de Almeida 

Herman Hesse: em suas pegadas no Ticino suico...

O passeio de hoje: 

The Herman Hesse Museum

The Museum hosts precious evidence of Hermann Hesse’s last 43 years in Montagnola up until his death.
The small but important Herman Hesse Museum is situated in the Camuzzi Tower, an integral part of the historical ensemble of buildings of the Camuzzi House, a wonderful example of the prestigious work that architects from Ticino carried out in 19th Century Saint Petersburg. 
In 1919, when Herman Hesse was forty-two, he rented a modest apartment here. After a period of crisis motivated by the separation from his family and by the terrible consequences that he had foreseen for the first world war, Herman Hesse started writing again and discovered painting as a source of serenity and peace of mind. It is at the Camuzzi House that “Klingor’s Last Summer”, “Siddharta”, “Death and the Lover”, “Steppenwolf” numerous poems and short stories were written and many watercolours painted. 
In 1931, Herman Hesse moved with his third wife, Ninon, into the Pink House, in whose garden he took pleasure in growing flowers and vegetables. His creativity was further confirmed by later works such as “Time in the Vegetable Garden” and “Magister Ludi”, for which he was awarded the Nobel Prize for literature in 1946 and “Letters”. 
Many important people (among whom Theodor Heuss, Thomas Mann e Bertolt Brecht) came to visit the writer in Montagnola. 
Herman Hesse became a Swiss citizen in 1924 and felt very much at home in Montagnola: the incredible landscape and the special conditions of light on the Golden Hill fascinated the artist. To this, we must add, the friendly welcome he received by the people of Ticino whom he continuously praised in his stories. Tolerance, straightforwardness, integrity, farsightedness, these are some of the characteristics that have made him one of the most widely read German writers. 
His works have been translated in 54 languages; 100 million copies have been published globally. The Herman Hesse Museum in Montagnola, the first of its kind and the only one in Switzerland, was inaugurated on July 2, 1997 in occasion of the 120th anniversary of the writer’s birth and preserves precious tokens of the last 43 years of life of the artist and painter, who died in Montagnola in 1962.
The museum is a place of encounter for visitors from all over the world. In the video room a documentary is projected in Italian, German and French; books in different languages exhibited at the entrance and in the garden invite one to read and think. 
Along the route called “On Herman Hesse’s Footsteps”, one can admire the unique landscape of the Golden Hill.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Brasil chega aos juros "normais" do capitalismo: demorou...

Ufa! Finalmente o Brasil chega aos juros que, historicamente, sempre foram os do capitalismo industrial, na média: 3,5% ao ano. Demorou um bocado e resta saber se é sustentável (a palavra da moda, mas com outro sentido).
Agora são os países capitalistas "normais" que não exibem juros normais, ou seja, de mercado. Estão anormalmente baixos, o que é uma punição ao poupador e um prêmio (indevido) ao devedor, ainda que sirva ao investidor.
Parabéns ao Banco Central, e a Alexandre Tombini em particular, por este desempenho, mas muitos acreditam, a começar por certos comentaristas internacionais que isso foi alcançado mais por razões políticas do que por real condição econômica.
Em todo caso, cabe esperar que se mantenham nesse nível.
O trabalho a ser feito, agora, está com o resto do governo, especialmente na área fiscal e de ambiente macro e microeconômico para o crescimento.
Paulo Roberto de Almeida 


SELIC

Brasil não tem mais os maiores juros do mundo

Com a nova redução da Selic o Brasil deixa de ter a maior taxa de juros reais do mundo

Opinião e Notícia, 19/04/2012
Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu nesta quarta-feira, 18, a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 0,75 ponto percentual, confirmando a tendência de baixa que vem sendo adotada no governo Dilma Rousseff.
Com a Selic agora a 9% ao ano, os juros no Brasil estão no seu menor patamar desde março de 2010, quando eram de 8,75%. É também a menor taxa do governo Dilma.

Rússia agora tem os maiores juros

Segundo o analista internacional Jason Vieira, da Apregoa.com – Cruzeiro do Sul, e o analista de mercado Thiago Davino, da Weisul Agrícola, com a nova redução da Selic o Brasil deixa de ter a maior taxa de juros reais do mundo.
Os cálculos dos analistas apontam que, com a Selic a 9% ao ano, os juros reais do Brasil — descontando a inflação projetada para os próximos 12 meses — são hoje de 3,4%. O primeiro posto, segundo eles, agora é da Rússia, que tem juros reais de 4,2%.