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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Certos filhos (do PMDB) sao excepcionalmente bem preparados: deve ser a escola do partido...

Eu gostaria de conhecer a universidade do PMDB, que forma gente assim capaz de dar saltos quânticos, exponenciais, em direção ao sucesso, a glória e à riqueza, claro, pois certas coisas não andam sozinhas.
Meus parabéns ao papai orgulhoso da performance do filho.
O Brasil precisa de gente assim: capaz, dinâmica, empreendedora, sabedores de todos os trâmites para prosperar na vida, independente de corrupção, falcatruas, roubalheiras, nepotismos, que grassam por aí impunemente...
Paulo Roberto de Almeida

FILHO DE MINISTRO É UM METEORO NA ODEBRECHT
Em cinco anos, Pedro Moreira Franco, filho do ministro Wellington Moreira Franco, foi de trainee a diretor na Odebrecht, do empreiteiro Marcelo Odebrecht; coincidência número 1: nesse período a Foz do Brasil, que pertence ao grupo, recebeu um aporte entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões do FI-FGTS, que era pilotado pelo ministro; coincidência número 2: nesse mesmo período, a Embraport, também da Odebrecht, recebeu aporte de R$ 450 milhões; agora o perigo: na Secretaria da Aviação, Moreira Franco prepara a concessão dos aeroportos, num modelo que atende aos interesses da... adivinhem... Odebrecht; em comunicado, empresa diz que contratação do filho do ministro foi técnica e que Moreira Franco não influenciava no FI-FGTS; ministro diz o contrário
30 DE JULHO DE 2013 ÀS 12:46
247 - Pedro Moreira Franco, filho do ministro Wellington Moreira Franco, da Secretaria Nacional de Aviação Civil, pode ter todas as qualificações do mundo, mas o fato é que fez uma carreira meteórica no grupo Odebrecht, do empreiteiro Marcelo Odebrecht.
Em nota, a empresa tentou responder à reportagem do 247, que aponta ligações perigosas demais entre a empreiteira e a família Moreira Franco (leia mais aqui). Mas o comunicado, no entanto, reforça ainda mais as suspeitas. Leia abaixo:
"Pedro Moreira Franco entrou para a Organização Odebrecht em 2005, através do programa de trainees da empresa. Três anos depois, iniciou uma pós-graduação no exterior, de onde retornou em 2010 para trabalhar na Foz, subsidiária da Odebrecht Ambiental. A entrada do FI-FGTS no capital da Odebrecht Ambiental aconteceu em setembro de 2009 e o ministro Moreira Franco não fez parte de nenhuma das instâncias encarregadas de aprovar  o investimento."
Ou seja: em cinco anos, o filho do ministro, indicado ao cargo pelo PMDB, foi de trainee a diretor, mesmo tendo passado três anos fora, cursando uma especialização.
O que aconteceu nesse período? Em 2008, o FI-FGTS, um fundo com recursos dos trabalhadores, que estava sob a responsabilidade de Moreira Franco, como vice-presidente de Fundos da Caixa Econômica Federal, fez um aporte de R$ 450 milhões na Embraport, empresa de portos do grupo Odebrecht (leia mais aqui).
Em outubro de 2009, mais um aporte, entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões, na Foz do Brasil, justamente a empresa que reservou uma diretoria para Pedro Moreira Franco (leia aqui).
Segundo a nota da Odebrecht, Wellington Moreira Franco não teve qualquer influência na liberação dos aportes nas empresas do grupo. No entanto, em seu próprio site, o ministro ressalta o papel que teve na criação do FI-FGTS (leia aqui). "Esse ano de 2009 representou a consolidação do Fundo de Investimentos do FGTS, que encerrou o exercício com comprometimento total dos recursos inicialmente alocados. Foram desembolsados R$ 14,5 bilhões do FI-FGTS. O ativo total do FGTS no fim de 2009 era de R$ 2,35 bilhões", diz o ministro.
Agora, o perigo: como ministro da Aviação Civil, e não mais como responsável pelo FI-FGTS, Moreira Franco pilota a privatização dos aeroportos. Segundo o colunista Janio de Freitas, da Folha, seu edital atende aos interesses da Odebrecht.

É por essas e outras que Janio considera "inexplicável" a presença de Moreira Franco no governo Dilma. E é também esse o tema de uma das manchetes de hoje do 247, indagando se Dilma tem mais a ganhar ou a perder com sua aliança com o PMDB (leia aqui).

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PMDB e PT retomam loteamento de cargos nas agências reguladoras

Nomeação de petista para a Anvisa ficou 4 meses no ‘limbo’ até afilhado de peemedebista também ter o nome aprovado por comissão

O Estado de S.Paulo, 21 de agosto de 2013

Andreza Matais e Débora Bergamasco - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Oito meses após o escândalo envolvendo a ex-funcionária da Presidência em São Paulo Rosemary Noronha e as suspeitas de tráfico de influência nas agências reguladoras, recomeçou a guerra política pelo controle de cargos de diretoria nessas instituições. PT e PMDB acabaram de travar uma disputa nas Agências Nacionais de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de Saúde Suplementar (ANS) em que interesses partidários ditaram os rumos desses órgãos.
O PT teve de esperar quatro meses para que o nome de Ivo Bucaresky, militante do partido que já havia sido aprovado na Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS), fosse enviado ao plenário e, assim, pudesse assumir o posto na Anvisa. Isso só ocorreu após o PMDB também indicar um nome para outra diretoria da Anvisa.
Bucaresky foi confirmado na mesma sessão em que a comissão indicou o funcionário Renato Porto. Ele teve como padrinho de casamento o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), amigo da família. Em seis dias, o nome do Porto foi à votação em plenário, 20 vezes mais rápido que Bucaresky. Embora seja suplente na comissão, Eunício fez questão de participar da aprovação do afilhado.
Um senador da CAS, sob anonimato, explicou o ocorrido. "Estava faltando a indicação (do PMDB). O pessoal (parlamentares) ficou esperando", disse. A disputa partidária fez com que a Anvisa, que geralmente atua com cinco diretores na função de liberar o uso de medicamentos no País e fiscalizar alimentos em âmbito nacional, ficasse mais um terço do ano sem o quadro de dirigentes completo.
‘Limbo’. A sessão de 11 de junho, em que Porto foi sabatinado, é esclarecedora. "Peço que, se for possível, nós votemos, no dia de hoje, não somente os dois candidatos, mas também o Dr. Ivo, que está aqui no limbo há um bocado de tempo", apelou o senador Humberto Costa (PT-PE).
Naquele dia, também foi aprovado o nome de Elano Figueiredo para a ANS - a indicação é fruto de consórcio entre PT e PMDB. Ele é investigado pelo Conselho de Ética da Presidência da República por ter omitido do currículo vínculo empregatício com a operadora de saúde Hapvida, como revelou o Estado.
Na sessão, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) também fez um apelo. "(Quero) pedir a urgência para que possamos votar, hoje, em plenário, o Dr. Ivo, o Dr. Renato e o Dr. Elano (...) Esperamos fazer uma votação maciça na tarde de hoje. Portanto, aprovar os dois nomes para a Anvisa e o Dr. Elano para a ANS ainda nesta tarde."
Jucá teve apoio da senadora Ana Amélia (PP-RS). "Eu só queria também endossar a inclusão do nome do Dr. Ivo Bucaresky no pedido de urgência (...) porque eu havia citado apenas os nomes do Dr. Renato e do Dr. Elano para a Anvisa e para ANS, respectivamente, mas incluo, com muito bom grado, o nome do Dr. Ivo Bucaresky para a Anvisa na votação de hoje", disse.
Acordo cumprido. Eunício Oliveira defende a escolha de Porto, que já era funcionário da Anvisa. "Indiquei o menino como técnico. O pai dele teve problema de câncer e morreu, a mãe está doente. É um rapaz muito sofrido, mas que tem muito valor, é dedicado, batalhador, fichinha limpa", afirmou. O senador nega boatos de que Porto seja seu parente. "E se fosse, qual seria o problema?"
Para o líder do PMDB, "tem gente tentando ‘plantar’ informações falsas". "Deve ser porque eu desagradei a alguém com minha indicação, ou alguém que queria emplacar um nome não teve êxito", disse. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tentou indicar Fernando Garcia Mendes, barrado na triagem inicial para a vaga.
Ajuda. Bucaresky foi indicado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e pelo vice-prefeito do Rio, Adilson Pires (PT). Petista desde 1987, ele admite que a filiação partidária o ajudou e que não saberia dizer se teria sucesso caso não fosse ligado à sigla.
O salário de um diretor comissionado de agência reguladora - entre R$ 11,7 mil e R$ 12,3 mil - não costuma ser o principal atrativo do cargo, mas sim o poder das decisões. As agências regulam e fiscalizam atividades privadas na execução de serviços de caráter público.

O Banco Central ainda nao percebeu o tamanho do problema - Alexandre Schwartsman

Entrevista exclusiva ao blog da revista Exame, em Veja.com:

O Banco Central ainda não exergou a gravidade da crise, diz o ex-diretor da instituição
20/08/2013 às 20:43
Fonte: Exame
Entrevista curta e exclusiva para o blog, sobre a acelerada desvalorização do real frente ao dólar, com Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central,  colunista da Folha e do Valor, e fundador da Schwartsman & Associados.

1- O fortalecimento do dólar tem se dado em relação a várias moedas emergentes, mas alguns casos chamam mais a atenção, como a India, a Indonésia e o próprio Brasil. Estamos falando de um fenômeno mundial, ou há fundamentos locais para essa desvalorização acentuada do real?
Não há como escapar do lugar-comum: há fatores externo e domésticos, incluindo, entre os últimos, o próprio fato do mercado cambial brasileiro ser profundo e líquido, o que estimula maiores movimentos por aqui. Ainda assim, é necessário reconhecer que o mau desempenho nacional do ponto de vista de crescimento, assim como a nosso histórico de intervenção, têm colaborado para piorar a reação de mercado.
E nem poderia ser diferente. O Brasil maltratou o quanto pôde o capital estrangeiro, com IOFs, compulsórios, etc. Como imaginar que a mera remoção destas barreiras vá repor os incentivos ao ingresso de capitais se – quando a maré mudar – os investidores sabem que elas podem voltar e lhes impor perdas? Por que aplicar recursos na Bolsa face ao crescimento medíocre? Por que investir nos projetos de infraestrutura com retorno tabelado?

2- O Banco Central tem repetido que os especuladores vão perder, e que a curva de juros abriu muito. Estamos sofrendo um simples ataque especulativo? Ou as autoridades monetárias não enxergam a gravidade do problema?
O BC pode impor perdas na parte curta da curva, onde sua política tem maior peso, mas, desconfio que ainda não enxergaram a gravidade da coisa. As projeções de inflação (e não estou falando da pesquisa Focus, e sim das expectativas embutidas nos títulos públicos) andam na casa de 6% ao ano até 2020! Neste cenário é claro que as mesas passam a apostar em juros mais altos, que, diga-se, é o que se espera de um BC minimamente comprometido com uma meta de inflação bem abaixo de 6%.
Isto dito, dadas as restrições políticas à ação do BC (sem contar a própria postura complacente do BC face à aceleração inflacionária), é bem possível que haja mesmo um limite à Selic (10% ao ano?). Neste caso, quem apostar em elevação acima deste patamar, digamos, até a eleição, pode se decepcionar mesmo.

3- O que nosso governo deveria fazer para controlar a situação? Aumentar mais a taxa de juros para surpreender o mercado, e anunciar corte efetivo dos gastos públicos, seriam medidas na direção correta?
Sim, vivemos um caso clássico em que políticas monetária e fiscal mais duras são requeridas. Idealmente faríamos pelo lado fiscal (cortando gastos), mas não tenho a menor convicção que isto ocorrerá. Sobra a taxa de juros que, provavelmente, também enfrenta limites. O ajuste virá pela inflação mais alta, como, aliás, já está ocorrendo. Apenas os band-aids de controle de preços têm impedido que a inflação se acelere ainda mais, mas este tipo de política tem, como sabemos, data de validade e o estado das finanças da Petrobras está aí para nos lembrar precisamente do prazo de validade de controles de preços.

4- Essa desvalorização do real vai produzir impacto na inflação? O governo tem segurado alguns preços administrados, e a gasolina é um claro exemplo. É sustentável manter esse quadro, sabendo-se que a Petrobras perde bilhões com isso e tem um enorme programa de investimentos?
Estima-se que cada 10% a mais de desvalorização tenha um impacto da ordem de 0,5% sobre a inflação nos 12 meses posteriores. O problema é que esta estimativa de repasse é feita sob o pressuposto que o BC reaja à desvalorização (tecnicamente sai de um Vetor Autorregressivo, VAR, que inclui uma função de reação do BC); caso o BC não reaja, ou reaja menos do que o necessário, o repasse pode ser maior. De qualquer forma, podemos pensar que o piso do repasse é algo na casa de 1% sobre a inflação dos próximos 12 meses.

Quanto a segurar preços administrados, trata-se de política insustentável e nada mais eloquente do que a descapitalização da Petrobras para ilustrar os limites ao processo. A notar apenas que o problema não afeta apenas a empresa. O setor de etanol sofre com isto, assim como as distribuidoras de energia, agravado pela estiagem do final do ano passado e começo deste ano, que forçou ao funcionamento das térmicas, cuja energia é mais cara. Se pensam que isto estimula o investimento, não posso imaginar o que fariam para desestimulá-lo.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Reserva de mercado para historiadores? Sem chance dizem especialistas

Que história é essa?
Jornal da Ciência, 20/08/2013

Projeto de regulamentação da profissão de historiador é acusado de promover monopólio corporativo. Seus defensores querem que alterações sejam feitas depois da aprovação

As críticas ao Projeto de Lei 4.699/12, que regulamenta a profissão de historiador, ganharam essa semana reforço de três importantes instituições internacionais. O Comitê Executivo da Sociedade de História da Ciência (History of Science Society), a Sociedade de História e Epistemologia das Ciências da Linguagem (Société d'Histoire et d'Épistémologie des Sciences du Langage) e a Real Sociedade Histórica (Royal Historical Society) divulgaram manifestos em apoio a diversas sociedades científicas e associações profissionais brasileiras que já haviam se posicionado contra a aprovação do projeto.

Apontada como arbitrária e excludente, a proposta é também acusada de promover um monopólio corporativo. Os defensores das novas regras, no entanto, consideram as críticas injustas e propõem que as alterações sejam apresentadas depois de sua aprovação. No Brasil, já se manifestaram contra as novas regras a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Academia Brasileira de Ciências (ABC), o Comitê Brasileiro de História da Arte , a Sociedade Brasileira de História da Educação e a Sociedade Brasileira de História da Ciência.

O projeto de lei ganha cada vez mais opositores porque estabelece que apenas portadores do diploma de história - graduação ou pós-graduação - poderão dar aulas de história, em qualquer nível. Também seriam de sua exclusiva competência as tarefas de organizar informações para publicações, exposições e eventos, bem como elaborar pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos sobre temas históricos.

Existem, entretanto, diversas áreas de pesquisa e ensino como história da ciência, da medicina, da física, do direito, da arte, da filosofia, da literatura, da educação e história militar, entre várias outras, que são desenvolvidas por profissionais de outras áreas. Com esse entendimento, a SBPC e a ABC encaminharam, no dia 10 de julho, carta aos deputados federais solicitando que a tramitação fosse interrompida. A proposta das entidades é de que se promovam amplos debates e audiências públicas com toda a sociedade brasileira. De acordo com o documento, o projeto poderá trazer sérios prejuízos ao Brasil e ao ensino superior de inúmeras disciplinas.

Procurada pela reportagem do Jornal da Ciência, a diretoria da Associação Nacional dos Professores Universitários de História (Anpuh), se manifestou por e-mail. A associação considera as críticas injustas e se defende afirmado que o intuito das normas não é restringir ou controlar uma área de conhecimento, mas apostar na valorização dos cursos universitários específicos para formação de historiadores. A alegação é de que o projeto de lei já foi amplamente discutido entre os historiadores, inclusive junto aos historiadores da educação, da ciência, da arte, entre outras áreas específicas, muitos deles, segundo a diretoria, sócios da Anpuh-Brasil.

"A diretoria da Anpuh entende que algumas iniciativas para aperfeiçoar a lei podem ser apresentadas, mas depois da sua aprovação, para que não se percam os esforços despendidos até agora" diz a mensagem encaminhada ao Jornal da Ciência.

A entidade avalia que existe uma incompreensão quanto ao projeto: a regulamentação incide sobre o ofício e não sobre os seus resultados - ele não define como trabalhos historiográficos apenas aqueles produzidos pelos profissionais. O projeto de lei regula o exercício da profissão, vinculando-a à formação específica. Ele não regula o juízo acadêmico sobre obras, argumentos, reflexões e posicionamentos acadêmicos.

Diante da polêmica, o autor da proposta, senador Paulo Paim (PT-RS), argumenta que em nenhum momento foi proposto que historiadores profissionais tenham exclusividade na formulação e divulgação de narrativas históricas. "Defendemos sim que os professores de história realizem alguma etapa de sua formação em história (na graduação ou na pós-graduação), já que acreditamos que nossos alunos do ensino básico devem ter o direito de aprender com docentes qualificados e possuidores de conhecimentos e habilidades específicas nas áreas que lecionam", defende.

Manifestos nacionais e internacionais - De acordo com carta aberta divulgada no dia 14 de agosto pela Royal Historical Society, a história não é um serviço técnico, cujos limites possam ser estritamente definidos pelas instituições de ensino superior ou outras instituições certificadoras. "É um empreendimento crítico, avaliativo, interpretativo. Sua livre prática é vital para o funcionamento de uma sociedade livre e saudável", avalia a principal associação da Grã-Bretanha dedicada à promoção e defesa do estudo acadêmico do passado.

O Comitê Executivo da Sociedade de História da Ciência (History of Science Society - HSS), a maior e mais antiga sociedade do mundo dedicada à história da ciência e suas relações sociais e culturais, também se manifestou. De acordo com o texto divulgado, o comitê compreende a intenção de tal lei - manter os altos padrões da profissão do historiador - mas acredita que ela terá um impacto negativo no ensino da história da ciência. "Negar aos historiadores da ciência com educação formal fora da história a mesma condição e oportunidades daqueles que possuem diplomas em história faria a história da ciência retroceder, tanto no Brasil quanto internacionalmente.", diz o texto.

Outra manifestação internacional foi feita pela Sociedade de História e Epistemologia das Ciências da Linguagem (S.H.E.S.L. - Société d'Histoire et d'Épistémologie des Sciences du Langage), que conta com pesquisadores de 24 países diferentes. A sociedade divulgou no dia 10 de agosto, em Paris, um texto no qual pede a anulação do projeto.

A Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) considera a proposta arbitrária. De acordo com o manifesto, ao fixar a titulação em história como condição sine qua non para o exercício do ofício de historiador, a proposta nega aos educadores por titulação a possibilidade da narrativa da sua própria história, a partir de temas e questões que afetam a área e também as suas vidas.

Para a Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC) a proposta não prevê com clareza casos específicos como os dos historiadores das ciências, assim como dos historiadores da educação, da arte, entre outros, que possuem entre seus quadros, profissionais com larga experiência, mas sem diplomas específicos.

O Comitê Brasileiro de História da Arte (CBHA) também se posicionou sobre o assunto. A entidade está recolhendo assinaturas para um abaixo-assinado que pede a revisão imediata do projeto de lei. O comitê também encaminhou carta aos deputados federais com críticas à proposta, onde afirma que o projeto de lei viola os direitos de grande número de cidadãos brasileiros e não pode ser aprovado. O texto pede reflexões cuidadosas dos deputados e pede apoio para que sejam feitas emendas ao projeto.

(Mario Nicoll e Edna Ferreira / Jornal da Ciência)
Esta matéria está na página 4 do Jornal da Ciência impresso que pode ser acessado pelo endereço http://www.jornaldaciencia.org.br/impresso/JC743.pdf

Universidades e universidades - John Kenneth Galbraith sobre Adam Smith

Galbraith não era exatamente um liberal, ao contrário: keynesiano convencido e partidário da intervenção do Estado na economia.
PS de uma carta que ele escreveu a um amigo:

P.S. I’m going to Scotland on Sunday to help celebrate the birthday of Adam Smith. I’ve just reread him – a rather wonderful experience which persuades me that he could not now get tenure. 
John Kenneth Galbraith

De fato, um homem como Adam Smith jamais seria aceito pelos padrões atuais das universidades britânicas ou americanas, menos ainda pelas brasileiras.
Aliás, deixando uma vez a universidade de Glasgow, Smith passou sete anos em Oxford: saiu de lá desencantado, achando a universidade muito medíocre.
Vejam o que ele escreveu uma vez, e que coloquei como frase de abertura de meu livro mais recente, sobre a Integração Regional (Saraiva, 2013):

The average university is a sanctuary in which exploded systems and obsolete prejudices find shelter and protection, after they have been hunted out of every other corner of the world.

(A universidade média é um santuário no qual sistemas derrocados e preconceitos obsoletos encontram abrigo e proteção, depois de terem sido escorraçados de todos os demais cantos do mundo.)

Frase de Adam Smith constante do livro de:
Arthur Herman. 
How the Scots Invented the Modern World: The True Story of How Western Europe’s Poorest Nation Created Our World and Everything In It 
(New York: Three Rivers Press, 2001), p. 198.

Diagnostico do setor medico - Adib Jatene, José da Silva Guedes

Medicina tumultuada

Adib Jatene, José da Silva Guedes
O Estado de S.Paulo, 20 de agosto de 2013

Desde que a presidente Dilma Rousseff anunciou que iria importar médicos, estabeleceu-se um tumulto no setor. Na verdade, o número de médicos é menor que o de muitos países geralmente mais desenvolvidos.
Acontece que desde 1996 o número de escolas médicas e, em consequência, o de graduados em Medicina vem crescendo de maneira até excessiva. Naquele ano havia 82 cursos de Medicina, 60% dos quais eram públicos e 40%, privados. A maioria dos privados era ministrada por entidades que não tinham tradição no setor de saúde e, por isso, não possuíam complexo médico-hospitalar e ambulatorial que permitisse o ensino na sua fase clínica. A solução foi utilizar hospitais e ambulatórios do SUS para ministrar seu curso médico, com evidente prejuízo para o ensino.
Os serviços eminentemente assistenciais não são adequados ao ensino. Mal comparando, seria como ensinar a guiar automóvel nas avenidas de grande tráfego. Enquanto se discutia como melhorar a qualidade do ensino, com 11 entidades médicas reunidas no Cinaem para ajudar as escolas a se adequar, fomos atropelados, a partir de 1996, pela criação de mais de 120 cursos, dos quais 70% privados, com os mesmos vícios dos que buscávamos corrigir. De cerca de 9 mil graduandos, passamos a graduar mais de 18 mil médicos por ano.
Neste momento se descobre o que já era sabido: a distribuição de médicos é desigual, deixando parcelas da população até com excesso, enquanto outras não dispõem de nenhum médico. Por que isso, que é fato, ocorre?
O primeiro argumento é que a urbanização em nosso país é recente. A concentração urbana ocorreu nas grandes cidades, em especial nas áreas metropolitanas, e hoje mais de metade da população vive em apenas 3% dos 5.564 municípios. Não foi possível, em tão curto intervalo de tempo, dotar essas cidades de todos os determinantes sociais de saúde, como saneamento básico, transporte, segurança, educação e também os equipamentos de saúde de que a população necessita. Por outro lado, mais da metade dos municípios tem menos de 10 mil habitantes, igualmente com deficiências comparáveis às das populações periféricas das grandes cidades. A consequência do desenvolvimento urbano equivocado é que onde vivem grandes parcelas da população os profissionais de que ela necessita não aceitam morar.
Outro argumento é que o médico formado atualmente não está sendo preparado para atender a população. Todos concordam com a necessidade da residência médica, mas, como está estruturada hoje, ela resulta, ao final, na formação de especialistas. Só existe residência em hospitais públicos, ou privados, onde está instalada toda a moderna tecnologia. E é exatamente a existência dessa tecnologia que dificulta a formação do chamado médico geral ou generalista. Este deve ser capaz de resolver 80% dos casos e encaminhar para atendimento especializado os 20% que eventualmente precisem de internação.
Aí é que as coisas se complicam. O médico generalista não tem para quem encaminhar o cliente do SUS.
Para as populações de pequenos municípios a proposta seria a organização de consórcios intermunicipais, tendo como sede um município polo. É comum, em municípios com menos de 20 mil habitantes, a existência de hospitais praticamente vazios. Em muitos desses locais, nem mesmo partos são realizados.
A estratégia implantada em 1995 foi o Programa Saúde da Família (PSF), com base no agente comunitário. Este deve obrigatoriamente residir na microárea onde vive a população a que serve, constituída por 100 a 200 famílias, dependendo da concentração. Os agentes - na maioria, mulheres - cadastram a população, que passam a visitar a cada mês. Dessa forma, todas as doenças existentes, como hipertensão, diabetes, tuberculose, passam a ser controladas, o mesmo ocorrendo com as gestantes e a caderneta de vacinação. Para cada cinco ou seis agentes se põe num posto pelo menos um médico, uma enfermeira, uma auxiliar de enfermagem e um dentista. Para complementar o modelo equipes de ao menos 12 especialistas, com acesso a tecnologia e estrutura hospitalar, deveriam dar cobertura à varias equipes do PSF. Sua quase total ausência limita e desestimula a atuação dos médicos de família.
Entretanto, para que essa estrutura funcione teríamos de reformar o ensino médico. Essa reforma significa entregar a graduação a professores que não queiram ensinar especialidades, mas, de cada especialidade, o que nenhum médico pode deixar de saber, seja em situações eletivas, seja, principalmente, nas situações de emergência.
Essa estratégia estava em início de discussão e precisaria de amplo debate com as escolas, as entidades e os alunos. Subitamente foi imposta por medida provisória, o que acarretou rejeição pela classe médica, pelos alunos e por todas as entidades do setor.
Temos hoje perto de 30 mil equipes de Saúde da Família e cerca de 200 mil agentes comunitários. Precisamos do dobro. E não temos equipes de especialistas em condições de receber referência e fazer a contrarreferência, bem como os hospitais relacionados com as equipes.
Decidiu-se importar médicos. Parece-nos que o governo, na pressa de atender deficiências que são reais, tenha posto a perder um esquema que poderia tomar tempo, mas teria tudo para reformar o ensino médico e organizar o atendimento. É urgente que o governo reveja suas propostas e acione os mecanismos dos Ministérios da Saúde e da Educação para que propostas realmente estruturantes e duradouras sejam desencadeadas. É necessário que as entidades representativas dos profissionais da saúde e do sistema educacional façam uma análise crítica da situação atual, com uma visão fundamentada na real necessidade de toda a população.

* Adib D. Jatene e José da Silva Guedes são membros da comissão de especialistas do ensino médico do MEC 

Ideologia versus conhecimento - Orlando Tambosi

Ideologia versus conhecimento
Já que tratei de ideologia no post anterior, aí vai, requentado, o que escrevi há alguns anos neste blog :
Parto de uma afirmação peremptória: ideologia não é conhecimento. Este último é necessariamente verdadeiro, ou não é conhecimento. Tanto assim que não existe conhecimento falso: existem falsas versões, falsas visões ou concepções, que muitas vezes tomamos equivocadamente por conhecimento.

Conhecimento e verdade estão inextricavelmente ligados. Como nem sempre podemos saber se aquilo que julgamos conhecer é de fato verdadeiro, muito dos nossos "conhecimentos" não são efetivamente conhecimento. Podemos viver num mundo de opiniões, versões fantasiosas, ideologias etc. Resumindo: conhecer é ter representação verdadeira da realidade - algo dispensável, dado o relativismo reinante, exatamente em favor das ilusões ideológicas.

Diferentemente do conhecimento, ideologia não implica verdade. Para simplificar: ideologia é um conjunto de ideias (políticas, sociais, religiosas etc.) mais ou menos coerentes, não necessariamente verdadeiras, sobre a sociedade e o mundo.

O século XX foi considerado o século das ideologias. O que deixou? O fascismo, o nazismo, o comunismo - que, felizmente, parecem ter morrido com o próprio século, apesar das recidivas latino-americanas.

O que resta? A defesa da democracia e das liberdades, aonde quer que seja. Só com democracia e liberdade o conhecimento avança.

Venezuela: socialismo bolivariano, um grande negocio para o imperialismo

Ironias da História, ou consequência lógica da estupidez econômica dos chavistas...
PRA


Agricultura dos EUA lucra com socialismo venezuelano

    Por 
  • SARA SCHAEFER MUÑOZ
  • , de Stuttgart, Arkansas

Steve Orlicek, produtor de arroz dessa pequena cidade no interior dos Estados Unidos, está vivendo o sonho americano. Ele é dono de um próspero negócio e tira férias nas Bahamas.

Sua sorte tem muitas explicações, inclusive uma bastante improvável: ele é um grande beneficiário das políticas econômicas socialistas de Hugo Chávez, falecido presidente da Venezuela e crítico voraz do que chamava de "imperialismo americano".

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Associated Press

Produtores de arroz de fazendas como esta, no Arkansas, exportam toda sua safra para a Venezuela

É um legado paradoxal da revolução socialista de Chávez que suas políticas tenham se tornado uma máquina de fazer dinheiro para o sistema capitalista que deplorava. Durante seus 14 anos no poder, ele nacionalizou propriedades agrícolas, redistribuiu terras e impôs controles de preços de alimentos como parte de uma estratégia para ajudar os pobres.

Mas essas políticas fizeram a Venezuela passar de exportador líquido para importador líquido do arroz produzido por agricultores como Orlicek. "A indústria de arroz tem sido muito boa para nós", diz Orlicek, em sua casa recém-reformada, que tem até um piano de cauda.

Não se trata apenas de arroz. A produção de aço, açúcar e muitos outros bens foi drasticamente reduzida na Venezuela, levando a crises ocasionais de escassez. Até recentemente, a Venezuela era praticamente autossuficiente na produção de carne e café. Agora ela importa ambos.

No primeiro semestre, os EUA exportaram US$ 94 milhões de arroz para a Venezuela, um salto de 62% ante o mesmo período de 2012, tornando o país o quarto maior mercado para o arroz americano, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA.

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No geral, as importações da Venezuela quadruplicaram desde que Chávez assumiu o poder, de US$ 14,5 bilhões em 1999 para US$ 59,3 bilhões em 2012, segundo o governo venezuelano e economistas do Barclays PLC. As exportações dos EUA para a Venezuela atingiram US$ 12 bilhões em 2011, 16% acima do volume do ano anterior, mostram os dados mais recentes divulgados pelo governo americano.

Entre os vencedores está a siderúrgica americana Alcoa Inc., a mineradora anglo-suíça Glencore Xstrata PLC e empresas brasileiras como a construtora Odebrecht SA. Em maio, as autoridades venezuelanas anunciaram que importariam 50 milhões de rolos de papel higiênico. Um dos fornecedores escolhidos foi a americana Kimberly Clark .

"Chávez disse: 'Somos contra capitalistas e somos contra grandes oligarcas'", diz Moisés Naím, do centro Carnegie para a Paz Internacional, em Washington. "Mas ele deixou o país mais dependente do exterior e de firmas estrangeiras do que nunca."

Partidários de Chávez dizem que seu populismo obstinado deu poderes aos pobres e enfrentou a fome e a pobreza, fornecendo alimentos, habitação e clínicas médicas subsidiadas. No entanto, as perspectivas de emprego e salariais foram reduzidas. Um relatório recente do Banco Mundial afirma que 30% das pessoas que eram originalmente consideradas "não pobres" na Venezuela caíram na pobreza entre 1992 e 2006. Na maioria dos outros países latino-americanos, a classe média cresceu nesse período.

A dependência da Venezuela dos bens importados será uma grande dor de cabeça para o presidente Nicolás Maduro, o sucessor de Chávez. Os cofres do Estado estão no limite. O déficit orçamentário chegou a 12% do PIB em 2012, segundo analistas, proporção maior que a de economias em crise da zona do euro, como a Grécia ou a Espanha. A inflação subiu para uma taxa anualizada de 42,6% em julho.

Maduro, como Chávez, culpa as empresas privadas pela escassez de alimentos, acusando-as de estocar mercadoria e promover uma "guerra econômica" contra o governo, o que as poucas empresas privadas remanescentes negam.

Maduro agiu para tornar mais dólares disponíveis para os importadores — o que poderia ajudar agricultores a se abastecerem no exterior. Em maio, em um movimento extremamente simbólico, ele estendeu a mão para o principal executivo da maior empresa privada de alimentos da Venezuela, propondo uma parceria em questões alimentares.

O petróleo, o único produto de exportação forte que a Venezuela tem, responde por cerca de metade da receita do governo. Se o preço do petróleo cair dos atuais US$ 105 para US$ 90 o barril por um ano, o governo teria de reduzir as importações, diz David Rees, especialista em mercados emergentes da Capital Economics, em Londres. "Isso teria consequências terríveis em relação a tudo, especialmente alimentos."

Além da agricultura, a produção industrial da Venezuela vem titubeando desde 2006, quando a Venezuela informou que iria adotar um modelo de desenvolvimento autossuficiente, desinteressado dos lucros e com foco em cooperativas. O governo assumiu o controle de uma parte significativa de indústrias importantes, incluindo a do aço e do cimento.

"Perdemos nossa soberania nacional no aço, alumínio e bauxita. É uma vergonha", diz Damian Prat, autor de um livro sobre a indústria venezuelana. A produção de bauxita, um ingrediente-chave do alumínio, caiu 70% entre 2007 e 2012, calcula. Essa perda tem representado ganhos para outros. As exportações do Brasil para a Venezuela subiram para US$ 5,1 bilhões em 2012, ante US$ 800 milhões dez anos atrás, segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil. "Neste momento, temos muito pouca concorrência" dentro da Venezuela, diz José Augusto de Castro, presidente da associação.

Entre os grandes beneficiários das políticas de Chávez está Orlicek e outros produtores dos EUA. Orlicek, que cresceu numa família de agricultores, foi trabalhar na fazenda do sogro depois que se casou. Graças às fortes exportações e à alta de preços, a propriedade de Orlicek conta hoje com a mais alta tecnologia. Seus tratores, que custam em torno de US$ 230.000 cada, têm sistemas de GPS de US$ 15.000 que podem até dirigir as máquinas.

Há alguns anos, à medida que subiam os lucros de exportação, ele começou a nivelar seus 325 hectares de campos de arroz utilizando a tecnologia laser. O processo custa quase US$ 800 por hectare, mas promete economizar água de irrigação e elevar a produção em cerca de 20%.

"Quero cuidar dessa terra para que as gerações futuras possam produzir arroz nela", diz Orlicek.

O agricultor reconhece que se beneficiou de políticas socialistas da Venezuela. Mas é solidário com os agricultores venezuelanos.

Chávez "realmente destruiu" a agricultura do país, diz. "Gostaria de vê-la voltar e tenho certeza que os agricultores de lá também."

This day in History: 1968, Uniao Sovietica invade a Tchecoslovaquia


On This Day: August 20


The New York Times, August 19, 2013
On Aug. 20, 1968, the Soviet Union and other Warsaw Pact nations invaded Czechoslovakia to crush the ''Prague Spring'' liberalization drive of Alexander Dubcek's regime.

Czechoslovakia Invaded by Russians and Four Other Warsaw Pact Forces




They Open Fire on Crowd in Prague



PROTOCOL IS NOW IN FORCE



Tanks Enter City



Deaths Are Reported-- Troops Surround Offices of Party


By TAD SZULC
Special to THE NEW YORK TIMES

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Prague, Wednesday, Aug.21 -- Czechoslovakia was occupied early today by troops of the Soviet Union and four of its Warsaw Pact allies in a series of swift land and air movements.
Airborne Soviet troops and paratroopers surrounded the building of the Communist party Central Committee, along with five tanks. At least 25 tanks were seen in the city.
Several persons were reported killed early this morning. Unconfirmed reports said that two Czechoslovak soldiers and a woman were killed by Bulgarian tank fire in front of the Prague radio building shortly before the station was captured and went off the air.
[Soviet troops began shooting at Czechoslovak demonstrators outside the Prague radio building at 7:25 A.M., Reuters reported. C.T.K., the Czechoslovak press agency, was quoted by United Press International as having said that citizens were throwing themselves in front of the tanks in an attempt to block the seizure of the city.]
Move a Surprise
The Soviet move caught Czechoslovaks by surprise, although all day yesterday there were indications of new tensions.
Confusion was caused in the capital by leaflets dropped from unidentified aircraft asserting that Antonin Novotny, the President of Czechoslovakia who was deposed in March by the Communist liberals, had been pushed out by a "clique." The leaflets said that Mr. Novotny remained the country's legal President.
At 5 A. M. the Prague radio, still in the hands of adherents of the Communist liberals, broadcast a dramatic appeal to the population in the name of Alexander Dubcek, the party First Secretary to go to work as usual this morning.
The radio station said: "These may be the last reports you will hear because the technical facilities in our hands are insufficient."
The announcer said that Czechoslovaks must heed the orders of in a Presidium of the Central Committee, "which is in continuing session even though the building is surrounded by foreign units."
The radio said that it remained loyal to President Ludvik Svoboda and Mr. Dubcek.
While earlier this morning the radio appealed to the population not to resist invading troops from the Soviet Union, Poland, East Germany, Hungary and Bulgaria, small-arms fire was heard shortly after 5 A. M. in the Maala Strana district of Prague.
At 2:45 A. M., as part of this dispatch was being filed by telex, the city appeared calm, though the roar of aircraft and the broadcast, heard by many, had awakened the population.
Starting shortly after midnight veritable airlift of Soviet and other Warsaw Pact aircraft flew troops into Prague. Ruzine Airport had been secured earlier by Czechoslovak troops though it was not known under whose command they were operating.
At 5:15 A. M. aircraft were still heard landing and taking off.
Despite the Prague radio broadcasts, the whereabouts of Mr. Dubcek, Mr. Svoboda and their associates was not known.
In any event, the invasion that began at 11 o'clock last night when the Czechoslovak border was crossed from several sides evidently put an end to the Dubcek experiment in democracy under Communism that was initiated in January.
The expectation was that the occupying forces would sponsor the establishment of a new regime that would be more amenable to orthodox Communist views of Moscow and its partners.
There are about 5,000 United States citizens in Czechoslovakia at this time, of whom about 1,500 are tourists and 400 are delegates to an international geological congress.
Shirley Temple Black, the former actress, is among the Americans at the Hotel Alcron here.
The news broadcast early today said that Soviet troops had sealed all border exits to Austria. Trains were not running and airline operations were halted.
After 3 A. M., all city lights went out.
Appeal to Public
A broadcast at 1:30 A.M. had appealed to the population not to resist the advance and for officials to remain at their jobs.
Yesterday, as the tension mounted, the Czechoslovak leadership was reported to have been seriously concerned over renewed Soviet press attacks on Mr. Dubcek's liberalization program.
Last night the party Presidium met unexpectedly under Mr. Dubcek's chairmanship, presumably to discuss the new tensions.
At a confidential meeting Saturday with five progressive members of the Presidium, Czechoslovak editors were told that a successful party congress next month was the most urgent priority in the country and that, therefore, their cooperation was needed.
Internal Battle Continues
Internally however, the political tug of war between the progressives and the conservatives continued.
Rude Pravo, the party's official organ, whose editor, Oldrich Svestka, is regarded as a leading conservative, published three articles today, critical of the progressives' policies.
Another example of mounting political sensitiveness was an announcement by the Foreign Ministry, published in Rude Pravo and later distributed by the official press agency, that Henry Kamm, a correspondent of The New York Times, "will not be allowed to return to Czechoslovakia."
Mr. Kamm, who left Prague for the United States and a vacation Saturday, was charged by Rude Pravo with "slanderous information" and "fabrications" concerning its editorial staff.
Dispatches by Mr. Kamm published in The Times on Aug. 14 and 15 described a continuing struggle between Mr. Svestka and the progressive members of the staff. One dispatch said that Mr. Svestka, who is a member of the party's Presidium, had curtailed coverage of the visit here earlier this month by President Tito of Yugoslavia, who is a backer of the Dubcek faction.
The newspaper said yesterday that "the management of Rude Pravo resolutely opposes this shameless provocation, which had become the pretext for a slanderous press campaign against Rude Pravo abroad," and that "it is indubitable that its aim is the unconcealed effort to interfere with our internal affairs."
Mr. Svestka, however, came under attack himself in the liberal weekly. Reporter, which in its current issue reported that he had played down the Tito visit. The magazine said that Mr. Svestka "has set up a sort of internal police which watches over everything that goes into print."
A Rude Pravo's counterattack yesterday included a frontpage article signed by Mr. Svestka, in effect defending the conservative position. He wrote that unless the Communist party regained its "anti bureaucratic" character and returned to the aims of the workers, the new "demagogic slogans" could turn against the party itself.
In an allusion to the progressives efforts to oust conservatives from key jobs, Mr. Svestka wrote that democracy was not served "by making life miserable for the honest officials and members who have not discredited themselves, by turning them away from political activity."
A second article took to tasks a television commentator, Jiri Kanturek, for what it said were attempts to discredit Mr. Svestka.
A third article charged that a "secret committee" had been established to attack the people's militia, a paramilitary organization widely considered to be controlled by the conservatives. The article referred critically to the signing of petitions in Prague last week for the abolition of militia.