Um texto longo, talvez longo demais, mas que toca em questões reais, pouco percebidas -- ou deliberadamente ignoradas -- pela maior parte dos jornalistas, e amplamente desconhecidas da maioria dos brasileiros.
Esse rapaz consegue ser mais pessimista do que alguns pessimistas que conheço (e como...).
Paulo Roberto de Almeida
Gustavo Miquelin Fernandes
03 de Setembro de 2013
“Serpens nisi serpentem comederit non fit draco” – Serpe que não
devora serpe, não se faz dragão.
Sun Tzu, famoso escritor e estrategista chinês, dizia que a condição
primeira da vitória é conhecer o inimigo. Parecer razoável mesmo que para
podermos derrotar algo ou alguém que traz ou faz algum mal é preciso antes de
tudo delimitá-lo, circundá-lo com nossa visão, estudá-lo e, daí, vencê-lo,
retirando o bem que nos tomou ou afastando todo o mal que nos fez.
Parece óbvio também que nomeado e conhecendo nosso inimigo, podemos
contar com o auxílio de todos os não-inimigos para afastar o perverso, o
venenoso. Nada de pragmatismo ou relativismo desvirtuoso e sem escrúpulos, e
sim, auxílio necessário para que o “mal que assola ao meio dia” seja
completamente afastado. Toda ajuda é sempre necessária, pena de ser perder a
oportunidade do combate.
Ultimamente, os descalabros governamentais autoritários se tornaram
insuportáveis e galgaram um nível que qualquer suportabilidade, ainda que
gigantesca, ameaça evanescer.
Ainda que Mencken tenha dito que ”todo homem decente se envergonha do
governo sob o qual vive”, os limites da paciência cívica da população chegaram
ao máximo, o que exige pronta reposta, evidentemente dentro de uma legalidade e
de uma ordem constitucional de coisas, sem violência, sem mentira, sem maiores
danos – já que o Estado se desmonta e o povo padece.
Nunca se viu tantos barbarismos ditatoriais. O Brasil, este país de
pouca seriedade, definha, levando consigo um pouco daquela aura democrática que
possuía, embalada por votações livres, siglas partidárias excessivas e bolsas e
auxílios financeiros os mais diversas. A causa disso tem nome, sobrenome,
endereço e atende pelo nome de Governo do PT.
Não vim acusar o golpe. Este já foi dado. Agora é correr atrás de todo
prejuízo, que é monstruoso e dificilmente recuperável.
Apontar o dedo acusador e fazer criticismo barato é tarefa considerada
fácil. O difícil mesmo é a tomada da consciência e o insight moral para o
combate. Todo cidadão decente tem responsabilidade moral com o estado
deplorável de coisas.
Esse Governo, que nunca se viu pior, de uma administradora péssima,
rodeada por uma equipe bisonha e por um keynesiano que ajudou a destruir com a
saúde financeira do país; todos têm a parcela de culpa mais que direta. Mas,
não se auto-elegeram; foram alçados ao poder por nós, votantes.
Mesmo os que não apoiaram esse projeto de poder insano, todos, sem
exceção, têm parcela de culpa, maior ou menor, ainda que indireta. Agora é
encontrar os inimigos e apontar os culpados.
Pelo desastre na política, a culpa é dos maus votantes que elegeram tais
como agentes messiânicos, caindo no embuste dos demagogos de eleição. Aqui,
nossa auto-crítica tem que ser forte.
Na área da educação, a culpa é dos esquerdistas, contaminando há muito
tempo a mente de varias gerações, com discursos impossíveis, com “refeições
grátis” (Friedman), relativismos éticos, utopias infantis e muito de um
romantismo tosco que somente causou entropia no sistema democrático.
Na área econômica, os keynesianos que foram, SIM, os culpados da
tragédia brasileira, nos presenteando com inflação, desemprego, insegurança dos
investidores, falência, déficit público e crescimento pífio.
Estes devem ser diariamente culpados pelo que programa que ajudaram
construir. Sem dó e sem segunda chance.
O curioso nisso é que todos estão pulando do barco. Lula diz que os
protestos existiram porque a situação dos brasileiros melhorou. Esquerdistas
com vergonha do Governo tentam se descolar e demonstrar que o quadro atual não
representa a esquerda. Keynesianos dizendo que as medidas tomadas foram tímidas
e depois que o Brasil já iniciou sua recuperação.
Uma cusparada na cara ouvir isso desse senhor, o “Presidente do
mensalão”. O motivo da “primavera brasileira” foi a corrupção do PT, péssimo
serviços públicos e a busca por mais Estado.
A gota d’água, sem dúvida, foi o levante autoritário da Presidente, esse
golpe bolivariano na altura do peito do cidadão de bem, com a vinda dos
escravos do Governo de Cuba – estratégia para mandar dinheiro para a Ilha, já
que os irmãos Castro ficam com a maior parte dos proventos dos profissionais de
saúde. Com toda certeza, esse episódio revelou, pra quem tinha alguma dúvida, a
força ideológica dessa gente que sentou o rabo no poder e se recusa sair.
Assim, o inimigo está bem delineado e subjetivamente definido: é o
Governo do “mensalão”. È esse que todos os homens lúcidos, em dia com a
consciência devem fazer o bom combate.
E creio que devemos fazer uma correção terminológica. É comum pessoas
dizendo que o PT, que o Governo, têm cometido equívocos, erros, saíram do rumo,
e outros eufemismos inaceitáveis.
É preciso corrigir isso definitivamente. O PT não errou, sempre atuou
conforme suas linhas-mestras, conforme o projeto de poder que sempre buscou, de
forma anti-republicana.É difícil compreender isso? Saibamos corrigir
educadamente as pessoas que proferem tais imprecisões terminológicas. O Governo
do PT é o Governo do Foro de São Paulo (para aquele não sabe o que significa, é
importante buscar essa informação), o Governo da estratégia governista
mensaleira, da tragédia na economia, da censura à imprensa, o Governo do Eike
Batista.
Também é inaceitável a mistura de temas, contrapondo privatizações
realizadas em Governos anteriores com o esquema conhecido como “mensalão do
PT”. Coisas distintas e injustificáveis. O pior, sem dúvida, é ver gente
falando que essa mesma estrutura criminosa era apenas um crime eleitoral, sem
maiores implicações.
Nosso Governo é aquele que deseja fazer o controle da imprensa e nada
vai fazer desistir disso. Querem ainda a PEC 33 - proposta que pretende limitar
os poderes do Supremo Tribunal Federal (STF), submetendo algumas decisões da
Corte ao Congresso Nacional – projeto de autoria do Deputado NAZARENO
FONTELES, do PT do Piauí.
O governo da propaganda mentirosa que diz que “não sei quantas milhões
de pessoas foram retiradas da miséria”. Que mundo essa gente, que repete isso
como papagaio, vive? E se não bastasse a máquina de propaganda, temos ainda os
“idiotas úteis”, os verdadeiros reféns do “sistema” (esse sistema, sim, existe)
a repetirem ad nauseam tais barbaridades, como se verdadeiras fossem.
Muita gente jovem, esclarecida, de alguma educação propagando inverdades a
favor desse modelo de poder que aí está. Os mesmos manifestantes de junho
último fazem a defesa desavergonhada do Governo e desse partido – o que é
mortalmente contraditório e totalmente inaceitável.
Chegamos ao limite. Brasileiro cansou de ser otário ou pelo menos
deveria cansar disso. Onde estão os manifestantes de junho de 2013? O gigante
acordou mesmo?
Se a eleição de 2014 fosse hoje, Lula venceria.
O inimigo é o Governo que destruiu com as estatais brasileiras, que eles
dizem ser patrimônio do povo. O inimigo é esse que patrocina os escândalos
diários, divulgados pela grande imprensa. Nosso inimigo tira seu dinheiro pago
em impostos que deveriam ir para a saúde e investimentos em saneamento e
educação e irriga blogs “chapa-brancas” para propalarem dados e informações
distorcidas, consumidas por aqueles mesmos idiotas úteis, que saem contaminando
mentalidades e difundindo mentiras.
Esse Governo não vai se emendar, já provou isso. Não pode haver segunda
chance. A estrutura estatal federal é comandada pelo partido de José Dirceu,
homem que em breve estará atrás das grades, preso por ser líder de quadrilha –
conforme decisão da Corte constitucional.
O Ministro Celso de Mello descreveu como esse senhor do partido agia
quando no poder:
“Não se está a incriminar a atividade política, mas a punir
aqueles, como o ora embargante [Dirceu], que não se mostraram capazes de
exercê-la com honestidade e integridade. E longe disso, transgrediram as leis
com o objetivo espúrio de conseguir vantagens indevidas e controlar de maneira
criminosa o próprio funcionamento do Estado”
O PT do Genoíno, do João Paulo Cunha, de simpatizantes como Ciro Gomes,
Marina Silva, de gente comunista, apaixonada por Cuba.
É por eles mesmo que queremos ser representados?
E uma ressalva cabe aqui. O discurso moralista, falsamente ético não
pode ser aceito. Isso era coisa de UDN. Na verdade, o problema desse Governo e
partido não é somente a corrupção (como se fosse pouco). Certo que corrupção
representa o carro-chefe, mas os erros estão escancarados em qualquer área que
seja analisada. Tudo vai mal.
Não quero dizer que fazer da Casa Civil um centro de inteligência do
crime e do “mensalão” o maior escândalo de nossa História seja pouca coisa. Não
é. Devem pagar por isso. Cadeia para todos que participaram dessa arquitetura
criminosa. Isso é o mínimo que um país sério deve esperar.
O inimigo que fazia estreita ligação com as FARC, com guerrilha já dava um
aviso amigável do que poderia ocorrer. E ninguém deu muita atenção a essas
informações. A mistura entre partido, Governo e Estado veio pra ficar e o
desmonte disso será difícil e intricado.
Será que brasileiro deseja Rosemary Noronha perambulando por órgãos
públicos e tirando proveitos sob a proteção de Lula? Não foi um episódio
isolado. O poder pelo poder, exercido de forma anti-republicana, tem dessas
coisas.
Um homem correto esperaria que se censurassem os integrantes da
quadrilha, nas palavras do STF, e como se os responsáveis se comportam? Fazem
menções de apoio e homenageiam os criminosos. Definitivamente, não é um partido
que se deva levar a sério.
O projeto de poder não tem encontrado limites. Usam do poder com um
pragmatismo sem fim, de ação maquiavélica, onde todo meio, por mais abjeto que
chega, é justificado pelo fim, que geralmente dão a coloração de “social” para
angariar votos e cooptar consciências. E questões caras ao país se esvaem e
ganham esquecimento. Empregos, ganhos de produtividade, educação de qualidade,
baixa tributação: tudo enterrado dentro de uma caverna hermética de onde nunca
serão resgatadas. O Estado virou factótum de uma nação pobre e miserável que
luta para viver com muita dificuldade – e o Governo-Inimigo empurra com a
barriga o enfrentamento dos problemas reais.
Na área econômica, uma equipe “nunca vista na História desse país”... de
tão fraca. O Keynesianismo terceiro-mundista e provinciano que fez escola na
Venezuela e Argentina deu o ar da graça. Paguemos o preço. O dinheiro não é
nosso mesmo, é de todos, da viúva...
É isso que o brasileiro realmente quer?
Sem contar o que foi feito com o Estado, entendido como ente legítimo em
sua função ordenadora da sociedade. O aparelhamento das estruturas estatais. O
uso político de empresas públicas. O uso indevido do BNDES, uma Presidente da
Republica gerencialmente incompetente, auxiliada por 4 dezenas de Ministros,
que usou seu autoritarismo até na forma como deveriam chamá-la – “Presidenta”.
O desrespeito ao patrimônio público é estarrecedor. A Presidente que era
comunista e se diz muito rígida com gasto público jamais poderia gostar de se
hospedar em hotéis de luxo. O exemplo vem de cima.
Isso porque não estamos oficialmente em campanha. E nossa chefe de
Estado já mandou avisar que “fará o diabo”. Aguardemos.
Não dá mais para as pessoas decentes. Na impossibilidade de promovermos
um êxodo para o Chile, vamos ficar e lutar por mudanças. Nada de sair na rua,
como aqueles bobocas de cartolina, mas fazer o embate de ideias, culminando com
o processo do sufrágio que vai defenestrar esse projeto de poder que nunca
deveríamos ter experimentados.
Já sabemos quem é o inimigo, portanto. O primeiro passo foi andado.
Prossigamos. As alternativas não alentam muito, mas nada pode ser pior que isso
que está aí.
Nada!
Costuma-se dizer que é tudo igual, “farinhas do mesmo saco”, projetos
muito parecidos ou não podemos jamais voltar “àquele tempo”, ou, pelo menos,
“tivermos algum progresso”. Que coisa mais enganosa, para não dizer maliciosa ou
estúpida: nunca vivemos eras tão arbitrárias. No passado, sim, houve avanço,
tímido e insuficiente, mas houve de fato.
O Estado sempre tende a comportar corrupção de toda ordem, mas como hoje
nunca se viu. Isso pode ser explicado pela ideologia ou origem do partido que
abocanhou o poder: extremamente pragmático, com apelo populista forte,
enturmado com as piores tiranias do Continente e com os mais terríveis
caudilhos da América. Será que vale a pena insistir nisso?
Concordo que todas as facções políticas têm problemas, mas o partido
governista é sui generis. Nada se compara. O diplomata e economista
Roberto Campos nos legou uma definição: O PT é o partido dos trabalhadores que
não trabalham, dos estudantes que não estudam e dos intelectuais que não pensam.
Veja que um ex-presidente tentou calar um Ministro do Supremo. Em um país
sério, ele seria imediatamente preso.
Há opções de mudanças, mesmo que não impressionantemente melhores, mas
viáveis e um pouco superiores. Apostemos nisso. Se errar, será erro menor. E
saibamos corrigir, ao depois.
O inimigo não espera. Não podemos também, pois, aguardar. Façamos o
melhor pela via democrática, sempre. Com Voltaire: ”que Deus me proteja dos
meus amigos. Dos inimigos, cuido eu.” E para quem deseja um alento cristão: "Pisarás
o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente" - Salmo
91 da Bíblia Sagrada.
Cuidemos de uma forma bem carinhosa. Matemos, no bom sentido, claro.
Matemos o projeto de poder insano, matemos a corrupção como “moeda de troca”,
matemos todo tipo de petralhice que atrapalha o progresso dessa nação
que poderia hoje ser um país, de fato, sem miséria, bem ao contrario do que diz
a propaganda mentirosa do Governo.
A casa caiu para a população, especialmente a mais pobre; faremos, pois,
também cair para os grandes do poder.
Finalizando, com relação à frase que inaugura esse texto, realmente não
somos cobras, mas podemos ser tão poderosos quanto, e usar desse veneno para
matar as verdadeiras serpentes que rastejam por aí, sempre preparadas para dar
o bote em nós, pessoas decentes.