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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 3 de novembro de 2013

Sete teses impertinentes sobre o Mercosul, e sete propostas pertinentes para superar suas dificuldades atuais - Paulo Roberto de Almeida

Rubens A. Barbosa (organizador):
Mercosul quinze anos

(São Paulo: Fundação Memorial da América Latina-Imprensa Oficial do Estado, 2007, 304 p.)

Em março de 2007, fui convidado para participar, no Memorial da América Latina, do seminário de lançamento do livro acima indicado (de cuja segunda edição eu vim a participar), ocasião na qual também se "comemorou" os 15 anos do Mercosul, então um "aborrecente" que não parecia encontrar o caminho da superação de seus problemas correntes. 
Apresentei no seminário um conjunto de “teses” em torno das dificuldades do Mercosul, acompanhadas de propostas para seu reenquadramento no mainstream da integração, sob a forma de um PowerPoint, sob o título de “O Mercosul e suas sete encruzilhadas”; depois do seminário, o texto foi reelaborado e publicado no site gaúcho Via Política (22.04.2007), atualmente indisponível na internet; por essa razão, reproduzo a seguir o texto em questão.

Sete teses impertinentes sobre o Mercosul

Paulo Roberto de Almeida

O estado atual do Mercosul pode ser interpretado de maneira muito diversa pelos observadores interessados nesse processo de integração. Eles terão, segundo os casos, uma interpretação mais ou menos otimista quanto ao seu desenvolvimento político no período recente e serão mais ou menos realistas quanto às suas perspectivas evolutivas, no atual contexto da integração sul-americana, dependendo da interação pessoal com esse processo. Aqueles responsáveis por sua condução tenderão a enfatizar o muito que se fez nos últimos anos para reforçar suas estruturas diretivas, para diversificar o escopo e ampliar a cobertura da integração e para expandir sua influência na região, ou, na pior das hipóteses, para evitar o prolongamento de uma crise que parece ter começado em 1999. Os observadores mais críticos desse processo poderão retrucar quanto ao não cumprimento dos principais objetivos fixados originalmente e reafirmados de maneira recorrente nos anos que se seguiram, sem que os obstáculos ao pleno funcionamento da zona de livre-comércio ou à plena vigência da união aduaneira tenham de fato sido superados. Eles também saberão reconhecer a preservação do esquema integracionista, ainda que possam discordar quanto à utilidade das medidas adotadas para tal efeito.
Independentemente de qualquer julgamento sobre se as características atuais do Mercosul resultaram de “acidentes de percurso” ou se elas derivaram, ao contrário, de escolhas conscientes feitas pelos atuais dirigentes políticos, vou tentar formular algumas “teses” sobre esse processo, oferecendo, ao final, algumas propostas tendentes a superar algumas de suas atuais dificuldades. Cabe registrar que, a despeito de um julgamento otimista ou pessimista que se faça da situação atual do Mercosul, não há como recusar o fato de que esse processo atravessa dificuldades notórias, superáveis ou não em função da avaliação que se possa fazer quanto à natureza ou a origem desses males e sobre os “remédios” aplicados ao caso.

1. Desvio de rota e mudança de substância
O Mercosul desviou-se, ou foi desviado, de seus objetivos fundamentais, que eram os da liberalização comercial e da integração econômica, e converteu-se – ou foi levado a converter-se – num esquema fragmentado de iniciativas setoriais, nos campos político, social, cultural, ou outros, não coordenados e desconectados entre si.

2. Introversão
O Mercosul deixou de ser uma ferramenta facilitadora, ou um meio, para atingir determinadas finalidades, que na origem eram as da modernização produtiva dos países membros e sua inserção econômica internacional, e tornou-se um fim em si mesmo, como se a forma devesse necessariamente determinar o conteúdo. Com essa nova orientação “hacia adentro”, a integração vem sendo perseguida pela própria integração, não como um veículo condutor ou uma alavanca para a consecução de objetivos economicamente racionais. Seria como se a preocupação “estética” tomasse a dianteira sobre o funcionamento efetivo do esquema.

3. Fuga para frente
Em face de dificuldades reais, nos capítulos mais relevantes do processo integracionista, o Mercosul foi levado a efetuar uma verdadeira fuite en avant, atitude que se desdobra num número cada vez maior de iniciativas para compensar as tarefas não cumpridas de sua agenda corrente. A criação de novos órgãos, todos meramente acessórios ou simplesmente “redistribuidores”, confirma essa tendência, que não levará necessariamente a maior coesão e coerência em relação aos objetivos fundamentais.

4. Expansão arriscada
O Mercosul foi levado a expandir de maneira talvez impensada, em todo caso de modo pouco condizente com os seus requerimentos intrínsecos, previstos no tratado de Assunção e nas decisões já adotadas, em termos de Tarifa Externa Comum, regras de origem, defesa da concorrência etc. Decisões políticas de incorporação, sem atenção aos elementos constitutivos da união aduaneira, fragilizam o edifício original e tornam mais difícil o consenso interno para negociações externas.

5. Mimetismo indevido e foco em supostas assimetrias
O Mercosul foi levado a mimetizar formas de cooperação baseados em outras experiências integracionistas, no caso a européia, como se ele devesse, sem dispor dos mesmos instrumentos institucionais de compensação de desequilíbrios, dar início a um programa completo de correção de supostas “assimetrias estruturais”, à custa de transferência de recursos de alguns países a outros. Concretamente, o único país que pode ser considerado “não assimétrico” seria o Brasil – que, na verdade, possui muito mais assimetrias internas, regionais e sociais, do que todos os demais –, ou então ele é o assimétrico absoluto, portanto encarregado de redimir os males existentes.

6. Exceções protecionistas desfiguram o Mercosul, sem reforçá-lo
O Mercosul foi levado a aceitar a introdução, ainda que parcial, de restrições comerciais que de fato fragilizam o edifício integracionista, em lugar de fortalecê-lo, como parece ser a intenção, restrições que são, no mínimo, abusivas, quando não ilegais, seja do ponto de vista do próprio Mercosul, seja do ponto de vista do GATT.

7. Ênfase na superestrutura e carência de implementação infraestrutural
O Mercosul padece de excessos superestruturais, isto é, uma ênfase exagerada no “cupulismo” e nas decisões políticas em torno de iniciativas em geral mais retóricas do que substantivas, em detrimento da implementação de medidas de caráter “infraestrutural”, que tendam a valorizar o trabalho das burocracias nacionais ou da própria secretaria técnica.

Em face dessas características, quais poderiam ser as soluções aos problemas apontados? Simetricamente, podem ser apontadas as seguintes orientações em relação a cada uma das teses.

1. Retomada da rota original e confirmação da substância
Caberia voltar aos propósitos originais do Mercosul, ou seja, retornar ao mainstream da integração, resgatando os objetivos da liberalização comercial e da conformação plena da união aduaneira. Proclamar objetivos sociais, políticos ou culturais, em substituição ao fortalecimento das bases efetivas do Mercosul, redunda necessariamente na erosão dos seus fundamentos.

2. Extroversão econômica e competição internacional
O Mercosul foi pensado como um instrumento facilitador e promotor da inserção internacional dos países membros. Os mercados a serem perseguidos são antes externos do que os recíprocos.

3. Concentrar-se no básico
No longo processo europeu sempre existiu a preocupação de que, a despeito de dificuldades eventuais, deveria ser garantido o chamado acquis communautaire, ou seja, o núcleo central de normas que regem o processo. Isto implica fazer o dever de casa, isto é, empreender as reformas necessárias para que as regras constitutivas do processo sejam preservadas e reforçadas. Desvios ou tratamentos excepcionais podem ser aceitos apenas no que se refere à aplicação delongada das próprias normas, não na alteração de seu sentido original.

4. Expansão medida
O princípio de base deveria ser “aberto ma non troppo”, ou seja, novos sócios devem submeter-se aos estatutos vigentes, não pretender alterar o funcionamento do clube. A simpatia não pode ser um substituto para a seriedade no engajamento formal do respeito às normas. Um entendimento claro quanto aos propósitos definidos e quanto aos objetivos fundamentais é a primeira das condições para que novas incorporações sejam decididas.

5. Assimetrias constituem a própria base do comércio internacional
Não há, na história do comércio exterior, doutrinas que enfatizem a necessidade de eliminação forçada das especializações competitivas baseadas em dotações naturais ou adquiridas. Ao contrário, vantagens ricardianas sempre funcionaram, em quaisquer latitudes e longitudes e constituem fonte de ganhos líquidos para todas as partes. Verdades simples como esta podem servir para avaliar os programas de “correção” de assimetrias, cujos efeitos podem ser mais danosos do que benéficos. Reconversão deve significar adaptação aos novos requerimentos, não equalização de condições.

6. Excesso de exceções levam à criação de novas e “urgentes” exceções
Não ceder ao protecionismo setorial deveria ser uma regra básica dos decisores. Caso se ceda à tentação protecionista, todos os demais setores vão se julgar habilitados e demandar resguardo em algum momento da trajetória competitiva. Não custa lembrar, tampouco, que salvaguardas sempre devem ser não discriminatórias, por princípio.

7. Ênfase na infraestrutura, retórica moderada na superestrutura
Consoante uma velha fábula, sistemas econômicos organizados e funcionais requerem um pouco mais de formigas (isto é, empresários, trabalhadores e até mesmo burocratas), para a preservação dos equilíbrios fundamentais. As cigarras podem ajudar a enriquecer a harmonia do conjunto, mas nem sempre contribuem com os estímulos adequados.

Verdades simples como estas podem ajudar a clarificar o debate.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 14 de março de 2007


sábado, 2 de novembro de 2013

Um contraponto a Comissao da (In)Verdade: a versao dos militares que lutaram contra a esquerda - Orvil

Uma postagem meramente informativa, sem endossar o conteúdo do livro, que não conheço, mas que suspeito seja uma tentativa de se opor à versão, certamente enviesada, da esquerda derrotada pelos militares e que tenta eternizar sua história como sendo a de uma luta pela democracia e contra uma ditadura, quando na verdade todos os grupos de esquerda queriam implantar um regime socialista no Brasil.
Não acredito que esta versão dos militares seja totalmente isenta, pois tenta não reconhecer os crimes contra os direitos humanos que foram cometidos na repressão à esquerda, mas certamente é uma versão menos falsa, e sobretudo menos enganadora, do que a que tentam impingir os socialistas de todos os matizes, atualmente no poder.
Sou totalmente isento para expressar o que vai acima, pois lutei contra a ditadura militar, fui um dos milhares de esquerdistas que queriam um regime socialista no Brasil, saí do País para o exílio, onde fiquei por mais de sete anos e voltei sempre disposto a lutar pelo socialismo. Com base nas leituras, na experiência, e no simples reconhecimento dos fatos, constatei meus equívocos juvenis, e hoje procuro sinceramente a verdade sobre o regime militar e a dos grupos que lutaram contra o regime.
Creio ser importante ter todas as fontes de informação a respeito de ambos os grupos, ou posições, e com base nesse conhecimento formar uma opinião responsável sobre quais caminhos o Brasil deveria adotar.
Paulo Roberto de Almeida

Blog do Aluizio Amorim, quinta-feira, janeiro 17, 2013
LIVRO REVELA A LUTA DOS MILITARES CONTRA AS TENTATIVAS DE TOMADA DO PODER PELA SUBVERSÃO COMUNISTA NO BRASIL

Vendido em apenas quatro livrarias, mas lançado em clubes e círculos militares de 14 cidades, Orvil - Tentativas de Tomada do Poder, versão de oficiais do Centro de Informações do Exército (CIE) sobre a repressão, volta às prateleiras até o fim do mês com uma tiragem de mais dois mil exemplares. As três primeiras remessas, de mil exemplares cada uma, esgotaram-se em três meses. O livro é assinado pelo tenente-coronel reformado Lício Augusto Maciel e pelo tenente reformado José Conegundes Nascimento, que trabalharam sob a coordenação do general Agnaldo Del Nero Augusto, falecido em 2009. Outros oficiais que participaram do projeto não quiseram que seus nomes aparecessem.

Disponível pela internet no site da mulher do coronel reformado Carlos Alberto Ustra, que chefiou o DOI- Codi (órgão de informação e repressão do Exército, em São Paulo) e assina a apresentação, o texto original do Projeto Orvil ficou pronto em 1987, mas o então ministro do Exército, general Leônidas Pires Gonçalves, que havia autorizado o levantamento, não permitiu que fosse publicado. A iniciativa CIE pretendia ser uma resposta ao livro Brasil: Nunca Mais, de denúncias de prisões, torturas e assassinatos durante o regime militar, escrito por uma equipe ligada ao cardeal d. Paulo Evaristo Arns.

A publicação de Orvil (Editora Schoba, R$ 72,90), segundo o general reformado Geraldo Luiz Nery da Silva, autor do prefácio, é uma reação à criação da Comissão Nacional da Verdade. "Releva enfatizar neste prólogo", escreve o general, "que os revanchistas da esquerda que estão no poder -- não satisfeitos com as graves restrições de recursos impostas às Forças Armadas e com o tratamento discriminatório dados aos militares sob todos os aspectos, especialmente o financeiro - tiveram a petulância de criar, com o conluio de um inexpressivo Congresso, o que ousaram chamar de comissão da verdade".
Volume de 924 páginas, Orvil - livro, escrito ao contrário - destaca o golpe - ou contrarrevolução de 1964, como preferem seus autores - que derrubou o presidente João Goulart e a ação de organizações clandestinas que no período de 1966 a 1975 combateram o regime militar pela luta armada. A primeira parte trata da Intentona Comunista de 1935 e a quarta parte analisa a opção da esquerda por uma nova estratégia - a "doutrinação" pelos meios de comunicação, instituições de ensino, sindicatos e movimentos populares sobre a necessidade da revolução.

Dilma. A presidente Dilma Rousseff é citada três vezes e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso uma vez, no índice onomástico de mais de 800 nomes de militantes e teóricos do marxismo que se envolveram direta ou indiretamente na luta armada. Dilma Vana Rousseff Linhares aparece como membro do setor de logística do Colina (Comando de Libertação Nacional), depois na VAR-P (Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares), sempre em notas de rodapé. O livro informa que a ex-presidente foi presa.

"No Centro Brasileiro de Pesquisas (Cebrape) foram contatados Fernando Henrique Cardoso, José Artur Gianotti e outros elementos, em busca de inspiração", registram os autores, ao relatar a ação de Piragibe Castro Alves que viajou de Paris para São Paulo em busca de apoio para o Movimento Popular de Libertação (MPL). Esse grupo, liderado inicialmente por Miguel Arraes, então refugiado na França, tinha participação da Juventude Operária Católica e, segundo o CIE, de vários padres e religiosos, entre os quais o dominicano frei Tito de Alencar Lima, um dos frades que se envolveram no esquema de Carlos Marighella.

O livro descreve a agitação estudantil de 1968, citando o nome de José Dirceu de Oliveira e Silva, em rodapé, ao falar do congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Ibiúna (SP), onde foram encontradas, segundo os arquivos, drogas, bebidas alcoólicas e grande quantidade de preservativos. "Alguns estudantes chegaram a declarar que havia, inclusive, uma escala de serviço de moças para atendimento sexual", afirma o texto. O deputado José Genoino é mencionado no episódio da guerrilha do Araguaia. Utilizava o codinome Geraldo e, ao ser preso na selva, teria dado "informações valiosas" sobre o armamento, nível de instrução e de suprimento dos "terroristas".

Outros episódios destacados, além do Araguaia, são a deserção, luta e morte do capitão Carlos Lamarca, a ação de Carlos Marighella e o caso Vladimir Herzog, sempre na versão oficial divulgada na época. Lamarca teria morrido num tiroteio no interior da Bahia, Marighella teria levado um tiro ao resistir a agentes de segurança na Alameda Casa Branca, em São Paulo, e Herzog se teria suicidado numa cela do DOI-Codi. Foram os frades dominicanos que entregaram Marighella, reitera o livro.

Os adeptos da teologia da libertação apoiaram a subversão e a luta armada, afirmam os autores. ao descrever o papel da Igreja Católica no período militar. O cardeal d. Paulo Evaristo Arns (São Paulo), os bispos d. Helder Câmara (Olinda e Recife), d. Waldir Calheiros (Volta Redonda-RJ) e d. Antônio Fragoso (Crateús-CE) e numerosos padres, muitos estrangeiros, são citados como líderes de uma corrente aliada dos subversivos.


Os autores de Orvil atribuem à censura dos meios de comunicação "a falta de conhecimento e de convicção que predisporiam a população a aceitar como verdade os fatos que lhe fossem oferecidos de forma racional ou emocional". Daí, segundo os militares, as repercussões negativas do Ato Institucional nº 5 (AI-5), a apresentação do regime como "brutal ditadura militar latino-americana" e a afirmação de que os órgãos de segurança e informações vinham sendo os algozes dos subversivos, "atingindo-os de forma sistemática e permanente". É uma referência à tortura, embora não se use a palavra. Do site do jornal O Estado de S. Paulo

O fascismo em acao no Brasil - Sandro Vaia

Sem acesso ao artigo original (preguiça, ou falta de tempo, para buscar), reproduzo aqui o que pesquei nas leituras do Feedly (recomendo essa ferramenta, que substituiu o Google Reader), e que coincide com o meu argumento de que o Brasil já vive em fascismo corporativo, aliás um dos mais ordinários...
Paulo Roberto de Almeida
Li com atraso um artigo de Sandro Vaia, publicado no Blog do Noblat. Mas nunca é tarde. Eu o reproduzo abaixo.
*
A observação foi feita em tom irônico pelo professor norte-americano Douglas Harper em seu dicionário etimológico e convenientemente lembrada esta semana pelo crítico literário Sérgio Rodrigues em seu blog. Esse passou a ser o xingamento campeão nas redes sociais.

Usa-se a torto e direito, mais ainda do que reacionário e direitista, e por ironia das ironias na maioria das vezes é usado por quem não sabe que seu significado lhe serviria como uma luva. Mal comparando, seria como se o Tiririca chamasse alguém de palhaço.
Na semana passada, dois acontecimentos muito didáticos jogaram luzes sobre esse jogo de sombras onde se esconde esse crescente autoritarismo castrador que se espalha como unha-de-gato em muro chapiscado.
A Folha contratou dois novos colunistas semanais para, segundo ela, ampliar o pluralismo de opiniões em seu caderno “Poder”: Reinaldo Azevedo, que tem um blog campeão de audiência hospedado na Veja, e Demétrio Magnoli, sociólogo e geógrafo conhecido por combater a imposição de cotas raciais nas universidades brasileiras.
A internet se encheu de gritos de maldição contra os articulistas e o jornal que os contratou, leitores anunciaram que cancelariam as suas assinaturas e, fato inusitado, a coluna de estreia de Azevedo, sobre a ação de libertação dos beagles de um instituto de pesquisas científicas, levou a ombudsman do jornal a classificar delicadamente o colunista como um “rotweiller” — o que ela explicou depois, claro, era só uma força de expressão.
Um caso claro de intolerância ideológica, que pode ser facilmente curado por duas providências simples: ou deixar de ler o jornal ou continuar lendo o jornal, mas não ler os colunistas desagradáveis. Rebater argumentos e tentar provar com fatos que os deles estão errados e que os seus estão certos nem pensar. Isso dá muito trabalho. Negar em bloco e chamar de “fascista” facilita a vida. Desqualificar sempre, debater nunca.
Mais grave do que isso foi o que aconteceu numa feira literária em Cachoeira, no interior da Bahia, quando ativistas armados apenas pelas suas bordunas de intolerância intelectual impediram, aos gritos, que se realizassem os debates entre o sociólogo Demétrio Magnoli e a cientista social Maria Hilda Baqueiro Paraíso e o filósofo Luiz Felipe Pondé e o sociólogo francês Jean Claude Kaufmann.
Magnoli e Pondé foram impedidos de falar — como Yoani Sánchez já havia sido impedida meses atrás – por pessoas que os xingavam de “fascistas”. Exemplo perfeito daquilo que os franceses chamam de “glissement semantique” – ou deslizamento de sentido das palavras.
País estranho e paradoxal onde opiniões fortes são comparadas com mordidas de rotweiller e onde fascistas em ação proíbem debates e quem é impedido de falar é que é o fascista.

Nas pegadas de Norman Rockwell, na New England (NYT)

Onde estou justamente, já tendo viajado em diversos lugares dos que são descritos nesta matéria da seção Travel, do NYT deste sábado.
Paulo Roberto de Almeida

Norman Rockwell’s New England



Caleb Kenna for The New York Times
The view from Rockwell's bedroom at his home in Arlington, Vt. The house is now an inn.


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I had driven for three and a half hours from New York so that I could go for a walk. And here I was at last, strolling along River Road in Arlington, Vt. The quiet, unpaved street winds along the banks of the Batten Kill, which is said to be the best trout stream in Vermont. In the distance, the green hills were ablaze with red and orange and offered what seemed like a quintessential New England view.

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"Freedom From Want" illustration, owned by SEPS. Licensed by Curtis Licensing. All Rights Reserved.
Rockwell painted "Freedom From Want" during his time in Vermont.
Caleb Kenna for The New York Times
A view of Arlington and the surrounding hills.
Caleb Kenna for The New York Times
Rockwell lived in Vermont for 15 years.
The New York Times
Norman Rockwell Family Agency. All rights reserved.
Rockwell relaxes in his Arlington home, circa 1940s.
Caleb Kenna for The New York Times
Rockwell's bedroom, now part of the Inn on the Covered Bridge Green in Arlington.

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Norman Rockwell, who bought a house on this road in 1938, was not what you would call a lover of autumn foliage. His instincts as an artist were firmly figural, and he declined to paint a landscape in the 15 years in which he lived in Vermont. A native New Yorker who was born on the Upper West Side of Manhattan and began his career in the suburb of New Rochelle, N.Y., he did not farm or garden. Other Vermonters kept stables, but Rockwell, by his own admission, harbored a trembling fear of horses.
When he moved to Arlington, he was in his mid-40s, a celebrated magazine illustrator who was looking to deepen his art. He had painted his share of amusing covers, of freckled schoolboys and their mutts, and he hoped to tap into some truer, more expressive vein of American life. What drew him to New England was not so much the picket-fence tranquillity as the larger idea of it, the reassuring we-the-people symbolism. New England was the birthplace of American democracy, and Rockwell, as it turned out, would update the communitarian ideals articulated by our country’s founders.
It was here in Vermont, during World War II, that Rockwell painted his much-heralded “Four Freedoms.” Although based on lofty civic principles — freedom to speak and to worship, freedom from fear and from want — the series does not feel didactic. The four paintings have nothing to do with patriots on horseback and the fiery battle for independence. Rather, they portray the civic and familial rituals that connect random people in a town. Using his Vermont neighbors as models, Rockwell posed them in emblematic scenes: attending a town-hall meeting, saying prayers, socializing around a Thanksgiving table, and peeking in on sleeping children.
Other artists have given us other New Englands. It’s remarkable how many competing portraits of America emerged from this corner of the country in the first half of the 20th century. Grandma Moses, for one, was a friend of Rockwell’s who lived on a farm just across the Vermont-New York border. Grandma, as the whole country once called her, was nothing if not a late bloomer. She took up painting at the age of 76. Working at her bedroom desk, she churned out cheerful views of farm life, nostalgic scenes of snow-covered farmhouses, split-rail fences and horses trotting along dirt roads. She offers a view of New England as a green Arcadia where no one ever comes down with a cold.  
Robert Frost was not quite so peppy. He moved to this part of Vermont in the ’20s. His stone house in South Shaftsbury, just a few miles from Rockwell’s, is open to the public. The snowy woods, the roads that diverged, the “nothing gold can stay” sense of loss and dissipation: nature provided him with his great subject. He seized on it to create a portrait of Americans as resourceful but emotionally reserved and fond of putting up fences.
Today, Rockwell is associated less with Vermont than with Stockbridge, Mass., the town in the Berkshires where he settled in his later years. Stockbridge was the last place he lived, and it is the home of the Norman Rockwell Museum, which houses the bulk of his artwork and personal papers. In the course of the past decade, I spent many days there. I was writing a biography of Rockwell and contentedly sifting through his letters, datebooks and mounds of bills. Compared with most other artists, he left a very long paper trail.
I hadn’t spent much time in Vermont, but it offered biographical rewards of its own. Namely, here one can sleep in the Rockwell bedroom.
By a nice coincidence, Rockwell’s home in Arlington (the second house he owned there) is now a bed-and-breakfast offering clean, adequate accommodations. The Inn on the Covered Bridge Green, as it is named, is a few miles from Main Street, in a large, white-painted Colonial house that dates to the 18th century. As country inns go, it is fairly spartan — there is no front desk and no one ever answered the phone when I called. You reserve your room on the inn’s Web site.
What the place lacks in traditional amenities it more than makes up for in creaky ambience and romance. On the weekend I visited, another guest had already claimed the best room: Rockwell’s former studio, a freestanding building in the yard. So my husband and I reserved a room in the house. Although no effort has been made to restore the architecture or decorative elements to their precise appearance in the years when Rockwell lived there, the guest rooms — with their floral wallpaper and hardwood floors, their four-poster beds and quilts — evoke the vanished past. It helped that my husband and I were the only ones in the house that weekend and eager to feel haunted. In the upstairs hallway, the doors to the other rooms remained closed. The middle-age couple who own the place live in another house on the property.
Biography, as the British writer Richard Holmes observed, “is an act of deliberate psychological trespass, an invasion or encroachment of the present upon the past.” It can also be an act of literal trespass. Or so it seemed when I woke in the middle of the night and got out of bed. I was in Rockwell’s former bedroom, gazing through the same window that he had gazed from. Outside, the village green, with its white steepled church and red-painted covered bridge, gleamed in the moonlight.
What did this view tell me? Nothing vastly useful. Nothing I could put in a book or trumpet as a revelation. It is a commonplace of biography that the everyday events in artists’ lives shape their work. But in Rockwell’s case it was the opposite. Life was the stuff he left out of his art. To see his actual surroundings is to be reminded of their very exclusion from his paintings. He did not paint the covered bridge; he did not paint the village green. No, in his work he gave over to an imaginative vision whose sources remain largely hidden. It encompassed many factors, from his powerful love of Rembrandt and Dutch realism to an extreme sense of his own inadequacy. In his skinny, unathletic boyhood, he had felt perpetually vanquished, “a bean pole without the beans,” as he put it.
Heading downstairs to the living room, I sat down and opened a novel. The room was lovely, aglow with yellow lamplight, hushed except for the intermittent whoosh of a car. It was easy enough to imagine Rockwell sitting here, an anxious, rail-thin man in his blue chambray shirt, lighting his pipe and relighting it, brooding on the day’s work. In general, he woke up early and liked the morning hours, rushing out to his studio by 8 and drinking a bottle of Coke for a caffeine jolt. He often noted that the sense of possibility he felt on most mornings was overtaken by regret by the evening. So many days ended the same way. He would sit in the living room, fussing with his pipe, lamenting that he did not “get anywhere with the picture,” as he said.
In truth, his years in Vermont scarcely resembled the vision of community and gladness he had created in his work. In his letters from this period, he complained of terrible isolation, especially after the summer people cleared out and returned to their homes in the city. Writing to his friend Clyde Forsythe in 1944, shortly after his 50th birthday, Rockwell opined: “It’s been lonesome up here. Next winter tho I swear we’re going to New York. I miss having someone to help with criticisms and encouragement.”
His wife, Mary, the mother of their three sons, had troubles of her own. An elegant, bookish woman from Southern California, she had studied at Stanford and aspired to write short stories and poetry. She had a difficult time in Vermont, in part because her husband spent so much time away. Even when he was home, he was not necessarily available, there but not there, disappearing into the studio for what seemed like days at a time, the door shut. Over the years she fell increasingly into depression and alcoholism, and was sent off to hospitals for treatment.
In some ways, Arlington seems to have changed little in the six decades since Rockwell and his family lived here. According to the town clerk, there are now 2,317 residents, about 500 (registered) dogs, and not one traffic light. There’s not much to do at night. Early risers, on the other hand, have options. The Wayside Country Store, an old-fashioned all-purpose emporium, starts serving breakfast at 4 a.m. A sign in the window proclaims, “If we don’t have it, you don’t need it.” This is not to imply you need everything the store stocks, which, I noted, includes ammunition and maple-flavored lip balm.
There is at least one great restaurant in town, Jonathon’s Table, which offers classic country fare while banishing all blandness. Our heavily tattooed waitress suggested an appetizer that was practically a meal in itself, Mama’s mushrooms, which came doused in garlic and olive oil and accompanied by an oval loaf of hot bread. The décor is unpretentious but jazzed up by strings of white Christmas lights. There are no tablecloths, and the blocky oak tables are wide and deep.
To visit Arlington is to feel the need to venture beyond it. The towns around it have different personalities. If you drive 20 minutes to the north, to Manchester Center, suddenly you’re in the midst of shop-around-the-clock consumerism, of noniron dress shirts and slim-ankle pants, of cashmere sweaters knit in Scotland. Manchester abounds with factory outlet stores — Brooks Brothers, Ann Taylor and all the rest, most of which occupy prim clapboard houses that riff on the historic architecture of New England. At the Orvis store, I bought a white linen blouse, a bit guiltily, wondering whether it was morally defensible to spend a shining fall afternoon in Vermont patronizing stores you can find elsewhere.
Put another way, outlet shopping appears to be the leading recreational activity here in the heart of the rugged Green Mountains, overshadowing such classic diversions as fly-fishing. Is this a loss? Surely there is something to be said for staring at the surface of a river for hours on end and waiting for a sign of trout, for the first splosh and glint. I vowed to myself to rent a canoe sometime before the end of the millennium.
On the other hand, Main Street in Manchester is home to a superb independent bookstore, the Northshire Bookstore, which occupies a light-blue Victorian house and encourages sojourns of the armchair variety. A cafe on the premises serves dark-roast coffee and homemade carrot cake, and you can sit undisturbed until closing time. “This was Starbucks before Starbucks,” Charles Bottomley, one of the booksellers, told me.
If you want to see art in southern Vermont, go to Bennington, the college town, about 20 minutes south of Arlington. The Bennington Museum is a one-of-a-kind institution that spurns the fashion for globalism in favor of regional artists, both living and long-dead. The place is impressively ecumenical. While the permanent collection pays reverent tribute to Grandma Moses — the premises include the actual one-room schoolhouse of her childhood — it also champions the color-field painting of the ’60s. In one enchanting gallery, an early Helen Frankenthaler composition is juxtaposed with the curvy abstractions of Paul Feeley, her teacher at Bennington College.
There were no Rockwells on view at the museum, at least none by Norman. But his artistic progeny are well represented, and it is interesting to note the degree to which their work turns his utopian paradise on its head. In the lobby of the museum, I stared with fascination at a small-scale tableau by 83-year-old Jarvis Rockwell. The untitled piece can put you in mind of a wooden dollhouse in which the relationships among the dolls has gone awry. Two couples, one older, one younger, sit around a dining-room table stark naked. They’re staring at an orange orb that may or may not offer spiritual solace.
Jarvis Rockwell’s daughter, Daisy Rockwell, was having her own show at the museum. “Topless Jihadi and Other Curious Birds,” as it is titled, consists of small, lushly colored paintings that traffic in political subjects, including terrorism. She uses a palette of candied pinks and turquoises to extract a dissonant prettiness from mug shots of female prisoners and victims of all sorts.
Truth be told, there was one nature-related activity that Rockwell enjoyed during his Vermont years. He liked to go for walks in the hills that rose steeply behind his house. He would climb through the apple orchards and then disappear into the woods, often trailed by his beloved dog, Butch, a springer spaniel.
I was eager to retrace the path. On a Sunday morning, I woke early and headed out into the yard. A thick morning mist hovered on the ground and made the fields appear a little blurred, as if visible only in soft focus.
The yard was not what I had expected. Where were the fabled apple orchards? Instead I found a pasture and a pen for animals. Two tall llamas, one brown and one white, stood chomping on a bale of hay and glanced up in unison when I approached. I paused for a few moments to make sure they weren’t about to do that llama thing of spitting. Then I started to climb over the fence to proceed up the hill when, suddenly, I was stopped by a literal shock. An uncomfortable jolt shot through my left arm. The fence, I realized belatedly, was electrified. Odd that there had been no Do Not Touch sign. Doubtless the fence was there to keep the llamas in, as opposed to keeping the inn guests out. Nonetheless, it was all a little surprising, not least because the incident seemed so uncannily like something from a Frost poem. He had written much about fences and barriers, about structures that divide.
I thought of his poem “Mending Wall,” in which the speaker recounts his impatience with his next-door neighbor, who each spring mends the stone wall separating their properties. The neighbor insists, “Good fences make good neighbors,” which, frankly, is not the most inspiring proverb. Certainly there are more important things to endorse in this world than distance and standoffishness.
But the wall-building neighbor represents another New England, not the caring and concerned Rockwellian society where people gain strength from their neighbors and look each other in the eye when they talk. No, this was the Frost version, in which townspeople went out of their way to put up barriers, where neighbors electrify fences. I suppose the Frost version is closer to everyday life in America than the idealized Rockwell version. But then “art is no less real for being artifice,” as the critic Clive James once observed, and Rockwell clearly dwelled in the kingdom of his imagination.
In October of 1953, Rockwell and his wife abruptly left Vermont. They moved to western Massachusetts, to Stockbridge. It, too, seemed on the surface like a perfect New England town, with tranquil pastures and grazing cows. What few people realized is that Rockwell moved to Stockbridge to live near the Austen Riggs Center psychiatric hospital. His wife already was an inpatient there, and he was an outpatient. In his final months in Vermont, he had begun seeing the legendary psychoanalyst Erik Erikson, a German-born intellectual who coined the phrase “identity crisis.”
In the ’50s, Rockwell continued to paint pictures of a mythic New England, where contentment and community ties prevailed. But the national unity bred by World War II was already unraveling. The growing inclination among Americans was to define their battles in psychological terms rather than in political ones.
Over the years, their searching gave rise to yet another image of New England, one that had little in common with that of Rockwell, Frost or Grandma Moses. Rather, in James Taylor’s telling, New England was a place where people had nervous breakdowns and openly bemoaned their sorrows. He sang of it in 1970 when he described “the turnpike from Stockbridge to Boston,” “covered with snow,” with 10 miles behind him and 10,000 more to go.
IF YOU GO
All these places are in Vermont.
Robert Frost Stone House Museum, 121 Historic Route 7A, South Shaftsbury; (802) 447 6200frostfriends.org. Frost resided here in the 1920s and wrote “Stopping by Woods on a Snowy Evening” at the dining room table. The museum is closed until May 1, but the grounds are open for walking, at no charge, and offer the chance to see such spartan Frostian sights as fields, birch trees and a stone wall.
Inn on the Covered Bridge Green, 3587 River Road, Arlington; (802) 375-9784;coveredbridgegreen.com; Norman Rockwell lived in this house from 1943 to the fall of 1953. Inn rooms are $185 to $225, depending on date. The artist’s studio, which easily sleeps four, is $280.  Rates include a hot breakfast.
Jonathon’s Table, 29 Sugar Shack Lane, Arlington; (802) 375-1021;jonathonstable.com; dinner only.The entree selection is broad and unpretentious, ranging from Vermont maple pork chops and eggplant Parmesan to roast prime rib au jus. Expect to pay about $30 per person for dinner, without drinks.
Sugar Shack, Sugar Shack Lane, Arlington; (802) 375-6747sugarshackvt.com. A deluxe country gift shop with a large assortment of Vermont goodies and memorabilia, from fresh-picked apples to gallon-size jugs of maple syrup to Rockwell-theme postcards and mugs.
The Wayside Country Store, 3307 Vermont Route 313 West, Arlington; (802) 375-2792. This quaint general store has been in business for more than a century and sells everything from sweatshirts and ammunition to egg sandwiches and homebaked cookies. Its motto is: “If we don’t have it, you don’t need it.”
Northshire Bookstore, 4869 Main Street, Manchester Center; (802) 362-2200;northshire.com. This rambling, well-stocked bookstore offers both new and used books and peerless opportunities for browsing. Chairs and stools throughout, and a comfortable couch beckons from the science-fiction section.
The Bennington Museum, 75 Main Street, Bennington; (802) 447-1571;benningtonmuseum.org. Interesting, one-of-a-kind mix of advanced contemporary art, Grandma Moses farm scenes and 18th-century American furniture. Current exhibitions include “Topless Jihadi and Other Curious Birds: Works by Daisy Rockwell,” through Dec. 30.
Deborah Solomon is the author of “American Mirror: The Life and Art of Norman Rockwell” (Farrar, Straus & Giroux).