O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Ops, tem gente de outro planeta me observando...

Por acaso carregando alguns arquivos no site Academia.edu, de registro e disponibilização de trabalhos acadêmicos, acabei caindo no registro dos países origem das consultas ao meu perfil nessa plataforma.
É não é que em terceiro lugar aparece um lugar desconhecido?
Como todos os países deste nosso planetinha comparecem na base de dados do programa, só posso atribuir essa terceira posição a companheiros não identificados de nenhum país.
Se não for gente do PT aloprado (desses que vivem na estratosfera, e só baixam à terra para cometer malfeitos, como diria alguém), só pode ser pessoal de Marte, ou mesmo de algum outro planetinha redondo ainda mais distante...
Paulo Roberto de Almeida

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Concurso aberto: qual seria o maior besteirol existente no Brasil, muito comum e disseminado?

Um desafio aos inteligentes frequentadores ou simples navegantes ocasionais neste blog:
Desafio os mais valentes, ousados ou temerários dentre os que lerem estas linhas a me confirmar o maior besteirol existente no Brasil, muito comum e presente na vida de todos e cada um dos brasileiros (ou quase todos, pois alguns escapam, como eu, por exemplo, pelo menos parcialmente).
Respostas, propostas, sugestões aqui mesmo.
Não, não é o que vcs estão pensando que eu estou pensando...
Paulo Roberto de Almeida 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O arquipelago de fantasia da republiqueta dos companheiros: 800 aeroportos, depois 270, depois... nada - Editorial Estadao

Uma só ilha da fantasia não basta para a megalomania demagógica, irresponsável e mentirosa dos companheiros, pois eles não se contentam e mentir e fantasiar pouco. Não, tudo é em grande escala, sobretudo as invenções, as fantasias, as mentiras e a corrupção. Se trata, portanto, de um arquipélago inteiro de fantasias totalmente em descompasso com a realidade mais comezinha, como se encarrega de relembrar este editorial do venerável jornalão reacionário do Partido da Imprensa Golpista (mais uma mentira, ou uma invenção dos companheiros, que não têm vergonha de transformar a realidade em obra de pura ficção).
Paulo Roberto de Almeida

Editorial O Estao de S.Paulo, 6/01/2014

Numa bravata para impressionar investidores menos avisados, a presidente Dilma Rousseff, ao falar a uma plateia de empresários no seminário Brasil-França, Oportunidades de Investimento, realizado em Paris em dezembro de 2012, afirmou que pretendia construir 800 aeroportos regionais no país. Caindo das nuvens, a presidente não demorou a baixar o número para 270 aeroportos, que seriam construídos, reformados e modernizados, de acordo com um plano orçado em R$ 7,3 bilhões. O plano desafiava o bom senso, mas, mesmo assim, uma medida provisória (MP) foi enviada ao Congresso Nacional, convertida em lei em junho de 2013, prometendo revolucionar a aviação regional. Findo o ano, nenhum dos projetos de aviação regional saiu do papel. Todos ficaram para 2014, prometendo a Secretaria de Aviação Civil (SAC) que os primeiros editais serão publicados ainda no primeiro semestre ─ acredite quem quiser!

A SAC nem mesmo identificou as necessidades de investimentos dos campos de aviação planejados, e mais de 60% deles não recebem voos regulares. Para adaptá-los a voos comerciais, são necessários levantamentos aerofotogramétricos locais, análise de impacto ambiental e ─ só depois dessas etapas ─ a elaboração dos projetos de engenharia. O custo disso é estimado em R$ 292 milhões.
A SAC justifica-se dizendo que seis meses foram de trabalho no Congresso até a aprovação da MP. Concluída essa etapa, a Secretaria contratou o Banco do Brasil (BB) como gestor financeiro. O BB dividiu os 270 aeroportos em quatro lotes e abriu 25 licitações para a contratação de empresas para execução de projetos de engenharia.
Até o momento, 16 contratos foram assinados, não alcançando 6% do total. E não se sabe quando os estudos serão concluídos, dada a complexidade das questões técnicas e das negociações com Estados e municípios, que administram a maioria (229) dos aeroportos a serem adaptados. Sob a administração da Infraero são apenas 29. Nos 12 municípios restantes, não existe ao menos uma pista para aviões em condições de segurança, tendo tudo de começar praticamente do zero.
Os estudos técnicos e todo o planejamento, até agora, têm sido “um trabalho extenuante de bastidores”, como afirma Paulo De Lanna Barroso, assessor do ministro Moreira Franco. O problema é que os atrasos se refletem nas condições cada vez mais precárias em que se encontram os aeroportos do interior já servidos por companhias aéreas e que têm experimentado um “boom”, tanto no número de passageiros transportados como no volume de operações.
Levantamento do Estadão Dados mostrou que, nos últimos 12 anos, dos 21 aeroportos de médio e de grande portes que mais registraram aumento do número de conexões, nenhum está localizado em capital de Estado. Segundo a própria Anac, as empresas aéreas têm aumentado o uso de tais aeroportos para diminuir o afluxo de passageiros aos grandes centros e consequentes atrasos nas principais rotas aéreas do país.
Esses aeroportos já muito movimentados exigem investimentos urgentes e para eles não seria necessária a concessão de subsídios como o governo cogita em fazer para estimular o uso de campos de aviação que hoje só funcionam para atender à demanda de aviões executivos. Do lado das companhias aéreas, a melhoria dos aeroportos é condição necessária para elevar a oferta de voos para o interior, mas não suficiente, como disse Adalberto Febeliano, consultor da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear). É preciso, é claro, que exista demanda regular, como já se verifica em cidades em que empresas têm realizado investimentos de vulto ou naquelas ligadas à exploração de petróleo e gás.

Contudo, não se tem notícia de que a SAC tenha estabelecido uma escala de prioridades para tocar um programa tão vasto e com tantas particularidades. O programa dos 270 aeroportos do interior hoje não passa de uma enrascada a mais em que se meteu o governo.

Um limite para os gastos sociais? - Mansueto Almeida

Como o debate é político, como alerta este economista, minha posição política é esta: é preciso reverter os gastos ditos sociais, pois eles estão conduzindo o Brasil ao mesmo impasse no qual já vivem, há muito tempo, os países europeus e aqueles dotados de fortes políticas distributivistas de cunho social-democrático (com a diferença que eles já são ricos o suficiente para financiar a gastança e também têm uma população mais educada, portanto com maiores ganhos de produtividades).
Sou contra porque não imagino que seja política responsável, em nenhum país, converter a população em eternos dependentes de um Estado distributivista, que tende a ser ineficiente, perdulário, além de abrigar mandarins, marajás, abrir espaço para a corrupção, para a acomodação, para padrões ainda mais baixos de inovação e de competitividade.
Política social, para mim, tem de ser feita via mercado, ou seja, emprego e renda sendo criados por investimentos de empreendedores privados, não pelo ogro estatal.
Os brasileiros não percebem, mas estão construindo lentamente sua própria decadência.
Roma não caiu por causa dos bárbaros: estes só empurraram levemente um edifício que já estava podre há muito tempo, com o mesmo Estado perdulário, os mesmos senadores gastadores, os mesmos dirigentes venais, a mesma gastança irresponsável que vemos hoje no Brasil. Não precisamos de bárbaros estrangeiros: eles já estão entre nós, com todos esses movimentos ditos "sociais" que estão sempre invadindo, bloqueando, queimando, depredando alguma coisa, reivindicando o direito de receber sem trabalhar.
Nossa Roma já está criada, mas ainda não percebemos isso...
Paulo Roberto de Almeida



Nesta semana começa a circular nas bancas a revista InfoMoney, número 48, edição do bimestre jan-fev de 2014 que traz uma entrevista comigo. Eu gostei muito da entrevista e acho que os repórteres, João Sandrini e Lara Rizério, foram fiéis ao que conversamos. Mas vou aproveitar a oportunidade para fazer quatro esclarecimentos, antes que as pessoas comecem a atirar pedras em mim antes de ler a entrevista da revista.

Primeiro, a manchete da entrevista, “um limite para os gastos sociais”, não significa que eu defenda cortes (absolutos) nos gastos sociais. Quem acompanha o que escrevo sabe que sempre enfatizo que a política social é uma decisão política, uma decisão da sociedade por meio do debate no Congresso Nacional. Mas quando falo de limite para o gasto social é que, como porcentual do PIB, o Brasil já tem gasto social equivalente a de um país rico (ver aqui): 23,5% do PIB (para todos os níveis de governo).
Por exemplo, de 2002 a 2012, o gasto com INSS, bolsa família, LOAS, seguro desemprego, abono salarial, custeio dos programas de educação e saúde do governo federal cresceram o equivalente a 2,7 pontos do PIB.  Se nos próximos 10 anos, esse crescimento fosse exatamente o mesmo, isso implicaria um aumento correspondente de carga tributária. É impossível? Não, mas desconfio que a sociedade não vai gostar muito e que isso poderia atrapalhar ainda mais a competitividade da nossa indústria. Qual tipo de imposto vamos aumentar?
E que tal uma redução da despesa com juros em 2,5 pontos do PIB para financiar essa expansão do gasto social como % do PIB sem aumentar a carga tributária? Mas com uma divida bruta que é quase o dobro dos países emergentes, com esperar que isso vá ocorrer? Acho muito improvável. Já falei sobre isso neste blog (clique aqui) e, infelizmente, o mundo não nos olha da mesma forma que olha para um país desenvolvido e nossa dívida é muito cara. Por que não damos um calote? alguém de fato acredita nisso?
Segundo, como já destacado acima, se quisermos aumentar como % do PIB ainda mais os gastos sociais (previdência, LOAS, seguro desemprego, abono salarial, educação e saúde) precisaremos discutir o seu financiamento: aumento da carga tributária. Em outubro de 2013, o deputado Rogério Carvalho (PT-SE) apresentou no seu relatório sobre financiamento da saúde pública, na Comissão Especial de Saúde da Câmara, a proposta de ressuscitar a CPMF, com uma alíquota menor, para aumentar os recursos para saúde: Contribuição Social para a Saúde, um tributo de 0,2% a sobre as movimentações financeiras.
Por que um deputado do Partido dos Trabalhadores (PT) fez esta proposta? será que o PT é contra os trabalhadores é quer penalizar mais ainda os trabalhadores e contribuintes? Ou essa proposta é o reconhecimento que se quisermos aumentar ainda mais os gastos sociais precisaremos aumentar a carga tributária? o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad do PT colocou seu futuro político em jogo ao propor um forte aumento do IPTU para ter recursos para financiar suas promessas de campanha. Ele fez isso por pura maldade ou porque precisa de recursos financeiros para financiar o que prometeu? o problema da expansão do gasto é que tem esse lado "impopular" da receita.
Terceiro, na entrevista à revista InfoMoney falo também sobre o controle do crescimento do seguro-desemprego e do abono salarial. Mas isso até pessoas do primeiro escalão do governo federal do Partido dos Trabalhadores têm destacado que é preciso controlar esses dois itens do gasto social (ver aqui). Ou seja, o próprio governo federal enfatiza a necessidade de controle de itens do gasto social. Em matéria recente do jornal Valor Econômico:
"As alterações nas regras para pagamento de seguro desemprego e abono salarial que estão sendo estudadas pelo governo "terão efeito ainda este ano", garantiu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista coletiva em Brasília após ser questionado sobre o assunto.
"Fizemos reunião com as centrais no apagar das luzes de 2013 e vamos tomar medidas em 2014 que reduzirão gastos", disse o ministro. Ele, porém, concordou que "não é fácil" fazer alterações nos dois benefícios trabalhistas.” (ver aqui).
Quarto e último ponto, em relação a política de reajuste do salário mínimo, acredito que o próximo governo, seja qual for o próximo governo, vai tentar negociar uma nova fórmula com a sociedade e Centrais Sindicais. Hoje, quem conversar com economistas do Ministério da Fazenda, sabe que esse assunto preocupa muito os técnicos por lá, algo que não acontecia há dois anos. É possível que a regra atual seja mantida? Sim, é possível. Mas neste caso precisaremos definir a fonte de recurso para financiar o gasto.
Em resumo, como destaco na entrevista, independentemente de quem seja o novo governo, as politicas sociais no Brasil continuarão bastante ativas. No entanto, acho que começaremos um debate mais sério da eficiência de cada uma dessas políticas, algo que já está em curso dentro e fora do governo.
Expandir o gasto social muito acima do crescimento do PIB, como fizemos nos últimos 20 anos, vai significar uma nova rodada de aumento da carga tributária e a volta da CPMF. E isso não vai significar, necessariamente, educação e saúde de qualidade, nem tão pouco maior segurança e melhoria da mobilidade urbana.
O que deve ser feito? Isso economista algum e nenhum manual de economia  tem a resposta "correta" porque este é um debate essencialmente político. Os economistas podem ajudar na avaliação dos programas e mostrar políticas alternativas que são mais eficazes e eficientes para que determinado objetivo seja atingido.
Mas o que priorizar e a velocidade do aumento do gasto é um debate político. Esse debate no Brasil é difícil porque as pessoas têm o péssimo hábito de  agredir ao invés de debater ideias. E se este for o caso, não adianta debater.

Venezuela: going to the brink - Foreign Policy

In early December, Venezuelans went to the polls to elect mayors and local council members. After a disputed presidential election and months of economic hardship, many observers were predicting that the opposition would win the popular vote. Instead, the government's forces won, solidifying President Nicolás Maduro's hold on power.
Yet if Maduro's grip is solid, why is Moody's downgrading Venezuela's bonds? Why is Venezuela's bond spread the highest among emerging markets? The answer is simple: The Maduro regime, like glass, might appear strong, but it's also brittle, increasingly vulnerable to the sharp shocks that are likely to come from a complicated political situation and a rapidly weakening economy.
On election day on December 8, as I rode a motorcycle taxi through the winding and bullet-scarred streets of Petare, one of Caracas' poorest slums, I asked my driver, a local resident, what he thought of President Maduro. "Nobody likes him," he said. "They loved Chávez, but they think this guy is a fake."
Everywhere I asked during my tour, I got more or less the same answer. The comments from residents were an obviously biased sample of conventional wisdom from local opposition activists, but they also reflected reality: the opposition's incumbent mayor won re-election by eight points.
It would be a mistake to conclude -- as many analysts did in the days prior to the election -- that discontent is the overall sentiment in Venezuela. In a neighboring municipality, one with demographics markedly similar to Petare, the chavista candidate romped to a twenty-point victory.
The truth about Venezuela is that it remains a country deeply divided along many lines. It is a nation of stark contrasts, where urban, middle-class voters have apparently decided to abandon the Revolution for good, but where many poorer and rural voters hold steadfast loyalty to chavismo -- for now. The nation is divided roughly in half, but the chavista half appears to be slightly larger, ensuring a solid yet potentially vulnerable hold on all levers of power.
When Hugo Chávez died last March after fourteen years in power, the crowds that turned up at his funeral were like nothing Venezuela had ever seen. Hundreds of thousands of people paraded in front of his casket or joined the funeral parade. After such a massive, unscripted show of emotion, people naturally expected Maduro, Chávez's appointed heir, to coast to an overwhelming victory.
But in a few short weeks, something surprising happened. Maduro proved to be a hapless performer on the campaign trail -- awkward in tone, frequently off-message, and vacillating between grief for the fallen president and enthusiasm for his own candidacy. In spite of this, he managed to eke out a victory over his main opponent, opposition leader Henrique Capriles, but only by a measly 1.2 percentage points.
According to the official version of events, at least. Capriles, who had lost a national election to the ailing Chávez a year earlier, quickly demanded a recount. He has alleged numerous irregularities, accusing the Chávez camp of "stealing" the election, and has so far refused to recognize Maduro as president.
Things did not go better for Maduro in the months that followed. As the economy began slowing down and scarcity began to spread, opinion polls pointed to large numbers of Venezuelans saying the country was headed in the wrong direction.
In the meantime, businessmen with close ties to the government began buying up TV and radio stations. This meant the opposition had trouble getting their message out, something that opinion polls were also capturing: Maduro's popularity was hurting, but the opposition wasn't gaining from it. "In the last weeks of the campaign," an opposition political operator who spoke on condition of anonymity told me, "dozens of our ads were rejected by TV stations for no apparent reason."
Then, in the last few weeks before the election, came Daka. Daka is the Venezuelan version of Best Buy, a large chain of stores specializing in appliances and consumer electronics. With a month to go before the mayoral elections, Maduro, in a burst of populism that would have made the late Chávez proud, ordered significant cuts in the prices of all appliances, then invited Venezuelans to throng stores such as Daka and leave "nothing on the shelves."
The move seems to have been the game changer the government needed. The government won the popular vote, and while it lost most of the large cities, it retained control in many medium and smaller cities. As one local pollster put it, "populism ... is popular."
Maduro has outfoxed the opposition. No elections are scheduled for the next two years. Does this mean that his grip on power is firm? It depends very much  on what happens to the economy.
The vulnerability of Venezuela's economy is not an accident. Instead, it is an essential characteristic of Hugo Chávez's petro-state economic model. Distilled to its essence, this model took a dramatic surge in commodity prices and created a system of subsidies, price controls, and other distortions that is simply too expensive to maintain. In the process, oil production has suffered, and the government has run out of money. It is even consideringmortgaging its last remaining gold reserves.
The Venezuelan government gives away gasoline for practically nothing. It has set an artificially cheap price for foreign currency which, combined with a ruthless attack on private property, has meant the death knell forscores of private companies. The government has also decided it wants to control the prices of everything that is produced by, sold in, or imported into the country -- everything from labor to industrial parts, from toilet paper to women's underwear. The end result is ever-spreading scarcity, combined with a plethora of black markets.
This web of subsidies and price distortions can be sustained as long as you have the money for it; the USSR, after all, kept it going for several decades. With deep enough pockets, you can subsidize pretty much everything you want, and you can take over many industries by simply importing your way out of trouble. The problem for the Venezuelan government is that, despite high oil prices, it has run out of money.
Venezuela ran a budget deficit of 11 percent of GDP in 2012, according to Moody's. (Official government statistics are unreliable). It's quite possible that the 2013 budget deficit could hit17 percent of GDP. China, long a bankroller of the Venezuelan Revolution, is beginning to cut back on its funding, insisting any future loans be managed by their own bureaucrats.
The government's cash crunch explains why there are lines to buy basic staples: there are fewer cheap dollars to give out, and the government is also being forced to start selling them at a higher price. The crunch has forcedthe government to print bolívares, the local currency, at an unprecedented pace. GDP growth has stalled, and the UN's Economic Commission for Latin America and the Caribbean is forecasting a paltry 1 percent growth for next year. Inflation has risen sharply and is set to end this year at more than 50 percent. The government has even delayed publishing inflation numbers after Maduro complained about how they are calculated.
The paradox of chavismo is that it preaches communism and consumption at the same time. The problem with such an approach, of course, is that it requires a lot of funding. If oil prices were to surge, Venezuela could continue on this path. But if oil prices stay put or fall, tough decisions will be unavoidable -- leaving the system's constituents extremely unhappy.
Will people revolt if subsidies are cut? The likely answer is that no, they won't ... yet. The government controls almost all of the media, and voters are not yet linking their economic situation with the government's own policies. When TV and radio are constantly sending the message that the economic crisis is caused by others ("the Empire," "oligarchs," "the right wing," "the bourgeoisie," "the opposition"), you can buy some time before folks come at you with pitchforks. Then again, Venezuelans have taken to the streets before when faced with cuts in their subsidies. In 1989, in an event known as the "Caracazo," Venezuelans responded to fuel subsidy cuts with rioting and violence, essentially issuing a death sentence to the system that preceded Chávez. While it's impossible to predict when such a surge in discontent might repeat itself, there's certainly no reason to rule it out.
Then there's the role of the armed forces. Simón Bolívar once allegedly quipped that "Quito is a convent, Bogotá is a university, and Caracas ... is a military barrack." The quote highlights the importance of the military in Venezuelan society. The institution has played a pivotal role in Venezuelan history, and its influence on the outcome of any major political upheaval will be crucial.
Venezuela experienced military coup attempts in the 1960s, in the 1980s, twice in the 1990s, and in 2002. The common thread linking these is that they occurred in periods of relative crisis, be it political (the guerrilla wars of the 1960s or the instability of 2002) or economic (the dismantling of the welfare state of the late 1980s). Ever since 2002, things have been quiet in the armed forces, thanks in large part to Chávez's masterful military intuition. But if Venezuela goes into a full-mode economic crisis, how will the military act?
In order to assess this question, one has to ask who the military are, and what they are currently doing. In spite of Chávez's insistencethat the military was "socialist and chavista," military sources in Caracas who spoke on condition of anonymity insist there are three groups within the military.
First are the "nationalists," those who are doing business in various government schemes and lining their pockets in the meantime. These are the officers that handle the ports, the import of food, much of the black market, and are even the main smugglers of gasoline across the border. The nationalists are corrupt, but they resent the Cuban influence inside the military -- reports say that Cuban intelligence have infiltrated the armed forces, with permission from the presidency. The main leader in this group is, allegedly, the president of the National Assembly and second in command in the Revolution, Lt. Col. Diosdado Cabello.
The second is the group of officers with links tothe drug trade, some of whom have beentargeted by the US government. How involved in drug smuggling are the Venezuelan armed forces? It is almost impossible to say, but the United Nations has stated that Venezuela has emerged as a major trafficking point in the last few years. Recently, The New York Timespublished a story on increased flight activitythrough Venezuelan territory, presumably linked to the drug trade.
Just last month an Air France flight from Caracas to Paris was discovered to be carrying1.3 metric tons of cocaine in its luggage compartment, the largest single drug seizure in French history. It is hard to view these events as happening independently, particularly since the military handles all aspects of security in and around the airport where the Air France flight originated.
The third group within the military is the so-called "institutional" wing, professional officers who view the other two groups with contempt and who would like to see the armed forces restricted to a non-partisan, institutional role. It is impossible to judge how large this group is, since it (obviously) operates in the shadows. But the military analysts I consulted with insist it exists, and its size is not negligible.
It is difficult to overstate the involvement of the armed forces in all aspects of Venezuela's life. The Maduro administration continues to stack the top echelons of government with military figures. The president has also made it a point to regularly visit military garrisons, offering members of the armed forces all sorts of goodies, from a special Armed Forces Bank to a military TV channel. As his public acts in garrisons increase in frequency, it is not far-fetched to conclude that Maduro is nervously watching his military flank.
A severe economic downturn would hurt the military's pockets. A budget crunch could force the government to cut back on the lucrativearms deals enabled by the oil boom. An end to subsidies may put an end to the burgeoning black market. And there is now talk in Caracas about ending the nation's unaffordable gasoline subsidy, which the military thrives on.
How the military will respond to all this remains a mystery. Maduro may be able to navigate an economic downturn as long as the generals remain well-disposed, leaving him with some room to maneuver. Perhaps the loyalty of the armed forces to the chavista project is deeper than most suspect.
Or perhaps the economic crisis is the trigger that a segment of the armed forces could use as justification to act. When the armed forces have been so politicized and allowed to become corrupt, there is little institutional restraint to prevent a coup attempt. Judging by historical precedent, however, it seems as though an economic crisis would not, on its own, trigger them to act. An additional ingredient -- perhaps a deeper political crisis, or even an act of political violence -- would be necessary.
Regardless, it would be a tragedy were the Venezuelan story to take such a turn.
What, then, should we expect from Venezuela in 2014? With a relatively secure government, and with absolute control of the media and the institutions, it would seem as though Maduro's position is solid. As I have argued, this hides deep risks.
The key variable to watch is the price of oil. With oil selling at $100 a barrel, the Venezuelan government is barely making ends meet, yet it can continue to muddle along at this rate. Yes, inflation and the subsequent loss of purchasing power will continue unabated, but it could be years before Venezuelans begin blaming the government for it. If the price of oil surges, the government will find its economic model is affordable once again.
However, if the price of oil were to dip below, say, $80 a barrel for a prolonged period, Venezuelans will find their purchasing power severely diminished, forcing the government to change its model. Whether it can do so and avoid corresponding political turmoil remains to be seen. While other authoritarian governments (such as Zimbabwe and Cuba) have navigated deep economic crises, the Venezuelan opposition seems better positioned to reap the benefits of public discontent than its counterparts in those two countries.
As mentioned before, the bond markets now consider Venezuela to be the riskiest of all emerging markets, with premiums that surpass Greece or Argentina. A revolution where the key players hold all the cards but is still in desperate need of foreign financing, where the economy and the viability of the political system depend on the volatile price of a single commodity, is not a safe bet. The markets know this, and that is why, in spite of Maduro's grip on power, they don't solid. They know that, if oil prices take a prolonged dip, all bets are off on Venezuela's stability. In short, Venezuela's glass revolution is more vulnerable than it appears.

Mais um quadrilheiro para o calabouco da Papuda (que parece mais colonia de ferias...)

Barbosa nega recurso e determina prisão de João Paulo Cunha

Decisão vale para as penas de corrupção e peculato, que somam seis anos e quatro meses, e para as quais não cabe mais recurso; parlamentar deve se apresentar nesta terça

06 de janeiro de 2014 | 18h 39

Erich Decat, da Agência Estado
Atualizado às 19h10
Deputado criticou julgamento do Supremo durante evento do PT no ano passado - Ed Ferreira/Estadão
Ed Ferreira/Estadão
Deputado criticou julgamento do Supremo durante evento do PT no ano passado
BRASÍLIA – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, rejeitou os recursos apresentados pelo deputado João Paulo Cunha (PT-SP) no processo do mensalão. Com a medida, publicada nesta segunda-feira, fica autorizada a prisão do deputado que pode acontecer a qualquer momento após a publicação de uma carta sentença. O deputado se encontra em Brasília e, segundo sua assessoria, deve se apresentar à Polícia Federal nesta terça-feira ao meio-dia.
A decisão vale para as penas de corrupção e peculato, que somam seis anos e quatro meses, e para as quais não cabe mais recurso. A condenação a três anos de reclusão pelo crime de lavagem de dinheiro ainda não transitou em julgado.
No inicio do dezembro de 2013, a defesa do deputado apresentou embargos infringentes referentes à condenação dos crimes de corrupção passiva e peculato relativo à contratação da empresa SMP&B. A corte deverá fazer uma nova análise nos próximos meses sobre o caso.
Na decisão, Joaquim Barbosa lembra que a Corte já assentou entendimento de que os embargos infringentes apresentados pelo petista só poderiam ser admitido se ele tivesse recebido ao menos quatro votos a seu favor durante o julgamento no plenário do Supremo. Nos crimes que recorreu Cunha recebeu apenas o voto de dois integrantes do STF. Para Barbosa, a apresentação dos embargos por parte da defesa do deputado "são manifestamente incabíveis e protelatórios".
"Determino, como consequência, a imediata certificação do trânsito em julgado quanto a essas condenações e o início da execução do acórdão condenatório (artigo 21, II c/c artigo 341, ambos do RISTF, combinado com o artigo 105 da LEP), conforme decidido na 11ª QO na AP 470. Publique-se e Intime-se. Cumpra-se imediatamente, independentemente de publicação", diz Barbosa no trecho final do documento.

As exportacoes ja foram para o brejo; a industria vai atras? - Rolf Kuntz

Apenas uma observação a este editorial econômico do sempre competente Rolf Kuntz: sequer a retroversão do Mercosul a uma simples zona de livre comércio, em lugar da união aduaneira surrealista e esquizofrênica que ele é hoje, resolveria os problemas do Brasil, pois o protecionismo argentino, suas arbitrariedades e ilegalidades em matéria de comércio continuariam a afetar o Brasil, que estaria apenas "liberto" para negociar acordos de livre comércio com terceiras partes, mas continuaria enfrentando os problemas internamente ao Mercosul.
Eu coloquei "liberto" entre aspas porque justamente a mentalidade dos companheiros é fechada, protecionista, mercantilista, e o que mais caracteriza o Brasil atualmente não é só a desindustrialização e a falta de competitividade, é o atraso mental de seus dirigentes...
Paulo Roberto de Almeida 

ROLF KUNTZ
O Estado de S.Paulo, 6/01/2014

O pior saldo comercial em 13 anos ─ o pitoresco e discutível superávit de US$ 2,56 bilhões ─ está longe de ser um desastre isolado. Os números da balança retratam com precisão a crise brasileira: uma indústria com enorme dificuldade para competir, o descompasso entre consumo e produção, a política econômica feita de remendos e improvisações e a dependência cada vez maior de uns poucos setores ainda eficientes, com destaque para o agronegócio e a mineração. O menos importante, nesta altura, é apontar a exportação fictícia de plataformas de petróleo, no valor de US$ 7,74 bilhões, como evidente maquiagem dos números. Muito mais instrutivos, nesta altura, são outros detalhes. Uma dissecção da balança comercial, mesmo sumária, dá uma boa ideia dos estragos acumulados na economia em dez anos, especialmente nos últimos seis ou sete.

Sem os US$ 7,74 bilhões das plataformas, a exportação de manufaturados fica reduzida a US$ 85,35 bilhões. Para igualar as condições convém fazer a mesma operação com os números de 2012. Eliminada a plataforma de US$ 1,46 bilhão, a receita desse conjunto cai para US$ 89,25 bilhões. Sem essa depuração, o valor dos manufaturados cresceu 1,81% de um ano para o outro, pela média dos dias úteis. Com a depuração, o movimento entre os dois anos é uma assustadora queda de 5,13%.
Alguns dos itens com recuo de vendas de um ano para o outro: óleos combustíveis, aviões, autopeças, veículos de carga, motores e partes para veículos e motores e geradores elétricos. No caso dos aviões, a redução de US$ 4,75 bilhões para US$ 3,83 bilhões pode estar relacionada com oscilações normais no ritmo das encomendas e da produção. Mas o cenário geral da indústria é muito ruim. No caso dos semimanufaturados, a diminuição, também calculada pela média dos dias úteis, chegou a 8,3%.
Não há como atribuir esse resultado à crise internacional, até porque várias economias desenvolvidas, a começar pela americana, avançaram na recuperação, Para a América Latina e o Caribe, grandes compradores de manufaturados brasileiros, as vendas totais aumentaram 5,6%. Mesmo para a Argentina as exportações cresceram 8,1%, apesar do protecionismo.
O problema no comércio com os mercados desenvolvidos está associado principalmente ao baixo poder de competição da indústria, ou da sua maior parte, e às melhores condições de acesso de produtores de outros países. Mas essa é uma questão política. O governo brasileiro rejeitou em 2003 um acordo interamericano com participação dos Estados Unidos. Com isso deixou espaço a vários países concorrentes. No caso da União Europeia, o grande problema tem sido o governo argentino. É o principal entrave à conclusão do acordo comercial em negociação desde os anos 1990.
O Mercosul, promissor na fase inicial, tornou-se um trambolho com a conversão prematura em união aduaneira. Os quatro sócios originais nunca chegaram sequer a implantar uma eficiente zona de livre-comércio. Mas foram adiante, assumiram o compromisso mal planejado da Tarifa Externa Comum e aceitaram as limitações daí decorrentes. Nenhum deles pode, sozinho, concluir acordos ambiciosos de liberalização comercial com parceiros estranhos ao bloco.
De vez em quando alguém sugere, no Brasil, o abandono da união aduaneira e o retorno à condição de livre-comércio. Poderia ser um recomeço muito saudável, mas o governo brasileiro nem admite a discussão da ideia. A fantasia de uma liderança regional ─ obviamente associada ao terceiro-mundismo em vigor a partir de 2003 ─ tem sido um entrave ainda mais danoso que as amarras da fracassada união aduaneira.
Em 2013 o pior efeito da crise global, para o Brasil, foi a redução dos preços de commodities. Apesar disso, o comércio do agronegócio foi muito bem. Até novembro, o setor exportou US$ 93,58 bilhões de matérias-primas e produtos elaborados e acumulou um superávit de US$ 77,88 bilhões. O saldo final deve ter superado US$ 80 bilhões, valor anulado com muita folga pelo déficit da maior parte da indústria.
Em dezembro, só as vendas de milho em grão, carnes bovina e de frango, farelo e óleo de soja, café em grão, açúcar em bruto e celulose renderam US$ 3,87 bilhões. O quadro especial do setor, com valores discriminados e reorganizados, aparecerá, como sempre, no site do Ministério da Agricultura. Os números serão os do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mas a arrumação seguirá um critério diferenciado.
No caso do agronegócio, o poder de competição reflete os ganhos de produtividade acumulados em três décadas, além da manutenção, nos últimos anos, de um razoável volume de investimentos setoriais, como as compras de caminhões e máquinas em 2013. A eficiência tem sido suficiente para compensar, mas só em parte, as desvantagens logísticas.
Quando um setor respeitado internacionalmente mal consegue embarcar seus produtos, é quase uma piada insistir na conversa do câmbio como grande problema da economia nacional. Mas a piada convém a um governo com graves dificuldades para formular e executar uma política de investimentos públicos e privados.

Ainda no capítulo do humor, um lembrete sobre as exportações fictícias de plataformas: o expediente foi realmente criado em 1999 para proporcionar benefícios fiscais à atividade petrolífera. Até o ministro da Fazenda, Guido Mantega, citou esse fato em entrevista. Mas essas operações nunca foram usadas tão amplamente quanto no último ano. Em 2012, esse item rendeu US$ 1,46 bilhão à contabilidade comercial. Em 2013, US$ 7,76 bilhões, com aumento de 426,4% pela média diária. Apareceu no topo da lista de manufaturados, acima de automóveis, aviões e autopeças. Mas nem isso disfarçou os problemas de uma indústria enfraquecida por anos de incompetência e irresponsabilidade na política econômica.