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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 4 de junho de 2014

O lobista no wikileaks: exigencias bisonhas...

O historiador Marco Antonio Villa disse que o governo acabou. Metaforicamente é verdade. Na prática, ainda vai dar certo trabalho até acabar oficialmente. E muitas preocupações bisonhas, como ele reflete neste trecho de seu artigo de ontem no Globo:

"... o sentimento popular de enfado, de cansaço, também o atingiu. O encanto está sendo quebrado, tanto no Brasil como no exterior. Hoje suas viagens internacionais não têm mais o apelo do período presidencial. Viaja como lobista utilizando descaradamente a estrutura governamental e intermediando negócios nebulosos à custa do Erário."

( Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/o-governo-acabou-12697090#ixzz33gBxTa3V )



Tal acusação de utilização da estrutura governamental para seus fins de lobista é indiretamente confirmada por um wikileak da instituição que assegura a representação externa do Brasil: 


Em um dos supostos documentos secretos, há uma lista das preferências e pedidos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em suas viagens internacionais. Entre eles, estão 12 copos de whisky, taças de vinho e até cinzeiros no banheiro. Essas mensagens são parte do rol de documentos hackeados do sistema de comunicação do Ministério das Relações Exteriores na semana passada.
(,…)
No documento “orientação sobre hospedagem”, o Itamaraty lista os equipamentos para uma viagem internacional do ex-presidente Lula. Além de copos de uísque e taças de vinho, previa a presença de um barbeiro, de uma manicure e um massagista. Os cinzeiros também não poderiam faltar no quarto do hotel. A equipe tinha cuidado em manter a forma do presidente e solicitava sorvete e gelatina dietéticos.
(O Globo, 2/06/2014)



sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Instituto Megalomaniaco: seria o comeco do desmantelamento do GuiaGenial dos Povos?

Fausto Macedo
O Estado de S.Paulo, 17/01/2014

O Ministério Público do Estado ingressou judicialmente nesta sexta feira, 17, com ação civil pública contra a Prefeitura e o Instituto Lula por causa da área cedida à entidade no centro de São Paulo. Através da lei municipal 15.573, de 31 de maio de 2012 (gestão Gilberto Kassab), o Município de São Paulo foi autorizado a ceder ao Instituto Lula, mediante concessão administrativa, independentemente de concorrência, pelo prazo de 99 anos, o uso de áreas situadas na Rua dos Protestantes, Centro, para a instalação de Memorial.

Para a Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social, braço do Ministério Público, “o procedimento dos réus de facultar a divulgação de acervo de apenas um ex-presidente (Lula) sem lei municipal de incentivo a acervo presidencial constitui ferimento aos princípios da legalidade, igualdade e da democracia e aos princípios da administração pública da impessoalidade, publicidade, moralidade, eficiência previstos no artigo 37 da Constituição Federal”.
A ação civil é subscrita pelos promotores Valter Foleto Santin e Nelson Luís Sampaio de Andrade. “A situação se enquadra como verdadeira doação indevida de recursos públicos ou de imóvel público (mesmo temporariamente, mas por longos 99 anos) à entidade privada, beneficiada totalmente pelo lucro político e pessoal de espaço público para promoção pessoal do seu homenageado especial (Lula).”
“Não há interesse público devidamente justificado em cessão de imóvel para instalação de Memorial do ex-presidente Lula em momento de escassez de recursos e de terrenos públicos, longe do interesse do povo de melhoria da sua qualidade de vida e efetivação dos direitos sociais”, assinalam os promotores.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O arquipelago de fantasia da republiqueta dos companheiros: 800 aeroportos, depois 270, depois... nada - Editorial Estadao

Uma só ilha da fantasia não basta para a megalomania demagógica, irresponsável e mentirosa dos companheiros, pois eles não se contentam e mentir e fantasiar pouco. Não, tudo é em grande escala, sobretudo as invenções, as fantasias, as mentiras e a corrupção. Se trata, portanto, de um arquipélago inteiro de fantasias totalmente em descompasso com a realidade mais comezinha, como se encarrega de relembrar este editorial do venerável jornalão reacionário do Partido da Imprensa Golpista (mais uma mentira, ou uma invenção dos companheiros, que não têm vergonha de transformar a realidade em obra de pura ficção).
Paulo Roberto de Almeida

Editorial O Estao de S.Paulo, 6/01/2014

Numa bravata para impressionar investidores menos avisados, a presidente Dilma Rousseff, ao falar a uma plateia de empresários no seminário Brasil-França, Oportunidades de Investimento, realizado em Paris em dezembro de 2012, afirmou que pretendia construir 800 aeroportos regionais no país. Caindo das nuvens, a presidente não demorou a baixar o número para 270 aeroportos, que seriam construídos, reformados e modernizados, de acordo com um plano orçado em R$ 7,3 bilhões. O plano desafiava o bom senso, mas, mesmo assim, uma medida provisória (MP) foi enviada ao Congresso Nacional, convertida em lei em junho de 2013, prometendo revolucionar a aviação regional. Findo o ano, nenhum dos projetos de aviação regional saiu do papel. Todos ficaram para 2014, prometendo a Secretaria de Aviação Civil (SAC) que os primeiros editais serão publicados ainda no primeiro semestre ─ acredite quem quiser!

A SAC nem mesmo identificou as necessidades de investimentos dos campos de aviação planejados, e mais de 60% deles não recebem voos regulares. Para adaptá-los a voos comerciais, são necessários levantamentos aerofotogramétricos locais, análise de impacto ambiental e ─ só depois dessas etapas ─ a elaboração dos projetos de engenharia. O custo disso é estimado em R$ 292 milhões.
A SAC justifica-se dizendo que seis meses foram de trabalho no Congresso até a aprovação da MP. Concluída essa etapa, a Secretaria contratou o Banco do Brasil (BB) como gestor financeiro. O BB dividiu os 270 aeroportos em quatro lotes e abriu 25 licitações para a contratação de empresas para execução de projetos de engenharia.
Até o momento, 16 contratos foram assinados, não alcançando 6% do total. E não se sabe quando os estudos serão concluídos, dada a complexidade das questões técnicas e das negociações com Estados e municípios, que administram a maioria (229) dos aeroportos a serem adaptados. Sob a administração da Infraero são apenas 29. Nos 12 municípios restantes, não existe ao menos uma pista para aviões em condições de segurança, tendo tudo de começar praticamente do zero.
Os estudos técnicos e todo o planejamento, até agora, têm sido “um trabalho extenuante de bastidores”, como afirma Paulo De Lanna Barroso, assessor do ministro Moreira Franco. O problema é que os atrasos se refletem nas condições cada vez mais precárias em que se encontram os aeroportos do interior já servidos por companhias aéreas e que têm experimentado um “boom”, tanto no número de passageiros transportados como no volume de operações.
Levantamento do Estadão Dados mostrou que, nos últimos 12 anos, dos 21 aeroportos de médio e de grande portes que mais registraram aumento do número de conexões, nenhum está localizado em capital de Estado. Segundo a própria Anac, as empresas aéreas têm aumentado o uso de tais aeroportos para diminuir o afluxo de passageiros aos grandes centros e consequentes atrasos nas principais rotas aéreas do país.
Esses aeroportos já muito movimentados exigem investimentos urgentes e para eles não seria necessária a concessão de subsídios como o governo cogita em fazer para estimular o uso de campos de aviação que hoje só funcionam para atender à demanda de aviões executivos. Do lado das companhias aéreas, a melhoria dos aeroportos é condição necessária para elevar a oferta de voos para o interior, mas não suficiente, como disse Adalberto Febeliano, consultor da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear). É preciso, é claro, que exista demanda regular, como já se verifica em cidades em que empresas têm realizado investimentos de vulto ou naquelas ligadas à exploração de petróleo e gás.

Contudo, não se tem notícia de que a SAC tenha estabelecido uma escala de prioridades para tocar um programa tão vasto e com tantas particularidades. O programa dos 270 aeroportos do interior hoje não passa de uma enrascada a mais em que se meteu o governo.