O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Nunca antes na historia da humanidade, tamanha massa de gente deslocou-se no espaco... (Ano Novo Lular da China)

 

World’s Biggest Annual Human Migration Begins in China

China Daily/Reuters
With a military-style precision that framed something very human and messy, the world’s biggest annual human migration – the Chinese Lunar New Year festival, known as Spring Festival – officially got under way in the first second of Thursday, Jan. 16, and will last 40 days, Chinese officials said.
Demonstrating a deeply felt need among hundreds of millions of people working away from home to return for the most important festival of the year, a good portion of China’s 1.35 billion people are expected to make over 3.6 billion journeys – by plane, train, automobile, bus, motorized tricycle and probably a few donkey rides.
The sentiment of “get home at any cost” is summed up by a catchy saying: “Rich or Poor, Home for New Year” (有钱没钱, 回家过年) and the enormous human activity needed to make that happen is called the “Spring Transport” (春运)。
That movement of people strains the country’s transportation system, with tickets hard to buy, controversies over ticket sale systems, black-marketeering by “yellow oxen” (as the marketeers are called), trains packed like sardine tins and fights over boarding, lines and seats. But the end goal – celebrating with family – is considered worth it. This year, New Year’s Day is Jan. 31, beginning the Year of the Horse.
At a news conference in Beijing on Tuesday, Lian Weiliang, a deputy chairman of the National Development and Reform Commission, the central economic agency, said the figure of 3.623 billion expected trips was an increase of 200 million over last year.
Special attention is on the railway system this year, experiencing its first rush since its reorganization from a separate government ministry to a state-owned corporation in March 2013.
China Railway Corporation’s deputy general manager, Hu Yadong, said the corporation expected people to make 258 million rail journeys in the New Year period, China News Service reported, up 7.9 percent over last year.
The railways have been under intense scrutiny since the former railways minister, Liu Zhijun, was dismissed in 2011 on suspicion of corruption. Last July, Mr. Liu was arrested, tried and sentenced to death with a two-year reprieve (meaning he is unlikely to be executed) for bribery and abuse of power. He had overseen a rapid expansion of the rail system. By 2015, China will have 120,000 kilometers of railways, about one-tenth of that devoted to high-speed trains, officials have said.
As for rail prices? They may not be raised to take advantage of people’s urgency to get home, Mr. Lian of the National Development and Reform Commission said, outlining a “Three No’s and One Investigate Policy,” meaning no deviating from state-set prices and investigations for any such deviations.
The National Railway Corporation has debt of 2.9 trillion renminbi ($510 billion), according to Chinese media reports citing a national audit conducted last year. Debt in the railway sector was highlighted when Bai Zhongren, the president of China Railway Group, the major railways construction company,reportedly killed himself by jumping from a high building on Jan. 4, according to www.cb.com.cn, a Web site run by the Chinese Academy of Social Sciences. The report cited unnamed sources as saying that Mr. Bai had been depressed and that the company was struggling to pay wages to its nearly 288,000 workers. It was the second suicide of a high-ranking railways official since Mr. Liu’s downfall, it wrote. The company has capital of 626.5 billion renminbi ($103 billion) and debts of 531.9 billion renminbi, it wrote.
None of that is likely to be uppermost in the minds of ordinary Chinese heading home for the holiday. They will probably be more interested in things like this: From Jan. 31 through Feb. 6, road tolls for “small passenger vehicles” will be suspended, China News Service reported.

Esquadrilha da fumaca em Davos? Estrategia de marketing - Celso Ming

Efeitos especiais

Celso Ming - O Estado de S.Paulo, 15/01/2014

Faz parte da filosofia voluntarista deste governo o entendimento de que, na falta de soluções, se deve chamar o marqueteiro.
Durante meses, a presidente Dilma se encarregou de tentar virar o jogo com discursos repetitivos e de mobilizar seus ministros a fazer a mesma coisa: o IBGE soltou números decepcionantes? Mobilize-se o Guido Mantega e o Alexandre Tombini. O mercado foi tomado por certa apatia em relação aos leilões de concessão? Acione-se a ministra Gleisi Hoffmann.
Agora, uma alentada comitiva oficial, com a presidente Dilma na comissão de frente, foi escalada para comparecer à conferência anual do Fórum Econômico Internacional de Davos, na Suíça, agendada para os dias 22 a 25. Sua missão é fazer a cabeça das autoridades e dos analistas internacionais a respeito das excelências da economia brasileira.
A presidente Dilma está completando seu quarto ano de governo e, até o momento, julgou ser dispensável sua presença no encontro anual de Davos, que reúne durante quase uma semana as mais renomadas autoridades de governo e os capitães globais de negócios.
No ano passado, o então chanceler do Brasil Antonio Patriota tentou justificar a ausência da presidente com a afirmação de que "a Davos só vai quem procura promoção pessoal". Agora vão ela mais a equipe econômica inteira. O embaixador Patriota não terá de dar explicações adicionais porque foi removido para outro posto.
O risco que corre o governo brasileiro é de vender fumaça com acompanhamento de orquestra. Se a suposta ofensiva internacional de marketing for feita sem substância a oferecer, o resultado pode ser um desastre, como aconteceu em 1994, semanas antes do estouro do Efeito Tequila que prostrou a economia do México. A iniciativa marqueteira das autoridades mexicanas ficou então imediatamente desmoralizada por falta de respostas convincentes aos maus resultados da economia.
Desta vez, a presidente Dilma talvez pretenda aproveitar a oportunidade para pregar um choque de capitalismo e, nessas condições, resgatar seu governo e sua política econômica do atual déficit de confiança.
O problema é que essas ofensivas precisam ser acompanhadas de ação. Meras exibições de planilhas animadas e coloridas em Power Point, sem indicação de mudanças radicais na administração das despesas públicas e sem correção das atuais distorções, tendem a ampliar a frustração e a aumentar a propensão das agências de classificação de risco a rebaixar a qualidade dos títulos de dívida do Brasil. Se isso de fato acontecer, tudo tenderá a piorar.
Em 2002, o então candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, não precisou de efeitos especiais para virar a onda de pessimismo que tomara conta da opinião pública. Simplesmente, mandou divulgar a Carta ao Povo Brasileiro, em que se comprometeu, sem margem a dúvidas, a cumprir um programa confiável de administração das contas públicas e a puxar os juros básicos até onde fosse necessário para controlar a inflação.

China: novo patamar na capacitacao militar ofensiva (NYT)

China: Success Claimed in Test of Weapons-Delivery System



The New York Times, January 15, 2014


China’s Defense Ministry said that it had successfully tested a glider that can travel many times the speed of sound, following a report in the online Washington Free Beacon. Such systems, lobbed high into the atmosphere and then guided down to a distant target, can be used to carry conventional or nuclear weapons past missile defense systems, which are designed to intercept slower missiles at lower altitudes or intercontinental ballistic missiles in space. The ministry said the system was not aimed at any specific country and gave no indication of whether China would deploy armed gliders.

A version of this brief appears in print on January 16, 2014, on page A8 of the New York edition with the headline: China: Success Claimed in Test Of Weapons-Delivery System.

Os erros de politica economica do governo companheiro: o desmantalamento da industria - Editorial Estadao

O rombo da indústria

15 de janeiro de 2014 | 2h 06
Editorial O Estado de S.Paulo
Com um buraco de US$ 105 bilhões na conta de manufaturados, o comércio exterior foi mais uma vez desastroso para a indústria brasileira, em 2013. Atribuir o mau resultado à crise internacional e ao câmbio, como têm feito autoridades federais, é tentar disfarçar o indisfarçável. Mesmo com o ambiente externo desfavorável e a queda de preços de vários produtos, o agronegócio faturou US$ 99,97 bilhões no ano passado, 4,3% mais que em 2012, e fechou o balanço com um superávit acumulado de US$ 82,91 bilhões, 4,4% maior que o do período anterior. Uma palavra explica a diferença entre os dois desempenhos: competitividade. Apesar dos problemas logísticos e de uma porção de outras dificuldades, o campo e a indústria diretamente ligada à agropecuária têm mantido um padrão de eficiência respeitado internacionalmente. A maior parte do setor manufatureiro tem sido muito mais afetada pelos entraves à produção e à comercialização - a própria logística, o alto custo da energia, a escassez de mão de obra qualificada e até qualificável, a tributação irracional e, naturalmente, os erros da política econômica.
A indústria exportou em 2013 manufaturados no valor de US$ 93,09 bilhões, valor 1,8% maior que o de 2012, pela média dos dias úteis. Mas esse resultado inclui US$ 7,74 bilhões obtidos com a exportação meramente contábil de sete plataformas de exploração de petróleo e gás. Sem sair do País, esses equipamentos foram vendidos para a obtenção de benefícios fiscais e alugados para uso no Brasil.
São operações legais, permitidas há mais de dez anos, mas seu volume e seu valor têm crescido a ponto de se tornarem essas plataformas o item principal da pauta de manufaturados. Isso obviamente distorce os números, porque exportação de plataformas significa, de fato, algo muito diferente de exportação de soja, café, aviões, automóveis, peças, tratores, biquínis, açúcar e minério.
Expurgadas as contas do ano passado e de 2012, as vendas de manufaturados de fato encolhem, passando de US$ 89,25 bilhões para US$ 85,35 bilhões. Com esse desconto, o déficit do setor sobe de US$ 105 bilhões para US$ 112,75 bilhões. Não se trata de um déficit qualquer, facilmente assimilável e causado por algum fator conjuntural. O quadro fica mais feio quando a atenção se volta para um detalhe. Não se trata somente de importação maior que exportação. O próprio déficit, o resultado da subtração, é muito maior que o valor exportado, seja o oficial (US$ 93,09 bilhões) ou o expurgado (US$ 85,35 bilhões).
Com ou sem plataformas, pode-se falar de uma desindustrialização das exportações brasileiras. As vendas de manufaturados garantiram mais de 50% da receita comercial durante os anos 90 e em boa parte da última década. Em 2007 ainda proporcionaram 52,25% do valor vendido ao exterior. No ano seguinte a proporção caiu para 46,82%. A queda prosseguiu nos anos seguintes, até 38,4% em 2013. Somada a parcela dos semimanufaturados, obtém-se a participação total dos industrializados, 51% do total vendido ao exterior. Em 2007, a soma dos dois itens ainda rendeu 65,82%, praticamente dois terços da receita comercial.
O mau desempenho comercial do setor de transformação tem como contrapartida o baixo crescimento do produto industrial nos últimos anos. Os dois fenômenos estão associados. Por um evidente erro de diagnóstico, o governo vem estimulando há anos a demanda de consumo, sem remover de fato os muitos entraves à produção.
A indústria tem sido incapaz de responder à demanda crescente e de enfrentar a concorrência estrangeira, no exterior e no mercado interno. Apesar disso, as empresas do setor conseguiram durante anos manter o pessoal. Evitaram os altos custos de demissão e os problemas de recomposição de quadros num mercado de mão de obra de baixa qualidade. Esse esforço parece ter chegado ao limite. O emprego na indústria ficou estável em novembro, em nível 1,7% inferior ao de um ano antes, e diminuiu 1,1% em 12 meses. Cada vez mais, a sustentação do emprego tem dependido de vagas em atividades pouco produtivas, principalmente em serviços. Um Bric digno desse nome tem de fazer muito mais.

O desmantelamento da cultura classica na academia - Heather Mac Donald (The Journal)

Eu me refiro à academia americana -- cujas faculdades de humanidades estão, desde muito tempo, dominadas pela praga do politicamente correto -- já que a cultura clássica nas academias brasileiras, se existiu em algum momento em algum canto perdido do Brasilzão inzoneiro, há muito deixo de existir, sob os golpes do novo pensamento único que é um equivalente do politicamente correto, mas no nosso caso muito mais deformado e  enviesado.
Paulo Roberto de Almeida

Urbanities

HEATHER MAC DONALD
The Humanities and Us
Don’t listen to today’s narcissistic academics—the West’s cultural inheritance is indispensable.
The Journal, Winter 2014

In 2011, the University of California at Los Angeles decimated its English major. Such a development may seem insignificant, compared with, say, the federal takeover of health care. It is not. What happened at UCLA is part of a momentous shift in our culture that bears on our relationship to the past—and to civilization itself.
Until 2011, students majoring in English at UCLA had to take one course in Chaucer, two in Shakespeare, and one in Milton—the cornerstones of English literature. Following a revolt of the junior faculty, however, during which it was announced that Shakespeare was part of the “Empire,” UCLA junked these individual author requirements and replaced them with a mandate that all English majors take a total of three courses in the following four areas: Gender, Race, Ethnicity, Disability, and Sexuality Studies; Imperial, Transnational, and Postcolonial Studies; genre studies, interdisciplinary studies, and critical theory; or creative writing. In other words, the UCLA faculty was now officially indifferent as to whether an English major had ever read a word of Chaucer, Milton, or Shakespeare, but was determined to expose students, according to the course catalog, to “alternative rubrics of gender, sexuality, race, and class.”
Such defenestrations have happened elsewhere, of course, and long before 2011. But the UCLA coup was particularly significant because the school’s English department was one of the last champions of the historically informed study of great literature, uncorrupted by an ideological overlay. Precisely for that reason, it was the most popular English major in the country, enrolling a whopping 1,400 undergraduates.
Let’s compare what the UCLA student has lost and what he has gained. Here’s Oberon addressing Puck in A Midsummer Night’s Dream:
Once I sat upon a promontory
And heard a mermaid on a dolphin’s back
Uttering such dulcet and harmonious breath
That the rude sea grew civil at her song
And certain stars shot madly from their spheres
To hear the seamaid’s music
To which UCLA’s junior English faculty respond: Ho-hum. Here’s the description of a University of California postcolonial studies research grant: The “theoretical, temporal, and spatial intersections of postcoloniality and postsocialism will arrive at a novel approach to race, gender, and sexuality in present-day geopolitics.” To which UCLA’s junior English faculty respond: That’s more like it!
Other readers and listeners have not been so obtuse in their literary judgments. Consider the response of a nineteenth-century Frenchman exposed to Shakespeare for the first time. In early 1827, a troupe of British actors arrived in Paris to perform six Shakespeare plays. The young composer Hector Berlioz was in the audience at the Théâtre de l’Odéon and, like most spectators, read along with the English language performances in a French prose translation. Berlioz later recalled the moment in his Mémoires:
Shakespeare, coming upon me unawares, struck me like a thunderbolt. The lightning flash of that sublime discovery opened before me at a stroke the whole heaven of art, illuminating it to its remotest depths. . . .
But the shock was too strong, and it was long before I recovered from it. . . . As I came out of Hamlet, shaken to the depths by the experience, I vowed not to expose myself a second time to the flame of Shakespeare’s genius.
This resolution proved fleeting:
Next day the playbills announced Romeo and Juliet.
After Denmark’s somber clouds and icy winds, to be exposed to the fiery sun and balmy nights of Italy, to witness the drama of that passion swift as thought, burning as lava, radiantly pure as an angel’s glance, . . . was more than I could bear. By the third act, scarcely able to breathe—it was as though an iron hand had gripped me by the heart—I knew that I was lost.
Berlioz’s reaction was typical. Alexandre Dumas, also in the audience, wrote that Shakespeare arrived in France with the “freshness of Adam’s first sight of Eden.” Fellow attendees Eugène Delacroix, Victor Hugo, and Théophile Gautier, along with Berlioz and Dumas, would create works inspired by those seminal evenings. The Bard’s electrifying combination of profound human insight and linguistic glory would continue catapulting across national borders to influence poets, painters, and composers the world over, as no other writer has done.
Yet the UCLA English department—like so many others—is more concerned that its students encounter race, gender, and disability studies than that they plunge headlong into the overflowing riches of actual English literature—whether Milton, Wordsworth, Thackeray, George Eliot, or dozens of other great artists closer to our own day. How is this possible? The UCLA coup represents the characteristic academic traits of our time: narcissism, an obsession with victimhood, and a relentless determination to reduce the stunning complexity of the past to the shallow categories of identity and class politics. Sitting atop an entire civilization of aesthetic wonders, the contemporary academic wants only to study oppression, preferably his own, defined reductively according to gonads and melanin. Course catalogs today babble monotonously of group identity. UCLA’s undergraduates can take courses in Women of Color in the U.S.; Women and Gender in the Caribbean; Chicana Feminism; Studies in Queer Literatures and Cultures; and Feminist and Queer Theory.
Today’s professoriate claims to be interested in “difference,” or, to use an even more up-to-date term, “alterity.” But this is a fraud. The contemporary academic seeks only to confirm his own worldview and the political imperatives of the moment in whatever he studies. The 2014 Modern Language Association conference, for example, the annual gathering of America’s literature (not social work) faculty, will address “embodiment, poverty, climate, activism, reparation, and the condition of being unequally governed . . . to expose key sites of vulnerability and assess possibilities for change.”
It was not always so. The humanist tradition was founded not on narcissism but on the all-consuming desire to engage with the genius and radical difference of the past. The fourteenth-century Florentine poet Francesco Petrarch triggered the explosion of knowledge known today as Renaissance humanism with his discovery of Livy’s monumental history of Rome and the letters of Cicero, the Roman statesman whose orations, with their crystalline Latin style, would inspire such philosophers of republicanism as John Adams and Thomas Jefferson.
Fourteenth-century Florentine poet Petrarch so loved the classical authors that he imagined conversations with them.
PRIVATE COLLECTION/KEN WELSH/THE BRIDGEMAN ART LIBRARY
Fourteenth-century Florentine poet Petrarch so loved the classical authors that he imagined conversations with them.
But Petrarch didn’t want just to read the ancients; he wanted to converse with them as well. So he penned heartfelt letters in Latin to Virgil, Seneca, Horace, and Homer, among others, informing them of the fate of their writings and of Rome itself. After rebuking Cicero for the vindictiveness revealed in his letters, Petrarch repented and wrote him again: “I fear that my last letter has offended you. . . . But I feel I know you as intimately as if I had always lived with you.”
Petrarch was hardly the only Renaissance scholar to feel so immediate a bond with the classical authors. In 1416, the Florentine clerk Poggio Bracciolini discovered the most important Roman treatise on rhetoric moldering in a monastery library outside Constance, a find of such value that a companion exclaimed: “Oh wondrous treasure, oh unexpected joy!” Bracciolini thought of himself as rescuing a still-living being. The treatise’s author, Quintillian, would have “perished shortly if we hadn’t brought him aid in the nick of time,” Bracciolini wrote to a friend in Verona. “There is not the slightest doubt that that man, so brilliant, genteel, tasteful, refined, and pleasant, could not longer have endured the squalor of that place and the cruelty of those jailors.”
This burning drive to recover a lost culture propelled the Renaissance humanists into remote castles and monasteries across Europe to search for long-forgotten manuscripts. Despite their rapport with their Greek and Roman ancestors, they were no historical naïfs. The humanists were well aware, unlike their medieval predecessors, of the chasm between their present and the classical past, as exemplified most painfully in the fallen state of medieval Latin. It was precisely to overcome the effects of time on historical sources that they developed the seminal methods of modern scholarship.
The knowledge that many ancient texts were forever lost filled these scholars with despair. Nevertheless, they exulted in their growing repossession of classical learning, for which they felt, in Emerson’s words, a canine appetite. In François Rabelais’s exuberant Gargantua stories from the 1530s, the giant Gargantua sends off his son to study in Paris, joyfully conjuring up the languages—Greek, Latin, Hebrew, Chaldean, and Arabic—that he expects him to master, as well as the vast range of history, law, natural history, and philosophy. “In short,” he concludes, “let me find you a perfect abyss of knowledge.”
Rabelais's Gargantua (overlooking Paris) exulted in the possession of classical learning.
THE GRANGER COLLECTION, NYC
Rabelais’s Gargantua (overlooking Paris) exulted in the possession of classical learning.
This constant, sophisticated dialogue between past and present would become a defining feature of Western civilization, prompting the evolution of such radical ideas as constitutional government and giving birth to arts and architecture of polyphonic complexity. And it became the primary mission of the universities to transmit knowledge of the past, as well as—eventually—to serve as seedbeds for new knowledge.
Compare the humanists’ hunger for learning with the resentment of a Columbia University undergraduate who had been required by the school’s freshman core curriculum to study Mozart. She happens to be black, but her views are widely shared, to borrow a phrase, “across gender, sexuality, race, and class.”
“Why did I have to listen in music humanities to this Mozart?” she groused in a discussion of the curriculum reported by David Denby in his book on Columbia’s core. “My problem with the core is that it upholds the premises of white supremacy and racism. It’s a racist core. Who is this Mozart, this Haydn, these superior white men? There are no women, no people of color.” These are not the idiosyncratic thoughts of one disgruntled student; they represent the dominant ideology in the humanities today. Columbia not only failed to disabuse the student of such parochialism; it is also all but certain that some of its faculty strengthened her in her close-mindedness, despite the school’s admirable commitment to its beleaguered core.
Of course, the absurd game of reducing all expression to gender or race politics is particularly ludicrous when it comes to music—but the charge of Eurocentrism is even more preposterously leveled against Mozart, who makes a Muslim pasha the only truly noble character in his opera The Abduction from the Seraglio, and whose Sarastro in The Magic Flute appeals to a universal humanity.
W. E. B. Du Bois would have been stunned to learn how narrow is the contemporary multiculturalist’s self-definition and sphere of interest. Du Bois, living during America’s darkest period of hate, nevertheless heartbreakingly affirmed in 1903 his intellectual and spiritual affinity with all of Western civilization: “I sit with Shakespeare and he winces not. Across the color line I move arm in arm with Balzac and Dumas. . . . I summon Aristotle and Aurelius and what soul I will, and they come all graciously with no scorn nor condescension.”
This Petrarchan intimacy with the past is precisely what is missing from the humanities today, and its antithesis—shallow narcissism—has now leaped out of the campus and into the arts world at large. Directors in Europe and the U.S. are dragooning poor defenseless operas to serve as mouthpieces for their own hobbyhorses. These egotistical stage directors wrench centuries-old works into the present and force them to ape the political and sexual obsessions of today’s cultural elite. Audiences can expect to see lots of nudity and kinky sex on stage, as well as cell phones, Big Macs, and snide put-downs of American capitalism. Mozart’s aristocratic seducer, Don Giovanni, is infallibly a charmless, drug-addicted lout wallowing in the detritus of consumer culture and surrounded by sluts, psychopaths, and slobs (see “The Abduction of Opera,” Summer 2007).
The official excuse for such mutilation is that a work can only be “relevant” to a modern audience if it is tricked out in modern garb and forced to speak, however incoherently, of modern concerns. As the director of the Frankfurt opera declared, no one should care what Handel wanted in his operas; what matters is “what interests us . . . what we want.”
Actually, the only thing that matters is what Handel, Mozart, and Tchaikovsky wanted. It is their artistic genius that allows us to enter worlds radically different from our own and expand our understanding of what it is to be human. The revisionist director, like the contemporary academic, detests any values, such as nobility, grandeur, or sexual decorum, that differ from his own, and will shamelessly rewrite an opera’s plot to eliminate them. But in an era of twerking and drunken hookups, there is much to be gained by experiencing, if only for a few hours, a courtly ethic where desire can be expressed by the slightest inclination of a hand or an almost imperceptible darkening of the voice.
As for the visual arts, artists learned their craft for centuries by lovingly studying and copying the masters. No more. Today’s would-be artist need only stage his own predictable politics to claim artist status, a view that has given us such current performance pieces as the publicly performed loss of anal virginity at a London art school or a video-recorded use of a cement sex toy at the San Francisco Art Institute.
Delacroix depicts Hamlet standing over Polonius's corpse.
GIANNI DAGLI ORTI/THE ART ARCHIVE AT ART RESOURCE, NY
Delacroix depicts Hamlet standing over Polonius’s corpse.
There is, in other words, much bad news today about the humanist impulse. What we rarely hear is the good news: thanks to enlightened philanthropy, the enduring lure of beauty, and, yes, market forces, the humanist impulse is thriving in many places beyond the university.
The most important classical music development of our time is a direct rebirth of the Renaissance spirit: a loose group of performers known as the “early-music” movement is determined to re-create how music from the baroque and classical eras was originally performed. Like the Renaissance scholars who realized that the classical texts that had come down to them had been corrupted by errors, these musicians believe that twentieth-century performance styles veered drastically from how baroque music was intended to be played. The results have been a revelation, releasing submerged dance rhythms and resurrecting long-forgotten composers—such as Hasse, Porpora, and Steffani—who urgently deserve to be heard again (see “Classical Music’s New Golden Age,” Summer 2010).
But even those musicians not seeking the holy grail of authentic period performance are driven by the same humanist reverence for past genius. At the 2013 Texas State International Piano Festival (that despised Red State hosts many such festivals), an 11-year-old Asian-American pianist (and violinist) proudly recounted that her first piano instructor boasted a teaching lineage stretching back to Haydn. “I was so excited to learn that. I respect Haydn somuch,” she told the NPR program From the Top, apparently untroubled by Haydn’s lamentable white-male status and thinking of him, like Petrarch of Cicero, as an almost-contemporary.
Regarding the visual arts, New Yorkers are particularly fortunate: many of New York’s museums still present the best of human creation, untainted by identity politics. At the Metropolitan Museum of Art, former director Philippe de Montebello consciously fought off pressures for trendy relevance; his successor, Thomas Campbell, has so far preserved de Montebello’s magnificent legacy. (See “The Met’s Triumphant Democratic Elitism,” Winter 2001.) The Frick’s and the Morgan’s commitment to standards and taste is almost terrifyingly superb. Even the Brooklyn Museum of Art, which has flailed of late, can still triumph: its 2013 John Singer Sargent watercolor show was the exhibit of the year, flooding the galleries with Sargent’s jewel colors, blinding light, and lush sensuality, and accompanied by a catalog of sound and empathetic scholarship.
The Brooklyn Museum recently celebrated John Singer Sargent's sublime watercolors.
SCALA/WHITE IMAGES/ART RESOURCE, NY
The Brooklyn Museum recently celebrated John Singer Sargent’s sublime watercolors.
None of this accomplishment can be taken for granted; leadership is crucial, and it can turn in an instant. New York’s music press has been baying for the Metropolitan Opera to give over the house completely to revisionist opera directing. Yet New York audiences, unlike those in Europe, can still see productions that take the composer’s intention as their lodestar, however much such fidelity enrages the commentariat.
The demand side for the humanities is also robust. The Great Courses Company has been making a nice profit selling recorded lectures on such topics as Virgil’sAeneid, the Enlightenment, and the Civil War to adults who rightly feel shortchanged by their college education (see “Great Courses, Great Profits,” Summer 2011). Publishing has capitalized on this thirst for knowledge as well. The success of Myron Magnet’s wonderful new book, The Founders at Home, like that of other recent serious studies aimed at a broad readership, proves that the public’s appetite for urbane explorations of American history is boundless.
Yet though the humanist spirit is chugging along nicely outside the university, the university remains its natural home, from which it should not be in exile. We have bestowed on the faculty the best job in the world: freed from the pressures of economic competition, professors are actually paid to spend their days wandering among the most sublime creations of mankind. All we ask of them in return is that they sell their wares to ignorant undergraduates. Every fall, insistent voices should rise from the faculty lounges and academic departments saying: here is greatness, and this is your best opportunity to absorb it. Here is Aeschylus, whose hypnotic choruses bear witness to dark forces more unsettling than you can yet fathom. Here is Mark Twain, Hapsburg Vienna, and the Saint Matthew Passion. Here is the drama of Western civilization, out of whose constantly battling ideas there emerged unprecedented individual freedom and unimagined scientific progress.
Instead, the professoriate is tongue-tied when it comes to promoting the wonders of its patrimony. These privileged cowards can’t even summon the guts to prescribe the course work that every student must complete in order to be considered educated. Need it be said? Students don’t know anything. That’s why they’re in college, and they certainly don’t know enough to select courses that will give them the rudiments of culture. The transcripts that result from the professoriate’s abdication of its intellectual responsibility are not a pretty sight, featuring as many movie and video courses as a student can stuff into each semester.
When the academy is forced to explain the value of the humanities, the language that it uses is pathetically insipid. You may have heard the defense du jour, tossed out en route to the next gender studies conference. The humanities, we are told, teach “critical thinking.” Is this a joke? These are the same people who write sentences like this: “Total presence breaks on the univocal predication of the exterior absolute the absolute existent (of that of which it is not possible to univocally predicate an outside, while the equivocal predication of the outside of the absolute exterior is possible of that of which the reality so predicated is not the reality. . . . of the self).”And we’re supposed to believe that they can think? Moreover, the sciences provide critical thinking skills as well—far more rigorous ones, in fact, than the hackneyed deconstructions of advertising that the left-wing academy usually means by critical thinking.
It is no wonder, then, that we have been hearing of late that the humanities are in crisis. A recent Harvard report, cochaired by the school’s premier postcolonial studies theorist, Homi Bhabha, lamented that 57 percent of incoming Harvard students who initially declare interest in a humanities major eventually change concentrations. Why may that be? Imagine an intending lit major who is assigned something by Professor Bhabha: “If the problematic Ωclosure≈ of textuality questions the totalization of national culture. . . .” How soon before that student concludes that a psychology major is more up his alley?
No, the only true justification for the humanities is that they provide the thing that Faust sold his soul for: knowledge. It is knowledge of a particular kind, concerning what men have done and created over the ages. The American Founders drew on an astonishingly wide range of historical sources and an appropriately jaundiced view of human nature to craft the world’s most stable and free republic. They invoked lessons learned from the Greek city-states, the Carolingian Dynasty, and the Ottoman Empire in the Constitution’s defense. And they assumed that the new nation’s citizens would themselves be versed in history and political philosophy. Indeed, a closer knowledge among the electorate of Hobbes and the fragility of social order might have prevented the more brazen social experiments that we’ve undergone in recent years. Ignorance of the intellectual trajectory that led to the rule of law and the West’s astounding prosperity puts those achievements at risk.
But humanistic learning is also an end in itself. It is simply better to have escaped one’s narrow, petty self and entered minds far more subtle and vast than one’s own than never to have done so. The Renaissance philosopher Marsilio Ficino said that a man lives as many millennia as are embraced by his knowledge of history. One could add: a man lives as many different lives as are embraced by his encounters with literature, music, and all the humanities and arts. These forms of expression allow us to see and feel things that we would otherwise never experience—society on a nineteenth-century Russian feudal estate, for example, or the perfect crystalline brooks and mossy shades of pastoral poetry, or the exquisite languor of a Chopin nocturne.
Ultimately, humanistic study is the loving duty we owe those artists and thinkers whose works so transform us. It keeps them alive, as well as us, as Petrarch and Poggio Bracciolini understood. The academic narcissist, insensate to beauty and nobility, knows none of this.
And as politics in Washington and elsewhere grows increasingly unmoored from reality, humanist wisdom provides us with one final consolation: there is no greater lesson from the past than the intractability of human folly.

Kafka no Caribe: a Superintendencia dos Precos Justos, e o lucro maximo a 30pc na Venezuela...

Que futuro pode ter um país que possui uma Superintendência dos Preços Justos?
Que futuro pode ter a economia de um país no qual os capitalistas, se forem bem sucedidos e conhecer uma demanda extraordinária pelos seus produtos, precisam absolutamente limitar o seu lucro a 30% do faturamento total?
E quem tiver taxa de lucro abaixo de 15%, como faz? Pede subsídio ao governo?
Por essas e outras, eu acredito que a economia venezuelana já deveria ter ido para o espaço, ou afundado de vez.
Ela é uma vaca que voa, e o combustível se chama petróleo.
Todo o resto é, aliás, o contrário de uma vaca: dali nada se aproveita, nem o berro, que este é do governo e só pode nos fazer rir com suas tiradas a la Dali e Kafka combinados: ou melhor, um verdadeiro quadro de Polock...
Paulo Roberto de Almeida

Nicolás Maduro fixa em 30% lucro máximo na Venezuela

Medida está entre as prometidas após aprovação da Lei Habilitante; presidente venezuelano anunciou outras mudanças contra crise econômica

16 de janeiro de 2014 | 0h 43
O Estado de S. Paulo
CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou no fim da noite de quarta-feira, 16, a Lei de Custos e Preços Justos, que limita em 30% o ganho máximo de todas as atividades econômicas no país.
Maduro anunciou mais alterações na economia venezuelana - Miguel Gutierrez/EFE
Miguel Gutierrez/EFE
Maduro anunciou mais alterações na economia venezuelana
O controle do lucro foi uma das primeiras medidas prometidas por Maduro, que estimava entre 15% e 30% o valor que deveria ser permitido pelo governo. A mudança foi prometida pouco depois de a Assembleia Nacional aprovar, em novembro, uma Lei Habilitante que aumentou os poderes do presidente para legislar sobre temas econômicos por 1 ano.
Durante a leitura do seu informe de gestão referente ao ano de 2013 no Parlamento, Maduro afirmou também que juntará dois órgãos estatais de controle de preços para criar a Superintendência de Preços Justos, encarregada desde ontem de controlar o lucro no país.
Entra as novas medidas para enfrentar a grave crise econômica que atinge o país - que fechou 2013 com a inflação anual estimada em 56% -, o presidente revelou que extinguirá a Comissão de Administração de Divisas (Cadivi), que controla a entrada e saída de moeda estrangeira, mas manterá a cotação do bolívar em 6,3 por dólar durante 2014.
"O objetivo (das mudanças) é reestruturar todos os mecanismos de acesso a divisas com a aceleração de processos complexos", explicou. "Vamos manter o dólar a 6,3 durante todo este ano e por muito anos."
O líder bolivariano também fará mudanças no Ministério de Finanças. Além da fusão com o Ministério de Bancos Públicos, a pasta terá como titular Marco Torres, que comandava o ministério extinto. O atual ministro, Nelson Merentes deve voltar ao Banco Central da Venezuela, entidade que presidia antes de assumir as Finanças, em abril.
Os ajustes ministeriais anunciados ontem completam as mudanças iniciadas na semana passada, quando Maduro trocou os titulares de sete ministérios com o objetivo de "ajustar e melhorar" o ritmo de seu gabinete.
Câmbio. Outra mudança que entrará em vigor na Venezuela deve alterar a Lei de Crimes Fiscais para permitir que o setor privado possa oferecer dólares por meio do Estado. "Vou fazer uma mudança (...) para que se use os sistemas complementares de divisas como já estamos implementando no turismo", prometeu Maduro. / EFE

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O reino podre do Guia Genial dos Povos e as falcatruas do partido totalitario - Jose Neumanne

O reino da Dinamarca está podre, mas fica longe
José Nêumanne
Quem dá a mínima para o agente Barba, a morte de Celso Daniel ou os dossiês fajutos do PT?
O livro Assassinato de Reputações (Topbooks, 2013), do policial e advogado Romeu Tuma Júnior, faz revelações de alto teor explosivo sobre a atuação do mais popular político brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o autor, Lula foi o informante chamado Barba do pai dele, Romeu Tuma, delegado que chefiou o setor de informações da polícia política na ditadura militar, dirigiu a Polícia Federal (PF) e foi senador da República. A obra contesta a versão oficial da polícia estadual paulista, comandada por tucanos, e da direção do partido de Lula, o PT, sobre o assassínio de seu companheiro e prefeito de Santo André Celso Daniel, quando este coordenava o programa de governo na primeira campanha vitoriosa do petista-mor à Presidência. Como indica o título, ele relata minuciosamente o uso de dossiês falsos montados contra adversários em época de eleições. Tuma assegura ainda ter provas de que ministros do Supremo Tribunal Federal tiveram seus telefones grampeados. E registra a atuação ilícita de arapongas da Agência Brasileira de Inteligência em operações da PF, caso da Satiagraha.
Tuminha, como o próprio autor do livro se autodenomina para se distinguir do pai, Tumão, teve o cuidado de esclarecer que o agente Barba não delatou nem prejudicou ninguém. Ao contrário, em sua opinião, ele teria prestado benignos serviços ao País e à democracia permitindo que o Estado (então sob controle dos militares) acompanhasse o movimento operário de dentro. Delatores nunca são benquistos nem benditos, mas Lula pode ser a primeira exceção a essa regra consensual que vige nos presídios, nos palácios, nas ruas, nas casas e em quaisquer outros locais, aqui como em outros países, e sob democracias ou ditaduras. No entanto, não há notícia de que nenhuma das Comissões da Verdade criadas pelo governo federal do PT e do PMDB e por administrações estaduais ou municipais tenha aberto alguma investigação a respeito da atuação de um dirigente político e gestor público importante como ele.
No livro O que Sei de Lula, de 2011, revelo que houve uma reunião em São Paulo do então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema com o major Gilberto Zenkner, subordinado do chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), general Octávio Aguiar de Medeiros. Este travava intensa luta pelo poder contra o chefe da Casa Civil, Golbery do Couto e Silva, que enviara o presidente do partido do governo em São Paulo, o ex-governador Cláudio Lembo, para pedir ao líder dos metalúrgicos em greve apoio público à volta e reintegração dos exilados com a abertura e a anistia. O líder negou-o, Medeiros duvidou da informação dada a Figueiredo, mandou conferir e Lula reafirmou a negativa.
Justiça seja feita, Lula sempre confirmou em público ter mantido excelentes relações com o mais célebre xerife na transição da ditadura para a democracia. E chegou mesmo a gravar carinhosa mensagem usada por Tumão na sua propaganda política em campanha para o Senado. Quer dizer: ninguém pode afirmar que haja provas de que ele tenha sido delator, mas também ninguém apareceu para desmentir a versão de Tuminha nem a reunião com o emissário de Medeiros.
Tuminha faz no livro um relato de razoável verossimilhança do sequestro e assassinato de Celso Daniel com a autoridade de quem era, à época, o delegado de Taboão da Serra, onde o prefeito foi executado. O governador de então (e hoje), o tucano Geraldo Alckmin, afastou o policial do caso e transferiu a investigação para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, alegando que o funcionário poderia aproveitar-se da exposição na mídia para se eleger deputado estadual. O inquérito feito pela cúpula da polícia paulista, apoiado e aplaudido pelo comando petista, é contestado pela família da vítima e a sequência de fatos que o autor reproduz na obra sugere que o crime está longe de ter sido elucidado.
Tuma Júnior nunca foi oposicionista nem adversário de Lula. Ao contrário, foi nomeado por este para comandar a Secretaria Nacional de Justiça, ocasião em que muitas vezes, segundo afirma, foi procurado por figurões de alto coturno do governo e do PT para produzir inquéritos contra adversários. Novidade não é: o falso dossiê contra José Serra na campanha para o governo paulista é tão público e notório que, contrariando o seu hábito de nunca ver, nunca ouvir, nunca saber, Lula apelidou de “aloprados” os seus desastrados autores. Nenhum destes, contudo, foi investigado e punido. E seu eventual beneficiário, o candidato petista derrotado por Serra na eleição, Aloizio Mercadante Oliva, é ministro da Educação e tido e havido como um dos principais espíritos santos de orelha da chefe e correligionária Dilma Rousseff. Mas os fatos lembrados no livro de Tuminha impressionam pela quantidade e pela desfaçatez das descaradas tentativas de usar o aparelho policial do Estado Democrático de Direito para assassinar reputações de adversários eleitorais, tratados como inimigos do povo.
O policial denuncia delitos de supina gravidade na obra. No entanto, desde que o livro foi lançado e evidentemente recebido com retumbante sucesso de vendas, não assomou à cena nenhum agente público ou mesmo um membro da tíbia oposição que resolvesse ou desmascarar as possíveis patranhas do autor ou investigar as informações dadas por ele e que seriam passíveis de desmentido ou confirmação. Pois o protagonista das denúncias do delegado continua sendo o eleitor mais importante do Brasil e se prepara para consagrar seu poste Dilma Rousseff, reelegendo-a. Pelo simples fato de que não há eleitores preocupados com as aventuras do agente Barba na ditadura, com a punição dos assassinos de Celso Daniel ou com os inimigos dos poderosos do momento contra os quais foram fabricados falsos dossiês. Há algo de podre no Reino da Dinamarca, mas, como se sabe, a pátria de Hamlet fica longe daqui.
Jornalista, poeta e escritor
(Publicado na Pág. A2 do Estado de S. Paulo de quarta-feira 15 de janeiro de 2014)

Reitores irresponsaveis querem jogar a conta de outros incompetentes nas costas dos mais pobres...

Como são os mais pobres que pagam mais impostos no Brasil, o que esses reitores -- eleitos democraticamente pelos seus pares, que também acham bom viver de dinheiro público, sem ser obrigados a prestar contas à sociedade -- irresponsáveis querem é que os mais pobres do Brasil paguem pelo privilégio de alguns ricos que antes pagavam para estudar, e agora perderam as suas arapucas douradas. Os professores também querem ser "federalizados", ou seja, querem que todos nós paguemos pela irresponsabilidade e incompetência dos gestores das duas unidades de ensino descredenciadas pelo MEC.
Antes já fomos obrigados a assumir os professores e alunos da Candido Mendes, outra fechada, mas com professores e alunos premiados com o nosso dinheiro.
Um país decente, um Congresso normal, uma sociedade ciente do valor do dinheiro de cada um não permitiria esse tipo de falcatrua com o dinheiro público.
Dito isto, quem é o MEC para descredenciar duas empresas privadas?
Se o MEC fosse submetido a um controle de qualidade, não passaria de medíocre, ou talvez até de alguma classificação de nocivo à educação nacional.
Não são duas empresas privadas, que oferecem serviços medíocres de educação contra remuneração? Pois deixemos que seus empresários-patrões resolvam o problema como vieram ao mundo: relações de oferta e procura no mercado. Os alunos é que procurem empregos com os certificados das duas; os professores é que negociem salários com os patrões, do contrário procurem outras instituições.
Por que é que no Brasil sempre se procura mamar nas tetas do Estado?
E por que o Estado é generoso com capitalistas?
Paulo Roberto de Almeida

Reitores da UFF, UFRJ, Unirio, Rural e Cefet-RJ propõem federalização da Gama Filho e UniverCidade

  • Dirigentes assinaram nota em que defendem que medida atenderia “aos anseios das forças sociais, políticas e estudantis”
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Alunos da Gama Filho e UniverCidade protestam contra o descredenciamento das instituições Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Alunos da Gama Filho e UniverCidade protestam contra o descredenciamento das instituições Domingos Peixoto / Agência O Globo
RIO — Em reunião realizada nesta terça-feira (14) na Universidade Federal Fluminense (UFF), os reitores da UFRJ, da Unirio, UFRRJ e da UFF e o diretor-geral do Cefet-RJ assinaram uma nota propondo que a Universidade Gama Filho e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) sejam federalizadas.
Alunos das duas instituições que foram descredenciadas pelo Ministério da Educação (MEC) fizeram um protesto, no início da noite desta terça-feira, no Centro do Rio. Um grupo, formado por cerca de 300 pessoas, seguiu pela pista lateral da Avenida Presidente Vargas, sentido Praça da Bandeira. 
A federalização seria uma alternativa ao fechamento da Gama Filho e da UniverCidade. No documento assinado pelos dirigentes das instituições federais de ensino superior do Rio, eles argumentam que a medida atenderia “aos anseios das forças sociais, políticas e estudantis”, em referência aos cerca de 10 mil alunos afetados pelo descredenciamento das duas instituições.
Veja a íntegra da nota abaixo, assinada por Roberto Salles (reitor da UFF), Antônio José Ledo Alves da Cunha (reitor em exercício da UFRJ), Luiz Pedro San Gil Jutuca (reitor da UFRJ), Ana Maria Dantas Soares (reitora da UFRRJ) e Carlos Henrique Figueiredo Alves (diretor-geral do Cefet-RJ).
“Nós, reitores das universidades federais e o diretor-geral do Cefet do Rio de Janeiro, abaixo assinados, enfatizamos nossa preocupação com a qualidade da educação, bem como a responsabilidade do governo federal no credenciamento e acompanhamento das universidades, faculdades e cursos em funcionamento no país. Assim, apoiamos como solução a federalização da Universidade Gama Filho e do Centro Universitário da Cidade, ambos do Estado do Rio de Janeiro.
Reconhecendo o grande avanço na educação nos últimos anos e a continuidade das ações positivas do atual governo, conclamamos a presidenta da República, Dilma Rousseff, e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, para que considerem a nossa proposta de federalização, já que possuem todas as condições técnicas e políticas para a implementação da proposta para, com isso, atender aos anseios das forças sociais, políticas e estudantis.
Consideramos também que o caminho para a solução do problema, que atinge os membros da comunidade acadêmica (alunos, servidores docentes e técnico-administrativos), com forte impacto social, não seja uma simples redistribuição dos estudantes, tarefa que não é fácil e pode se mostrar inviável a curto e médio prazo, agravando a situação.
Como educadores, entendemos que a e ducação não pode ser vista como um negócio, mas um investimento de longo prazo, cuja maior responsabilidade cabe aos governos. Neste sentido, reafirmamos a nossa disposição para colaborar com o processo de federalização, mantendo o compromisso com a educação de qualidade”.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/reitores-da-uff-ufrj-unirio-rural-cefet-rj-propoem-federalizacao-da-gama-filho-univercidade-11299656#ixzz2qUsrI7bW 
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