Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
domingo, 9 de fevereiro de 2014
Moedas: a economia vai mal, mas o dolar se fortalece - book by Eswar Prasad
O castelo da "Branca de Neve": onde os nazistas escondiam as obras de arte roubadas...
TRAVEL
Where the Nazis Hid Their Art: The Castle Behind ‘Monuments Men’
Ludwig was known as an eccentric, and he furthered this image by closing his palaces to visitors and retreating into the mountains, preferring to sleep by day and work at night.
Stalin: um dos grandes monstros do seculo XX - Paul Johnson (livro)
BOOKS
The Daily Beast,Why the World Cannot Forget Stalin
Acabo de comprar, pela Amazon:
Items Ordered | Price |
Stalin: The Kremlin Mountaineer (Icons) (Kindle Single) [Kindle Edition, Pre-order] By: Paul Johnson Sold By: Amazon Digital Services, Inc. | $3.99 |
Percival Puggina: a mentira cubana desvendada, e a mafia no poder
O governo e suas agencias de viagem: uma proposta decente
Uma agência de viagens, escolhida sem licitação para fornecer passagens aéreas para os nobres senadores (e alguns associados) estava cobrando um pouquinho acima da tarifa das próprias companhias aéreas para emitir o bilhete para suas excelências.
Um exemplo: um Senador achou um tantinho cara a sua passagem para Miami. A conta veio em mais de 14 mil reais. Ele verificou a tarifa na própria companhia, e seria de apenas 4 mil reais, um aumento de várias vezes, portanto, sempre no orçamento do Congresso, e portanto saindo do seu bolso caro leitor.
Ele achou um pouco exagerado e mandou investigar.
Aposto como vão trocar de companhia, ou fazer uma licitação, e tudo vai continuar como antes...
Tive essa mesma experiência, em 2013, ao ser convidado para um seminário oficial no Brasil, e ao me pagarem a passagem, em clase econômica, de ida e volta.
Pois bem, eu tive o cuidado de ir checando, conforme a proximidade da data, quanto eu teria de pagar para a companhia, caso decidisse ir eu mesmo com o meu dinheiro, e também para comprar uma passagem, nas mesmas datas para a minha mulher, Carmen Lícia, mas em classe executiva.
Dois meses antes do evento, eu tinha oferta no site da companhia por 1.100 dólares, ida e volta, Hartford-Brasília. Depois foi indo a 1200, 1300, enfim, chegou a 1.600 na véspera da partida.
Sabem quanto o órgão oficial pagou pela minha passagem em classe econômica? 2.200 dólares. Fiquei estarrecido e reclamei, pois este era o preço que eu estava pagando para a minha mulher em classe executiva.
Sobre o preço de 1.100, iniciais, eu podia colocar mais 450 dólares em cada trecho, ou seja, 900 dólares no total, para viajar em classe executiva. Foi o que fiz, aliás, com a passagem oficial, paguei do meu dinheiro para viajar com um pouco mais de conforto, uma vez que a classe econômica atualmente virou pouco mais que um ônibus...
Bem, fui ver agora nova passagem para o Brasil, em abril próximo, e em lugar de me ater ao site da companhia, onde eu pagaria cerca de 2.300 pela classe executiva, fiz um pouco de shopping entre companhias de viagem. Consegui a mesma passagem por 1.748 dólares.
Apenas pesquisando, esclareço...
Por que o governo não suprime essas ilusões da licitação com um monopólio temporário, que vai superafaurar enquanto durar a bonança?
Trata-se apenas de uma sugestão, claro, o que eu chamo de proposta decente.
Afinal de contas, o dinheiro vem de todos nós, certo?
Um pouco de concorrência não pode fazer mal ao serviço público.
Ou será que a palavra ofende os brios ideológicos de alguns?
Paulo Roberto de Almeida
Les Grandes Questions Internationales - Thierry Garcin (um livro pos-Guerra Fria)
Uma postagem feita em meu blog Vivendo com Livros, em 22/07/2009, mas ainda plenamente substantivo, para um livro excelente:
Fim da Guerra Fria: livro em frances de Thierry Garcin
Acaba de sair a segunda edição deste livro essencial para se compreender as consequências geopolíticas do final da Guerra Fria: Les Grandes Questions Internationales depuis la Chute du Mur de Berlin (Paris: Economica, 2009, 512 p.).
Seu autor, Thierry Garcin, jornalista na Radio France Internationale, é doutor em Ciências Políticas pel Universidade de Paris (Sorbonne-Paris I), pesquisador associado em Paris-V e na Universidade do Québec em Montreal (UQAM) e é professor em Paris-I, Paris-III e no Centre d'Etudes Diplomatiques et Stratégiques (CEDS), ademais de conferencista em diversas instituições de ensino, entre elas a prestigiosa Sciences-Po.
Sommaire
INTRODUCTION
Première partie
LES BOULEVERSEMENTS INTERNATIONAUX DE 1989-1991
ET LEURS CONSÉQUENCES
A) La chute des régimes communistes à l’Est
B) L’unification de l’Allemagne
C) La mort de l’Union soviétique et la renaissance de la Russie
D) Le conflit du Golfe
Deuxième partie
LES ÉTATS-UNIS, UNIQUE SUPERPUISSANCE
A) Les attributs classiques de la puissance
B) Une superpuissance renouvelée puis déconsidérée
C) Les mandats Clinton en politique étrangère
D) Les mandats Bush fils en politique étrangère
E) La nouvelle ère Obama
Troisième partie
LES GRANDS FACTEURS DE DÉSTABILISATION
A) La multiplication des conflits identitaires
B) Le désordre institutionnel
C) Les revendications religieuses dans les luttes politiques
D) Migrations et mouvements de population
Quatrième partie
LES TENTATIVES DE RECOMPOSITION RÉGIONALE
A) La fragilité des processus de paix
B) Le renforcement des intégrations économiques
C) De nouvelles puissances émergentes
D) Les aléas de l’Union européenne
Cinquième partie
LA DÉFENSE DANS LES RAPPORTS DE FORCE INTERNATIONAUX
A) Les conséquences de la fin des rapports Est-Ouest
B) Les organisations de défense occidentales
C) La multiplication des actions extérieures
Sixième partie
LE RÔLE DES ORGANISATIONS INTERNATIONALES
A) La réactivation et les faiblesses des Nations unies (ONU)
B) Les organisations régionales : le cas de l’Afrique
Septième partie
BALKANISATION VERSUS MONDIALISATION
A) Les conséquences politiques de la balkanisation
B) Les conséquences politiques de la mondialisation
CONCLUSION
Preço: 33 euros
E-mail: infos@economica.fr
sábado, 8 de fevereiro de 2014
O ajuste compulsorio dos emergentes - Armando Castelar Pinheiro
Por Armando Castelar Pinheiro
Li a citação outro dia em um artigo: "o pânico não destrói capital; ele meramente revela a extensão em que ele foi previamente destruído pelo seu uso em atividades irremediavelmente improdutivas". A frase é de John Mills, um empresário britânico do século XIX, mas tem relevância para hoje, aqui, também.
Em especial, creio que o mesmo raciocínio se aplica ao aperto por que alguns países emergentes estão passando e à polêmica se isso resulta da mudança das condições externas ou da má qualidade da sua política econômica.
Para alguns analistas, o mau momento dos emergentes nada mais é do que um novo capítulo na crise financeira internacional iniciada em 2007. Essa também parece ser a visão do governo brasileiro. A origem da crise dos emergentes seria, nessa interpretação, a desaceleração do crescimento chinês - e da Ásia emergente como um todo - e o início do processo de normalização da política monetária americana.
O ajuste apenas vai deixar claras as perdas que já existiam, perdas causadas pela adoção da nova matriz econômica
A forte expansão da Ásia emergente entre 2009 e 2011 (8,2% ao ano) foi fundamental para impedir uma desaceleração mais forte da economia mundial após a quebra do Lehman Brothers. Nesse período, a região respondeu por 53% da expansão do PIB mundial, mais do que o dobro da sua participação nesse agregado. Isso puxou para cima o preço das commodities ex-petróleo, que aumentou 26% nesse quadriênio, facilitando a vida de países como o Brasil.
A partir de 2012, o crescimento da região desacelerou, para 6,4% ao ano, com o preço das commodities caindo 11%. A China, em especial, está crescendo menos, fazendo um ajuste que visa limitar a expansão do crédito e redirecionar a demanda doméstica para o consumo. Com isso, a expansão do investimento chinês caiu de uma média de 15% ao ano entre 2001-10 para 8,5% em 2011-13, prevendo-se nova queda, para cerca de 6% ao ano, no resto desta década.
Ainda que a China possa ter contribuído para a desaceleração latino americana, ela não explica o mau momento dos emergentes. Basta ver que países no olho do furacão, como Turquia e Ucrânia, não têm relação comercial relevante com a China.
Nesse sentido, a redução das emissões monetárias pelo banco central americano (Fed) parece uma explicação mais consistente. O Fed vinha imprimindo US$ 1 trilhão ao ano, dinheiro que, dadas as baixas taxas de retorno nos países desenvolvidos, correu atrás de ativos nos emergentes. A gradual redução dessas injeções de liquidez e a melhora nos retornos oferecidos em investimentos nos EUA e Europa, em função da aceleração do crescimento, estariam por trás da desvalorização dos ativos dos países emergentes.
Não obstante, ainda que China e EUA tenham afetado os emergentes, isso não explica porque alguns foram tão mais afetados do que outros. Assim, enquanto o CDS médio de África do Sul, Turquia, Indonésia e Brasil subiu 92 pontos base nos últimos 12 meses, para 2,22%, para Chile, México, Peru e Colômbia a alta média foi de 23 pontos, para 1,10%. É por isso que, na visão do FMI, não há uma crise generalizada de emergentes, mas uma crise em alguns emergentes, aqueles com fundamentos econômicos e políticos ruins. Os mercados financeiros estão "shorting" só alguns emergentes.
A preocupação com estes países transcende a apreensão com a sua capacidade de garantir financiamento externo. O que está em questão é se eles serão capazes de fazer os ajustes necessários, sem comprometer o balanço dos agentes privados ou gerar turbulências políticas, que limitariam o crescimento econômico por um período prolongado.
Tome-se o caso do Brasil. O país tem grandes reservas internacionais, mas há anos tem também uma inflação e um déficit externo elevados. Com a queda dos preços das exportações, a desvalorização cambial, e a alta dos juros longos, o país necessita reduzir a demanda doméstica. Isso passa por apertar as políticas monetária e fiscal, o que vai reduzir o crescimento e complicar a dinâmica da dívida pública, a menos que o ajuste fiscal seja muito forte.
Crescimento baixo e juros altos vão elevar a inadimplência, enfraquecer o balanço dos bancos públicos e exigir nova capitalização pelo Tesouro. Haverá perdas elevadas, mas, como observou Mills, o ajuste apenas vai deixar claras as perdas que já existiam, perdas causadas pela adoção da "nova matriz econômica".
Quão provável é que se adotem remédios suficientemente fortes nos países mais frágeis? Pouco, pois são medidas impopulares e inconsistentes com a visão dos seus governos sobre a economia. O mais provável é que se façam reformas marginais, que mitiguem o ritmo de deterioração econômica. É isso que ilustra o exemplo argentino.
O risco é que em algum momento a situação piore a ponto de iniciar uma fuga de capitais domésticos, bem mais desestabilizadora que a saída de investidores estrangeiros. Então será preciso uma mudança política para restabelecer a credibilidade do governo, mas isso pode não se dar de forma suave. Pode ser um processo longo, tortuoso e talvez sem final feliz.
Armando Castelar Pinheiro é coordenador de Economia Aplicada do IBRE/FGV e professor do IE/UFRJ. Escreve mensalmente às sextas-feiras.
Leia mais em:
http://www.valor.com.br/opiniao/3422618/crise-dos-emergentes#ixzz2smERjFFr