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domingo, 9 de fevereiro de 2014

O governo e suas agencias de viagem: uma proposta decente

Ouço na rádio (e deve estar nos jornais brasileiros desta segunda) que um novo escândalo sacode o Senado Federal (bem, mais um, e desta vez não necessariamente por culpa dos próprios, ou talvez sim, mas indiretamente).
Uma agência de viagens, escolhida sem licitação para fornecer passagens aéreas para os nobres senadores (e alguns associados) estava cobrando um pouquinho acima da tarifa das próprias companhias aéreas para emitir o bilhete para suas excelências.
Um exemplo: um Senador achou um tantinho cara a sua passagem para Miami. A conta veio em mais de 14 mil reais. Ele verificou a tarifa na própria companhia, e seria de apenas 4 mil reais, um aumento de várias vezes, portanto, sempre no orçamento do Congresso, e portanto saindo do seu bolso caro leitor.
Ele achou um pouco exagerado e mandou investigar.
Aposto como vão trocar de companhia, ou fazer uma licitação, e tudo vai continuar como antes...
Tive essa mesma experiência, em 2013, ao ser convidado para um seminário oficial no Brasil, e ao me pagarem a passagem, em clase econômica, de ida e volta.
Pois bem, eu tive o cuidado de ir checando, conforme a proximidade da data, quanto eu teria de pagar para a companhia, caso decidisse ir eu mesmo com o meu dinheiro, e também para comprar uma passagem, nas mesmas datas para a minha mulher, Carmen Lícia, mas em classe executiva.
Dois meses antes do evento, eu tinha oferta no site da companhia por 1.100 dólares, ida e volta, Hartford-Brasília. Depois foi indo a 1200, 1300, enfim, chegou a 1.600 na véspera da partida.
Sabem quanto o órgão oficial pagou pela minha passagem em classe econômica? 2.200 dólares. Fiquei estarrecido e reclamei, pois este era o preço que eu estava pagando para a minha mulher em classe executiva.
Sobre o preço de 1.100, iniciais, eu podia colocar mais 450 dólares em cada trecho, ou seja, 900 dólares no total, para viajar em classe executiva. Foi o que fiz, aliás, com a passagem oficial, paguei do meu dinheiro para viajar com um pouco mais de conforto, uma vez que a classe econômica atualmente virou pouco mais que um ônibus...

Bem, fui ver agora nova passagem para o Brasil, em abril próximo, e em lugar de me ater ao site da companhia, onde eu pagaria cerca de 2.300 pela classe executiva, fiz um pouco de shopping entre companhias de viagem. Consegui a mesma passagem por 1.748 dólares.
Apenas pesquisando, esclareço...

Por que o governo não suprime essas ilusões da licitação com um monopólio temporário, que vai superafaurar enquanto durar a bonança?
Trata-se apenas de uma sugestão, claro, o que eu chamo de proposta decente.
Afinal de contas, o dinheiro vem de todos nós, certo?
Um pouco de concorrência não pode fazer mal ao serviço público.
Ou será que a palavra ofende os brios ideológicos de alguns?
Paulo Roberto de Almeida

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Concorrencia, a mais selvagem possivel, sempre ajuda o consumidor - Mansueto Almeida

O inferno dantesco -- esqueci deste adjetivo no meu post anterior sobre Kafka e os escritores que deixaram marcas no vocabulário -- vivido pelo economista do Ipea testemunho o quanto somos prisioneiros, no Brasil, de oligopólios, carteis e outros mecanismos supostamente regulados pelo Estado mas que sempre, repito SEMPRE funcionam mal, em detrimento de nossa sanidade mental.
Discordo do economista, quando diz que o governo não precisa fazer nada. Precisa sim, abrir ainda mais todos o setor de comunicações e  de audiovisual, deixar a mais aberta, selvagem, total concorrência no setor, para obrigar as empresas a servirem aos clientes, não o contrário como ocorre hoje.
Pagamos valores extorsivos pelas nossas comunicações (mas 40% é do governo esqueceram?) e somos obrigados a suportar um serviço ruim.
Paulo Roberto de Almeida




Depois de sete anos como assinante da SKY HDTV no Brasil, com pagamento via débito em conta corrente, e depois de mais de dois meses com problemas constantes de perda de sinal, resolvi cancelar o serviço.
Isso não significa que a companhia seja necessariamente ruim. Por sete anos não tive nada a reclamar, mas desde novembro de 2013 tenho problemas constantes e, mesmo depois de várias visitas técnicas, o problema de perda de sinal persistiu. Mas cancelar o serviço, como amigos já haviam me alertado, seria extremamente difícil.
Eu levei mais de 2 horas ao telefone. A primeira ligação durou 40 minutos foi cortada no meio e tive que ligar e esperar novamente e, como não tinha certeza se a nova ligação não cairia novamente  utilizei também o chat on line na página da companhia para cancelar o serviço.
Pelo chat on line com a SKY, consegui cancelar o serviço “rápido”: me levou 40 minutos e consegui um número de protocolo do cancelamento. Seguro de que havia cancelado o serviço, falei para a atendente do telefone que iria desligar porque havia conseguido o cancelamento via chat on line na internet. Mas a atendente veio com a pérola: “No meu computador a sua conta não foi cancelada. Você tem que esperar”. E  esperei mais 45 minutos.
Há no Brasil uma lei que limita o tempo de espera para o consumidor ser atendido nesse tipo de serviço em 20 minutos. Isso é conversa para boi dormir. É o tipo de lei que não é fiscalizada, mas que existe no papel. Enfim, depois de mais de 2 horas ao telefone e de dois protocolos (uma pelo chat on line e outro pelo telefone) finalmente consegui cancelar o serviço. A pesquisa de satisfação:
(1)  conseguiu resolver o seu problema? Sim;
(2)  Qual a nota que você dá para o atendente? Dei 5 para o do chat (nota máxima) e 3 para o do telefone.
(3)  Qual a nota que você dá para a empresa SKY? Nota 1 – a pior possível pela demora que todos sofrem para cancelar o serviço. 
 O governo precisa fazer alguma coisa? Acho que não. A concorrência se encarrega disso. Já assinei outro pacote até melhor e mais barato. Serviço no Brasil é ruim e deve ainda piorar. Temos um duplo problema: falta de mão-de-obra disponível, que vai piorar, e baixo treinamento dado pelas empresas aos seus trabalhadores.
O consumidor ainda vai sofrer muito no Brasil enquanto as empresas não tiverem medo dos consumidores e o acesso à justiça for restrito. É claro que esse é um exemplo anedótico. Mas a regra geral, no Brasil, é que empresas têm muito pouco respeito pelo consumidor e vou deixar para falar de hotéis, planos de saúde e de hospitais em outra ocasião.
Quando morava nos EUA, cansei de comprar produtos eletrônicos, me arrepender e devolver na loja sem ser questionado porque havia desistido do produto. Apenas com mais concorrência as empresas no Brasil passarão a respeitar o consumidor. No caso dos setores regulados, as agências de regulação têm que fazer a sua parte. Por enquanto, ainda espero piora nos serviços no Brasil e aquelas empresas que conseguirem ofertar bons serviço vão ganhar bom dinheiro.
Ainda bem que dessa vez a companhia recolhe o equipamento em casa. Em meados da década de 1990, você tinha que levar o equipamento no escritório da companhia quando cancelava o serviço de assinatura da TV a cabo. As coisas melhoraram, mas muito lentamente e temos ainda um longo caminho a percorrer. E ainda há economista "inteligente" que acha tudo é problema da taxa de câmbio.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Eleicoes 2014: candidato descobre o Brasil como pais caro demais, e que nao tem concorrencia...

Campos critica ideia de liberar aéreas internacionais no país
Por Raphael Di Cunto
Valor Econômico, 8/01/2013

BRASÍLIA  -  Pré-candidato à Presidência, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), criticou a proposta da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, de liberar o mercado de voos domésticos para companhias aéreas internacionais com o objetivo de baratear as passagens durante a Copa do Mundo.

“Esta ideia não apenas passa por cima do Código Brasileiro de Aeronáutica, como também já foi descartada pela própria Associação Internacional de Empresas Aéreas, que indicou que o prazo até o início da Copa é curto demais para que uma empresa estrangeira monte uma logística adequada”, afirmou em seu perfil oficial do Facebook.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada no dia 5 de janeiro, Gleisi ameaçou abrir o mercado doméstico caso as empresas nacionais de aviação não reduzam as passagens. A mudança, ainda em estudo, seria feita por medida provisória.


Na rede social, Campos escreveu que o governo federal não tem planejamento e que descobriu “esses dias” que as passagens aéreas no Brasil são caras e que vão ficar “absurdamente mais caras” durante a Copa do Mundo. “As passagens aéreas JÁ SÃO muito caras no Brasil porque nossos aeroportos chegaram no limiar do estrangulamento; porque não temos política de incentivo à aviação regional e porque a concorrência no setor é extremamente precária.”

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Parece que certas pessoas estão acordando para o que é óbvio para a maioria dos brasileiros, e dos estrangeiros que viajam ao Brasil: nosso país se tornou caro demais.
Pois bem: quais são as soluções?
Abrir agora ou deixar para depois?
Paulo Roberto de Almeida