O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Registro das manifestacoes de 12 de Abril - Veja.com

Protestos reúnem cerca de 675.000 pessoas em 24 Estados de Norte a Sul, além do Distrito Federal. Atos demonstram que os protestos vieram para ficar

Por: Gabriel Castro, de Brasília - Atualizado em 

Manifestação contra o governo do PT, em São Paulo
Manifestação contra o governo do PT, em São Paulo(Paulo Whitaker/Reuters)

Brasileiros de quase todas as unidades da federação voltaram às ruas neste domingo para protestar contra a corrupção e a inépcia instaladas no governo federal. O protesto reuniu 275.000 pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, e se repetiu em pelo menos 200 cidades. Mais uma vez, sem serem convocados por sindicatos ou partidos políticos, centenas de milhares de pessoas expressaram seu descontentamento com a atual gestão. Embora em menor número do que no dia 15 de março - estima-se que cerca de 600.000 pessoas tenham ido às ruas neste domingo -, eles deixaram claro o sentimento de revolta que, de acordo com as pesquisas de opinião, atingem a maioria do povo brasileiro. Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado pelo instituto indica que 63% dos brasileiros são favoráveis à abertura de um processo de impeachment contra a presidente por causa do escândalo do petrolão. Para 57% dos entrevistados, Dilma sabia do esquema de corrupção na Petrobras e deixou que ele acontecesse. Somada a uma pesquisa com resultado tão desfavorável ao governo, a volta das pessoas à rua é a prova de que a indignação contra Dilma e o PT segue em alta.

Confira como foram os protestos em todo o país

Na maior parte das cidades, a manifestação deste domingo foi menor que a do 15 de março. Por outro lado, o movimento ganhou capilaridade. Havia manifestantes organizados contra Dilma em cidades como Laranjal do Jari (AP), São João do Panelinha (BA), Goianésia (GO), Carvalhópolis (MG), Dois Vizinhos (PR) e Imbé (RS). Um mês atrás, os protestos ocorreram em apenas 160 municípios. Flávio Brado, um dos líderes do Vem Pra Rua, comemorou o número de manifestantes e disse que o mais relevante neste domingo foi o aumento no número de cidades com protestos. "Mais importante que o número de pessoas aqui em São Paulo, que já sabemos que nos apoia, foi conseguirmos duplicar, triplicar, o número de municípios que tiveram manifestações contra o governo", afirmou. Segundo ele, o foco agora é levar as demandas populares a Brasília. "Nesta semana, formalizaremos item por item o que tem de ser feito. O voto distrital puro e não obrigatório será uma dos pedidos do grupo".

  •  Voltar ao início


A queda no número de manifestantes pode ser atribuída a vários fatores. O 15 de março foi fruto de um longo trabalho de organização de movimentos independentes como Vem Pra Rua, Brasil Livre e Revoltados On-line, que começaram a convocar participantes pelas redes sociais quase dois meses antes. Na semana que antecedeu aquele protesto, dois fatos contribuíram para acirrar os ânimos: o pronunciamento em rede nacional da presidente no dia 8, saudado com um panelaço, e a tentativa do PT e de aliados do sindicalismo de promover uma contramanifestação na antevéspera do movimento.

LEIA TAMBÉM:

12 de abril: próximo passo, marcha rumo a Brasília

'PSDB se une a manifestantes', diz Aécio

Neste domingo, nenhum desses fatores esteve presente. O tempo de organização foi menor e o governo e o PT se mantiveram em silêncio antes da manifestação. O foco do noticiário na última semana foi o Legislativo, com a votação do projeto de lei sobre a terceirização (um dos assuntos mais comentados das redes sociais) e a prisão de três ex-deputados na Operação Lava Jato.

Fora PT

Um dos líderes do Movimento Brasil Livre, Renan Haas, avaliou que, mesmo menor, o protesto deste domingo foi positivo porque, ao contrário de 15 de março, todos os grupos se uniram para pedir a saída da presidente. "Acho que houve menos gente, mas houveram manifestações em um número bem menor de cidades. Mas foi positivo porque a mensagem dessa vez ficou clara. Ninguém estava aqui por uma pauta genérica de corrupção, mas todos os grupos estavam pedindo o impeachment de Dilma Rousseff", afirma.

  •  Voltar ao início


Especialmente na era das redes sociais, contudo, a ida às ruas é apenas uma das formas de expressar insatisfação com o governo. A diminuição no número de manifestantes não é necessariamente um sinal de aumento na aprovação do governo. É o que também diz uma pesquisa do Datafolha divulgada neste sábado: o nível de aprovação de Dilma Rousseff está estacionado em 13%. A permanência da pressão popular sobre o governo, evidenciada pelas manifestações deste domingo, deve dificultar o esforço do Planalto para sair da crise de múltiplas faces em que se envolveu.

Os petistas, entretanto, enxergam um princípio de reação do Executivo. "O governo está tomando todas as iniciativas: no combate à corrupção, no ajuste fiscal, atuando contra o projeto de lei da terceirização. A presidente está conseguindo responder bem", afirma o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (PT-AC), admite que ainda é cedo para falar em uma reação definitiva do governo, mas vê sinais de recuperação. "Os números da Petrobras, a questão da articulação política do governo com o Michel Temer, isso somado vai dando uma conotação nova. A popularidade da presidente Dilma não cai mais e tende a subir agora", avalia. Na visão dele, entretanto, o governo só conseguirá se reerguer em definitivo se conseguir aprovar as medidas do ajuste fiscal no Congresso.

Coube, inclusive, ao vice-presidente comentar os protestos em nome do governo. Recém-chegada do Panamá, onde participou da Cúpula das Américas, Dilma passou o dia reclusa no Palácio do Planalto. Durante velório do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), ex-senador e ex-deputado gaúcho gaúcho Paulo Brossard, morto neste domingo em sua casa em Porto Alegre, Temer disse que o governo está atento às manifestações. "O governo está prestando atenção. Elas revelam, em primeiro lugar, vou dizer o óbvio, uma democracia poderosa. Mas, em segundo lugar, o governo precisa identificar quais são as reivindicações e atender as reivindicações. É isso que o governo está fazendo."

Já a oposição afirma que os protestos deste domingo têm um recado ainda mais claro do que os de 15 de março. "O governo não pode se iludir com essa redução no número de pessoas. A manifestação dessa vez foi mais enfática em relação ao impeachment. Essa é uma proposta que está sendo assimilada", diz o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). De fato, o grupo do Vem Pra Rua, principal organizador dos atos, só passou a defender o impeachment depois do protesto do mês passado.

O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), afirma que a indignação com o governo permanece elevada: "Não se consegue em toda mobilização repetir a quantidade de povo na rua, mas permanece o sentimento de indignação com relação à corrupção, ao estelionato eleitoral patrocinados pela presidente Dilma e pelo PT e à crise econômica que está afetando o bolso do brasileiro", diz.

Em sua página no Facebook, a ex-candidata à presidência Marina Silva também opinou sobre os protestos desde 12 de abril: "Menos gente nas ruas não significa menor insatisfação; ao contrário, pode até significar um aumento da desesperança, o represamento de uma revolta que pode retornar mais forte depois de algum tempo".

Os protestos e a baixa popularidade de Dilma têm efeito também sobre o Congresso. Com a oposição ao governo nas ruas, muitos parlamentares de partidos formalmente governistas, como PMDB, PP e PR, passaram a complicar a vida do Planalto - se não por pudor e convicção política, por sobrevivência. Os sinais desse realinhamento têm sido notados pelo governo desde o início do ano. Ao adotar oficialmente a defesa da redução de ministérios, por exemplo, a bancada do PMDB na Câmara fez uma clara tentativa de se alinhar ao eleitorado insatisfeito.

Os atos deste domingo e os de 15 de março deixam claro que os chamados movimentos sociais têm agora uma nova conotação - e já não são mais representados exclusivamente pela esquerda ou cooptados pelo PT. De Norte a Sul do país, o discurso petista encontra contraponto em brasileiros que estão dispostos a externar sua indignação, sem que sejam pagos ou convocados a fazê-lo. Não importa quantas pessoas levem às ruas, os recentes protestos não são fruto de um reflexo instantâneo e irrefletido - vieram para ficar. O governo e seus aliados foram responsáveis por devolver às ruas manifestantes apartidários. Mesmo que haja um arrefecimento temporário, não há razão para crer que essa marcha vá parar agora que a militância espontânea está mais organizada e tem uma pauta bem estabelecida. Que o governo se habitue a isso.

(Com reportagem de Eduardo Gonçalves, Victor Fernandes e Talyta Vespa)

12 de Abril: resumo das manifestacoes - O Globo

Para registro histórico.
Paulo Roberto de Almeida

Manifestações contra Dilma se estendem a 24 estados brasileiros
O Globo, 12/04/2015

A manifestação contra o governo da presidente Dilma Rousseff e a corrupção tomou as ruas de 24 capitais brasileiras e do Distrito Federal neste domingo. Se forem consideradas as estimativas oficiais, 699 mil pessoas compareceram aos protestos de hoje. Apesar de ter menos adesão de pessoas pelo Brasil, o número de cidades que participaram foi maior do que 15 de março.

A marcha em São Paulo, realizada na Avenida Paulista, reuniu 275 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. O número é menor que o protesto do dia 15 de março, que levou 1 milhão às ruas e foi considerado o maior do país naquela data. Apesar da perda de público na capital paulista, a organização comemorou, no fim da tarde, a adesão em 450 cidades. Mais uma vez, os manifestantes seguravam bandeiras, vuvuzelas, cartazes e faixas de repúdio à corrupção com as palavras "Fora Dilma", “Fora PT”. De acordo com a PM paulista, o ato pacifico.

Chamou a atenção uma enorme bandeira verde e amarela com a palavra “impeachment” escrita em preto, que foi estendida no chão da Paulista. Durante toda a tarde, vendedores ambulantes ofereceram aos manifestantes apitos, bandeiras, água e comida.

Assim como já havia ocorrido no protesto do dia 15 de março, policiais foram um atrativo e tiraram fotos com vários manifestantes. A conta oficial da corporação no Twitter publicou imagens de crianças brincando com os cães policiais, cavalos da corporação e até dentro de viaturas.

Manifestantes que pediam intervenção militar tiveram que deixar a avenida pouco antes das 14h, após pedido da Polícia Militar. A justificativa oficial da PM é de que eles estavam utilizando veículos que não passaram por uma “vistoria oficial” para participar do protesto. De acordo com Ronaldo Brasileiro, organizador do movimento, a medida da PM é arbitrária. O veículo ficou estacionado na esquina da Rua Pamplona com a Alameda Santos.

Um grupo de caminhoneiros que também protestavam contra o governo Dilma deixou lento o trânsito de várias vias importantes de São Paulo. Eles passaram pela Marginal do Pinheiros, Avenida Rebouças e Rua da Consolação. Assim como aconteceu com um ônibus de militares, eles também foram impedidos de entrar na Avenida Paulista porque não tinham autorização. Mais cedo, motociclistas também aderiam ao protesto.

O nome do juiz da Operação Lava-Jato, Sérgio Moro, foi lembrado na manifestação paulistana. Um casal chegou a vestir com camisetas em homenagem a Moro. Um dos organizadores do Movimento Brasil Livre falou: “vida longa ao juiz Sérgio Moro”. E foi aplaudido.

MANIFESTAÇÕES OCORRERAM EM 24 ESTADOS BRASILEIROS E NO DF

Em outros estados brasileiros as manifestações ocorreram desde a manhã de hoje. No Rio de Janeiro, os movimentos contra o governo tomaram a orla de Copacabana logo pela manhã. Com faixas pedindo o impeachment de Dilma e, em menor número, a intervenção militar, milhares de pessoas ocuparam a orla vestidos de verde e amarelo e com bandeiras do Brasil. De acordo com comando do Batalhão de Grandes Eventos, 10 mil pessoas foram ao protesto carioca. Além da capital fluminense, há registros de manifestações em Niterói e em Petrópolis.

Em Brasília, cerca de 25 mil pessoas realizaram uma passeata até o Congresso Nacional. O protesto começou por volta das 9h30m e terminou no início da tarde. A segurança na Esplanada contou com 2,5 mil policiais de reforço. O protesto terminou com duas pessoas encaminhadas para a delegacia para prestar depoimento, uma por portar um facão e outra por causar tumulto, de acordo com a PM.

Outra capital que reuniu milhares de manifestantes foi Curitiba. Cerca de 40 mil foram as ruas, segundo a PM. A ação começou por volta das 14h e os manifestantes começaram a dispersar por volta das 16h30m. Os manifestantes aproveitaram a marcha para enaltecer o trabalho de Sérgio Moro. Em Porto Alegre, um grupo com cerca de 200 manifestantes chegou a pedir uma “intervenção militar constitucional” para resolver a crise institucional do país. Convocado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), o ato na capital gaúcha reuniu 25 mil pessoas segundo os organizadores e 35 mil de acordo com a Brigada Militar (BM).

Na região Nordeste, 25 mil protestaram em Fortaleza, segundo a PM. O ato iniciado por volta das 15h30m começou a ganhar mais adesão no início da noite. Os manifestantes seguiram um percurso de 1,5km até o aterro da Praia de Iracema. Em Recife, a PM não havia divulgado um número oficial de manifestantes que compareceram na Praia de Boa Viagem até o início da noite deste domingo. Os manifestantes calcularam aproximadamente 8 mil pessoas, acompanhadas por três trios elétricos. Em Maceió, quatro mil pessoas foram às ruas para gritar “Fora Dilma”.

Em Manaus 500 pessoas, segundo a PM, se reuniram sob forte chuva na Praça do Congresso, no Centro. Manifestantes protestaram principalmente contra a situação da economia e alta dos impostos.

Já em Goiânia, 2.500 pessoas fizeram uma marcha contra a corrupção e pelo impeachment da presidente. a manifestação transcorreu em clima pacífico e sem ocorrências graves registradas pelas autoridades de segurança. A concentração começou às 14 h e houve divergências no formato da manifestação entre os dois grupos organizadores - o Vem Pra Rua Goiás e o movimento Brasil Livre. O primeiro queria uma passeata e o segundo apenas uma concentração. Após o impasse, ambos seguiram em passeata até o Parque Areião, onde terminou por volta das 17 horas. Em Cuiabá, os organizadores do “Movimento Muda Brasil” estimaram um público de 500 pessoas na Praça Ipiranga, na região central da cidade. Em Campo Grande, a manifestação começou no fim da tarde, e reuniu 12 mil segundo a PM. Um grupo de motociclistas seguiu a marcha pelas ruas da capital do MS. (O Globo).

Diagnostico da crise presente - Jose Serra

Transcrevo uma análise dos problemas atuais do Brasil pelo senador José Serra.
Não endosso todos os seus argumentos, mas acredito que as questões que ele coloca são reais, e merecem debate. Apenas por isto eu as coloco aqui.
Na miséria intelectual que é o Brasil hoje -- ou seja, com governantes incapazes de se pronunciarem de modo claro sobre a situação presente, senão mentindo -- o artigo oferece, ao menos, um diagnóstico claro dos problemas atuais.
Paulo Roberto de Almeida



ELES PASSARÃO, E A NOSSA DEMOCRACIA PASSARINHO 
José Serra
O Estado de S.Paulo, 9/04/2015

Completam-se, por estes dias, 30 anos de regime democrático no Brasil. Não há dúvida de que o país avançou bastante no período. Temos muito mais liberdade e justiça. O progresso social foi acentuado, como demonstram os indicadores de educação, saúde e rendimentos dos mais pobres. A superinflação, deflagrada pelo choque externo do começo dos anos 1980, com seus três ou quatro dígitos anuais, foi finalmente vencida a partir dos governos Itamar e Fernando Henrique. Isso se deu com ampliação das conquistas democráticas, ao contrário do que se viu entre 1964 e 1968. E que se destaque o papel fundamental da agricultura brasileira, que se tornou poderosa e altamente competitiva, em escala mundial. Temos, pois, razões para estar satisfeitos pelo caminho até aqui seguido. E nosso papel é cercar as margens de erro rumo ao futuro e evitar armadilhas.
Há, desde logo, um pesado déficit que coincide com a era democrática: o crescimento medíocre do conjunto da economia. Nos 30 anos que antecederam 1980, crescemos a mais de 7% ao ano; de meados da década de 80 até o ano passado, essa taxa recuou, na média, a 3%. Mesmo deflacionando os números pelo crescimento da população, declinante no cotejo desses dois períodos, a degradação da performance econômica brasileira é evidente.
Tal degradação deveu-se à desindustrialização prematura que atingiu o Brasil, a ponto de a participação da indústria manufatureira no PIB voltar ao nível do imediato pós-guerra: em torno de 12%. Digo "prematura" porque não se trata de um fenômeno parecido com o que se viu nos países desenvolvidos, com renda per capita equivalente a quatro vezes a nossa. A dinâmica das economias emergentes bem sucedidas, note-se, é outra: as que mais têm crescido nas últimas décadas devem seu desempenho precisamente ao dinamismo do setor industrial.
Sem reindustrializar o Brasil, não vamos obter vaga no segundo turno do campeonato das nações. Vivemos num país continental, com 200 milhões de habitantes e renda por habitante ainda na casa de US$ 12 mil/ano (paridade do poder de compra). Por melhor que seja a nossa condição de exportadores de produtos agrominerais, esse vetor nunca será capaz de puxar a produtividade do conjunto da economia, gerar os milhões de empregos de que necessitamos e turbinar as receitas tributárias para cobrir carências sociais e regionais. Não é uma questão de gosto, mas de fato. Aliás, a propósito da utopia da economia primário-exportadora como o principal fator do desenvolvimento brasileiro, vale ler o interessante artigo de Ilan Goldfajn publicado nesta página na última terça: a tendência de longo prazo dos preços internacionais de alimentos é de lento e persistente declínio em termos reais.
Em parte, a desindustrialização prematura se deveu a uma combinação de quatro fatores, com pesos diferentes ao longo do tempo: 1) o mau entendimento das mudanças no mundo na direção de maior abertura comercial e ampla e irresistível liberdade para movimentos de capitais; 2) a superinflação e suas consequências; 3) as ideologias, à esquerda e à direita, que menosprezam políticas coerentes de desenvolvimento; 4) o despreparo e a pura inépcia do governo.
Um dos problemas mais graves que decorrem de políticas públicas deficientes se revela no custo-Brasil, que expõe nossa baixa competitividade em relação à média dos parceiros comerciais. Os produtos manufaturados brasileiros são 25% mais caros do que poderiam ser não em razão da ineficiência empresarial — nas condições dadas, há eficiência — mas por causa das carências de infraestrutura, das despesas financeiras e de uma tributação aloprada. Para arremate dos males, subsistiu durante boa parte dessas três décadas a sobrevalorização cambial.
E há um custo que tem sido subestimado pelos analistas que é a conversão reacionária do PT. O que quer dizer? Explico: associado ao declínio econômico e aos fatores que o provocaram, assistimos, com a ascensão do partido ao poder, ao fortalecimento e ao infeliz “aggiornamento” do patrimonialismo, que tanto infelicitou a história brasileira. Ele se expressa de dois modos principais: 1) com a formação de uma espécie de burguesia do capital estatal; 2) com a submissão da máquina do Estado a instrumentos que servem à manipulação eleitoral e aos desvios de recursos públicos para partidos e indivíduos. Vejam o calvário da Petrobras.
A crise de representatividade da democracia brasileira, cujo primeiro sinal foram as manifestações populares de meados de 2013, chegou ao seu ponto máximo neste semestre. Tudo de ruim veio junto, começando pela percepção generalizada do estelionato eleitoral.
Reeleita, a presidente Dilma não conta com um fator que costuma beneficiar um novo governante: o crédito de confiança. Como dispor dele, depois de quatro anos de tropeços que só agravaram a herança recebida do governo Lula-Dilma? Herança que, diga-se, já não era leve no início de 2011: real supervalorizado, déficit externo crescente, rigidez fiscal, investimentos industriais em declínio e subinvestimento na infraestrutura. E isso tudo se dava apesar da notável bonança externa, derivada do boom de preços de nossas commodities. Paradoxalmente, esses preços elevados serviram para desequilibrar ainda mais a economia brasileira.
O panorama hoje é especialmente perverso: queda da produção; inflação renitente, com viés para cima; déficit público em ascensão, caminhando para 8% do PIB; déficit externo idem, rumo aos 4,5% do PIB; juros siderais e desemprego como drama anunciado. A cereja amarga desse bolo maligno fica por conta do monitoramento subjacente da política econômica feito pelas agências internacionais de risco. Os petistas já devem andar com saudades do FMI...
A má notícia é que atravessaremos, sim, dias difíceis. A boa notícia é que os críticos relevantes dessa governança capenga entendem que não há saída fora das regras da democracia, esta respeitável senhora de 30 anos. Eventuais tentações autoritárias se revelam, isto sim, é no discurso dos poderosos de turno. Mas, como diria o poeta Mário Quintana, também eles “passarão”, e o regime democrático “passarinho”. E ele canta bons amanhãs.

SENADOR DA REPÚBLICA, EX-PREFEITO E EX-GOVERNADOR DE SÃO PAULO

Acompanhe novos artigos no meu site: http://www.joseserra.com.br

domingo, 12 de abril de 2015

Ditaduras nao se sustentam apenas pela forca bruta, certo? Elas dependem do apoio do povo, mas tambem dos funcionarios do Estado

Três colegas de condição profissional dizem uma coisa muito simples: ditaduras não se mantém apenas com base na força bruta. Além de certo apoio popular, eles precisam contar com a colaboração da maioria daqueles que fazem a máquina governamental funcional, que são os funcionários públicos.
Que estes tenham coragem de denunciar situações de corrupção, de mau governo, de opressão, de manipulação, de mentiras, enfim, de qualquer desvio de conduta.
Como neste caso da Venezuela, por exemplo,
As pessoas precisam vir dizer que o povo venezuelano está sofrendo sob as botas de mafiosos que obedecem ao comando da tirania cubana-castrista, e que é preciso acabar com isso. Libertar os prisioneiros políticos é apenas o começo.
Acabar com a ditadura chavista-cubana é o passo seguinte.
Acabar com governos corruptos e mentirosos é dever de todo funcionário de Estado.
Como eu, por exemplo.
Paulo Roberto de Almeida

Blog do adolfo sachsida, TERÇA-FEIRA, 24 DE FEVEREIRO DE 2015

O Sustentáculo do Poder dos Ditadores

Como um ditador se mantém no poder? Evidentemente, não é apenas devido ao uso da força bruta. Em qualquer ditadura do mundo, os ditadores são auxiliados por pessoas normais, daquelas que tomam cafezinho contigo e contam piadas. Contudo, muitos desses indivíduos, inofensivos em ambientes normais, assumem posturas agressivas e perigosas numa ditadura. O exemplo mais óbvio é representado por uma parcela dos burocratas a serviço do governo.

Os burocratas nazistas foram um importante sustentáculo de Hitler no passado. Atualmente, funcionários públicos ávidos por poder, ou se corrompendo em troca de uma simples gratificação salarial, ajudam Nicolas Maduro a incrementar ainda mais o regime bolivariano na Venezuela. Tudo isso sob o silêncio covarde de muitos observadores externos.

No Brasil, diversos burocratas justificam a ditadura bolivariana na Venezuela. Ou são cegos ou apenas querem o óbvio: sua gratificação. Protestar contra tal ditadura é perigoso mesmo no Brasil. Funcionários públicos que se posicionam publicamente contra essa afronta são marcados no serviço público. Outros burocratas chegam a escrever para jornais elogiando a “democracia” venezuelana.

Tal como apontou brilhantemente Edmund Burke “A única condição para o triunfo do mal é que os homens de bem não façam nada”. Neste texto nós cobramos dos burocratas brasileiros uma condenação firme e veemente da ditadura venezuelana. Como pesquisadores, como intelectuais, como cidadãos de bem exigimos que a ditadura bolivariana instalada na Venezuela seja denunciada.

O recente episódio da prisão arbitrária e imoral do prefeito da região metropolitana de Caracas é apenas mais um episódio desta triste história. Sabe como Hitler controlava os alemães? Ele os controlava por meio de conselhos (conselho de ética, conselho de cidadãos, etc.). Era assim que a máquina nazista enquadrava e perseguia os inimigos do regime. No Brasil estamos caminhando para situação idêntica.

Os cidadãos venezuelanos já são obrigados a combater uma tirania, não é necessário que sejam também obrigados a sofrerem com o apoio de burocratas brasileiros que apoiam esse regime. Você apoia Nicolas Maduro? Então saiba que apoias um ditador, um criminoso, um inimigo dos direitos humanos e da liberdade individual. E a história tem um nome para você: crápula.

Adolfo Sachsida 
Roberto Ellery Jr.
Rodrigo Saraiva Marinho

Manifestacoes contra o governo: o comeco da caminhada - Adolfo Sachsida, Paulo R Almeida

O Adolfo Sachsida se pronuncia abaixo sobre o sucesso das manifestações deste domingo em todo o Brasil, contra o governo, pelo afastamento da presidente (por renúncia ou impeachment) e pela expulsão do PT da vida pública por ser um partido inerentemente comprometido com a corrupção.
Ele trata de números, o que é um tipo de abordagem.
Eu prefiro falar de outra coisa: constatações simples, que estão em parte refletidas na pesquisa Datafolha transcrita logo em seguida à transcrição da postagem do Adoldo Sachsida aqui abaixo.
Minhas constatações são simples:

O governo não desfruta mais da confiança da maioria do povo brasileiro.
Ele perdeu a legitimidade para governar.
Ele está empenhado em cobrir a corrupção, na qual estão imersos, totalmente, os maiores chefes dessa agremiação política que se especializou em roubar e corromper.
O governo, não todo ele, mas seus principais dirigentes, foram beneficiários do gigantesco esquema de corrupção, montado em todas as esferas da administração pública, em todos os níveis da federação nos quais eles meteram suas patas suja. 
Eles não são apenas corruptos e mentirosos: são fraudadores do futuro do povo brasileiro, um povo trabalhador, que cada dia perde a esperança de viver num país digno, pelo espetáculo que a cada dia se oferece de corrupção em todos os níveis.
O povo brasileiro não terá esperança de reconstruir o Brasil se não afastar a corja de meliantes que se apossou do poder político no Brasil.
Não existe outro caminho para essa reconstrução senão a da expulsão da vida pública de todos esses meliantes.
Qualquer que seja o número de brasileiros se manifestando, eles trazem consigo a esperança de milhões de outros brasileiros: vamos acabar com essa corja, vamos começar outra vez.

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 12 de abril de 2015.

Adolfo sachsida, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015


O Sucesso Estupendo das Manifestações do Dia 12/04 e as mentiras contadas na internet

Se existirem N maneiras de se aferir o sucesso de uma manifestação em (N-1) delas a manifestação do dia 12/04 foi um sucesso estrondoso. Existe apenas uma única medida para dizer que hoje não foi um sucesso: dizer que no dia 15/03 foi maior ainda. E é exatamente nesse ponto que vários veículos de comunicação estão se baseando. O dia 15/03 foi a maior manifestação pública da história do Brasil, o dia 12/04 foi a segunda maior manifestação popular da história do Brasil. As duas maiores manifestações populares da história brasileira foram feitas em menos de 1 mês uma da outra, dizer que o dia 12/04 foi um fracasso é o mesmo que reclamar que seu time “só” venceu por 3 a 0.
Por qualquer outro critério (que não seja a manifestação irmã do dia 15/03) o dia 12/04 foi um sucesso estrondoso. Vamos aos fatos:

1) Apenas em Brasilia, e de acordo com dados oficiais da PM, o dia 12/04 reuniu 25.000 pessoas, praticamente o mesmo número que os defensores do governo (recebendo bolsa de R$ 45) reuniram no Brasil inteiro na sua manifestação chapa branca do dia 13/03 (de acordo com dados da PM esse movimento pro-governo reuniu 30.000 pessoas em todo Brasil)

2) Na posse da presidente Dilma Roussef em 01/01/2015 pessoas do Brasil inteiro vieram prestigiar a presidente, público estimado pela PM de 20.000 pessoas (dados do UOL indicam menos de 6.000 pessoas). Ou seja, menor do que o público que foi hoje protestar contra Dilma.

3) No dia 07/04/2015 a CUT e vários movimentos sociais realizaram ato em Brasília, público estimado pela PM: 2.500 pessoas, isto é, 10 vezes MENOS do que o público presente hoje na Esplanada nos atos contra Dilma e contra o PT.

4) Hoje, apenas em São Paulo, a PM estimou em 275.000 pessoas o número de manifestantes. Quase 10 vezes mais que o número de manifestantes (vários recebendo R$ 45 para participar) chapa branca do ato pro-governo de 13/03.

De acordo com dados da PM foram 682 mil pessoas nas manifestações de hoje. Contudo, a própria PM admite que não computou dados de várias cidades (Recife entre elas). Em resumo, o dia 12/04 foi um sucesso estrondoso. Detalhe: o monopólio petista do norte/nordeste esta caindo.

Petralhabras: manual da corrupcao - Omar Peres, empresario

Creio que está tudo muito bem descrito, explicado, detalhado. Só não concordo com a parte final, quando o empresário divide os bandidos em corruptos, de um lado, que são os diretores políticos, colocados na Petrobras explicitamente para roubar, e de outro os corruptores, que seriam os empresários. Não concordo. Esses políticos bandidos são corruptos e corruptores, pois eles condicionam contratos de empresas ao pagamento de propinas, e disso fazem um instrumento privilegiado para desvio de dinheiro.
Por isso mesmo, merecem pena em dobro, multiplicada por 4, pois roubam pelo partido e para si.
Paulo Roberto de Almeida

A CORRUPÇÃO NA PETROBRAS, QUEM SÃO OS LADRÕES E QUANTO FOI ROUBADO!

Depoimento corajoso do Sr. Omar “Catito” Peres (empresário brasileiro e dono do hotel que está sendo construído na Av. Atlântica - Rio de Janeiro). 

A Petrobrás sempre foi um centro de corrupção e enriquecimento ilícito de empresários, funcionários da própria estatal, de todos os níveis (uma minoria, mas que manda e tem poder) e, claro, de políticos. Sempre foi assim.

Falo porque sei, pois convivi, indiretamente, com toda essa canalha.

Fui dono do Mauá, o maior estaleiro do Brasil e, Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Naval brasileira. Isso me obrigava a estar, sempre, com o maior comprador de equipamentos navais, a Petrobras.

Na minha época, como industrial e líder do setor, há 20 anos, a corrupção já acontecia de forma IDENTICA como acontece hoje. Não se vendia um parafuso se não houvesse propina.

Decidi vender a empresa (a melhor coisa que fiz em todos os sentidos), exatamente porque sabia que para continuar, teria de corromper. Trabalhei muito para revitalizar o setor. Logrei êxito.

Quando comprei, a empresa tinha 50 funcionários e totalmente desativada. Vendi com 5 mil trabalhadores com carteira assinada.

Mesmo assim, preferi vender. Saí do setor, como não poderia ser diferente, de cabeça erguida: nunca dei um centavo para ninguém, nunca participei de atos ilícitos. E, por esse motivo, vendi, antes que fosse envolvido...

Conheci e, me reuni, diversas vezes, com todos esses bandidos que estão presos e, envolvidos com a roubalheira da Petrobras. Ou quase todos: Paulo Roberto, Duque, Barusco, Augusto Mendonça, da empresa Setal que, junto com Paulo Roberto, entregou o resto da quadrilha.

Para Renato Duque, enviei, até mesmo, uma carta de protesto contra uma obra que seria transferida do Rio para um estaleiro virtual de Pernambuco. Claro, nunca me respondeu. 

Tive um navio petroleiro, em sociedade com um dos maiores armadores do mundo. Esse navio teve uma grande simbologia, pois significou a quebra do monopólio de empresas estrangeiras que faziam transporte do petróleo importado pela Petrobras. Era um enorme petroleiro, de 200 mil toneladas. O batizei de M/V Presidente Tancredo Neves. Na cerimônia de batismo, recebi toda a família Neves, incluindo Da. Risoleta. Fiz uma linda festa.

Conto tudo isso, com o objetivo de repassar aos amigos, o que eu sei, vivi e entendo da Petrobras e, do corrupto Estado brasileiro. A corrupção em nosso país existe em TODOS os setores. Petrobrás é somente uma das fontes ricas. Mas não escapa nada, não se salva uma só instituição. O estado brasileiro só serve para uma coisa: ROUBAR. Não sobra NADA. No Brasil, se rouba até merenda escolar!

Por isso, atribuir, exclusivamente, ao PT a roubalheira, é "injusto". Fato é que a Petrobras, como todos os demais órgãos do estado, sempre foi um balcão de negócios para pessoas que se agrupam politicamente para roubar.

Os ladrões, os agentes, as empresas, todos, são os mesmos, desde sempre. Bobagem pensar que na época de Fernando Henrique Cardoso era diferente. Puro desconhecimento. Roubava-se da mesma forma. Não ele, claro, Fernando Henrique Cardoso, um homem honesto, mas, sim, os esquemas mafiosos que dominam a máquina estatal brasileira.

A diferença desse "momento petista" na Petrobras, para os outros governos, encontra-se no volume de negócios da empresa que, hoje, produz quase três milhões de barris de petróleo/dia, com investimentos de mais de USD 100 bilhões, enquanto que no governo FHC, a estatal não alcançava um milhão de barris/dia, ou USD 10 bilhões anuais.

Em outras palavras, o volume de negócios, hoje, é muito maior e, o nível da roubalheira, cresceu na mesma proporção. Mas os ladrões e as máfias SÃO AS MESMAS.

Claro que não estou me referindo ao corpo técnico da empresa e, principalmente, à expressiva maioria de profissionais e cientistas honestos, que vivem de seus salários, e que dedicaram e dedicam suas vidas ao negócio do petróleo, essencial para a economia do Brasil. 

Neste caso, me refiro, exclusivamente, aos bandidos e às quadrilhas que se apossam da direção da empresa, repito, para, simplesmente, roubar o patrimônio público. A Petrobras é, hoje, uma empresa desmoralizada por culpa dessas quadrilhas e dos políticos que as nomeiam para roubar.

Conheço alguns ex-superintendentes e ex-diretores que saíram milionários da empresa. Uns pegaram seus milhões e foram embora do Brasil. Outros curtem suas fortunas roubadas, aqui mesmo, com iates em Angra, cavalos de salto, fazendas etc. Deram sorte e nunca mais serão pegos. Mas são muitos. Se o Ministério Público pedisse quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de TODOS os ex-presidentes, ex-diretores, ex-superintendentes, ex-gerentes executivos e gerais, pelo menos dos últimos 20 anos, veria que muitos vivem acima do que seus salários permitiram comprar. E quantos milhões voltariam aos cofres públicos!

O que aconteceu dessa vez foi um "grande azar": a Policia Federal pegou o ladrão Paulo Roberto Costa, em uma simples operação de câmbio com o doleiro Youssef.

Daí, a polícia começou a pressioná-lo para dizer quem mais da Petrobras, participava dessas operações de câmbio negro. Paulo Roberto se negava a entregar os comparsas (Renato Duque, Barusco, empreiteiras, políticos e todos os demais membros da quadrilha).

Foi quando, na prisão, brilhantemente lhe foi dito o seguinte: "ou você entrega teus comparsas, ou temos, todos os elementos que provam o envolvimento de suas filhas e genros como beneficiários de todos os roubos que você, Paulo Roberto, praticou. Assim, vamos fazer o seguinte: ou você ABRE A BOCA E ENTREGA TODO MUNDO, ou suas filhas e genros terão ordem de prisão decretada e, vão te fazer companhia aqui". Paulo Roberto, então, mesmo receoso de que a "máfia" pudesse calá-lo para sempre, ABRIU A BOCA............. e, o resto da história todos nós já sabemos e estamos acompanhando. 

A roubalheira na Petrobrás só foi descoberta por causa desse "azar". Caso Paulo Roberto não tivesse sido pego em uma simples operação de câmbio, a roubalheira estaria correndo solta até hoje.

A Petrobras possui milhares de fornecedores. E, não pensem que a corrupção se dá somente nas grandes obras. Ela acontece em todas as áreas, em todo o tipo de fornecimento de produtos e serviços. Mas vamos nos ater somente às grandes obras.

 

COMO FUNCIONA A CORRUPÇÃO

Peguemos, como exemplo, a refinaria de Abreu Lima, em Pernambuco (deixemos Pasadena de fora: "Operação pequena" orçada em USD 3 bilhões, e que já foram gastos USD 23 bilhões!). Como pode acontecer isso?

Quem aprova essa diferença brutal?

Tudo começa com a licitação. As empreiteiras, em conluio com as diretorias (uma só não consegue autorizar sozinha), e as "bênçãos" do Presidente e do Conselho de Administração, participam da "concorrência pública". Combinam entre elas quem vai ganhar, já com o preço acertado com a direção da empresa. Aberto o envelope "ganha" a que apresentou "menor preço".

Em seguida, dá-se inicio as obras , quando começa a corrupção pra valer, com os conhecidos "aditivos contratuais", que vão modificando os valores da concorrência.

Por esses aditivos, muda-se, por exemplo, a especificação de uma tubulação, para outro tipo, cujo fabricante também é outro, pois "atende melhor as exigências técnicas"; em seguida, por causa dessa modificação, será necessário mais mão de obra, mais horas de trabalho, pois o "tubo é maior". A tinta também deve ser mudada, pois o novo cano "não aceita" a que foi anteriormente especificada. E, daí, se constata a "necessidade" de se mudar todo o projeto de engenharia, com aumento incontrolável do preço inicial!

Em outras palavras, somado todas as "mudanças", via aditivos contratuais, alcançam-se valores que saem de USD 3 bilhões para USD 23 bilhões ! E aí, inicia-se a distribuição de comissão para diretores, superintendentes, gerentes executivos e, claro, para os que os nomeiam: os políticos.

Nos meus cálculos, o superfaturamento das obras em curso na Petrobras, alcança mais de USD 20 bilhões, fora margem de lucro das empresas, que também, calculo em USD 20 bilhões. Somados esses valores, chega-se aos R$ 88 bilhões que a Petrobras confessa ter tido de prejuízo pela roubalheira descoberta.

E, como se comprovam esses números? Muito simples: todas as obras realizadas nos últimos 10 anos, se fossem vendidas (Abreu Lima, Comperj, Pasadena etc.), valeriam menos R$ 88 bilhões, pois foram superfaturadas e, o preço de mercado, claro, é outro totalmente diferente. Daí o anúncio de perdas de R$ 88 bilhões. 

Em outras palavras, tudo o que a Petrobras dizia valer USD 100 bilhões, na realidade vale somente USD 20 bilhões! Como empresa, ela é obrigada a contabilizar esse prejuízo, fruto de roubo e corrupção.

Em resumo, OS DIRETORES, EMPREITEIROS E POLÍTICOS, ROUBARAM R$ 88 BILHÕES DA PETROBRAS. PONTO FINAL.


QUEM SÃO OS CORRUPTOS, CORRUPTORES E, QUEM OS COMANDA.

Os corruptos são diretores, superintendentes, gerentes executivos e gerentes gerais indicados por partidos políticos. Os corruptores são as empreiteiras e prestadores de serviço em geral. Todos "ganham". Todos tem a mesma responsabilidade criminal.

No comando do Conselho da Petrobrás, tivemos Dilma Rousseff, que aprovou a compra da Refinaria de Pasadena e todas as obras superfaturadas da empresa. Na Diretoria da empresa, Paulo Roberto Costa, Cerveró, Duque, Barusco e toda uma quadrilha de empresas. 

Dilma Rousseff deve uma explicação à nação. Simples assim.