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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 16 de abril de 2016

Brasileiros sectarios querem impedir FHC de dialogar sobre a democraciana LASA


Sectarismo político brasileiro transborda na LASA: querem impedir FHC de se expressar sobre a democracia, o que me parece uma contradição nos termos



Já participei de encontros da LASA, Latin American Studies Association, assim como da BRASA, Brazilian Studies Association, que é, digamos assim, uma vértebra da LASA, criada há 50 anos para integrar estudiosos americanos da questões latino-americanas e seus contrapartes na América Latina, que geralmente estudam a própria América Latina, ou mais exatamente seus países de origem, o que é, digamos, normal.

Sendo uma associação profissional, é normal que a LASA abrigue estudiosos de diversas tendências metodológicas – estruturalistas, funcionalistas, marxistas, weberianos, adeptos de estudos de gênero, afro, indigenistas, etc. – assim como pesquisadores de quaisquer orientações políticas: liberais, conservadores, direitistas, mas bem mais frequentemente progressistas, marxistas, esquerdistas num sentido amplo, incluindo maoístas, guevaristas, leninistas, trotsquistas, senderistas, peronistas, tupamaros, sandinistas e o que mais houver. Tudo isso é muito saudável, ou deveria ser, salvo confrontações por vezes mais ruidosas do que ruinosas, ou produzindo mais transpiração do que propriamente inspiração, o que sempre acrescenta algum colorido e animação para esses fabulosos convescotes da LASA.

Num dos últimos de que participei, em Chicago, havia até um painel sobre “sexo e neoliberalismo”, mas confesso que não me interessei em assistir; foi uma pena, pois poderia ter aprendido alguma coisa, como por exemplo os efeitos nefastos – broxantes, talvez? – do neoliberalismo sobre a libido.

Eu me deparo agora com esta petição de 70 membros brasileiros da LASA (e alguns poucos não brasileiros também), e mais 151 acadêmicos brasileiros não membros, solicitando que o comitê organizador do próximo encontro, comemorativo dos 50 anos da associação, retire o convite formulado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sociólogo conhecidíssimo de todos os membros e não membros, para que ele participe de uma sessão presidencial, juntamente com o ex-presidente do Chile Ricardo Lagos, para que ambos debatam a evolução da sociedade e da democracia institucional na região, no decurso dos últimos 50 anos, além de argumentar sobre possíveis desenvolvimentos futuros.

A ironia da petição desses 221 acadêmicos é que eles pretendem evitar que o sociólogo e ex-presidente brasileiro se expresse num “diálogo sobre a democracia na América Latina”, o que me parece uma postura fundamentalmente antidemocrática, para não dizer sectária e totalmente inaceitável numa organização que deveria ser apolítica, ou pelo menos neutra, ou, se nem isso isso, pelo menos respeitosa do que se entende seja um ambiente acadêmico, em princípio aberto a ouvir todas as opiniões, sobretudo a de pessoas habilitadas e capacitadas – em todo caso bem mais do que qualquer dos que assinam a petição – a se expressar com total domínio sobre o tema sugerido pelos organizadores.


Deixem me dizer o que vai ocorrer: os organizadores vão se recusar a retirar o convite, os dois presidentes comparecerão, na hora e local fixados para esse “diálogo”, e, pelo menos, o ex-presidente e ainda sociólogo FHC será recebido com vaias e apupos e virtualmente impedido de se dirigir à plateia, onde estarão pessoas de todas as posições, inclusive muitos que gostariam de ouvi-lo, mas que serão frustradas em seu desejo pelos uivos sectários dos inimigos de FHC.

Faço questão de transcrever a petição, e de registrar os nomes de todos os sectários que assinaram um texto inaceitável no plano da democracia, e da academia, lamentando que colegas de universidades, que deveriam ser pessoas cordatas e abertas ao diálogo se revelam tão pouco cordatas e tão inimigas de qualquer diálogo sobre a democracia.

Instrutivo sobre os nossos tempos sectários, não só no Brasil, mas principalmente no Brasil.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 16 de abril de 2016





Petition to Withdraw Fernando Henrique Cardoso from LASA's 50th Anniversary Meeting's Following Slot:  Presidential Session - "Diálogo sobre la Democracia en Latinoamérica"


It has come to our attention that former President of Brazil Fernando Henrique Cardoso has been invited to speak about democracy in Latin America in a debate with former President of Chile Ricardo Lagos, during a Presidential Session at LASA's 50th Anniversary.

The Preliminary Program states it is expected both intellectuals and former Presidents debate the evolution of society and institutional democracy within the region throughout the past 50 years, besides providing glances at the future.

In light of President Cardoso's public position regarding Brazil's ongoing political crisis, we ask for the withdrawal of his name from a debate on such a substantial matter, central to most of LASA's members' research agendas, as well as personal struggles.

We respect Cardoso's past contributions to international thinking. However, this invitation comes in a rather unfortunate moment.

By inviting the former President to speak on the evolution of institutional democracy exactly during an utterly fragile moment in Brazil's democracy when Cardoso himself, as well as the party in which he still plays a central role have not hesitated to jeopardize domestic peace nor democracy's most basic mechanisms such as the Constitution, LASA would be offering blunt disrespect toward scholars who have fought - at times, literally - to constitute democratic stability throughout the region nowadays and in the past 50 years, not to mention staining the Association's credibility exactly on its 50th Anniversary.

We, therefore, ask President Gilbert Joseph, Vice President Joanne Rappaport, Congress Coordinator Pilar Blanco, and said Presidential Session's organizer Mauricio A Font to swiftly and respectfully rethink the invitation of Cardoso to speak on democracy during these critical times.

Sincerely,



Members

  1. Mariana Kalil, Universidade de Brasília (UnB)
  2. Veronica Toste Daflon, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  3. Alexandre Fuccille, President of Brazil's Association for Defense Studies (ABED) / Universidade Estadual Paulista (UNESP)
  4. Adalberto Cardoso, Director of IESP, Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)
  5. Thiago Rodrigues, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  6. Héctor Luis Saint-Pierre, Universidade Estadual Paulista (UNESP)
  7. Luiz Fernando Castelo Branco Rebello Horta, Universidade de Brasília (UnB)
  8. Thiago Rodrigues, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  9. João Feres Júnior, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  10. Sabrina Medeiros, Escola de Guerra Naval do Brasil (EGN)
  11. Letícia Pinheiro, Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)
  12. Mônica Leite Lessa, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  13. Samuel Alves Soares, Universidade Estadual Paulista (UNESP)
  14. Carla Silva-Muhammad, University of Texas / Brazil Center Coordinator
  15. Ernesto Lopez, Universidad de Lanus / Universidad de Quilmes
  16. Betina Fresneda, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
  17. Claudio Luis Quaresma Daflon, University of Connecticut
  18. Clayton Mendonça Cunha Filho, Universidade Federal do Ceará (UFC)
  19. Eduardo Ruben Paz Gonzales, COLMEX
  20. Patricia Duarte Rangel, Universidade de São Paulo (USP)
  21. Patricia de Santana Pinho, State University of New York (SUNY)
  22. Suzeley Kalil Mathias, Universidade Estadual Paulista (UNESP)
  23. Leonardo Valente, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  24. Magda Barros Biavaschi, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
  25. Danielly Jacon Ayres Pinto, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
  26. Sue Iamamoto, Queen Mary University of London
  27. Marcelo Cafrune, Universidade de Brasília (UnB)
  28. Marjorie Corrêa Marona, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  29. Carolina Silva Pedroso, San Tiago Dantas
  30. Luis F. Paredes, Stetson University 
  31. Vanessa Veiga de Oliveira, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  32. Karina Biondi, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
  33. Ana Luiza Vedovato Rodrigues, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
  34. Livio Sansone, Universidade Federal da Bahia (UFBA)
  35. Ruth Felder, State University of New York (SUNY)
  36. Wagner de Melo Romão, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
  37. André de Macedo Duarte, Universidade Federal do Paraná (UFPR)
  38. Maria Rita de Assis César, Universidade Federal do Paraná (UFPR)
  39. Cláudia Maria Ribeiro Viscardi, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
  40. Luciana Ballestrin, Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
  41. Ingrid Sarti, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  42. Paulo Victor Melo, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  43. Letícia Marteleto, University of Texas
  44. Salvador Schavelzon, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
  45. Glauber Cardoso Carvalho, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  46. Edilson Nunes dos Santos Junior, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  47. Alexandre Fortes, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
  48. Maria Luiza Franco Busse, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  49. Andrés del Río, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  50. Fernando Lara, University of Texas
  51. Laura Madrid Sartoretto, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  52. Seth Racusen, Anna Maria College
  53. Luiz Claudio Martino, Universidade de Brasília (UnB)
  54. Maria Luiza Franco Busse, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  55. Carmen Hein de Campos, Universidade de Vila Velha (ES)
  56. Anjuli Fahlberg, Northeastern University (Boston, MA)
  57. Felipe Trotta, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  58. Gérman Soprano, Universidad Nacional de Quilmes
  59. Carolina Matos, City University of London
  60. Marlise Miriam de Matos Almeida, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  61. Sebastião Velasco e Cruz, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
  62. Fernando Leiva, University of California, Santa Cruz
  63. Helcimara Telles, Universidade Federal de Minas Gerais
  64. Lígia Dabul, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  65. Luciane de Oliveira Rocha, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  66. Flavia Guerra Cavalcanti, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  67. Wanderlan da Silva Alves, Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
  68. Marcus Rocha, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  69. Marília Carolina Souza, Universidade Estadual de São Paulo (UNESP)
  70. Victoria Irisarri, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Non-Members

  1. Carol Proner, Member of Brazil's Ministry of Justice's Commission for Truth & Reconciliation  / Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  2. Fabio Konder Comparato, Universidade de São Paulo / Universidade de Coimbra
  3. Tarso Genro, Brazil's Former Minister of Justice
  4. Emir Sader, Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) / Former Executive Secretary of Clacso
  5. Monica Bruckmann, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  6. Marta Skinner, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  7. José Luiz de Oliveira Soares, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  8. Antonio Albino Canelas Rubim, Universidade Federal da Bahia (UFBA)
  9. Deisy de Freitas Lima Ventura, Universidade de São Paulo (USP)
  10. Rosa Maria Marques, President of the Brazilian Association for Health Studies / Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
  11. Maíra da Silva Fedatto, Universidade de São Paulo (USP)
  12. Fábio Kerch, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil (BNDES)
  13. Milena Britto, Universidade Federal da Bahia (UFBA)
  14. Mariela Cuadro, Conicet / UNPL
  15. Eduardo R. Gomes, Universidade Federal Fluminense (UFF) / University of Chicago
  16. Patricia Bandeira de Melo, Director of Social Research, Fundação Joaquim Nabuco (FUNDAJ)
  17. José Willington Germano, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
  18. Thauan Santos, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) & Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
  19. Luís Henrique Mourão, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  20. Pedro Alencar, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  21. Derek Pardue, Coordinator of Brazilian Studies, Aarhus University
  22. Isis da Cruz Beserra de Araújo, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  23. Barbara Lamas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  24. Drielle Silva Pereira, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  25. Mirtes Moreira Silva, Universidade de São Paulo (USP)
  26. Danillo Avellar Bragança Escola de Guerra Naval (EGN) / Universidade Federal Fluminense (UFF)
  27. Fabio de Sá e Silva, Institute for Applied Economic Research (Ipea)
  28. Rodrigo de Macedo Duarte, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
  29. Júlio César Vieira, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  30. Joaquim Cordeiro Neto, Universidade Estadual Paulista (UNESP)
  31. Lívio Sandone (TBA)
  32. Bruno Plattek de Araújo, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
  33. Lorena Holzmann, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  34. Tiago Prata Lopes Storni, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  35. Tamyres Ravache Alves de Marco, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  36. Ricardo Borrmann, LMU - Munique
  37. Jacquelina Ventapane Freitas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  38. Marco Costa Lima, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
  39. Susana de Castro, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  40. Maria Helena Machado, ENSP-FIOCRUZ / Head of NERHUS and OBSERVARH-ENSP
  41. Frederico Policarpo, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  42. Íris Gomes, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  43. Pedro José de Castro, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil (INPE)
  44. Fabio Alexandre dos Santos, Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP)
  45. Maria Aparecida Bridi, Universidade Federal do Paraná (UFPR) / Executive Director of the Brazilian Association for Labor Studies
  46. Dijaci David de Oliveira, Universidade Federal de Goiás (UFG)
  47. Aluisio Schumacher, Universidade do Estado de São Paulo (UNESP)
  48. Fabiana Abreu Rezende, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
  49. Claudio de Farias Augusto, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  50. Gabriel E. Vitullo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
  51. Joana A. Coutinho, Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
  52. Monica Dias Martins, Universidade Estadual do Ceará (UECE)
  53. Luiz Antonio Nascimento de Souza, Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
  54. Camila Alves da Costa, Universidade Estadual do Ceará (UECE)
  55. Laurindo Leal Filho, Universidade de São Paulo (USP)
  56. Cynthia Soares Carneiro, Universidade de São Paulo (USP)
  57. Mariela Campos Rocha, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  58. Sonia Maria Costa Barbosa, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
  59. Maristela Viana França de Andrade, Universidade Federal de Goiás (UFG)
  60. Danniel Coelho, Faculdades Santo Agostinho, MG
  61. Laymert Garcia dos Santos, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
  62. Solange Maeve, São Paulo State Education Lecturer
  63. Washington Dener, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  64. Adilson Araujo de Souza, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
  65. Gabriel Passetti, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  66. Francisco César Pinto da Fonseca, Fundação Getúlio Vargas / Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
  67. Maria Rosário da Carvalho, Universidade Federal da Bahia (UFBA)
  68. Maurício Santana Dias, Universidade de São Paulo (USP)
  69. Eleide Abril Gordon Findlay, Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE)
  70. Denise Figueiredo, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
  71. Paulo Sesar Pimentel, Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT)
  72. Carlos A. Ferreira Martins, Universidade de São Paulo (USP)
  73. Márcio Carneiro dos Reis, Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJR)
  74. Samuel Filipe Marinho, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  75. Paulo Saturnino Figueiredo, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  76. Juliana Gagliardi de Araujo, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  77. Felipe Iraldo Oliveira Biasoli, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  78. Jean Rodrigues Sales, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
  79. Jorge Alexandre Neves, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) / Former Director of the Sociology Department of UFMG / Visiting Researcher at the University of Texas
  80. Livia Clarete, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  81. Liliane Alves, FADIMAB
  82. Daniel Lopes Bretas, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
  83. Joaze Bernardino-Costa, Universidade de Brasília (UnB)
  84. Cleudes Maria Tavares, Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO)
  85. Carlos Roberto Rodrigues de Souza, Universidade Federal de São Carlos (UFSC)
  86. Cleber Julião, Universidade Federal da Bahia (UFBA)
  87. Marcia Ribeiro Dias, UNIRIO
  88. Delmo Arguellhes, UniEuro
  89. Luís Felipe Miguel, Universidade de Brasília (UnB)
  90. Renato Lopes Leite, Universidade Federal do Paraná (UFPR)
  91. Ana Lígia Leite e Aguiar, Universidade Federal da Bahia (UFBA)
  92. Marilene Valério Diniz, Universidad Complutense de Madrid
  93. Anivaldo Padilha, President of Fórum21: ideias para o avanço social
  94. Rolando Lazarte, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
  95. Renata Mancini, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  96. Fernando Gonçalves, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  97. Fabiano Gomes da Silva, Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG)
  98. Bruno Brito, Universidade do Vale do Itajaí (UniVale)
  99. Clician do Couto Oliveira, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
  100. Luiz Recaman, Universidade de São Paulo (USP)
  101. Afonso de Albuquerque, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  102. Nícia Adan Bonatti, Universidade Presbiteriana Mackenzie
  103. José Sergio Damico, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ/RJ)
  104. Celso Borzani, Universidade de São Paulo (USP) / Director of Centro de Referência em Tecnologia Social Aplicada (CRTSA)
  105. Olga Aparecida do Nascimento Loyola, Universidade de São Paulo (USP)
  106. Eduardo Vicente, Universidade de São Paulo (USP)
  107. Fabiane Lucena Cavalcanti, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
  108. Rudimar Baldissera, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  109. Antonio Luis de Andrade, Universidade Estadual de São Paulo (UNESP)
  110. Daniel Ferreira da Cunha, Universidade Federal do Triângulo Mineiro
  111. Ariadne Costa da Mata, Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
  112. Carlos Eduardo Martins, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  113. Thiago Silame, Universidade Federal de Viçosa (UFV)
  114. Marcos Alexandre de Souza Gomes, Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA)
  115. Denise Tavares da Silva, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  116. Flávio Rocha de Oliveira, Universidade Federal do ABC (UFABC)
  117. Renata Plaza Teixeira, Instituto Federal de São Paulo (IFSP)
  118. Olival Freire Junior, Universidade Federal da Bahia (UFBA)
  119. Bruno de Moura Borges, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  120. João Vicente R. B. Costa Lima, Universidade Federal de Alagoas (UFA)
  121. Eduardo Fernandes, Universidade de São Paulo (USP)
  122. Marina Gusmão de Mendonça, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
  123. Alice Itani, Universidade do Estado de São Paulo (UNESP)
  124. Rafael Affonso de Miranda Alonso, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
  125. Ilana Sherl, Tulane University
  126. Isaias G. de Oliveira, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
  127. Simone Bacellar Moreira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  128. Marco de Meneses, Centro Universitário IESB
  129. Claudio Struchiner, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
  130. Ricardo Cavalcante, Associação das Indústrias do Distrito Industrial da Fazenda Botafogo (ASDIN)
  131. Rita Lages Rodrigues, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  132. Débora El-Jaick Andrade, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  133. Joana El-Jaick Andrade, Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM)
  134. Alexandre Garrido da Silva, Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
  135. Andréia Galvão, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
  136. Patricia Moran Fernandes, Universidade de São Paulo (USP)
  137. Caitlin Janiszewski, State University of New York (SUNY)
  138. Célia Maria Magalhães, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  139. Raquel Longhi, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
  140. Fernanda Maria da Costa Vieira, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
  141. Jorge Cordeiro Balster, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
  142. Caio Navarro de Toledo, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
  143. Luiz Antonio Mousinho Magalhães, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
  144. Cristine Ferreira, Universidade Estácio de Sá (UNESA)
  145. Nicholas Davies, Universidade Federal Fluminense (UFF)
  146. Fábio Coelho Malaguti, Hegel-Archiv
  147. Nelson Canesin, Universidade de São Paulo (USP)
  148. Ivan Capeller, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  149. André Lemos, Universidade Federal da Bahia (UFBA)
  150. Marcos Barros, Grénoble École de Management
  151. Marcius Freire, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)


Book discussion: Mandelbaum and USA in post-Cold War World (Cato)


Mission Failure: America and the World in the Post–Cold War Era
Book Forum
Cato Institute - Wednesday, April 20, 2016
Washington, DC, 12:00PM - 1:30PM

Featuring the author Michael Mandelbaum, Christian A. Herter Professor of American Foreign Policy, School of Advanced International Studies, Johns Hopkins University; with comments by Keir Lieber, Associate Professor, Edmund A. Walsh School of Foreign Service, Georgetown University; and Brad Stapleton, Visiting Research Fellow, Cato Institute. Moderated by John Mueller, Senior Research Scientist, Mershon Center for International Security Studies, Ohio State University, and Senior Fellow, Cato Institute.

Please join us as Michael Mandelbaum—prominent columnist and author, and a leading foreign-policy thinker—discusses his new book, Mission Failure: America and the World in the Post–Cold War Era. In this definitive work, Mandelbaum critically assesses American military interventions since the end of the Cold War and the deeply flawed post–Cold War efforts to promote American values and American institutions throughout the world. Each intervention was designed to transform local economic and political systems, and each, argues Mandelbaum, failed. It is, he writes, “the story of good, sometimes noble, and thoroughly American intentions coming up against the deeply embedded, often harsh, and profoundly un-American realities of places far from the United States.” In these encounters, he concludes, “the realities prevailed.” We hope you will be able to join us for what will be a provocative and highly illuminating event.

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Saude, dieta mediterranea e longevidade - Daniel Amstalden

A ilha onde os habitantes esquecem de morrer
Daniel Amstalden, Diretor

Oi, leitor. Tudo certo?

Hoje, eu quero contar a você uma linda história. Mas antes quero te perguntar se você já curtiu a página da Jolivi no Facebook. Ainda não? Acesse este link, curta e nos ajude a estar sempre elaborando conteúdos que estão no radar do seu interesse.

Neste sábado, nós deixamos disponível uma enquete sobre qual tema te interessa mais: diabetes, doenças cardíacas ou câncer. Dê seu voto!

Vamos, agora, para a história bonita que quero te contar.

Li uma reportagem publicada pelo The New York Times, há três anos, com o título "The island where people forget to die" – traduzindo “A ilha onde as pessoas se esquecem de morrer”.

O artigo conta a história de Stamatis Moraitis, um combatente da Segunda Guerra Mundial que decide se mudar para os Estados Unidos após o fim do combate.

Depois de adotar o modo de vida americano, com uma casa na Flórida, dois carros e três filhos, Moraitis recebeu, em 1976, a notícia de que estava sofrendo de câncer de pulmão.

O diagnóstico seria confirmado por 9 médicos diferentes que dariam uma expectativa de 9 meses de vida a ele. Ele tinha 62 anos.

Moraitis, então, decidiu voltar com sua esposa para sua ilha natal de Icária, no Mar Egeu, para ser enterrado ao lado de seus ancestrais em um cemitério protegido pelo mar.

Mudou-se para uma pequena casa caiada no meio de um hectare bem íngreme – dotado de uma bela plantação de uvas – e se preparou para morrer.

Preparou-se, mas...

No início, passou muitos dias na cama, recebendo os cuidados de sua mãe e sua esposa.

Mas, logo redescobriu a fé que tanto marcou a sua infância e começou a visitar, todo domingo de manhã, a pequena capela ortodoxa localizada no topo da colina – onde seu avô tinha sido um sacerdote (padre da Igreja Ortodoxa grega).

Quando seus amigos de infância souberam de seu retorno, eles começaram a visitá-lo todas as noites.

Suas conversas duravam horas e, invariavelmente, acompanhavam uma ou duas garrafas de um bom vinho da região. "Melhor morrer feliz", disse Moraitis.

Mas algo estranho aconteceu nos meses seguintes.

Moraitis começou a se sentir melhor e recuperou aos poucos sua energia. Um dia, invadido pelo desejo especial para fazer as coisas, decidiu plantar alguns vegetais em seu jardim. Sem nenhum plano para colhê-los, mas sim desfrutar do sol e do mar azul à sua vista.

Passaram 6 meses, e Moraitis ainda estava vivo, contrariando as estatísticas.

Longe de estar em agonia, ele voltou a cuidar do jardim e da limpeza das vinhas da família.

Pouco a pouco, ele foi se adaptando ao ritmo de vida tranquilo da pequena cidade, cuidando da terra e tirando aquela sesta após o almoço.

Na parte da tarde, adquiriu o hábito de se aproximar do bar da esquina, onde joga dominó até tarde da noite.

E, surpreendentemente, os anos foram passando.

Sua saúde não piorava, mas sim melhorava.

Ele decidiu construir mais alguns quartos na casa de seus pais. Desenvolveu a vinícola para produzir 1.500 litros de vinho anualmente.

Moraitis viveu até 3 de fevereiro de 2013, deixando o mundo aos 98 anos (de acordo com um documento oficial que ele mesmo questionou, pois afirmava ter 103 anos) e nenhum sinal da doença que tinha sido diagnosticada décadas antes.

Ele nunca foi submetido à quimioterapia ou tomou qualquer tipo de droga. Tudo o que ele fez foi ir morar em Icária.

O caso Stamatis Moraitis e a ilha de Icária tem sido objeto de estudo da National Geographic Society (editora da famosa revista National Geographic).

Além disso, um estudo realizado na Universidade de Atenas pelo demógrafo belga Michel Poulain, determinou que os habitantes da cidade de Icária, que atingem os 90 anos, vivem duas vezes e meia mais os americanos nesta mesma faixa etária.

Os homens, em particular, são quatro vezes mais propensos a atingir a idade de 90 anos que os homens americanos, e geralmente gozam de melhor saúde.

E, além do mais, vivem de 8 a 10 anos mais antes de morrer de câncer ou doença cardiovascular e têm menores taxas de depressão e demência.

As taxas encontradas em Icária não atingem sequer um quarto da população americana.

E qual é o milagre?

Segredos de Icária

De acordo com Dr. Leriadis, que vive e cuida dos habitantes de Icária, a saúde deles é fruto do seu modo de vida e das relações sociais ideais entre o povo.

Também são beneficiados por uma espécie de chá de ervas – o "chá das montanhas " – feito com ervas secas crescentes na ilha e consumidas todos os dias durante a noite. É uma mistura de manjerona, sávia, alecrim, artemísia, dente de leão silvestre e hortelã, acrescentando um pouco de suco de limão.

Dr. Ioanna Chinou, professor de farmácia na Universidade de Atenas e um dos melhores especialistas europeus sobre as propriedades bioativas das plantas, confirma:

Hortelã selvagem combate gengivite e distúrbios intestinais.

Alecrim é um remédio contra a gota.

Artemísia melhora a circulação sanguínea. Este chá é uma importante fonte de polifenóis, que têm potentes propriedades antioxidantes. A maioria destas plantas são ligeiramente diuréticas, o que ajuda a combater a hipertensão.

O mel também é considerado uma cura para tudo.

"Aqui existem vários tipos de mel que não são vistos em nenhum outro lugar do mundo", diz o Dr. Leriadis. "Podemos usá-los para tudo: de tratamento de lesões, ressaca ou gripe. Os idosos deste lugar começam o dia com uma colher de sopa de mel, como se fosse uma droga."

Bases de poder em Icária

Para o café da manhã, o povo de Icária toma leite de cabra, vinho (sim vinho), chá de sávia ou café, pão e mel.

Na hora do almoço, eles comem lentilhas ou feijão quase que diariamente, batata, salada de brotos, erva-doce e espinafre colhidas na horta e legumes da estação. Tudo regado a azeite de oliva.

O jantar é composto de pão e leite de cabra.

Após o Natal e a Páscoa – celebrando a morte do porco da família – comem bacon em pequenas quantidades durante os meses seguintes.

A Dra. Christina Chrysohou, cardiologista da Faculdade de Medicina da Universidade de Atenas, tem estudado as dietas de 673 pessoas de Icária, observando que elas consomem seis vezes mais leguminosas (feijões, lentilhas, grão de bico, etc.) do que os americanos.

Comem peixe duas vezes por semana e carne vermelha cinco vezes por mês. Ainda bebem de duas a três xícaras de café e de dois a quatro copos de vinho por dia.

Mas, claramente, a saúde dos habitantes de Icária se deve mais ao que não é consumido.

Farinha branca e açúcar não aparecem em sua dieta tradicional.

A verdade sobre o câncer

O câncer é assustador.

Só de ouvir o nome dele me dá calafrios, pois ele mata cerca de oito milhões de pessoas a cada ano em todo o mundo.

Nos países mais desenvolvidos, o câncer é hoje a segunda causa de morte depois das doenças cardiovasculares. No Brasil, a vice-liderança da mortalidade também é ocupada pelos tumores malignos.

Mas a história mostra que há soluções contra o câncer, haja vista o caso do Sr. Moraitis, muito mais simples do que você pode imaginar.

Na verdade, existem mais de 100 coisas que podemos fazer para prevenirmos o câncer ou retardarmos o seu progresso.

(Neste texto produzido pela nossa editora-chefe, Fernanda Aranda, você vai conhecer os alimentos que ajudam na prevenção do câncer de mama. Mostre para a sua esposa, mãe, filha, irmã!)

E esse passo a passo – mostrado de maneira simples e objetiva – você só encontra na Jolivi.

Não seria inconsequente a ponto de recomendar que você não siga tratamentos convencionais. Não é isso. Mas como já dissemos aqui, a chance de cura deve ser sempre olhada pelo prisma de que é pessoal e intransferível.

Acima demos algumas dicas valiosas dos nossos amigos de Icária, praticantes da dieta mediterrânea, já apontada como a mais eficiente para proteger todos os males modernos.

Continue nos acompanhando para receber outras recomendações valiosas em saúde natural, não somente contra o câncer, mas abrangendo todos os males que afetam a saúde do homem.

É isso que o Homem de Ferro faz.

Grande abraço e até sábado que vem.
Daniel Amstalden

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Pedaladas e gastos publicos, a grande divisao - Percival Puggina

Como escreve Percival Puggina, a maior divisão entre os dois lados da Comissão especial do Impeachment não era entre o sim e o não, mas sim entre os que justificavam as pedaladas e os que faziam delas o motivo do impeachment.
Percival Puggina chama a atenção para o imenso buraco econômico, fiscal e orçamentário, que tais pedaladas deixam para serem cobertas por todos nós, nos anos à frente.
Paulo Roberto de Almeida

AS PEDALADAS, PARA NÃO INGÊNUOS

por Percival Puggina. Artigo publicado em

 Depois de longas horas assistindo a sessões da comissão especial do impeachment, posso testemunhar que o maior antagonismo não se formou entre o sim e o não, entre direita e esquerda, governistas e opositores. A mais notória divergência foi a mesma que, historicamente, se estabelece entre a verdade e o partido governista. Nele, fato, história, realidade e verdade são submetidos ao filtro das conveniências e ganham, sempre e sempre, o aspecto e a versão que mais convém aos seus interesses.
  Tal ditame integra a natureza mesma dos partidos revolucionários e totalitários de qualquer viés, criados para constituir uma nova ordem e sendo, portanto, insubmissos à ordem e à moral vigentes. Rápida folheada de vista na história é suficiente para estampar profusão de exemplos dessas ocultações trapaceiras em novelos de falsidades, mistificações e dissimulações. É aquilo que estava, por exemplo, na cabeça de Brecht quando, em "A medida punitiva", estabeleceu: "Quem luta pelo comunismo tem que dizer a verdade e não dizer a verdade, manter a palavra e não cumprir a palavra (...). Quem luta pelo comunismo tem de todas as virtudes apenas uma - a de lutar pelo comunismo".
Não era diferente a convicção de Goebbels, ministro de Propaganda de Hitler, quando ensinou que a mentira repetida mil vezes torna-se verdade. Foi o que ainda ontem (11/04), em sua última fala na sessão da Comissão Especial, num rasgo de sinceridade, o deputado José Guimarães, líder do governo, disse sobre a vinculação entre impeachment e golpe: "Pegou!", disse ele. "A vinculação entre impeachment e golpe pegou". Não se trata, necessariamente, de uma vinculação real. É uma vinculação que, pela repetição, "pegou".
Quero ater-me, aqui, a outro atropelamento da verdade, repetido ao longo dos últimos meses até não restar caco de paciência para ouvi-lo. Refiro-me à afirmação de que as pedaladas foram exigência da generosa dedicação do governo aos necessitados, pobres, humildes e carentes da pátria. Moradores do coração do governo, resgatados da miséria por sua prestimosa atuação, seriam estes Joões, Marias e Josés os destinatários principais dos recursos que fizeram explodir o orçamento e levaram o governo ao crime de responsabilidade unanimemente apontado pelo Tribunal de Contas da União.
Enquanto esse discurso era salivado de boca em boca no plenário da comissão, o Banco Central, a três quilômetros dali, divulgava que os atrasos de repasses do governo a bancos públicos haviam alcançado R$ 60 bilhões no final de 2015, e que a maior parcela, no valor de R$ 17,3 bilhões, foi destinada ao rombo do PSI-BNDES.
O rombo em miúdos: 30% do montante pedalado corresponde ao subsídio proporcionado pelo governo aos graciosos juros de 4% a 6% ao ano, cobrados nos empréstimos bilionários concedidos pelo BNDES a grandes empresas. Quem não os haveria de querer? O montante desses financiamentos, em meados de 2015, chegava a R$ 461 bilhões. O peso do subsídio sobre a dívida pública, ao longo das próximas décadas, vai a quase R$ 200 bilhões! Isso é dar esmola aos pobres e ser pródigo com os afortunados e endinheirados.

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.